CONVERSA AFIADA
O problema é o lombo: e o Levy só bate no lombo do trabalhador.
O Governo Dilma enviou ao Congresso uma proposta orçamentária para 2015 [2016] com a previsão de:
- um crescimento do PIB de 0,2% em 206 [2016] e 1,7% em 2017; 2% em 2018; e 2,5% em 2019;
- uma inflação de 5,4% em 2016 e 4,5% até 2019;
- um salário mínimo de R$ 865,50 em 2016 e R4 [R$] 1.020 em 2019;
- e um déficit de 0,5% do PiB.
Formidável, diria o amigo navegante.
Se levar em conta as atribulações correntes e o panorama no resto do mundo, trata-se de uma perceptiva promissora, ainda que não brilhante.
Vamos falar um pouco de déficit publico, que levou o Ataulpho Merval (ver no ABC do C Af) – que não se sabe ainda se escapou da grave crise que vai demitir 400 no Globo – a decidir que a Dilma se debate com a própria sobrevivência.
Ou um suposto “economista de banco”, que está na capa do PiG cheiroso (também no ABC do C Af): um déficit dessa magnitude (0,5% do PIB) significa dizer “eu desisti, eu não tenho condições de governar”.
A desgraça do provincianismo é supor que está na Metrópole, quando a Metrópole mudou de lugar – ou de posição e não avisou ao provinciano.
Ou, transformar uma forma de ver a realidade – o neolibelismo (no ABC do C Af) alucinado – na própria realidade.
Vamos voltar ao déficit público.
O déficit publico da Zona do Euro deste ano será de 2,3%.
No ano que vem, se tudo der certo, 1,7% do PIB.
Portanto, o do Brasil é um colosso !
O da Espanha é de 5,8 ! E o Governo governa.
O da Alemanha é de 0,60% e a Merkel governa não só a Alemanha como a Europa e a Grécia !
O déficit do Reino Unido é de 5,2%.
Da França, 4%.
O da Itália, 3%.
O de Portugal, 4,5%.
Quá, quá, quá !
E o Ataulpho acha que a Dilma vai cair !
Quá, quá, quá !
Como diz o Paul Krugman – cuja sapiência não chega aos pés da mais notável pensadora neolibelês do Brasil, a Urubóloga – , duas vezes por semana, no New York Times: os déficits são benvindos quando a atividade econômica cai.
E ele não faz mais do que repetir o Lord Keynes, que a Urubóloga se recusa a ler !
(Assim como ela não leu ainda o Piketty !)
Como lembra o Fernando Brito, o déficit dos Estados Unidos é de 2,4% do PIB e lá batalha ideológica é muito parecida com a daqui – os Republicanos da Treva Absoluta querem zerar o déficit e ferrar os pobres – com o corte dos programas sociais – e os (alguns) Democratas, com o apoio do Krugman, defendem o déficit e o aumento dos impostos sobre os ricos.
Engraçado, a batalha da Luz contra a Treva é bi-hemisférica …
O déficit da Dilma – um ninharia, se fosse na Europa – preserva a Adutora do Pajeú, o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa e a Ferrovia Bi-Oceânica, que a Urubóloga disse que não passa de uma miragem.
Mas, como lembra o Brito, o problema é tipo de ajuste do Levy.
Um ajuste com juros na estratosfera.
E outro ponto: o aumento de impostos.
Foi um desastre ferroviário, como diz o Mino, o cancelamento da CPMF, o que ainda teve o defeito de tirar a escada do Lula.
Esse ajuste seria muito mais suave se houvesse aumento de impostos.
O PiG e seus economistas de banco – com o (vice) Presidente Temer na comissão de frente – fazem crer que a CPMF seria derrotada no Congresso.
Caro amigo navegante, converse, ao pé do ouvido, com qualquer governador.
Com exceção do Alckmin.
O candidato tucano derrotado em 2018 arde na seca da Cantareira que ele próprio criou para ganhar a eleição – a maior de todas as pedaladas de 2014.
(Informa o jornal Agora que “Zona Leste da cidade de São Paulo só recebe água de madrugada”. E “Sabesp antecipa corte de água das casas para o período da manhã” ! E ainda querem governar o Brasil ! No Nordeste, como demonstrou o Jackson Carvalho, não tem mais seca. Na Chuíça tem. )
Ou em algum escaninho da Secretaria da Justiça, em busca de alguma prova, umazinha que for, para prender um unzinho dos policiais que praticaram a chacina que matou 19 pessoas em três horas !
Tira o Alckmin do caminho.
Converse ao pé do ouvido com qualquer outro.
E pergunte se ele não diria a seus deputados para aprovar a CPMF !
(Se o General Assis Oliva (ver no ABC do C Af) deixar, é claro !)
Se déficit matasse, amigo navegante, a Europa e os Estados Unidos seriam governados pelos economistas do HSBC !
E suas marionetes no PiG.
O problema não é o déficit.
É como torna-lo menos injusto.
Porque até agora o Levy só bateu no lombo do trabalhador.
Levy, lê o Piketty, Levy !
Paulo Henrique Amorim
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