A incongruência tomou conta da candidatura Marina Silva.
Catapultada a presidenciável por um partido de esquerda, não conseguiu esconder sua veia autoritária
Uma convulsão intestina. É este o nome de o que se esperava que ocorresse com a morte do agora pacífico Eduardo Campos nas entranhas do Psb. Com o temperamento autoritário de Marina Silva, não deu outra: é um conflito após o outro.
Agora, o presidente do partido, Roberto Amaral, de novo, interveio para arrumar a casa.
O novo guru econômico de Marina, Alexandre Rands, disparou contra ninguém menos que Celso Furtado.
Precisou Roberto Amaral, outra vez, pôr panos quentes: 'O Psb tem profunda admiração pela obra e pelo pensamento de Celso Furtado.
Morto, não há substituto à altura."
A incongruência tomou conta da candidatura Marina Silva.
Catapultada a presidenciável por um partido de esquerda, não conseguiu esconder sua veia autoritária.
Depois acabou se encontrando no mais obscurantista conservadorismo.
Nada menos que o fundamentalismo religioso de Malafaia e outros tele-evangelistas reacionários que invocam o nome da 'democracia' para destilar ódio e preconceito.
Sobre a polêmica Rands-Celso Furtado, em que o economista de Marina diz que as teses de Furtado talvez nunca tenham se implementado, há sim o que se falar.
E na pior das esferas: a das ideias, a dos sonhos, a da ideologia.
Faz lembrar Darcy Ribeiro ao receber o título de doutor honoris causa na Sorbonne relatando, para pasmo geral, suas três derrotas de vida e dizendo que não queria estar no lugar dos que lhe venceram.
Talvez a não 'implementação' das teses de Celso Furtado, se há isso, seja a garantia de sua necessidade, num modelo econômico historicamente infame e gerador de desigualdades.
O sonho e a proposta estão exatamente aí, numa possível não implementação.
O pensamento utilitarista da implementariedade prévia em modelos econômicos equivalerá, paradoxa e cartesianamente, ao seu próprio oposto: a testagem estapafúrdia dos planos econômicos heterodoxos dos 'gênios' da economia dos governos de 80/90.
Praticamente todos eles também torcendo a cara para Celso Furtado.
E aquele Brasil disputando, sem cessar, com Serra Leoa o índice de pior distribuição de renda do mundo.
O Psb deve estar se contorcendo em cólicas com a perda de seu socialismo mais genuíno, esquerdista e, naturalmente, afinado às ideias de Celso Furtado.
Simplesmente o economista brasileiro mais referenciado no exterior.
Cada vez mais ficam visíveis, na campanha presidencial, apenas ideias primárias, estruturalistas e tão somente organizadoras estéticas no que possam interessar a um eleitor consumista e ávido por respostas.
Aqui cabem críticas a esse eleitor famélico de ideias e ultracapitalista.
As grandes questões ideológicas e fundantes do pensamento político e que representam as teses de Celso Furtado e mesmo do socialismo, Marina não enfrenta.
Principalmente sendo ideologicamente bancada pela sócia do Itaú.
Numa análise comparativa, Aécio não tem como abrir a discussão, afinal o bom-mocismo e o muro por quais orientam o trânsito do Psdb não o permitem.
Quanto a Dilma, há uma herança imediata cômoda no sucesso recente do Pt em termos numéricos de intenção de voto, aliada à estrela Lula em sua propaganda.
E com a retomada do primeiro lugar isolado é como se 'não precisasse' se preocupar com as questões mais viscerais.
Se Dilma aprofundasse ideias e teses autênticas se distanciaria ainda mais dos outros candidatos.
Mas quem está em primeiro costuma incorrer no erro da preguiça ideológica.
De todos os candidatos – e aí há o paradoxo até com os nanicos – Marina continua a ser a grande surpresa negativa.
Estimava-se que conseguisse causar mais de o que causou. Mas sua onda foi uma marola.
Marina se tornou o projeto mais híbrido da atualidade. E o que esconde as piores suposições.
A mais tenebrosa continua sendo dual: seu autoritarismo aliado à ausência de base parlamentar a lhe sustentar uma governança.
O resultado disso, na história, costuma se chamar desastre.
Do blog Observatório Geral
Nenhum comentário:
Postar um comentário