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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Esqueça por alguns minutos sua indignação seletiva e pense os fatos.



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JORGE FURTADO


Você não acha bem mais provável que, sob o pretexto de combater a corrupção, eles queiram que Dilma saia para atender a interesses poderosos e voltar a roubar como sempre fizeram?
por Jorge Furtado, em seu blog  publicado14/09/2015 16:46
REPRODUÇÃO
túnel do tempo

O que há em comum entre o tempo de Pero Vaz de Caminha e o de FHC: corruptos, corruptores e impunidade

Casa de Cinema de Porto Alegre – Se for possível, esqueça por alguns minutos todos os adjetivos e piadinhas, toda indignação seletiva dos que governaram o país por décadas e o transformaram na sociedade mais desigual do planeta, todas as manchetes escandalosas, esqueça as frases de efeito dos jornalistas que garantem seus empregos pensando exatamente como o patrão manda, os comentários dos seus amigos e colegas ressentidos pela ascensão social dos mais pobres, esqueça por alguns segundos o nosso racismo, nossa centenária indiferença com os miseráveis, nossa cordial tolerância com as injustiças sociais, nossa cômoda aceitação da existência de uma multidão de pobres dispostos a fazer o trabalho pesado por salários irrisórios, deixe de lado nossa ancestral complacência com a corrupção – que começa com a carta de Pero Vaz de Caminha pedindo ao Rei um emprego para um parente e vem até ontem, quando você aceitou pagar menos por um serviço sem recibo ou ofereceu um troco (ou um milhão) para o fiscal não multar –, esqueça tudo isso por um breve instante e pense nos fatos.

1. O golpe civil-militar de 1964, que jogou o Brasil numa ditadura cruel que durou 25 [21,blogdoorro] anos e foi planejado e executado (hoje todos sabem) pelo governo americano e segundo interesses das grande empresas americanas, foi apoiado por pessoas de bem como você, que acreditavam no que diziam os jornais da época (os mesmos de agora), e queriam combater a corrupção na Petrobras e impedir as práticas comunistas do governo eleito.

2. Em 1989, ano que marca a volta da democracia com eleições diretas para presidente, o jornalista Ricardo Boechat foi premiado por denunciar a corrupção na Petrobras.

3. Em 1995 o jornalista Paulo Francis denunciou a corrupção na Petrobras e, por isso, foi processado.

4. Em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso acabou com o monopólio da Petrobras na exploração do petróleo brasileiro e criou o sistema de concessão, que favoreceu as grande petroleiras americanas. FHC também editou a Lei n° 9.478, que autorizou a Petrobras a se submeter ao regime de licitação simplificado, na prática permitindo que a empresa contratasse fornecedores sem fazer concorrências públicas. Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, esse foi o momento em que "o governo Fernando Henrique colocou o galinheiro ao cuidado da raposa".

5. Segundo o depoimento dos delatores premiados da Lava Jato (Pedro Barusco e outros) e segundo a denúncia do Ministério Público, foi em 1997 que esta quadrilha (Paulo Roberto Costa, Youssef e turma) começou a roubar a Petrobras.

6. Durante o segundo mandato de FHC, o Ministro da Justiça – e, portanto, chefe da Polícia Federal – era Renan Calheiros (PMDB).

7. Em 2009, com a descoberta das gigantescas reservas do pré-sal, o governo Lula anunciou mudanças na lei de exploração do petróleo, favorecendo a Petrobras. As petroleiras americanas, Chevron, Shell, Exxon, e a inglesa BP ficaram de fora. Em telegramas revelados pelo Wikileaks e publicados pela Folha de S.Paulo, o candidato tucano José Serra garantiu aos representantes da Chevron que, se eleito, voltaria ao sistema anterior. Desde então, Serra e o PSDB vêm defendendo o modelo de concessão e os interesses americanos no petróleo brasileiro.

8. A quadrilha de Youssef e Paulo Roberto Costa começou a roubar em 1997, roubou a Petrobras durante o segundo mandato de FHC, durante todo o governo Lula e nos primeiros anos do governo Dilma. Entre os beneficiados com o esquema milionário estão empresários e políticos de todos os partidos, especialmente do PP e do PMDB, mas também do PT, do PSDB, do PSB e outros.

9. Em 2013 Dilma sancionou a lei 12.846 que definiu como corruptores tanto as pessoas físicas como as pessoas jurídicas. Graças a essa lei, pelo menos oito empresas tiveram executivos presos: Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS, UTC, Engevix, Iesa, Queiroz Galvão e Mendes Júnior. A lei sancionada por Dilma pode render a condenação criminal dos sócios e executivos e pune as empresas com multas que variam de 0,1% a 20% sobre o seu faturamento. Foi com este temor que os milionários presos fizeram suas delações premiadas.

10. Dilma indicou e reconduziu ao cargo o procurador-geral Rodrigo Janot, que investiga a corrupção na Petrobras e já indiciou muitas pessoas (bem diferente do que fazia o engavetador geral da república no governo FHC).

11. A Polícia Federal, durante o governo Dilma, levou a cabo a Operação Lava Jato, que prendeu e desbaratou a quadrilha de Youssef e Costa, que roubava a Petrobras desde o governo de FHC, atravessou o governo Lula roubando e bateu no poste no governo Dilma. Entre os investigados, com fortes indícios de terem recebido dinheiro sujo, estão Renan Calheiros (ministro da Justiça e chefe da Polícia Federal de FHC) e Eduardo Cunha (PMDB), atual presidente da Câmara, com um longo histórico de envolvimento em falcatruas de toda espécie.

A corrupção na Petrobras é antiga, no Brasil é ancestral, e os ladrões de dinheiro público, de qualquer partido ou governo, devem ser severamente punidos e, isso é importante, devem devolver o dinheiro que roubaram aos cofres públicos, mas repassando essa lista de fatos, todos incontestáveis, você ainda acha que há algum sentido em pedir, com o pretexto de combater a corrupção na Petrobras, a saída de Dilma para entregar o governo a Renan Calheiros e a Eduardo Cunha?

Você não acha bem mais provável que, sob o pretexto de combater a corrupção, eles queiram que Dilma saia para atender a interesses poderosos e voltar a roubar como sempre fizeram?


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Para avançar ainda mais nessa linha de reflexão do cineasta Jorge Furtado, blogdoorro posta também as perguntas ainda sem resposta de Stanley Burburinho, no blog Limpinho&Cheiroso. 

Stanley Burburinho: A Ação Penal 470 e as perguntas ainda sem respostas

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Stanley Burburinho no Facebook em 14/9/2015

Perguntas sem respostas. Até hoje, ninguém conseguiu responder:

1) Por que Lula só “deu mensalão” para deputados, mas “não deu” para nenhum senador, se todo projeto do governo tem de ser aprovado pela maioria dos 513 deputados e pela maioria dos 81 senadores? Alguém viu algum senador ser julgado e condenado pelo “mensalão”?

2) Por que Lula só “deu mensalão” para deputados do próprio PT e da base aliada, mas “não deu” para nenhum deputado da oposição, o que seria mais lógico, para votar a favor de seus projetos quando era presidente? Alguém viu algum deputado da oposição ser julgado e condenado pelo “mensalão”?

3) Por que Lula “deu mensalão” para sete deputados, três do próprio PT, partido de Lula, e quatro da base aliada e “não deu” para nenhum da oposição, que se ele “não desse”, ele continuaria com a maioria dos deputados porque na época, dos 513 deputados, Lula tinha 387 deputados na base aliada, votando a favor de seus projetos?

4) Por que desmembraram os mensalões do DEM e do PSDB e só enviaram para o STF os réus que têm direito a foro privilegiado, por serem deputados federais, mas, na AP470 do PT (“mensalão”), não desmembraram e mandaram todos os réus, até quem não tinha direito a foro privilegiado, para serem julgados no STF sem chance de recorrer à uma instância superior?


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