'É preciso que os desaparecidos se tornem aparecidos', pede Maria Eliana Castro
SÃO PAULO - Integrante do Grupo Independente de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Maria Eliana Castro, irmã do desaparecido político Antonio Theodoro de Castro, afirmou que o reconhecimento por parte das instituições militares das torturas cometidas durante o regime militar é um passo, mas um passo pequeno.
- Rogo a Deus que eles assumam, que digam onde estão os corpos, sabendo que não vamos retaliar. Admitir é um passo, mas tem de dizer onde estão os corpos para acabar com a amargura desta busca sem fim.
É preciso que os desaparecidos se tornem aparecidos, para dar tranquilidade às famílias e ao país em geral.
É preciso acabar com este dilema - afirmou Maria Eliana, que chegou neste sábado a Xambioá, na região do Araguaia, onde começou mais uma busca por corpos de guerrilheiros desaparecidos,
Antonio Theodoro de Castro é um dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.
A família dele faz buscas por conta própria e ficou sabendo que o irmão havia tido uma filha durante o período em que morou na região.
Maria Eliana afirma que justamente a Marinha, cujo ofício diz que "não foram encontrados indícios nem provas documentais ou materiais que permitam confirmar ou negar as informações apresentadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV)", foi fonte de muitos dos documentos obtidos por parentes de desaparecidos políticos no Araguaia.
- Foi do Centro de Informações da Marinha que mais conseguimos documentos confidenciais.
No Arquivo Nacional estão documentos do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA). Praticamente não conseguimos informações do Exército e do Serviço Nacional de Informações.
É preciso que esses documentos surjam, abrir essa caixa preta para achar os corpos, enterrar e acabar com isso - diz Maria Eliana.
Filha do ex-deputado Rubens Paiva, cujo corpo nunca foi encontrado, Vera Paiva disse que há tempos essa resposta era esperada e que significa um importante passo para dissociar o Exército de ontem ao de hoje.
- Ainda bem que o ministro (Celso Amorim, da Defesa) exigiu uma resposta. Foi corajoso.
Estávamos aguardando isso, o acesso e o reconhecimento da verdade.
Agora, que eles nos ajudem a esclarecer essas mortes e, principalmente, contribuam a mudar a cultura na formação de novos oficiais para o espírito democrático, não na defesa de um passado do qual eles tinham que pedir perdão e se envergonhar - declarou Vera Paiva.
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