"Saltamos de um déficit de R$ 22,3 bi – valores deflacionados – para um de R$ 97,3 bilhões, quatro vezes e meia maior", diz Fernando Brito, editor do Tijolaço, sobre os resultados da gestão de Henrique Meirelles, na Fazenda; "Não há saída para a crise brasileira sem a reativação da economia e, a esta altura, sem a criação de fontes permanentes de receita"
28 de Outubro de 2016 às 03:41 // Receba o 247 no Telegram
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
Como se antecipou de manhã – e era óbvio – o déficit público bateu todos os recordes imagináveis.
A queda total na receita foi bem superior à baixa real registada na arrecadação da receita, de 8,27%, e chegou a 9,6% se comparada, descontada a inflação, à de setembro de 2015, que já fora um desastre.
Uma primeira e rápida análise mostra que cortar as despesas que se pode cortar – as chamadas despesas discricionárias, não obrigatórias por leis e pela Constituição – mostra que é de pouca valia.
De janeiro a setembro, os cortes neste tipo de despesa foram elevados ( -3,7% em valores reais, retirada a inflação) e focados justamente onde é (ou deveria ser) o mais importante: Saúde, – 1,5%; Desenvolvimento Social, – 8,3% e Educação, pasmem, menos 10,5! Mais, se considerarmos os cortes em Ciência e Tecnologia, redução de 16,5%.
E sabem em quanto isso resolveu os nossos problemas de déficit?
Nada.
Saltamos de um déficit de R$ 22,3 bi – valores deflacionados – para um de R$ 97,3 bilhões, quatro vezes e meia maior.
Comecei a fazer, também, com a ajuda de amigos, uma análise do espantoso salto do déficit da Previdência, que não há desemprego ou queda da massa salarial que explique.
Claro, é interessante para quem quer arrancar direitos previdenciários da população dizer que o déficit dobrou (em valores reais) em apenas um ano, mas não há um elemento que justifique isso com um crescimento de 3% no número de beneficiários e reajustes que em pouco ou nada superaram a inflação.
Não há saída para a crise brasileira sem a reativação da economia e, a esta altura, sem a criação de fontes permanentes de receita – essa balela da repatriação que não repatria é na base do “é hoje só, amanhã não tem mais – com a tributação de lucros e dividendos, feita de maneira escalonada e progressiva, porque não se pode taxar o lucro de uma microempresa como o dos bancos.
Mas não se esqueçam que, como tudo, para a mídia até os relatórios de receita e despesa são peças de propaganda.
E o economês e suas planilhas um idioma que o povo não entende, ainda mais quando não tem uma imprensa que o defenda.
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