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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Em eleição do “combate à corrupção”, eleitor fez crescer o PP, que tem 32 investigados na Lava Jato, 22 na lista da Odebrecht e 60% da Executiva sob suspeita.

VIOMUNDO


04 de outubro de 2016 às 23h48 



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Da Redação

Foi, no dizer de comentarista da GloboNews, a eleição em que o brasileiro mandou um recado: não atura mais a corrupção.

Porém, não é bem o que dizem os números: o Partido Progressista (PP), de Paulo Maluf, saltou de 476 para 496 prefeitos eleitos (podendo chegar a 499), aumentou seu número de votos e vai administrar maior renda orçamentária, quase R$ 30 bi de reais.

Enquanto isso, o PT poderá ter queda de até 59% no número de prefeitos eleitos, caindo de 17,2 para 6,8 milhões de votos — o PP teve 5,6 milhões.

No entanto, o PP tem o maior número de investigados na Operação Lava Jato: 32, sendo três senadores, 18 deputados e 11 ex-deputados.

Da lista fazem parte o presidente do partido, Ciro Nogueira, senador pelo Piauí; os vice-presidentes João Leão, Benedito de Lira, José Olimpio Moraes, Lázaro Botelho, Luiz Fernando Farias, Roberto Balestra e Waldir Maranhão; o segundo secretário Renato Molling, o terceiro secretário Dilceu Sperafico, o segundo tesoureiro João Sandes Júnior e o terceiro tesoureiro Gladson Cameli. Ou seja, 12 integrantes da Executiva Nacional do PP estão sob investigação na Lava Jato.

O partido teria desviado R$ 358 milhões de reais originários de esquemas na Petrobras, segundo a Procuradoria Geral da República.

O PP apresentou 44 candidatos fichas sujas para concorrer em 2016, mas neste item ficou bem abaixo dos líderes da lista, o PMDB (93) e o PSDB (63) — do PT foram 42, segundo a neste caso insuspeita revista Exame.

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A Executiva do PP e a lista dos que aparecem nas planilhas da Odebrecht, segundo o Congresso em Foco.

Segundo lista compilada pelo Congresso em Foco, o PP tem 22 políticos mencionados nas planilhas da contabilidade paralela da Odebrecht, aquelas que o Jornal Nacional decidiu não detalhar por “falta de tempo”.

Dentre eles estão o presidente de honra do partido, Francisco Dornelles, governador em exercício do Rio de Janeiro, a senadora Ana Amélia Lemos e o ministro da Saúde Ricardo Barros, que é tesoureiro licenciado do PP. Barros é um dos dois ministros que o partido emplacou no governo golpista de Michel Temer — o outro é Blairo Maggi, da Agricultura.

Da executiva do PP também faz parte o senador Ivo Cassol, condenado em 2013 por fraudar licitações quando era prefeito de Rolim de Moura, em Rondônia. A ministra relatora do caso, Cármen Lúcia, hoje presidente do STF, propôs pena de quatro anos e oito meses e multa superior a 200 mil reais. Cassol recorreu. A acusação é de que ele promoveu licitações para asfaltamento na cidade tendo como beneficiários cinco empreiteiros locais que tinham relação pessoal ou de negócios com ele.

Também na executiva do partido, como vice-presidente, figura Angela Amin, que vai disputar o segundo turno nas eleições municipais em Florianópolis. Ela acaba de ser condenada por improbidade administrativa pelo STJ por ter, segundo a denúncia, utilizado uma campanha institucional para promoção pessoal quando era prefeita da capital de Santa Catarina. A campanha A cidade que mora em mim — três anos de governo, a título de comemorar o aniversário de Florianópolis, aconteceu três meses depois da data e “coincidiu” com a pré-campanha de reeleição de Angela.

Em outras palavras, 17 dos 28 integrantes da Executiva Nacional, ou 60% deles, estão sob investigação ou foram condenados por crimes graves.

Para completar, o PP é o único partido investigado na Operação Zelotes, que apura fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda. É a última instância a que devedores da Receita Federal recorrem no âmbito administrativo. O partido tinha uma dívida superior a R$ 10 milhões que foi cancelada.

O pai de um importante líder regional do PP, o deputado Eduardo da Fonte, de Pernambuco, era conselheiro do Carf e ficou sob suspeita.

O ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, também é investigado pela suspeita de ter recebido R$ 1,8 milhão para fazer lobby junto a conselheiros do Carf. Ele ganhou vaga no TCU por influência do hoje presidente de honra do PP, Francisco Dornelles, ex-ministro da Fazenda no governo Sarney.

As turmas do Carf, formadas por seis conselheiros, têm o poder de diminuir ou cancelar autuações da Receita. Dirigentes dos bancos Bradesco, Safra e Santander, da Gerdau e da RBS, a maior afiliada da TV Globo no Brasil, são suspeitos de terem pago propina para se livrar de multas milionárias. Nardes, suspeito de agir indiretamente como lobista, através da empresa do filho, foi deputado federal do PP entre 1994 e 2005.

Apesar de tudo isso, até agora o PP não teve nenhum de seus tesoureiros conduzidos coercitivamente e nem uma de suas sedes vasculhadas pela Polícia Federal, emplacou dois ministros de estado e ainda conseguiu aumentar seu número de votos e de prefeitos. Um verdadeiro milagre. 

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O livro da blogosfera em defesa da democracia - Golpe 16

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