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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Carta a um amigo em uma manhã chuvosa...ou porque renovo as esperanças no Brasil



Pois é amigo Paulo, o Brasil ainda precisa avançar muito, apesar de estar hoje com uma das menores taxas de desemprego da história - fechou 2012 com 5,5%.

Na minha atividade diária de guerrilha na rede - é o jeito, a esquerda não tem espaço na mídia tradional- postei um comparativo com o desemprego de outros países: Cuba 2%, EUA 7,8%, Zona do Euro 11,8%, Espanha 26%.

Você replicou com índices negativos do Brasil, como o IDH -Índice de Desenvolvimento Humano, analfabetismo e corrupção, quesito este em que afirmou ser o Brasil campeão.

Ouso discordar, e por gostar do bom debate, venho esgrimar outros argumentos para sua reflexão.

Demorou mais de 500 anos para a Era Lula iniciar no Brasil, a partir de 2002, uma distribuição de renda, ainda tímida, mas que fortaleceu e ampliou o mercado interno, permitindo que o nosso país enfrente em melhor condição as agruras da crise do capitalismo.

Outras medidas anti-crise tem sido tomadas agora com o governo Dilma, como o aumento dos investimentos - obras do PAC, p. ex. - corte dos juros, expansão do crédito via BNDES, CEF e BB.

Então, mesmo com os avanços do nosso país, o tal "complexo de vira-lata" - que Nelson Rodrigues diagnosticou na elite aculturada, entreguista e mentalmente colonizada - ainda insiste em ocupar lugar nas cabeças das classes médias e arriba, levando essa parcela menor a achar que o Brasil é pior que os outros países.

Devemos combater a corrupção por princípio, seja na esfera pública ou privada, pois ela é uma praga que tem perpassado a própria história da Humanidade; é fruto da ganância e cobiça, da busca da acumulação privada de riqueza, da ideologia do individualismo, do sistema atual, o capitalismo. A gestão da máquina pública tem que visar à solução das demandas sociais, buscando erigir uma sociedade menos desigual, mais inclusiva.

Já a UDN nos anos 1950, os golpistas de 1964, a direita e a mídia monopolizada de agora fizeram e fazem do combate à corrupção uma campanha meramente de ocasião e eleitoreira, com o falso viés de um moralismo que 'pregam' mas não praticam. Isso é canto de sereia, para iludir os incautos, pura lorota.

Então, corrupção não surgiu com os governos Lula e Dilma, pelo contrário, agora é que está tendo maior combate e divulgação. Prova disso é o substancial aumento de operações da Polícia Federal no atual período, que ultrapassam 7 mil ações de defesa do patrimônio público, de busca de impostos sonegados, de lavagem de dinheiro.

Sem forçar a memória vamos nos lembrar dos tempos dos governos neoliberais do tucano FHC, em que a PF quase não investigava políticos, grandes empresários, não era mesmo?

Sim, mas a maior corrupção e maior lesão ao bolso dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo ocorre em Wall Street, no conluio criminoso entre os banqueiros/capital financeiro internacional e os governos dos países do centro do capitalismo.

À frente desse cassino mundial, os EUA, que permitiu e permite que a especulação corra solta; emite dólares ao seu bel prazer e submete o resto do mundo à sua vontade, prejudicando as economias nacionais para financiar o gigantesco deficit anual da balança comercial e do governo norte-americano (U$ 13,7 trilhões).

Pense bem: onde foi que estouraram os escândalos que marcaram o início da atual crise capitalista em 2007/2008?

Foi lá, no coração do Império... que não é nem pode ser modelo para o Brasil.

Veja que, durante décadas, os senhores da especulação mundial ganharam e acumularam fortunas com os chamados investimentos de risco, papel que garante papel, supervalorizando o capital financeiro e estrangulando a economia real, a produção de bens e serviços, empregos, renda das famílias.

Quando a crise estourou, puseram os ônus nas costas dos trabalhadores - 25 milhões de homens e mulheres foram jogados no desemprego e no desespero, outros milhões tiveram direitos e salários cortados pelo mundo afora.

Casas, poupanças, pequenos investimentos e empresas foram perdidos, ao passo que os Bancos Centrais, quer dizer, os governos dos capitalistas, repassaram mais de 15 TRILHÕES DE DÓLARES aos bancos e seguradoras, para salvar o sistema do colapso, diziam os cínicos enganadores. Até os trabalhadores do Estates se arretaram, fizeram um baita movimento, o Occupy Wall Street, protestando e denunciando os podres do sistema.

Em resumo: quando lucram, os ricos embolsam. Quando a crise pipoca, socializam o prejuízo, através dos seus governos. Os donos do capital sempre ganham, em qualquer situação.

Lembra-se dos escândalos dos Bancos Marka e Fonte-Cidan em 1999 no Brasil? Quem governava? Quantos bilhões de recursos públicos foram injetados nesses bancos? Se bem me lembro, mais de R$ 1,6 bilhão. Tempos de FHC, submissão ao FMI...

Essa é a maior corrupção, a brutal transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos, que a mídia do capital oculta, mascara, esconde e não revela. Então, a maior corrupção não ocorre no Brasil e sim onde mais se concentra o capital, nos EUA, Zona do Euro.

Bom, mas em Goiânia chove há dias, os reservatórios das hidrelétricas enchem-se e o tal 'apagão' fabricado pela oposição sumiu das manchetes e TVs.

E Dilma, uma Senhora Presidenta, baixa as contas de luz das casas - 18% - e indústrias - 32% - logo após o Carnaval, neste fevereiro. Isso é mais dindim no bolso do povão, mais consumo, mais produção, empregos. Assim é que se enfrenta a crise, com o reforço do papel indutor do Estado na economia.

Receba um cordial abraço deste amigo, comunista e otimista sempre, com esperanças renovadas e muita fé na capacidade dos brasileiros/as de continuarem construindo uma Nação próspera, soberana e altiva, com mais igualdade e solidariedade.





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