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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O QUARTO ASSASSINATO DE VARGAS

Antonio Neto















Notem que os ataques da oposição e de setores da imprensa contra Getúlio e contra Dilma são os mesmos. Uma campanha sórdida contra a Petrobrás



ANTONIO NETO*



* Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros

Do BRASIL 247
03/09/2014


Dia 3 de outubro de 1953. Após gigantesca mobilização, o presidente Getúlio sanciona a Lei 2004/53, que cria a Petrobrás e estabelece o monopólio da União sobre a exploração do Petróleo. Um duro golpe no cartel petrolífero.
Dia 1º de agosto de 1954. O presidente Vargas é vaiado pela aristocracia presente ao Grande Prêmio Brasil, no Jóquei Clube do Rio, após vencer a batalha jurídica pelo aumento de 100% no salário mínimo e anunciar que a Petrobrás efetivamente sairia do papel e passaria a transformar as riquezas das profundezas em benefício dos brasileiros.
Dia 24 de agosto de 1954. O presidente Getúlio Vargas impede o golpe forjado pelas elites nacionais e internacionais com um tiro no peito. Um ato extremo, digno de um Brasileiro que disse preferir a morte a desistir da criação da Petrobrás, da Eletrobrás, e que foi levado ao próprio assassinato para resgatar a sua honra, manchada por uma campanha mentirosa que assolou os meios de comunicação nos anos antecedentes.
São fatos históricos, que certamente muitos de nossos jovens desconhecem. Da mesma forma que ignoram o fato destes e de outros episódios ocorridos posteriormente terem sido motivados, criados e implementados por grupos internacionais que tentavam dominar as riquezas brasileiras, ampliando, assim, seus lucros.
Desconhecimento maior ainda - ou má fé - poderia ser atribuído aos que consideram que estes interesses não passam de uma retórica conspirativa. Parte dos arquivos secretos do governo americano está aí para provar o contrário. A prática atual do mesmo governo, revelada recentemente por Edward Snowden, reforça que nada mudou.
Dia 9 de setembro de 2013. Anos após um presidente operário cumprir o presságio de Getúlio de ascender ao poder e conceder à Petrobrás o status de operadora única do Pré-sal, a Presidente Dilma Rousseff sanciona a lei 12.858/2013, que destina para a Educação e Saúde os lucros provenientes dos royalties e da participação especial de uma das maiores reservas petrolíferas do planeta.
29 de agosto de 2014. Depois da presidente da República sofrer uma campanha difamatória e ser xingada e hostilizada pela elite presente na abertura da Copa do Mundo, a principal candidata da oposição declara - como fazia o principal expoente da oposição ao governo Vargas e o mais acentuado defensor dos trustes americanos, Carlos Lacerda, conhecido como "Corvo" - que o Pré-sal (Petrobrás) deve ser secundarizado na agenda brasileira.
Tal declaração não é mera coincidência. Os fatos não são coincidências. Fazem parte de uma estratégia bastante conhecida e são motivados pelos mesmos interesses que há séculos tentam impedir que o Brasil se desenvolva plenamente, que proporcione oportunidades para seus jovens e que assuma o seu papel de conduzir o seu povo e os povos latino-americanos à independência.
É claro que a candidata oposicionista tem plena consciência do que representa o Pré-sal para o País. Tratar o petróleo apenas como fonte energética é ignomínia. O petróleo está presente em milhares de produtos consumidos todos os dias, movimenta uma imensa cadeia produtiva e envolve todos os setores da economia. Abrir mão desta riqueza é mais do que ignorância, é um crime. Secundarizar a exploração desta riqueza significa, após a lei 12.858/2013, dizimar a ampliação dos investimentos em educação, pesquisa e saúde pública.
Ou seja, quem acredita que o desenvolvimento político atual não está recheado de elementos e interesses iguais aos que levaram o Brasil a anos de obscurantismo está completamente alienado. O ano de 2014 é um marco. Há sessenta anos, o presidente Getúlio entregou a sua vida pela Petrobrás. Em 2014 completamos 71 anos da criação da CLT e 50 anos do golpe que foi gestado e respaldado pelo governo americano.
Há vinte anos, o cientista político Bolívar Lamounier representou a tentativa de devastar a obra de Getúlio com o neoliberalismo, por meio das privatizações, do fim dos direitos trabalhistas e do desmonte da Petrobrás, com o slogan da "terceira morte de Vargas".
Não há dúvida de que estamos enfrentando atualmente a quarta tentativa de assassinato do legado de Getúlio Vargas. Notem que os ataques da oposição e de setores da imprensa contra Getúlio e contra Dilma são os mesmos. 
Uma campanha sórdida contra a Petrobrás; contra o Estado brasileiro; no suposto mar de corrupção; em denúncias contra o Banco do Brasil; nas críticas às obras no Rio São Francisco para a construção da Usina de Paulo Afonso; nas tentativas de barrar a valorização do salário mínimo; contra os programas habitacionais, entre outros.
Ou seja, um sistema de desconstrução que não mudou ao longo de sessenta anos. Mas os cartéis podem estar certos. Nestas seis décadas, também não mudou o desejo dos brasileiros de lutar pela independência econômica de seu povo. Por isso, vamos seguir firmes para tornar o sonho de Getúlio uma realidade com Dilma, evitando mais um hiato em nosso desenvolvimento.

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