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domingo, 31 de agosto de 2014
OS 12 ANOS DE LULA e DILMA: RETRATO DO NOVO BRASIL.
Jornalista americano Wayne Madsen acusa a CIA como responsável pela derrubada do jato para colocar Marina como candidata.
sábado, 30 de agosto de 2014
Tudo sugere ação da CIA e assassinato de candidato à presidência, no Brasil
Marina Silva e Eduardo Campos |
Jaime Roldós Aguilera do Equador e o avião... |
O avião de Eduardo Campos |
Presidentes dos BRICS - Julho de 2014 |
George Soros criador da "Terceira Via/"Nova Política" |
Um mito e algumas verdades sobre os tributos no Brasil
[Este é o blog do site Outras Palavras emCartaCapital.
Aqui você vê o site completo]
Ao longo do processo eleitoral deste ano, um mito voltará a bloquear o debate sobre a construção de uma sociedade mais justa.
Todas as vezes em que se lançar à mesa uma proposta de políticas públicas avançadas, demandando redistribuição de riquezas, algum “especialista” objetará: “não há recursos para isso no Orçamento; seria preciso elevar ainda mais a carga tributária”.
A ideia será, então, esquecida, porque a sociedade brasileira está subjugada por um tabu: afirma-se que somos “o país com impostos mais altos do mundo”.
Sustenta-se que criar novos tributos é oprimir a sociedade. Impede-se, deste modo, que avancemos para uma Reforma Tributária.
A partir das 10h desta sexta-feira (29/8), três conhecedores profundos do sistema de impostos no Brasil enfrentaram este mito, num debate transmitido por webTV (acesse aqui).
O auditor da Receita Federal Paulo Gil Introini, ex-presidente do sindicato nacional da categoria e os economista Jorge Mattoso e Evilásio Salvadorargumentaram, com base em muitos dados, que o problema da carga tributária brasileira não está em ser “a mais alta do mundo” (uma grossa mentira), mas em estar, seguramente, entre as mais injustas do planeta.
Os grandes grupos econômicos e os mais ricos usam seu poder político para criar leis que os isentam de impostos — despejados sobre as costas dos assalariados e da classe média.
A mídia comercial esconde esta realidade, para que nada mude. No debate, organizado em conjunto pela Campanha TTF Brasil e Fundação Perseu Abramo, emergiram alguns fatos muito relevantes, porém pouquíssimo conhecidos.
> A carga tributária brasileira não é a “mais alta do mundo”, mas a 32ª (entre 178 países).
O cálculo é de um estudo comparativo da Fundação Heritage, um thinktank norte-americano conservador — mas com algum compromisso com a realidade.
> A carga tributária subiu consideravelmente, de fato, entre 1991 e 2011. Passou de 27% do PIB para 35,1%.
Porém, a parte deste aumento de arrecadação foi consumido no pagamento de juros pelo Estado — quase sempre, para grandes grupos econômicos.
A taxa Selic subiu para até 40% ao ano nas duas crises cambiais que o país viveu sob o governo FHC.
O aumento do gasto social (de 11,24% do PIB para 15,24%, no período), que ocorreu de fato, a partir de 2002, consumiu apenas parte do aumento da receita.
> O poder econômico usa uma série de expedientes para livrar-se de impostos. O principal é a estrutura tributária brasileira.
Ela foi cuidadosamente construída para basear-se em impostos indiretos (os que incidem sobre preços de produtos e serviços) e reduzir ao máximo os impostos diretos.
Há duas vantagens, para as elites, nesta escolha.
a)Impostos indiretos são, por natureza, regressivos. A alíquota de ICMS que um bilionário paga sobre um tubo de pasta de dentes, uma geladeira ou a conta de luz é idêntica à de um favelado;
b) Além disso, assalariados e classe média consomem quase tudo o que ganham — por isso, pagam impostos indiretos sobre toda sua renda. Já os endinheirados entesouram a maior parte de seus rendimentos, fugindo dos tributos pagos pelo conjunto da sociedade.
> Esta primeira distorção cria um cenário quase surreal de injustiça tributária.
Um estudo do IPEA(veja principalmente o gráfico 2, à página 6) revela que quanto mais alto está o contribuinte, na pirâmide de concentração de renda, menosele compromete, de sua renda, com impostos.
Por exemplo: os 10% mais pobres contribuem para o Tesouro com 32% de seus rendimentos; enquanto isso, os 10% mais ricos, contribuem com apenas 21%…
> Basear a estrutura tributária em tributos indiretos é uma particularidade brasileira, que atende aos interesses dos mais ricos.
Aqui os Impostos sobre a Renda respondem por apenas 13,26% da carga tributária.
Nos países capitalistas mais desenvolvidos, membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os impostos diretos correspondem a 2/3 do total dos tributos.
> Além disso, e sempre em favor dos mais poderosos, o Brasil praticamente renuncia a arrecadar impostos sobre o patrimônio.
Aqui, os tributos que incidem diretamente sobre a propriedade equivalem apenas a 1,31% do PIB. Este percentual chega a 10% no Canadá, 10,3% no Japão, 11,8% na Coreia do Sul e 12,5% nos Estados Unidos…
> Ainda mais privilegiados são setores específicos das elites.
O Imposto Territorial Rural (ITR), que incide sobre a propriedade de terra, arrecada o equivalente a apenas 0,01% do PIB.
A renúncia do Estado a receber tributos sobre os latifundiários provoca, todos os anos, perda de bilhões de reais — que poderiam assegurar, por exemplo, Saúde e Educação públicas de qualidade.
Nos últimos treze anos o Brasil viveu um processo real — embora ainda muito tímido — de redistribuição de renda.
Entre 1991 e 2002, o Coeficiente de Gini caiu de 0,593 para 0,526, depois de décadas de elevação (segundo este cálculo, quanto mais alto o índice, que vai de 0 a 1, maior a desigualdade).
Ainda é muito pouco: segundo cálculos do Banco Mundial, em 2013 o país era o 13º mais desigual do mundo.
Para continuar reduzindo a desigualdade, uma Reforma Tributária é instrumento essencial.
Não é por outro motivo que as elites insistem em manter este conservar este tema como tabu.
Aranha e o racismo: enfrentamento no dia a dia é necessário
Por Cosme Rimoli
A torcedora gremista que chamou Aranha de ‘macaco’ tem nome e sobrenome.
A Polícia Militar e o Ministério Público do Rio Grande do Sul só não tomarão atitude contra o racismo se não quiserem…
Loira, cabelo liso, aparelho nos dentes, 22 anos. Patricia é filha da classe média gaúcha.
No Sul é muito comum mulheres frequentarem estádios.
Mas infelizmente, essa torcedora levou para as cadeiras da arena gremista o pior.
O ranço de preconceito que ainda domina uma parcela infelizmente significante deste país.
E o futebol acabou sendo o palco escolhido por Patricia e vários outros torcedores gremistas para expor o pior de seu caráter.
Mostrar que para ela as pessoas são diferenciadas pela cor da pele.
E que faz questão de revelar ao mundo o que pensa em um estádio de futebol.
Acolhida por outros racistas, seus gritos de 'macaco, macaco, macaco',flagrados pelas câmeras da ESPN, são normais.
Os gritos da nobre torcedora loira foram dirigidos ao mineiro Mário Lúcio Duarte Costa.
Seu pecado não era ser o goleiro Aranha do Santos. Mas ser negro.
A cada defesa, na vitória santista por 2 a 0 diante do Grêmio, novas ofensas. Ao final da partida, o desabafo.
"Da outra vez que a gente veio jogar, estava passando campanha contra o racismo no telão, não é por acaso.
Eu estava no gol, xingar, pegar no pé, normal. Me chamaram de preto fedido, cambada de preto.
"Começou aquele corinho de macaco. Eu pedi para o cinegrafista filmar, mas ele não filmou. Quando decidiu, já tinham xingado.
Eu fico puto, desculpe o palavrão. Dói, dói. Quando me chamaram de preto, eu não me ofendi porque sou preto sim, sou negão sim. Sempre tem alguns racistas aqui no meio."
A partir daí, Aranha também errou.
Ele não quis formular uma queixa no Jecrim (Juizado Especial Criminal) do estadio gremista.
Não quis registrar formalizar a acusação das ofensas racistas que sofreu. Não quis comprar briga com a torcida de um clube. E por acreditar que não 'levava a nada'.
Esse tipo de comportamento é que estimula os racistas. Infelizmente os casos racistas se acumulam no mundo.
Com os brasileiros vale lembrar o caso de Grafite no São Paulo e o argentino De Sábato do Quilmes; a briga entre Danilo do Palmeiras e Manoel do Atlético Paranaense; Jeovânio do Grêmio e Antônio Carlos do Juventude; a torcida do Real Garcilaso imitando macacos toda vez que Tinga do Cruzeiro pegava na bola.
O juiz Márcio Chagas da Silva não só foi xingado de macaco.
Mas torcedores deixaram bananas no seu carro que estava guardado nas dependências do Esportivo de Bento Gonçalves.
Ele decidiu até abandonar a carreira diante do que passava no interior do Rio Grande do Sul.
A torcida do Mogi Mirim xingou Arouca do Santos de macaco. E na final do Campeonato Gaúcho, um torcedor chamou o zagueiro Paulão do Inter, de macaco.
O jogador o confrontou e ele fugiu correndo. Não foi identificado, preso, nada.
Onde aconteceu este caso? Na arena do Grêmio, há cinco meses.
A Polícia Militar gaúcha pedia ontem para que torcedores ajudassem a encontrar os racistas.
O Ministério Público de Porto Alegre também prometia agir. E o serviço foi feito por internautas. Tudo está mastigado.
Desta vez não há desculpas para que Patricia Moreira não pague pelo que fez. Além disso indique quem estava ao lado dela fazendo o nojento coro de 'macaco'.
Passou da hora das autoridades justificarem o dinheiro público que recebem.
E cumpram a sua missão junto à sociedade. Passem a punir os criminosos. Por que ofensas racistas justificam processos e até prisão neste país.
Quanto à parte esportiva, o vexame de sempre. O árbitro Wilton Pereira Sampaio não viu o que todos viram e não ouviu o que todos ouviram.
E não colocou na súmula as ofensas racistas dirigidas ao goleiro Aranha.
Caso justificasse o uniforme de juiz, ele deveria não só ter escrito tudo o que aconteceu. Mas parado a partida. Essa é uma das recomendações da Fifa diante do racismo.
Mas cadê coragem para tomar tal ato?
Interromper um jogo da Copa do Brasil tão importante, transmitido pela tevê? Criar um 'problemão' para a CBF?
Melhor se comportar como se tudo tivesse sido normal. Wilton também é negro como Aranha.
O racismo no Brasil e no mundo tem uma grande cúmplice e incentivadora. A omissão. Ela estimula que torcedoras comparem negros a macacos.
Gritando ou colocando um boneco de pelúcia com o uniforme do time rival. Até quando a Fifa, a CBF e a sociedade vão dar cobertura a este tipo de gente?
O Grêmio também tem de ser punido.
Não é a primeira vez que atitudes racistas acontecem no seu estádio.
Multa, perda de mando. A CBF precisa sair do marasmo. Fazer desenhos e faixas contra a discriminação não adiantam nada...
O basquete norte-americano acaba de dar um exemplo. O milionário Donald Sterling era dono do Los Angeles Clippers.
Recomendou que sua namorada não convidasse negros a jogos dos Clippers. E nem tirasse fotos com 'eles'. A 'recomendação' foi gravada e divulgada. Ele teve de pagar uma multa de R$ 5,8 milhões. Foi obrigado a vender o time.
A Conmebol cobrou do Real Garcilaso uma multa de R$ 27 mil. O Esportivo perdeu nove pontos, seis mandos de campo e acabou multado em R$ 30 mil.
O Mogi Mirim teve seu estadio fechado por uma partida e pagou R$ 50 mil de multa. O Grêmio havia sido multado em R$ 80 mil pelas ofensas a Paulão. Seu departamento jurídico recorreu e a pena caiu para R$ 10 mil.
"No Brasil é assim com o racismo. Primeiro todo mundo fica chocados. Todos esquecem. Nada acontece com quem te ofendeu. Por isso não levei o caso do Desábato para frente. Ele me chamou de macaquito. Mas resolvi deixar para lá", me disse Grafite, em 2005. Tomou a mesma atitude de Aranha.
Sem querer, os ofendidos estimulam pessoas como Patricia Moreira e seus amigos. Eles acreditam que estádios de futebol servem de refúgios para racistas...
(O jornal Zero Hora assegura que as consequências já começaram.
Patricia perdeu seu emprego. Não trabalha mais no Centro Médico Odontológico da Brigada Militar.
Foi dispensada pelo ato racista. Agora só faltam a PM e o Ministério Público gaúchos acordarem...)
(Diante da pressão e repercussão do caso, o árbitro Wilton Pereira Sampaio resolveu fazer um 'adendo' à sua súmula já entregue.
E notificou a atitude racista de parte da torcida gremista. Inacreditável...)
(Pressionado pela diretoria santista, Aranha decidiu de 'livre e espontânea' vontade registrar um Boletim de Ocorrência. Era o mínimo que deveria fazer desde ontem à noite...)
imagens da ESPN Brasil
Memória: queimando a língua com as pesquisas
Republicado do VIOMUNDO
20/04/2010
AS PESQUISAS: QUE USO PODE SER FEITO DELAS?
publicado originalmente em 26/10/2008
por Luiz Carlos Azenha
As pesquisas são uma fotografia de um determinado momento da campanha eleitoral. E não merecem 100% de confiança. Há muitos casos de uso das pesquisas para influenciar o eleitorado. E há erros grosseiros. Eu mesmo já narrei a seguinte história no site:
Na minha carreira de jornalista, já vi erros aflitivos. Em 1985, como repórter da TV Manchete, fui para a sede da Folha de S. Paulo, na Barão de Limeira, para transmitir a apuração das eleições municipais em que se enfrentavam Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros.
A TV Globo era acusada por Jânio de trabalhar abertamente em favor de FHC. Na TV Manchete tínhamos liberdade de colocar qualquer bobagem no ar, inclusive as ditas por Jânio. Uma pesquisa não-científica da Rádio Jovem Pan, baseada em entrevistas nas ruas, dava vitória de Jânio. Porém, as primeiras pesquisas de boca-de-urna do Datafolha davam vitória de FHC.
E eu enrolava o público, ao vivo, diante de resultados que não batiam com os da pesquisa Datafolha. A certa altura, os números trombavam tanto que um diretor da TV Manchete me instruiu, por telefone: “Entrevista o diretor do Datafolha, peça para ele explicar.” Foi o que fiz. E ele: “É que a apuração começou primeiro em bairros onde Jânio é popular. À medida em que os votos forem chegando ao TRE, de outras regiões da cidade, nosso resultado vai se confirmar.”
O tempo passou. E nada da pesquisa do Datafolha bater com o resultado da contagem dos votos. Até que o diretor da TV Manchete, Pedro Jack Kapeller, ligou de novo: “Esquece o Datafolha. Dá o resultado da apuração que o Jânio vai ganhar.” Foi o que passei a fazer. Batata. Deu Jânio Quadros e ele reservou para a TV Manchete a primeira entrevista ao vivo, no estúdio da própria emissora, na rua Bruxelas, em São Paulo.
Não foi minha única experiência do gênero. Em 2004 eu estava no teto da sede da TV Globo em Nova York, no dia da eleição entre George W. Bush e John Kerry, pronto para entrar ao vivo no Jornal Nacional.
Foi quando recebemos ordem, vinda do Rio de Janeiro, para dar o resultado de uma pesquisa de boca-de-urna da Zogby, indicando vitória de Kerry sobre Bush. Ficamos todos apreensivos, mas como era ordem vinda diretamente do Ali Kamel, não teve jeito. Ainda bem que em seguida, provavelmente sem saber dos bastidores do episódio, o repórter William Waack entrou ao vivo de Boston e disse que era preciso ter cuidado com as pesquisas.
Não deu outra: Bush venceu e eu arquei com as consequências de ter dado uma notícia desmentida pelos fatos.
Hoje, de novo, lá está o Zogby afirmando, segundo a FolhaOnline:
“As coisas estão pendendo de volta para McCain. Seus números estão aumentando e os de Obama estão caindo em uma base diária. Parece haver uma correlação direta entre isso (mudança nas pesquisas) e McCain falando sobre economia”, disse o pesquisador John Zogby.
O problema é que ele faz essa declaração montado em uma pesquisa em que foram ouvidos 1.203 eleitores, com margem de erro de 2,9%, que indica vantagem de Barack Obama sobre John McCain de 5%.
Se você consulta a pesquisa do Rasmussen, feita com 3.000 eleitores e margem de erro de 2%, Obama tem 52% a 44%. Faz 31 dias que o democrata tem entre 50% e 52% da preferência do eleitorado.
Além disso, não se pode descartar o que o próprio John Zogby disse em 2004:
Bush perdeu essa eleição faz muito tempo.
De acordo com a previsão de Zogby, John Kerry teria 311 votos no Colégio Eleitoral, contra 213 de Bush.
Bush venceu por 286 a 251.
Houve má fé? Não dá para dizer que sim. Mas no caso da Penn, Schoen & Berland, tudo indica que sim.
No referendo revogatório de Hugo Chávez, em 2004, a empresa divulgou em Nova York, quando as urnas ainda estavam abertas na Venezuela, uma previsão de que Chávez perderia por 59 a 41%. A legislação venezuelana proibia a divulgação de pesquisas, mas a empresa burlou a lei divulgando a pesquisa nos Estados Unidos e disseminando o resultado pela internet na Venezuela. Chávez venceu por 59% a 41%.
Douglas Schoen atribuiu o resultado à “fraude maciça”. Que é justamente o papel que se esperava dele em uma disputa marcada pela controvérsia: tirar a legitimidade do resultado.
Em 2006, de novo, a empresa cometeu um erro grosseiro na Venezuela. Em 15 de novembro publicou uma pesquisa dizendo que Chávez tinha vantagem de 48% a 42% sobre Manuel Rosales. Dias antes da votação, Douglas Schoen disse que o resultado seria apertado. Chávez venceu com quase 63% dos votos
A PBS teve contratos com o Departamento de Estado americano, o que talvez ajude explicar os “fenômenos” acima citados.
Meu ponto: é preciso ficar de olho na utilização que se faz de pesquisas eleitorais, especialmente em eleições apertadas. A margem de erro muitas vezes justifica as previsões mais cabeludas.
Adendo: Obama venceu com 52,9% dos votos, contra 45,7% de John McCain.