A cara do Brasil, hoje, é a do homem que chutou o mendigo no chão. Por Kiko Nogueira.
Postado em 12 Oct 2016
No mundo, o Brasil é, por um lado, uma piada institucional, uma república de bananas em crise com uma vocação enorme para impeachments e golpes dos mais variados tipos. Uma democracia digno de risadas ou pena.
Por outro lado, foi-se a nossa proverbial gentileza, ou a impressão de gentileza e bonomia. Somos a nação do ódio e todos sabem disso.
A cara do Brasil é a do canalha que chutou o mendigo na rua do centro de São Paulo. O vídeo da ignomínia viralizou. Foi parar, por exemplo, no tabloide New York Post, o sétimo jornal mais lido dos EUA.
Ainda não se sabe a identidade do cidadão. O autor da postagem no Facebook é Maicon Campos, motorista do Uber.
Ele contou que três sujeitos — três — agrediram o homem no chão. Ele conseguiu filmar apenas um deles. Seguiu o trio para ver aonde iam.
Quando os encontrou falando com um policial, imaginou que fosse sua chance. Abordou o PM e mostrou-lhe o que estava no celular. O soldado mentiu, falando que não podia fazer nada, e o mandou fazer um BO. Na base comunitária, ouviu a mesma coisa.
A onda de indignação veio quando ele colocou o vídeo em sua página — mas de que adianta essa histeria vazia?
Além do PM, quantos outras outras pessoas testemunharam o caso ao vivo e a cores e foram omissas? Por que só Maicon tentou fazer alguma coisa?
O monstro que chutou o sem teto e a inação dos circunstantes formam o retrato do que nos tornamos. O lugar onde velhinhos carregam cartazes perguntando “por que não mataram todos em 64?”
Onde manifestantes fazem bonecos de Lula, Dilma e outros “inimigos” tendo a cabeça cortada em guilhotinas. Onde ciclistas são espancados por malucos que querem “a Paulista de volta”.
Onde um juiz como Sérgio Moro vira salvador da pátria e anjo vingador. Um juiz que manda carta malcriada para jornal, reclamando de articulista que não o elogia.
Onde colunistas estimulam e vomitam raiva diuturnamente.
Se o Brasil se olhar no espelho, vai enxergar o pústula que deu um coice no mendigo. Reconhecer isso pode ser o primeiro passo para a nossa cura.
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No mundo, o Brasil é, por um lado, uma piada institucional, uma república de bananas em crise com uma vocação enorme para impeachments e golpes dos mais variados tipos. Uma democracia digno de risadas ou pena.
Por outro lado, foi-se a nossa proverbial gentileza, ou a impressão de gentileza e bonomia. Somos a nação do ódio e todos sabem disso.
A cara do Brasil é a do canalha que chutou o mendigo na rua do centro de São Paulo. O vídeo da ignomínia viralizou. Foi parar, por exemplo, no tabloide New York Post, o sétimo jornal mais lido dos EUA.
Ainda não se sabe a identidade do cidadão. O autor da postagem no Facebook é Maicon Campos, motorista do Uber.
Ele contou que três sujeitos — três — agrediram o homem no chão. Ele conseguiu filmar apenas um deles. Seguiu o trio para ver aonde iam.
Quando os encontrou falando com um policial, imaginou que fosse sua chance. Abordou o PM e mostrou-lhe o que estava no celular. O soldado mentiu, falando que não podia fazer nada, e o mandou fazer um BO. Na base comunitária, ouviu a mesma coisa.
A onda de indignação veio quando ele colocou o vídeo em sua página — mas de que adianta essa histeria vazia?
Além do PM, quantos outras outras pessoas testemunharam o caso ao vivo e a cores e foram omissas? Por que só Maicon tentou fazer alguma coisa?
O monstro que chutou o sem teto e a inação dos circunstantes formam o retrato do que nos tornamos. O lugar onde velhinhos carregam cartazes perguntando “por que não mataram todos em 64?”
Onde manifestantes fazem bonecos de Lula, Dilma e outros “inimigos” tendo a cabeça cortada em guilhotinas. Onde ciclistas são espancados por malucos que querem “a Paulista de volta”.
Onde um juiz como Sérgio Moro vira salvador da pátria e anjo vingador. Um juiz que manda carta malcriada para jornal, reclamando de articulista que não o elogia.
Onde colunistas estimulam e vomitam raiva diuturnamente.
Se o Brasil se olhar no espelho, vai enxergar o pústula que deu um coice no mendigo. Reconhecer isso pode ser o primeiro passo para a nossa cura.
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