Pesquisar este blog

terça-feira, 29 de setembro de 2015

‘Ladrões’ podem estar ‘roubando’ os seus ossos, previne Gilberto Vieira, professor de Endocrinologia da Unifesp.


VIOMUNDO


Blog da Saúde

‘Ladrões’ podem estar ‘roubando’ os seus ossos, previne Gilberto Vieira, professor de Endocrinologia da Unifesp. Aprenda a combatê-los

Prevenção é a única arma eficaz contra “ladrões” de ossos. Conheça-os e aprenda a se proteger da osteoporose.

por Conceição Lemes

Sabia que osso é órgão extremamente vivo e ativo? E que você forma e perde osso o tempo inteiro? Pois isso é o que acontece ao longo da nossa vida. Com uma diferença: no início, a aquisição de osso supera a perda; depois, ocorre o inverso. Ao entrar no climatério, entre 45 e 50 anos, as mulheres perdem anualmente mais de 2% da massa óssea, devido à redução dos estrógenos, os hormônios femininos. No homem, essa redução acontece aos 65, 70 anos, e não de forma tão drástica.

Consequência: até a velhice é normal perder quase metade da massa óssea (do esqueleto), em especial as mulheres.

É como se o osso fosse um caminhão de areia. É preciso enchê-lo bastante no começo do percurso, já que o material será descarregado aos poucos até o final da viagem. Se não se fizer isso direito e na hora certa, a carga acaba antes. É a osteoporose. A doença leva à perda progressiva da densidade dos ossos, que enfraquecem e ficam mais sujeitos a fraturas. A mais temida é a do colo do fêmur — uma causa importante de internação e óbito entre as mulheres com mais de 50 anos. A mais comum, a fratura vertebral: provoca dor, piora a qualidade de vida e aumenta a mortalidade. No Brasil, a osteoporose afeta cerca 3 milhões de pessoas, das quais 80% são mulheres.

“O principal responsável pela doença é a quantidade máxima de osso atingida por cada pessoa — o chamado pico de massa óssea”, informa o médico endocrinologista José Gilberto Vieira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “A carga genética contribui com 60%; os 40% restantes são ambientais.”

O grande pico de massa óssea ocorre dos 10 aos 18 anos. Dos 20 aos 25, atinge-se o patamar máximo. Só que, na infância e na adolescência, “ladrões” podem impedir o caminhão de alcançar a carga ideal, arriscando o futuro ósseo. Da maturidade até a velhice, os “assaltantes” podem esvaziá-lo mais cedo.

“O sedentarismo é um dos grandes ‘ladrões’; em silêncio, ‘rouba’ massa óssea em todas as fases da vida”, alerta Vieira. “E osso perdido não tem retorno; não existe remédio para repô-lo.”

OUTROS “LADRÕES” IMPORTANTES

* Uso contínuo de certos medicamentos — Os corticosteroides são um deles. Empregados em asma, algumas doenças renais e psoríase, por exemplo, por mais de dois meses, mesmo em doses baixas, eles já têm efeito no esqueleto. Atuam sobre o metabolismo ósseo, comprometendo muito a aquisição de massa óssea na infância e na adolescência. Anticonvulsivantes à base de fenobarbital, diuréticos e hormônio da tireóide são remédios que também “roubam” osso.

* Imobilização por acidente, cirurgia ou outra razão qualquer — Ao ficar imóvel, o organismo “entende” que não precisa muito de osso para manter a estrutura do corpo. O osso, então, vai atrofiando, jogando cálcio fora. E o cálcio é o mineral responsável pelo endurecimento do osso, que é basicamente cartilagem, como a orelha e o nariz. O osso, aliás, só existe por causa da força da gravidade e da musculatura. Tanto que, se a musculatura atrofiar por causa de poliomielite ou acidente vascular cerebral, o AVC, o osso atrofia junto.

* Doenças prolongadas — Por exemplo, câncer, diabetes tipo 1, insuficiência renal crônica e aids. Elas consomem o organismo e “roubam” massa óssea. Com o agravante de que, em várias moléstias, as medicações também são lesivas ao osso, como os imunossupressores usados nos transplantados e os quimioterápicos nos pacientes de câncer.

* Fumo — Estudos sugerem que o tabaco tem ação tóxica sobre os osteoblastos (células formadoras de osso), diminuindo a formação do osso e acelerando a sua reabsorção.

Alimentos embutidos, enlatados e refrigerantes à base de cola — Em excesso, podem prejudicar, segundo o médico Gilberto Vieira. São muito ricos em fosfato, que não deixa o cálcio ser absorvido.

* Carnes e sódio — Proteína e sal de cozinha em exagero também são ruins para o osso. Induzem à perda de cálcio pela urina.

PREVENÇÃO EM TODAS AS IDADES

A boa notícia é que a osteoporose é perfeitamente evitável. O certo é começar a prevenir aos 5, 6 anos de idade, e não na vida adulta.

“Prevenção é a única arma eficaz contra os ‘ladrões’ de ossos e a decorrente osteoporose”, avisa Vieira. “Tem de se investir tudo na prevenção, e em todas as fases da vida”.

Da infância à terceira idade, a receita para obter e manter ossos fortes e se proteger contra a osteoporose é esta:

* Combater o sedentarismo. A atividade física regular estimula a formação óssea e fortalece a musculatura. Para a criança, basta deixá-la brincar: correr, andar de bicicleta, jogar bola, patinar. Para os adultos, caminhar, correr, andar de bicicleta e praticar dança de salão são ótimos. A natação e a hidroginástica não aumentam a massa óssea, já que a atividade aquática elimina a força da gravidade. Porém, ambas têm efeito na diminuição de fraturas, pois aumentam a mobilidade e a noção de equilíbrio.

* Dieta balanceada e saudável, com moderação nos refrigerantes, enlatados, embutidos, sal de cozinha e carnes em geral.

* Ingestão adequada de cálcio. Leite e derivados são a sua principal fonte. Tanto que, no Brasil e nos Estados Unidos, são recomendados pelo Ministério da Saúde. No entanto, contêm muita gordura saturada, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Por isso, pelo menos para os adultos e idosos, há especialistas que acham que os suplementos de cálcio são a melhor maneira de a pessoa na meia-idade ou idosa suprir as necessidades diárias do nutriente, embora os produtos desnatados sejam uma alternativa para quem gosta de leite.

* Livrar-se do cigarro.

Agora, se são inevitáveis as situações que “roubam” osso, principalmente na infância e na adolescência, é vital a prevenção para reduzir o tamanho do “assalto” e, assim, evitar a osteoporose à frente.

“Além de dieta e exposição solar adequadas, é necessária a suplementação de cálcio e de vitamina D para prevenir a perda óssea”, afirma Vieira. A vitamina D é fundamental para o osso. Ela é que faz com que o cálcio seja absorvido pelo intestino e depositado no esqueleto.

13/09/2012


Nenhum comentário:

Postar um comentário