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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

vídeo contra a PEC do fim do mundo foi preparado por especialistas da UFSCar.

Pessoal, 
Esse vídeo contra a PEC do fim do mundo foi preparado por especialistas da UFSCar.

Essa discussão obrigatória para todo brasileiro precisa ganhar espaço na nossa agenda de reflexão.

Esse vídeo tem sido muito elogiado porque não é partidário e é extremamente leve, agradável e profundo.

Nos ajudem a divulgar:

https://youtu.be/RnPWPdO5pj4

O Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, scj, em apoio a nota publicada pela CNBB sobre a PEC 241, publicou as seguintes observações:



Quanto às reações à NOTA DA CNBB PEC 241, aprovada pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB,tenho a dizer o seguinte:
 
1º - "Um ponto de vista, é a vista de um ponto!" O Conselho Permanente da CNBB emitiu esta Nota consciente de que é preciso alertar a Nação para os males da PEC 241. Procurou colocar-se, pois, do ponto  de vista dos mais necessitados e que mais sofrerão suas consequências. Se a PEC 241 é tão boa assim, porque seu conteúdo não foi colocado para a sociedade discutir? Por que foi aprovada pela Câmara Federal tão rapidamente? (Alguém se lembra de outra Proposta de Emenda à Constituição aprovada em tão pouco tempo?...). Afinal, não se trata de uma Proposta qualquer, mas de uma proposta de emenda àquele que é o nosso texto principal: a Constituição.
 
2º - Com a PEC 241 haverá limites para o investimento em saúde, educação etc., mas não foi colocado limite algum para o pagamento dos juros da dívida pública. Aliás, por que o Governo não faz uma auditoria da dívida pública? Não fazendo, apenas repete o comportamento do Governo anterior que, antes de ser eleito, falou muito da necessidade de fazer essa auditoria; ficou no Governo 14 anos e nada fez. Vamos continuar assim, simplesmente pagando juros?
 
3º - Para o capital mundial, esta PEC é tudo o que ele gostaria de ver aprovado. Os Bancos, que já ganharam muito nos últimos anos, vão ganhar ainda mais. Sobrará dinheiro para investirem na Imprensa, dizendo que esse sacrifício é mesmo necessário para o bem "do Brasil".
 
4º - Chamar de marxista quem pensa diferente de nós é o mesmo que condenar Jesus por ter dito aos apóstolos, diante da fome da multidão: "Dai-lhes vós mesmos de comer!" Se pensar nos pobres e nos que mais serão afetados pela PEC 241 for um gesto marxista, perguntemo-nos: O que fazer com o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja, dele consequente?
 
5º - Cada qual tem direito de pensar diferente; a própria Nota incentiva o diálogo, que não tem havido. Peço apenas, aos que pensam diferente do que está na referida Nota, que a guardem e a releiam daqui a 3 ou 4 anos... Quem viver, verá.

Em Cristo Jesus,

Dom Murilo  S. R. Krieger, scj

Arcebispo de Salvador
Primaz do Brasil

http://arquidiocesesalvador.org.br/site/?p=39292

Tico Santa Cruz : Esquerdinha, sua linda e descabelada… Precisamos conversar.



Você tem princípios interessantes, é culta, inteligente, articulada, mas está se comunicando muito Mal. 

Eu sei, querida, que estão te crucificando como se você fosse a única pecadora e responsável por tudo o que há de PIOR na Terra e todos os demais fossem Santinhos, puros e imaculados.

 Isso dificulta muito o diálogo não é? Mas não foi por falta de aviso, e nem por falta de oportunidade. 

Mas vamos lá… 

O mundo mudou. Temos que encontrar uma maneira de falar com essa moçada - principalmente a que é pobre e se acha o recheio da Bolacha - que eles não estão nos planos de quem HOOOOJEEE os corteja. 

Você não esta mais conseguindo falar com essa galera. Entende? 

Nem na periferia, nem nos espaços de trabalho… 

Vamos pensar como é que no século XXI a gente conecta um diálogo bacana com essa turma, mostrando pra eles que precisamos PROSPERAR, mas prosperamos melhor quando prosperamos juntos!!!! 

Saca esses bonitinhos da Classe média? 

Então… Você desprezou demais eles. Agiu com muito rancor quando eles estavam sinalizando insatisfação e já foi logo entrando de sola. 

Menina!!! Você não sabe que a Classe média é quem faz a Manobra no jogo?

Em 64, quem foi pra rua com esse papinho de anti-comunismo e somos a Família Brasileira? Lembrou? A Classe média, sua boba. 

E nos anos 80 quem foi para as ruas pedir Diretas Já???? 
É É é é é, a Classe média também.  

Então… 
Temos que conversar sobre os pobres que emergiram e se somaram a Classe média que por sua vez conseguiu melhorar um pouco de vida, viajar pros Estates, comprar carro bonito, andar de Iphone, emergiu e tá todo mundo pensando que é o Topo da pirâmide. 

Não deeeeesdenhaaaaaa porra! 
Arruma uma outra forma de abordar essa gente. Pelo amor de Deus. 

Se não conseguir, vai morrer linda e descabelada, carregada pela militância, dentro de uma bolha. 

Não adianta você insistir e insistir e insistir com ESSE DISCURSO sobre o Capitalismo, porque a GALERA pode estar se fudendo toda na vida, mas vai preferir a "OPORTUNIDADE" de "subir na vida" conforme se vende no Capitalismo através da meritocracia do que apostar nesses seus conceitos cheios de ISMOS, que aos olhos deles parece um Diabo Vermelho que quer transformar todo mundo em pobre. PORRAA!!!!!

Sabe porque as evangélicos estão se multiplicando igual barata? 
Com todo respeito, viu evangélicos :) 
Porque oferecem a eles uma idéia de que podem prosperar… De que basta acreditarem MUIIIIIIIITO em Deus, que Deus intercede na vida deles e faz o negócio acontecer. E óh, nem querem muito não… Um empreguinho, uma graninha no fim do mês para comprar umas coisinhas, uma oportunidade de viajar e tals, já tá bacana! É a teologia da prosperidade. Tiro certo… 


Eu sei que você é toda formada no conceito do coletivo, dos sindicatos, dos movimentos sociais, do combate as desigualdades e toda essa métrica linda e humana… Mas se liga… Como é que podemos traduzir isso para uma linguagem acessível?

Porra se você não começar a pensar numa forma de traduzir esses conceitos de maneira que consiga ir de encontro com que uma parte BOOOUUUUUAAAA da população entenda… Desculpe, mas você tá fudida. 

Olha, o LULA conseguiu… mas Tá fudido. Tão jogando merda nele todo, coitado. É capaz de ser preso e tudo. Por que? 

Porque conseguiu esse diálogo com o povo. 

Se ele roubou, se é chefe o Crime organizado, dono da Muralha da China, do Estádio do Corinthians, da Puta que o Pariu, estou esperando provar. 

Mas ele conseguiu falar com o povo. 

Só que seria bom começarmos a pensar em novas lideranças né? 
Até para não ficar esse peso todo em cima do homi. Coitado, 70 anos já. 

Então...
Pensa ai. Numa maneira de se comunicar melhor. 

Numa outra roupagem, você tá usando métodos muito antiquados, desculpe a sinceridade. 

Não fica puta comigo não. Aceita a crítica construtiva e vamos colocar cabeças jovens para pensar… 

Tem coisa boa acontecendo ai… Olha as Ocupações, os Secundaristas, que lindo!!!! Saca como eles já estão atuando de forma diferente. Mira-se neles. 

Querida, vai descansar um pouco e pensar na vida, porque esse ano foi difícil pra você. 

Tem mais dois anos ai para tentar mudar esses trejeitos  e ficar mais interessante e atraente. 
Pensa com carinho viu

love u.

Zaffaroni comenta decisão do TRF4 que deu à Lava Jato a possibilidade de não cumprir as "regras gerais", ou seja, a lei. Segundo ele, um "escândalo jurídico".


Excelente artigo!

http://www.pagina12.com.ar/diario/contratapa/13-313021-2016-10-30.html


El escándalo jurídico

 Por E. Raúl Zaffaroni 

Por suerte, aún no he perdido la capacidad de asombro y, por eso, hace unos días lo volví a experimentar con la lectura de una sentencia brasileña del Tribunal Federal Regional de la 4ª Región, en la que textualmente se dice que la operación “lava-jato” es un caso inédito, único y excepcional en el derecho brasileño, y que como tal habrá situaciones inéditas que escapan al “reglamento genérico” y que, por ende, en interés de la aplicación de la ley penal, se permiten excepciones a las normas que establecen garantías constitucionales, como las que prohíben interceptar comunicaciones telefónicas sin los recaudos legales.

La excepcionalidad fue el argumento legitimante de toda inquisición a lo largo de la historia, desde la caza de brujas hasta nuestros días, pasando por todos los golpes de Estado y las consiguientes dictaduras. Nadie nunca ejerció un poder represivo arbitrario en el mundo sin invocar la “necesidad” y la “excepción”, pero también es cierto que también todos afirmaron hipócritamente que actuaban legitimados por la urgencia de salvar valores superiores ante la amenaza de males de extrema gravedad.

Así, Carl Schmitt destruyó la Constitución de Weimar jerarquizando sus normas y argumentando que el principio republicano permitía, en situaciones excepcionales, ignorar todas las demás normas. Si bien esto era un razonamiento perverso para legitimar el poder ilimitado del Führer, al menos lo hacía invocando el principio republicano (que, por cierto, poco y nada le interesaba).

Hasta allí hay motivo de crítica y rechazo, pero no de asombro, que es justamente lo que causa la sentencia que leímos, porque no se toma el trabajo de invocar ningún valor superior ni de inventar alguna emergencia grave, sino que directamente dice que se puede ignorar la Constitución cuando es necesario para aplicar la ley penal en casos que no se consideren “normales”.

El asombro lo experimentamos ante esta sideral sinceridad revanchista, que cunde por toda nuestra región, pasando por sobre los más elementales límites del derecho, sin tomarse siquiera la molestia que en su tiempo se tomó Carl Schmitt.

La sentencia brasileña no es un hecho aislado, sino que bien merece pegarse en el álbum de figuritas de colección de exabruptos jurídicos a que los argentinos nos acostumbramos en el curso de este año.

Así, resulta que por “excepcional”, también aquí es “necesario” nominar dos ministros de la Corte Suprema por decreto, echar a la Procuradora General por vía de suprimir la independencia del Ministerio Público y someterlo a un órgano político, destituir a los jueces que “ponen palos en la rueda”, estigmatizar a un movimiento de jueces, “desratizar” el Poder Judicial, criminalizar la política monetaria (y al mismo tiempo enriquecerse con su cambio abrupto), entre otras cosas.

Obviamente que por mucho que se lo niegue, no puede ocultarse el afán revanchista que en ocasiones lleva a perder la calma y a exigir argumentos jurídicos, que no se esgrimen porque parece que ya ni queda creatividad perversa, o bien, porque se ha elegido directamente el camino pragmático de la sinceridad.

Lamentablemente, nos encontramos con un revanchismo ejercido al amparo de discursos legitimantes con bajísimo nivel de elaboración: al igual que en la sentencia brasileña, da la impresión de que se lo exhibe sin intentar el más mínimo disimulo.

Basta mencionar entre nosotros la extrema grosería de la invocación –sin precedentes en toda nuestra historia– de la “traición a la Patria”, cuando no hay ni hubo guerra, lo que parece ser un detalle menor para quienes no leyeron el artículo 119º constitucional. Falta que se inspiren en la sentencia brasileña y afirmen que en la “excepción” cualquier cosa es igual a la guerra.

Pero sin duda la más ostensible combinación de exabrupto jurídico y a la vez de obcecación revanchista, es la prisión preventiva de Milagro Sala y de su gente en Jujuy.

Para legitimar esa prisión política y para tomar venganza y destruir su obra, no se ha ahorrado cuanto recurso ilegítimo se pudo imaginar: jueces especiales, fiscales especiales, jueces-diputados o diputados-jueces en el Supremo, amenazas a los defensores, advertencias por apelaciones, clonación al infinito de procesos y procesamientos, seducción de testigos, es decir, el escándalo jurídico.

Ante la trascendencia internacional del escándalo, ahora se subestima a un órgano de la ONU y se hace referencia a una mera “recomendación” a hacer cesar la prisión de Milagro Sala. Más allá del carácter jurídico de lo decidido en la órbita internacional, llama mucho la atención que un gobierno que se esforzó –hasta lo indebido– para apoyar la candidatura de su Canciller a la Secretaría General de la ONU, hoy trate con displicencia una “recomendación” proveniente de uno de sus órganos, que le dice claramente lo que muchos le venimos repitiendo desde hace meses: Milagro Sala sufre prisión por motivos puramente políticos.

Sea cual fuere el valor jurídico de lo resuelto en el ámbito de la ONU y lo que de ahora en adelante suceda, lo cierto es que ya, en este momento, por culpa de una pura obcecación revanchista, la Argentina está haciendo un papelón internacional.

Pero los papelones internacionales no afectan sólo a un gobierno, federal o provincial, sino a todos los ciudadanos. Nuestro país luchó durante décadas para blanquear su imagen en Derechos Humanos, y ahora resulta que en pleno gobierno democrático, debe acudirse a una instancia internacional para poner fin a una prisión por causa puramente política. En el plano mundial y gratuitamente, somos todos los argentinos quienes cargamos con el baldón de tener prisioneros políticos. El daño está consumado, y no sólo se le ha hecho a Milagro Sala, sino a toda la ciudadanía. Sería bueno no agravarlo más.

* Profesor Emérito de la Universidad de Buenos Aires.

elecciones en Estados Unidos: los medios de comunicación y el sistema se esconden otros candidatos.

* (Extraído: De los escándalos a las rarezas del sistema: todo lo que debe saber sobre las elecciones en EE.UU.)

RT Actualidad 
31 oct 2016


...

A la presidencia también aspiran otros dos candidatos, Gary Johnson, del Partido Libertario, y Jill Stein, del Partido Verde. Dadas las particularidades del sistema político bipartidista de EE.UU., estos dos candidatos tienen menos probabilidades de ganar las elecciones que el republicano y el demócrata, como lo demuestra que en toda la historia del país los aspirantes de la 'tercera fuerza' nunca han sido elegidos.

GARY JOHNSON




El gobernador del estado de Nueva México entre 1995 y 2003 se presenta por el Partido Libertario. Hablando de sus planes políticos, Johnson destacó que EE.UU. debería reducir su actividad militar en el extranjero. En general los libertarios abogan por la economía de mercado, el libre comercio, la protección de los derechos de los ciudadanos y la no intervención en los asuntos internos de otros países. En las anteriores elecciones presidenciales Johnson terminó en tercer lugar con cerca de un 1% de votos. 

El candidato libertario se vio en el centro de críticas cuando durante una entrevista televisiva dijo que no sabía qué es Alepo, uno de los lugares clave del conflicto de Siria. La confusión se produjo cuando le preguntaron sobre las medidas que tomaría Johnson respecto a la ciudad Siria en el caso de que ganara las elecciones presidenciales. "¿Qué es Alepo?", dijo Johnson. Tras asegurarse de que no estaba bromeando, el presentador le explicó que Alepo se encuentra en Siria y que "es el epicentro de la crisis de refugiados". Otro momento incómodo se produjo cuando le preguntaron a qué líder extranjero admiraba y Johnson no fue capaz de nombrar a ninguno.

JILL STEIN




La candidata del Partido Verde, Jill Stein, es una doctora titulada en Harvard a la que 'The New Yorker' definió como "la candidata de Occupy", en referencia al movimiento de protesta estadounidense. Stein promulga una agenda progresista tanto en empleo como en políticas energéticas y medioambientales, así como en sus propuestas económicas y sociales. En particular, la aspirante aboga por una transición hacia una economía verde, por la reducción de los gastos en defensa, un seguro médico universal y una educación superior gratuita.

El 7 de septiembre un juez estadounidense emitió una orden de arresto para Stein, que se enfrenta a cargos de vandalismo por pintar un mensaje con aerosol en una excavadora durante las protestas contra la construcción de un oleoducto que atravesaría una reserva indígena de Dakota del Norte.





domingo, 30 de outubro de 2016

'O Estado brasileiro parece desintegrar-se', diz historiador Moniz Bandeira.



Chico Castro Jr.

Luiz Alberto Moniz Bandeira é historiador e cientista político - Foto: Divulgação








Luiz Alberto Moniz Bandeira é historiador e cientista político




 


O historiador e cientista político baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira tem seu livro mais recente lançado no Brasil: A desordem mundial (Ed. Civilização Brasileira), um amplo estudo do caótico cenário internacional. 

Aos 80 anos, ele também tem sido homenageado pela sua vasta obra e história de vida de intelectual engajado. Em junho, foi homenageado pela União Brasileira de Escritores.


 No dia 4, a homenagem é na Usp. Da Alemanha, onde vive, ele concedeu esta entrevista.

Em seu livro A desordem mundial, o senhor aborda diversos pontos de tensão ao redor do mundo. O mundo retrocedeu na busca pela paz entre as nações? Como o Brasil do golpe parlamentar / impeachment se encaixa neste complicado tabuleiro de xadrez?


Desde o governo do presidente Lula da Silva, o Brasil, conquanto mantivesse boas relações com os Estados Unidos, inflectiu em sua política exterior no sentido de maior entendimento com a China e a Rússia e empenhou-se na conquista dos mercados da América do Sul e África, a favorecer as empresas nacionais, como todos os governos o fazem. Ao mesmo tempo, reativou a indústria bélica, com a construção do submarino atômico e outros convencionais, em conexão com a França, a compra dos helicópteros da Rússia e dos jatos da Suécia, países que aceitaram transferir a tecnologia, como determinou a Estratégia Nacional de Defesa, aprovada pelo Decreto Nº 6.703, de 18 De dezembro de 2008. E essa transferência de tecnologia, que os Estados Unidos não aceitam realizar, é necessária, indispensável, ao desenvolvimento econômico e à defesa do Brasil, pois “la souveraineté est la grande muraille de la patrie”, conforme o grande jurista Rui Barbosa proclamou, ao defender, na Conferência de Haia (2007), a igualdade dos Estados soberanos. Outrossim, ele advertiu, citando Eduardo Prado, autor da obra A ilusão Americana, que não se toma a sério a lei das nações, senão entre as potências cujas forças se equilibram. Esta lição devia pautar a estratégia de segurança e defesa nacional. O Brasil é e sempre foi um pivot country no hemisfério sul devido à sua dimensão geográfica, demográfica e econômica, a maior do hemisfério, abaixo dos Estados Unidos, apesar da assimetria. E constituiu com a Rússia, Índia e China o bloco denominado BRIC, contraposto, virtualmente, à hegemonia dos Estados Unidos, e abrir uma alternativa à preponderância do dólar nas finanças e no comércio internacional. Tais fatores, inter alia, como a exploração do petróleo pré-sal sob o controle da Petrobrás, dentro de um contexto em que os Estados Unidos deflagraram outra guerra fria contra a Rússia e, também, contra a China, concorreram para que interesses estrangeiros, aliados a poderoso segmento do empresariado brasileiro, sobretudo do Sul do país, encorajassem e financiassem o golpe parlamentar, conjugando a mídia e o judiciário, com o apoio de vastas camadas das classes médias.

Como o senhor viu o processo do impeachment e a  ascensão de Michel Temer ao poder? Como em 1964, há quem diga que o golpe / impeachment atende a interesses norte-americanos - desta feita, no pré-sal. O senhor acredita nesta hipótese?

O Estado brasileiro parece desintegrar-se. Nem durante a ditadura militar a Polícia Federal invadiu o Congresso. Ela ganhou uma autonomia, que não podia ter, não respeita governo nem a Constituição, e muitos de seus agentes são treinados e conectados com o FBI, DEA, CIA etc. Os promotores-públicos e juízes, por sua vez, passam por cima das leis, extrapolam, como senhores de um poder absoluto e incontestável. Estão incólumes. Quase nunca são penalizados. E, quando o são, afastados das funções, continuam a receber suas elevadas remunerações, dez vezes ou mais superiores aos dos juízes da Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e outros países altamente desenvolvidos, segundo a European Commission for the Efficiency of Justice (CEPEJ) e outras fontes. Certos magistrados do STF comportam-se como políticos partidários. Outros, que se deviam resguardar, fazem declarações públicas, antecipando julgamentos, e afiguram como se estivessem intimidados pela grande mídia, um oligopólio, uníssono na condenação, aprovação ou omissão de fatos. O Congresso está pervertido, muito dinheiro correu para a efetivação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, canalizado pela CIA e ONGs, financiadas sustentadas pelas fundações de George Soros, USAID e National Endowment for Democracy (NED), dos Estados Unidos. E esse golpe de Estado, que começou com as demonstrações em São Paulo, no estilo recomendado pelo professor Gene Sharp, no seu manual Da Ditadura à Democracia, traduzido para 24 idiomas, atendeu a interesses estrangeiros, entre os quais, mas não apenas, não o único, a exploração das camadas de pré-sal, que, de acordo com a Lei 12.351 estaria a cargo da Petrobras, como operadora de todos os blocos contratados sob o regime de partilha de produção, condição esta anulada pelo projeto 4.567, em tramitação na Câmara de Deputados. Todo o alicerce da república, proclamada com o golpe de Estado de 1889, está podre. É um lodaçal.

Como o senhor vê o juiz Sergio Moro? Herói inquestionável para uns, inquisidor a serviço da plutocracia para outros, ele é sinônimo de polêmica, inclusive, por que passou por um estágio no FBI, segundo a filosofa Marilena Chauí.

O que Marilena Chauí disse é, virtualmente, certo. De qualquer modo, o fato é que o juiz Sérgio Moro, condutor do processo contra a Petrobras e contra as grandes construtoras nacionais, realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007. No ano seguinte, em 2008, o juiz Sérgio Moro passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos. A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff, a delegado da Polícia e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros). Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time. Seu parceiro, o procurador-geral Rodrigo Janot, acompanhado por investigadores federais da força-tarefa responsável pela Operação Lava Jato, em fevereiro de 2015, foi a Washington buscar dados contra a Petrobrás e lá se reuniu com o Departamento de Justiça, o diretor-geral do FBI, James Comey, e funcionários da Securities and Exchange Commission (SEC). Sérgio Moro e o procurador-geral da República Rodrigo Janot atuaram e atuam com órgãos dos Estados Unidos, sem qualquer discrição, contra as companhias brasileiras, atacando a indústria bélica nacional, inclusive a Eletronuclear, levando à prisão seu presidente, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. E ainda mais eles e agentes da Polícia Federal vazam, seletivamente, informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, com o objetivo de envolver, sobretudo, o ex-presidente Lula. Os danos que causaram e estão a causar à economia brasileira, interna e externamente, superam, em uma escala muito maior, imensurável, todos os prejuízos que a corrupção, que eles dizem combater. E continua a campanha para desestruturar as empresas brasileiras, estatais e privadas, como a Odebrecht, que competem no mercado internacional, América do Sul e África.

No Brasil e no mundo, parece estar ocorrendo uma espécie de levante conservador antiprogressista. Quem o senhor acha que está por trás da paranoia anticomunista que desenterraram lá dos anos 1950 em pleno século 21? A quais interesses serve este tipo de manipulação da opinião pública?

Não estou a ver nenhuma paranoia anticomunista no Brasil nem na Europa. Em São Paulo, os grupos de pessoas que levantaram a questão do comunismo, nas demonstrações contra a presidente Dilma Rousseff, eram inexpressivos e ninguém levou a sério. Aldo Rabelo, dirigente do PC do B, foi ministro da Defesa do Brasil e nenhum problema houve com as Forças Armadas. Como o notável historiador Eric Hobsbawm, que conheci em Londres em 1978, disse certa vez à agência de notícias Telam, da Argentina, “já não existe esquerda tal como era”, seja socialdemocrata ou comunista. Ou está fragmentada ou desapareceu. Ele toda a razão tinha. Entretanto, o elevado desenvolvimento tecnológico favoreceu a concentração de riqueza e de poder e as disparidades sociais aumentaram ainda mais nos países da periferia do sistema capitalista, alimentando o fundamentalismo religioso, em meio à instabilidade política. E oito anos após o colapso financeiro de 2007/2008, mais de 44 milhões de pessoas estão desempregadas nos países da Europa e nos Estados Unidos. Mesmo assim, as grandes corporações bancárias e industriais, o capital financeiro internacional, tratam de impor ao país reformas no sentido de acabar com os direitos sociais, conquistados pela classe trabalhadora ao longo do século XX. E, ainda mais, os Estados Unidos pretendem eliminar a legislação nacional dos diversos países para que os interesses das megacorporações multinacionais, do capital financeiro, sobrepujam a soberania dos Estados nacionais nas relações econômicas e comerciais, conforme estatuídas nos dos Tratado de Parceria Transatlântica (TPA), Tratado Trans-Pacífico (TTO) e Tratado Internacional de Serviços (TISA). Mas a resistência aumenta.

Numan Kurtulmus, vice-premiê turco, declarou (no dia 20 de outubro), que a operação para libertar Mossul (Iraque) do Estado Islâmico e a guerra na Síria podem levar Estados Unidos e Rússia a um conflito direto, uma “3ª Guerra Mundial”. E ainda há a situação complicada na Ucrânia. Isto vai de encontro ao tópico das “guerras por procuração” que o senhor desenvolve em seu livro. Estamos a caminho de um conflito global?

O polo maior de tensão não é Mossul. É Aleppo, na Síria. Lá os Estados Unidos estão em um beco sem saída. A cidade, a segunda maior e mais importante da Síria, sob intenso bombardeio, está na iminência de cair sob o domínio completo das forças de Bashar al-Assad. E se Aleppo cair, Damasco, que já conquistou Latakia, Homs e Hama, dominará praticamente toda a Síria. Essas cidades concentram 70% da população e os mais significativos redutos industriais e praças de comércio do país, cujo resto do território é quase todo deserto. Os Estados Unidos, entretanto, continuam a sustentar a resistência dos que chamam de “rebeldes moderados”, na verdade, terroristas da Jabhat Fatah al-Sham (Frente da Conquista da Síria), Jabhat al-Nusra, ramo de al-Qaeda na Síria, Ahrar al-Sham e mais diversos grupos jihadistas. Por volta do dia 20 de outubro de 2016, a Rússia enviou dois maiores navios de sua Marinha de Guerra, o cruzador de combate Pyotr Velikiy (099), movido a energia nuclear, e o porta-aviões Almirante Kuznetsov para o leste do Mediterrâneo, com a tarefa de instituir uma zona de exclusão naval de 1.500km, ao longo do litoral da Síria, e enfrentar qualquer ataque de países do Ocidente contra Damasco. Por outro lado, uma fragata da Marinha de Guerra da Alemanha e o porta-aviões Charles de Gaulle já se dirigiram para a mesma região. Quanto à Ucrânia, Washington está consciente de que a Rússia não vai devolver a Criméia e Kiev alternativa não tem senão reconhecer a autonomia da região de Donbass, Donetsk e Luhansk. Não creio, porém, que a Rússia e os Estados Unidos/OTAN cheguem, diretamente, a qualquer confronto armado seja por causa da Ucrânia ou da Síria. Uma guerra nuclear aniquilaria toda a humanidade.

Capa do livro (Foto: Divulgação)

Há quem defenda os Estados Unidos como o país mais democrático do planeta. Mas logo no primeiro capítulo do seu livro, o senhor relata uma tentativa de golpe fascista em 1934, alinhado ao governo alemão hitlerista e bancado pela elite econômica ianque. Há ainda o histórico de intervenções (abertas ou secretas) que os EUA praticam em todo o mundo, inclusive no Brasil, sempre vendendo sua ideia de “democracia”, também amplamente documentado em sua obra. O mundo ficaria melhor sem essa política intervencionista? Ou ela serve ao equilíbrio de poder?

Os Estados Unidos, devido às suas tradições culturais e políticas e ao elevado desenvolvimento do capitalismo, precisavam e precisam conservar a mantra do “excepcionalismo”, do exemplo de democracia perfeita etc. Porém, a suposição de que lá nunca houve golpes de Estado não corresponde propriamente aos fatos históricos. Se nos Estados Unidos não houve golpes militares, ocorreram quatro assassinatos de presidentes e cinco atentados, que fracassaram. Constituíram atos de violência e aparentemente resultaram de conspirações, para mudança de governo. Abraham Lincoln (1865), James Garfield (1881), William McKinley (1901) e John F. Kennedy (1963) foram assinados. E Andrew Jackson (1835), Franklin D. Roosevelt (1933) (como presidente eleito), Harry S Truman (1950), Gerald Ford (1975) e Ronald Reagan (1981) sofreram tentativas de assassinato. No entanto, na América espanhola, apesar da instabilidade, nunca geralmente ocorreu a necessidade de matar o presidente, o que só ocorreu em meio de uma revolução ou de um golpe militar, como, e.g., no Chile (Manuel de Balmaceda, 1891), Bolívia (Gualberto Villarroel, 1946) e Chile (Salvador Allende, 1943) . Quase sempre bastou que o Exército se rebelasse, desse um golpe e expulsasse ou exilasse o presidente. É necessário, entretanto, não esquecer que os golpes de Estado, ocorridos, sobretudo, a partir da Segunda Guerra Mundial, como no Brasil, Argentina, Chile etc., foram encorajados pelos Estados Unidos, cujas intervenções, diretas e/ou indiretas, só produziram, desde o fim da Guerra Fria, guerras, terror, caos e catástrofes humanitárias.

A onda do ódio conservador atualmente em voga tem dado força a candidatos de perfil bastante controverso, como Donald Trump, Marine Le Pen e no Brasil, Jair Bolsonaro. O senhor acredita que eles possam chegar ao poder em seus países? Que consequências adviriam da eleição deles?

Jair Bolsonaro é caricatura, comparado com Donald Trump e Marine Le Pen. Não creio que esse coronel, uma reminiscência grotesca do que houve de pior na ditadura militar, pudesse ser eleito presidente no Brasil. Os fatores que alimentam as candidaturas de Donald Trump (Hillary Clinton é uma excrescência neoconservadora, responsável também pela sangueira na Líbia) e Marine le Pen são outros e diversos. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama, do Partido Democrata, é igual ou pior que seu antecessor George W. Bush, neoconservador do Partido Republicano. Na França, François Hollande, do Partido Socialista, é da mesma laia que seu adversário conservador e colonialista Nicolás Sarkozy. Entre les deux mon cœur balance. Je ne sais pas laquell au pis-aller. E daí é que Marine le Pen desponta.

O senhor será homenageado pelos seus 80 anos na USP. Como se sente?

Sinto-me confortado. É um reconhecimento de minha obra. Fiz meu doutoramento na Universidade de São Paulo, onde sempre tive e tenho muitos amigos desde meus 20 anos de idade. Sinto muitas saudades e, infelizmente, meu coração, enfermo, não mais me permite voar cerca de 11/12 horas para rever o Brasil. Morei muitos anos em São Paulo e lá vivi, clandestinamente, durante a ditadura militar. E profundamente grato sou as homenagens que meus queridos amigos e colegas da União Brasileira de Escritores (UBE) e a Universidade de São estão prestar-me, aos meus 80 anos. Vejo que meu trabalho, ao longo de tantas décadas, não foi em vão. Frutificou.

Qual sua relação com a Bahia hoje? O senhor tem memória afetiva daqui? Sente falta?

Apesar de viver tantos anos longe, nunca deixei de amar a Bahia, onde nasci e me criei, até 18/19 anos de idade, quando passei para o Rio de Janeiro e São Paulo e então me tornei citizen of the world. Porém meus vínculos com a Bahia nunca se desvaneceram. São e continuam profundos. Sou descendente de Garcia d’Ávila, da Casa da Torre, e de Diogo Moniz Barreto, que chegou à Bahia com Tomé de Sousa e foi primeiro alcaide-mor de Salvador. Aí estão minhas raízes, que se alastraram pelo Recôncavo e adjacências. Tenho muitas saudades da Bahia, a Bahia histórica, a Bahia que sempre cultivou a cultura e deu ao Brasil grandes escritores, poetas, romancistas, e homens de ciência. Na Bahia, recebi uma educação humanística, desde o Colégio da Bahia, até o primeiro ano, na Faculdade de Direito, no Portão da Piedade, o que me valeu para toda a minha vida e carreira acadêmica, como cientista político e historiador. Nas duas instituições de ensino tive excelentes professores, dos quais guardo as melhores recordações. E sinto muito orgulho por haver recebido da Faculdade de Filosofia e Ciências Humana da UFBA, importante universidade de meu Estado natal, ora sob a gestão do eminente reitor, Prof. Dr. João Carlos Salles, o título de Dr. honoris causa. Sim, sinto falta de tudo, que tive, na minha infância e adolescência, da comida, das moquecas, mas, até hoje, conquanto a viver na Alemanha há mais de 20 anos, não dispenso a pimenta e a farinha.

A desordem mundial / Luiz Alberto Moniz Bandeira / Civilização Brasileira / 644 páginas / R$ 84,90

Marcelo e Eduardo no país de Moro, por Mauro Santayana

sábado, 29 de outubro de 2016

Marcelo e Eduardo no país de Moro, por Mauro Santayana

27.10.2016, Mauro Santayana





A notícia de que Marcelo Odebrecht teria, no longo processo a que está sendo submetido, protestado inocência e recusado bravamente o fechamento de um suposto acordo de delação premiada, contestando até mesmo a posição de seus advogados, além de discutir com procuradores, que finalmente teriam comemorado entusiasticamente a quebra de sua admirável resistência moral e psicológica, apenas reforça a convição - termo que está cada vez mais em voga ultimamente - de que o que ocorreu no caso de Odebrecht e de outros presos e empresas, não passa, em grande parte - para tempos "excepcionais", medidas "excepcionais" - de pressão, de extorsão e de tortura.

Para torturar uma pessoa nem sempre é preciso pendurar seu corpo no pau-de-arara, ou dar-lhe um banho de mangueira e choque elétrico, embora isso possa parecer incompreensível para boa parte dos "cidadãos de bem" desta nossa cordial civilização tropical, construída na base do massacre, do porrete, do tronco e da chibata.

Sugiro ver um filme clássico de Costa-Gravas, A Confissão, com Ives Montand e Simone Signoret - ambos comunistas, diga-se de passagem - ou ler o livro homônimo de Artur e Lise London,  L'Aveu,  sobre os processos stalinistas do final da década de 1950.

O que está ocorrendo, aqui e agora, é o seguinte:


Tendo o sujeito ocupado algum cargo público, ou feito negócios, de 2003 para cá, com o governo brasileiro ou mesmo governos estrangeiros, e passando a pertencer, por conta disso, a uma lista de "suspeitos" que, com quase que absoluta certeza, existe, voltada para comprovar a existência de uma conspiração vermelha dirigida a corromper, destruir e saquear a nação, e até mesmo países de outros continentes, primeiro ele é acusado, antes mesmo de ser preso, de envolvimento, na maioria das vezes indireto, com eventuais crimes ainda em investigação.

Vejam que, aqui, a quantidade de acusações é importante, mesmo que algumas delas sejam cruzadas, porque aumenta a chance de autorização de prisão, ainda que alguns pedidos venham a ser eventualmente recusados pelo Supremo Tribunal Federal.

Depois, o alvo é preso,  temporariamente, sem flagrante, com base em ilações frágeis, ou algum pretexto isolado, por alguns dias.

Logo em seguida, com justificativas vagas e subjetivas, como a da "manutenção da ordem pública" - quando se trata de empresários e de ex-ministros e não de perigosos terroristas javaneses treinados para lá da Bessarábia por radicais anarquistas muçulmanos - transforma-se a sua prisão em preventiva, com duração praticamente indeterminada.

E, se o sujeito finalmente não aceitar, como Marcelo Odebrecht teve que fazer agora, depois de mais de 16 meses de aprisionamento  kafquiano,  as condições impostas pelos procuradores - ou seja, se não vier a falar o que se exige dele - apesar de  condenado a quase 20 anos por imaginosas interpretações de mensagens de celular e suposto "domínio do fato", ele ainda é ameaçado de continuar preso indefinidamente, enquanto espera que o seu caso chegue à segunda instância, da qual, se houver confirmação da sentença, não haverá - como às portas do inferno - escapatória possível.

Alguém pode em sã consciência dizer que qualquer delação ou informação que venha a se originar de métodos como esses é voluntária  ou moralmente legítima?

Como não é possível comprovar, na maioria das vezes, que houve desvios - o dinheiro que foi efetivamente para as  contas pessoais de funcionários da Petrobras e de alguns deputados não passa de algumas dezenas de milhões de dólares, e o que foi para partidos políticos foi repassado como doação legal perfeitamente registrada na Justiça Eleitoral à época - assim como sempre ocorreu não apenas no governo do PT, mas desde o regime militar, e para todos os principais partidos - para legitimar a fantasia de um suposto escândalo de dezenas de bilhões  de dólares, criam-se, também com justificativas "preventivas" ou tão altamente subjetivas quanto a da punição por supostos "danos morais coletivos", bloqueios e multas bilionárias - a Odebrecht terá que pagar inimagináveis 7 bilhões de reais - para dizer que a Lava-Jato estaria "recuperando" uma fortuna - sem nenhuma consideração com as centenas de milhares de empregos, investimentos, fornecedores, ações, projetos, programas, muitos deles estratégicos, dessas empresas, que foram ou serão sabotados ou inviabilizados com essa "punição" tão destrutiva quanto desmedida - para que os procuradores, e, indiretamente, os juízes envolvidos,  possam posar de heróis para uma certa opinião pública, burra, manipulada e hipócrita.

A diferença entre Marcelo Odebrecht e Eduardo Cunha são o caráter e as circunstâncias.  

Enquanto o primeiro resisitiu, por princípio, enquanto pôde, o segundo já entrou na cadeia negociando uma delação premiada com a ilusão de sair pela porta seguinte. 

O ex-presidente da Câmara dos Deputados sabe, no final das contas, que o processo a que está sendo submetido, não ele, mas o país, é político, e que esse processo está sendo dirigido para um desfecho igualmente político, em 2018, e deverá trabalhar para dar sua "voluntária" contribuição para isso, a serviço do que quiserem ou deixarem subentender seus interrogadores.

A prisão de policiais legislativos, por parte de agentes da polícia federal por ordem de um juiz de primeira instância, com a absurda desculpa de terem feito - o que não é mais do que sua obrigação - varreduras em defesa do sigilo da comunicação de parlamentares eleitos por milhares de votos - já deixou claro o que até as placas de mármore que recobrem os palácios de Brasília já deveriam saber há tempos.

O grande réu da Operação Lava-Jato e de suas co-irmãs é a Política.

Não basta arrastar o Legislativo, o Executivo e os partidos  na lama, durante meses, perante a opinião pública, com a cumplicidade de uma midia irresponsável, majoritariamente parcial e seletiva.

É preciso desafiar abertamente, se possível, diante das câmeras, o poder de deputados e senadores e daqueles que ocupam cargos executivos aos quais se chega pelo voto direto, secreto e obrigatório da maioria do povo brasileiro, para dizer indiretamente à população que ela não sabe votar, que sua pseudo autoridade, na verdade, não vale nada, e que ela deve se preparar para aceitar ser tutelada por uma plutocracia iluminada que chegou ao poder pela graça de Deus ou da caneta, por meio de indicação, no caso do TCU e do STF, ou de concurso, no caso do Judiciário e do Ministério Público. 

Os políticos eleitos demoraram tanto para reagir, por burrice ou por medo, tantos estão sendo ideologica ou interesseiramente cooptados para a alteração da lei, no sentido de distorcer a Constituição e diminuir a l.iberdade e o amplo Direito de Defesa, que, agora, por mais que esperneie, o Congresso, de tanto se abaixar, já deixa entrever parte do traseiro, parcialmente protegido por calças de veludo YSL ou Giorgio Armani. 

Resta saber a quem beneficiará tudo isso, no fim - se fim houver - desses "tempos excepcionais" de que fala o juiz Moro.

Se a um aventureiro messiânico, vingador e onipotente, com um raio e um martelo nos dois pratos da balança da "justiça", com os olhos muito bem postos na busca obsessiva e egocêntrica de cada vez mais poder e autoritarismo; ou se, coletivamente,  a  uma casta de privilegiadíssimos funcionários, com um padrão de vida muitíssimo superior ao dos comuns mortais, que busca se assenhorear, na prática, da República, sem a presença ou a legitimização do voto.

Nos dois casos, é mais fácil que se favoreça, nesse processo, o aparecimento de um novo e perigoso tipo de fascismo do que o fortalecimento da velha, e mesmo que defeituosa, sábia e imprescindível senhora a que se costuma chamar Democracia.

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Pesquisa não encontra diferenças entre crianças adotadas por pais gays ou lésbicas

Pesquisa não encontra diferenças entre crianças adotadas por pais gays ou lésbicas

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À medida que mais e mais adultos gays ou lésbicas adotam crianças, controvérsias sobre habilidades parentais e possíveis impactos nas crianças continuam a surgir.

Por quase uma década, a professora assistente de psicologia da Universidade do Kentucky,  Rachel H. Farr, estudou diferentes aspectos da vida familiar entre pais heterossexuais, gays e lésbicas, e seus respectivos filhos adotivos. Suas novas descobertas foram publicadas on-line na revista Developmental Psychology na semana passada.

Os resultados mais recentes da pesquisa de Farr fornecem mais evidências de que crianças adotadas por pais gays ou lésbicas são bem ajustadas não apenas no começo mas também na fase intermediária da infância. O estudo da pesquisadora focou no acompanhamento longitudinal de quase 100 famílias adotivas com crianças em idade escolar, à medida que essas passavam da primeira para a média infância. Os pais aparentaram ser capazes de desempenhar seus papéis parentais e estar satisfeitos com suas relações amorosas no curso do tempo, sem diferenças entre os tipos de famílias.

“Até onde eu sei”, diz Farr, “esse é o primeiro estudo que acompanhou crianças adotadas por pais homo e heterossexuais durante o período da primeira à média infância. Pesquisas longitudinais como essa oferecem um insight sobre quais fatores são os mais fortes e melhores na hora de prever o desenvolvimento de uma criança, acima das informações que podem ser colhidas apenas em um único momento.”

“Independentemente de orientação sexual, as crianças (do estudo) tiveram menos problemas comportamentais com o passar do tempo quando seus pais adotivos indicaram sofrer menos com estresse parental. Na mesma linha, menor estresse parental e menos problemas comportamentais de crianças em idade pré-escolar previram maior funcionalidade familiar quando as crianças atingiram a idade escolar. Assim, nessas famílias adotivas diversas em relação à orientação sexual dos pais, tal como foi concluído em muitos outros tipos de famílias, os processos

Sua pesquisa não notou “diferenças entre tipos de família (pais hetero ou homossexuais)” em diversas características, tais como problemas comportamentais, níveis de estresse, relação entre os casais, funcionalidade familiar, ajustes nas relações com o passar do tempo e outras diferenças. 

“Esses resultados, que servem de embasamento adicional para outros resultados positivos entre famílias adotivas lideradas por pais heteros, gays ou lésbicas ao longo dos anos, podem ser usados para as esferas legal, política e de práticas,” afirma Farr.

Como outras pesquisas indicam que pelo menos 65.500 crianças adotadas (mais de 4% de todas as crianças adotadas nos EUA) possuem pais de minorias sexuais, “as descobertas também podem ajudar a levar adiante o debate público no que diz respeito a paternidade e efeitos nas crianças de diversos tipos de famílias”, ela acrescenta. familiares se mostraram mais importantes do que a estrutura familiar para o funcionamento familiar e o desenvolvimento longitudinal das crianças.”  

 

University of Kentucky

 
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