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sexta-feira, 15 de abril de 2016

O butim


butin

Os dicionários registram  butim  como a pilhagem dos bens do inimigo vencido, saqueados pelo vencedor; ou  de qualquer roubo.

 

E como não se vence sozinho nem sozinho muito se rouba, o uso da velha palavra geralmente se dá na expressão repartir o butim.

É, por isso, hora de muita briga, confusão, ambições.

Cada um se acha merecedor de um naco gordo e ao chefe cabe administrar a partilha.

Hora de sua autoridade e hora, também, em que a alegria com os tesouros saqueados começa a construir os ressentimentos de quem queria mais.

O jantar, ontem, já sem a mínima discrição, de Michel Temer com seus aliados, em Brasília, embora já mereça o uso da palavra, ainda não revela, sob os sorrisos de quem precocemente se considera vitorioso, as presas da intriga e das ambições próprias.

O baixo clero parlamentar tem ambições modestas. Um ministério aqui, outro ali e a farta distribuição dos cargos estatais e nas estatais.

É dinheiro na veia, para uso pessoal e eleitoral. Esqueçam a Lava Jato, isso já se foi, cumprido o seu papel.

Ficará Moro com a missão final de imputar a Lula o desgaste e o opróbrio, assim que a presa lhe voltar às garras.

Num furor, aliás, que pode ser danoso ao próprio Temer, pelos baldes de gasolina que atirará no já inflamado clima de confronto do país. Valiosíssimo para ele se, afinal, tiver as ambições eleitorais que todos lhe suspeitam.

No butim, porém, fica fora a conta do dinheiro grosso e o poder de fato.

Este não é para ser tratado em regabofes brasilienses.

O PSBD quer a Fazenda. Mas se a tiver, como espertamente Temer faz registrar hoje na coluna de Monica Bergamo, terá de assumir as responsabilidades e não poderá ficar “no muro” quando o governo de usurpação nacional começar a enfrentar o descontentamento e os protestos.

Serra quer qualquer coisa que lhe garanta a sobrevida política, podendo mesmo até deixar o ninho tucano numa reacomodação. Não é por outra coisa que FHC dele diz que é “muito bom,mas…”

Temer, in pectore, desejaria na Justiça um nome como Nélson Jobim: nenhum pejo em atropelar, influência sobre o Supremo, intimidade com as Forças Armadas  e ainda o fato de que seu passado de colaborador de todos os governos, inclusive o de Lula, servir-lhe de cobertura de “imparcialidade” na duríssima missão de cumprir os acordos feitos com Eduardo Cunha e trancar os “excessos” da Lava Jato sobre  os grandes grupos empresariais.

Vê-se que não é pouca coisa e, embora o apetite de Jobim seja mesmo para “muita coisa”, também não meterá a mão nesta cumbuca sem garantias.

A tudo isso, porém, falta  um “detalhe”.

A vitória do golpe.

Embora tudo lhes pareça favorável, ainda há um pequeno detalhe: o povo.

Antes, até a consumação do golpe, e depois, quando a caratonha dos “salvadores da pátria” tiver que se mostrar, ampliando cortes e sacrifícios num quadro que já é de impensáveis cortes e sacrifícios.

Não haverá dias fáceis.

A esperança mingua, mas cresce-nos a consciência.

Quando se pretende vencer sem convencer, deve-se considerar que a vitória é só parcial.

Abre-lhes  os cofres,  mas não  se abrem as mentes.

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