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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

EUA e o risco do conflito mundial


Editorial do site Vermelho:

As ameaças dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlâtntico Norte (Otan), desde setembro, contra a Rússia fizeram a tensão internacional voltar aos níveis de mais de três décadas atrás e beiram um conflito aberto.

Ela pode ser simbolizada no destino de Kaliningrado capital da região mais ocidental da Rússia, às margens do Báltico, fronteiriça à Lituânia e Polônia, e a pouca distância da Suécia. Ela é a antiga Königsberg onde – faz mais de duzentos anos – o filósofo Immanuel Kant escreveu o livro A Paz Perpétua (1795), cuja atualidade é crescente, exortando aos homens e aos chefes de Estado (“que nunca chegam a saciar-se da guerra”) a se entregarem, como os filósofos, “a esse doce sonho”.

O apelo nunca foi ouvido e, hoje, as ações agressivas dos Estados Unidos e da Otan são reavivadas e colocam aquela cidade no centro da tormenta desde que, para defender-se dessas ameaças os russos deslocaram para Kaliningrado mísseis Isklander, com ogivas nucleares.

Mas o epicentro do terremoto não está ali mas na Síria. O plano norte-americano e da Otan de repetir o que ocorreu no Iraque e Líbia, que foram destroçados como nações soberanas e organizadas, está na base da guerra civil síria. Ela já dura cinco anos, gerou milhões de refugiados, centenas de milhares de mortos, e propiciou o reforço de grupos terroristas que, apoiados em interpretações extremistas e guerreiras do Islã, promovem ações mundo a fora – e o principal deles é o autodenominado Estado Islâmico.

A guerra civil cresceu com a obsessão dos Estados Unidos e dos países imperialistas europeus em derrubar o presidente Bashar al Assad, da Síria. Os russos, por sua vez, insistem na não interferência de potências ocidentais nos assuntos sírios, e apóiam Assad.

A tensão cresceu desde que, atendendo aos apelos de Assad, os russos apóiam militarmente ao governo sírio, contrariando os interesses imperialistas, sobretudo dos Estados Unidos e da França.

Neste sábado (15) a reunião entre representantes norte-americanos e russos, da qual participaram outros protagonistas do conflito (Turquia, Catar e Arábia Saudita, que são contrários a Assad, e Iraque, Egito e Irã, aliados do governo sírio), ocorreu em Lausanne (Suíça) terminou sem avanços rumo à paz. Concordaram apenas em "prolongar os contatos", como disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

O nó das complicações que opõe Estados Unidos e Rússia é extenso. Os norte-americanos acusam, sem provas, o governo russo de apoiar ciberataques contra cidadãos e instituições do país. Os russos, por sua vez acusam os Estados Unidos de intervenção na Ucrânia e de instalar forças da Otan próximas à fronteira russa, e encaram tais movimentos como uma ameaça grave.

É “um jogo muito perigoso”, disse Lavrov. Ele se referiu a uma "mudança fundamental de circunstâncias no que diz respeito à agressiva russofobia que agora reside no centro da política dos Estados Unidos" acompanhada de “medidas agressivas que realmente prejudicam os nossos interesses nacionais e representam uma ameaça à segurança russa". 

Esta ameaça ficou ainda maior após declarações feitas na campanha eleitoral norte-americana pela ex-secretária de estado e candidata com chance de ser eleita presidenta Hillary Clinton. Ela, que esteve diretamente envolvida nas agressões cometidas no Oriente Médio, tem dito que, se eleita, vai endurecer as ações militares contra a Síria. 

São sinais que se multiplicaram desde o final de setembro, criando uma situação de grave ameaça guerreira na qual urge a mobilização pelo “doce sonho” da paz. Ela só poderá ser “perpétua” quando os interesses imperialistas que provocam as guerras forem derrotados e não poderem mais intervir nos assuntos internos das nações soberanas.

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