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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Aécio, o leviano

Republico aqui boa análise do amigo Mario Simões sobre o primeiro debate presidencial, o da BAND ontem. 


Do Blog OUTRAS BOSSAS

27/08/2014


O primeiro debate entre os presidenciáveis realizado pela TV Band foi importante porque permitiu ao eleitor comparar posições dos candidatos. De maneira geral, a postura dos candidatos foi positiva, valorizando a discussão, obviamente, cada um ressaltando suas qualidades e tentanto colocar adversários em situação difícil. Imagino que seja isso que o eleitor esperava: propostas em debate e poder verificar a capacidade dos candidatos de reagir diante das pegadinhas e argumentos alheios.

Marina reclamou da polarização PT x PSDB e fez seu discurso preferido: seria o novo na política, a vestal que veio para desnudar a fragilidade das instituições ou, para ficar mais coerente com seu discurso, a ungida que trouxe a luz e vai reunir os bons, não importa onde estejam, nem se desejam esta união em torno dela mesma. Esconde, claro, o desejo de que a polarização seja em torno dela. No geral esteve bem, como todos os candidatos.

A presidente Dilma, candidata, foi a vidraça de todos. Esteve o tempo todo, na maioria das perguntas e/ou respostas, na berlinda dos ataques. O que era de se esperar, afinal, uma das características das oposições é atacar o governo para se diferenciar.

Aécio mais do que todos, destacou-se nesse esporte: caça à Dilma.

Cometeu, no entanto, um deslize imperdoável. Talvez tenha sido o momento em que ficou mais fragilizado em todo o debate.

Cometeu o erro de atacar a Petrobrás.

De todos os candidatos era o único que não poderia tocar no tema. Afinal, o PSDB sabidamente tentou prizatizar a empresa e só não o fez por não encontrar espaço político. Chegou a propor um novo nome mais condizente com seu intento, Petrobrax, e levou a empresa a sucateamento sem precedentes. O ponto alto da administração peessedebista foi o mais baixo para a Petrobrás. Na madrugada de 15 de março de 2001, uma quinta-feira terrível para a história da empresa, a plataforma P-36, foi a pique no campo do Roncador. A tragédia anunciada da P-36.

Dilma foi cirúrgica: não se pode tratar a Petrobrás com tanta leviandade e lembrou que a empresa no governo tucano valia R$ 15 bilhões e hoje vale R$ 100 bilhões.

A perda de valor de mercado da empresa nos últimos anos poderia ter sido abordada por qualquer candidato. Menos pelo PSDB. O partido já anunciou que pretende acabar com o regime de partilha e retornar ao de concessão, favorecendo as grandes empresas multinacionais do setor e atacando diretamente a proposta de utilizar os recursos gerados no pré-sal em saúde e educação. Assim como jamais teria utilizado a Petrobrás para revitalizar o setor de construção naval como fez a presidenciável Dilma Roussef, gerando 80 mil empregos e com a perspectiva de chegar a 100 mil em 2017.

A postura do PSDB contra a Petrobrás é por demais conhecida. Assim, pretender defender a empresa é desfaçatez, hipocrisia.

Desta maneira, Aécio, o leviano, deveria ter direcionado suas baterias para outras áreas. Sobre a Petrobrás, toda vez que o PSDB ou seu candidato abrem a bico, uma montanha de destroços que repousa a 1.350 metros de profundade naquele ponto do oceano e ainda guarda 9 corpos dos 11 petroleiros mortos no acidente, movimenta-se. A P-36 é um esqueleto insepulto que o PSDB vai carregar para sempre.

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