Pesquisar este blog

sábado, 5 de novembro de 2016

Bashar al-Assad em pessoa: confiante, amistoso e sem culpas

4 de Novembro de 2016 - 17h20 


Em entrevista à jornalista Anne Barnard, do jornal estadunidense The New York Times, o presidente da Síria, Bashar al-Assad mostra confiança no futuro do país, na ação militar que o exército sírio desenvolve no sentido de expulsar os terroristas e expõe, mais uma vez, o relevante apoio dos Estados Unidos - formal e informal - aos terroristas que iniciaram uma guerra para derrubar seu governo em março de 2011. 


SANA
Bashar al-Assad, em entrevista a jornalistas russos, em outubro de 2016

Bashar al-Assad, em entrevista a jornalistas russos, em outubro de 2016

As armas colocadas sobre o monte Qasioun estavam silenciosas e as luzes acesas em sua encosta iluminavam Damasco quando o presidente da Síria, Bashar al-Assad, recebia um grupo de visitantes ocidentais em seu palácio de estilo fanco-otomano, na segunda-feira à noite (1º/11).

Ele se mostrava amistoso e irradiava confiança enquanto recebia um grupo de jornalistas e analistas políticos britânicos e americanos em uma sala sala revestida por painéis de madeira, na qual ele disse que o tecido social da Síria foi fortalecido, para uma situação "muito melhor que a que existia" antes da guerra iniciada em março de 2011, apesar da metade dos cidadãos do país ter sido obrigada a fugir de seus lares e dos quase meio milhão de mortos, na guerra conduzida por terroristas islâmicos apoiados por EUA, Catar, Arábia Saudita e Turquia.

"Eu sou apenas uma manchete – o presidente mau, o cara ruim, que está matando os mocinhos", afirmou. "Vocês conhecem essa narrativa. O motivo real é derrubar o governo. Este governo não se ajusta aos critérios dos Estados Unidos".

Para a jornalista Anne Barnard, era surreal ouvir algo que negava o que ela havia reproduzido no New York Times durante estes anos, quando falava das grandes cidades sírias reduzidas a escombros. Para ela, Bashar al-Assad era – e é – o responsável pela tragédia síria, junto com as forças que o apoiam: Rússia, Irã e o libanês Hezbolá.

Demonstrando convicção da vitória contra o terrorismo instalado no país por EUA, Arábia Saudita e Catar, Assad falou na entrevista do direito de todo sírio ser um cidadão completo, no significado mais amplo dessa expressão, além de fazer uma analogia entre versões intolerantes de religiões a programas obsoletos de computador que precisam ser atualizados. Assad afirmou que uma nova época de abertura e diálogo tinha sido aberta na Síria, além de afirmar que estuda como modernizar a mentalidade dos sírios após a vitória na guerra.

A jornalista repete a ladainha da qual Assad faz referência no início da entrevista, de que ele é o "cara mau". Em uma tentativa de contradizer o que Assad fala, ela diz que a ONU condenou a ação de "rebeldes" ao atacar recentemente um escritório governamental em Alepo, que resultou na morte de dezenas de civis sírios. Mas ela jamais usa o termo "terroristas" para os autores da ação, muito menos condena os crimes de guerra cometidos pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

Ela tenta, na entrevista, colocar Assad contra a parede ao alegar que o estado sírio teria bombardeado civis, prendido e torturado opositores sem acusação, teria imposto a fome a civis cercados. Assad escutou as imprecações e rebateu.

"Vamos supor que essa alegações estejam corretas e este presidente matou seu próprio povo, e o mundo livre e o ocidente estavam ajudando o povo Sírio", retruca. "depois de cinco anos e meio, quem me daria apoio? Como eu poderia ser presidente se o povo do meu país não desse apoio algum?", questiona, para afirmar que "esta não é uma história verídica".

A repórter americana reconhece que o presidente sírio tem razão no que diz, e que se manteve no poder graças a um apoio de setores da sociedade maior do que os inimigos dele supunham haver, relatando que grande parte do apoio vem de pessoas que podem não gostar de suas políticas ou do Partido Baath que ele comanda, mas que temem que a alternativa fosse o colapso do Estado e o poder cair nas mãos dos terroristas.

"Elas aprenderam o valor do Estado", ele disse, mas compreendendo também que este apoio pode diminuir no fim da guerra. "Isso é o que as aproximou de nós, não por terem mudado de ideia politicamente."

Estas considerações do presidente sírio acontecem após uma conferência de dois dias realizada pela Sociedade Síria Britânica, chefiada por Fawaz Akhras, sogro de Assad e é parte da nova abertura política e um esforço para desmentir as mentiras distribuídas na mídia ocidental.

Após criticar a política de vistos para jornalistas estrangeiros e a vigilância que o estado exerce sobre eles, em relação a visitas a diversas áreas, Anne afirma que Damasco está menos tensa que durante a sua visita anterior, em 2014. Afirma que no centro velho os novos bares estão lotados, além de ter diminuído sobremaneira a troca de tiros de artilharia entre o exército sírio e os terroristas dentro da cidade e nos bairros mais distantes. Anne omite, evidentemente, que há jornalistas que atuam como espiões durante situações de guerra, o que justifica serem vigiados.

Repensar as políticas para a Síria

O recado da conferência é claro, é de que a vitória está próxima e que a Síria vai dialogar com o Ocidente, mas em uma posição de país soberano, vitorioso.

"Cabe ao Ocidente repensar suas políticas", disse o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moallen, aos jornalistas na segunda-feira, acrescentando que o governo apreciaria, apesar de não esperar, uma cooperação com os Estados Unidos.

Al-Moallem disse que o governo lutará para derrotar quaisquer terroristas que continuem a combater o país, sejam eles os grupos curdos no nordeste, os terroristas ligados à Al-Qaida ou os terroristas apoiados pelos americanos em Aleppo. 

"Até o momento, ainda mantemos diálogo por vários canais diferentes", até mesmo com os Estados Unidos, disse Assad. "Mas isso não significa que abrimos mão de nossa soberania ou transformamos a Síria em um país fantoche."

Essa declarações ocorrem ainda com uma situação bastante complicada em Alepo, onde as forças do governo ainda enfrentam uma forte resistência por parte dos terroristas que destruíram a cidade nos últimos 5 anos. A libra síria vale apenas 10% do que custava frente ao dólar antes da guerra. O grupo terrorista Estado Islâmico, colocado na defensiva, ainda ocupa uma grande área do país.

Indagado de como a Síria poderia ser reestruturada ou reformada, ele disse que a primeira mudança necessária seria no "sistema operacional" mental da região, que ele disse ser baseado na religião.

Ele disse que ideologias baseadas em "interpretações ruins" do Islã alimentaram a guerra, rebatendo as alegações de que seu governo teria acelerado o processo ao construir mesquitas ou apoiando a resistência iraquiana contra a ocupação americana.

"Islamização significa 'não acredito em ninguém que não se parece comigo, não se comporta como eu, não pensa como eu'", ele disse. "Secular significa liberdade da religião."

Ele desmentiu que existam prisioneiros políticos no país e manifestou descontentamento quando perguntado se pessoas foram presas por discordar ou escrever contra o governo.

"Se você apoia os terroristas, não é um preso político, você está apoiando assassinos", afirmou, para em seguida completar dizendo que o seu governo libertou dezenas de milhares de prisioneiros por meio de anistias, para abrir o caminho para "alguma solução para nossa sociedade", mas que tinha a autoridade de libertar apenas aqueles que já haviam sido julgados e condenados.

Ao ser questionado sobre alguns presos específicos, pediu provas: "Vocês têm documentos? Alguém os viu na prisão?", para em seguida afirmar que ele, em meio à guerra, lutava para preservar as instituições estatais e combater a intervenção estrangeira. "Bom ou mau governo, não é a missão deles [estrangeiros] mudar isto".


Do Portal Vermelho, com informações do The New York Times 



Nenhum comentário:

Postar um comentário