Um Lorde em apuros: Acusação de corrupção na Somália envolve a empresa privada britânica Soma Oil and Gás e seu presidente Michael Howard
O currículo do Lorde Michael Howard é de fazer inveja aos defensores dos dogmas liberais.
Durante o período Thatcher foi ele o condutor do processo de privatização do sistema de água, fato que contribuiu para a sua promoção ao cargo de ministro do trabalho.
Neste cargo foi o responsável por "flexibilizar" as regras trabalhistas gerando a demissão em massa de trabalhadores, inclusive nas minas de carvão, aspecto responsável por sua aproximação com o setor energético.
Wladmir Coelho
Esta aproximação frutificou. Como sabemos a política energética de um país raramente encontra-se submetida a questões internas e tratando-se do Reino Unido à tradição colonial direciona o tema para o ministério do exterior, por coincidência, o cargo de maior destaque ocupado por Lorde Howard.
O nordeste africano
Dividida em cinco países (Eritréia, Djibouti, Etiópia, Quênia e Somália) a região conhecida por "Chifre da África" possui uma localização geográfica estratégica representando uma ponte entre o continente africano e a Ásia existindo em suas águas um intenso movimento de navios petroleiros.
Destes países a Somália ocupa uma posição estratégica encontrando-se, ao norte de seu território, o Estreito de Bal-el-Mandeb importante ponto de ligação entre o Oceano Indico e o Mar Mediterrâneo através do Mar Vermelho.
A presença de petróleo na região aumenta a importância estratégica da Somália. Neste país estima-se a existência de 110 bilhões de barris (apenas para comparar: O campo de Lula possui estimativa de 5 a 8 bilhões) e sua exploração encontrou-se paralisada do inicio dos anos de 1990 até 2013 em função da guerra civil.
O atual governo da Somália foi constituído a partir do intenso apoio militar da União Europeia e Estados Unidos cuja presença armada inclui uma base na Etiópia.
A exploração do petróleo na Somália
Após o término da guerra civil realizam-se, em 2012, eleições presidenciais tornando-se vencedor Assim Sheik Mohamed ligado a Irmandade Muçulmana.
No ano seguinte Mohamed, com apoio da Inglaterra e Estados Unidos, consegue ampliar o poder militar do Exército e conclui o processo de "paz" fortalecendo o poder do governo central.
Armado, defendendo o neoliberalismo, chefiando um país com extensa reserva de petróleo e contando com o apoio da União Europeia e Estados Unidos Sheik Moramud tornou-se em 2013, segundo a revista Time, um dos 100 homens mais influentes do mundo.
Todo este poder estimulou Sheik Moramud, neste mesmo ano, a determinar a abertura da exploração petrolífera.
Naturalmente amparado na oferta do petróleo às empresas privadas sem prejuízo aos antigos contratos existentes.
Neste ponto retornamos ao Lorde Michael Howard que em Londres associava-se ao executivo da British Petroleum e controlador da DTEK Holding (maior empresa privada de energia da Ucrânia) Robert Sheppard para criar a SOMA Oil and Gás.
Com apenas três meses de existência a empresa consegue a permissão para pesquisar e explorar o petróleo da Somália associando-se, naturalmente, as antigas e conhecidas empresas petrolíferas.
Lorde Michael Howard e Sheppard (o primeiro britânico e o segundo estadunidense) tornaram-se os senhores da política econômica do petróleo na Somália.
Corrupção
Lorde Howard, seguindo seus princípios conservadores, oscila entre a defesa da pena de morte, castigos rígidos aos menores infratores (incluindo a redução da maioridade idade penal) tratamento diferenciado aos imigrantes ilegais e total afastamento do Estado das atividades econômicas.
Desde o dia 31 de julho o Serious Fraud Office (SFO) um escritório governamental de investigação de crimes de corrupção praticados, inclusive, por membros do governo ofereceu denuncia contra a SOMA.
O SFO faz uma convocação em sua página na Internet de todos aqueles que possuem informações a respeito da SOMA empresa criada, exclusivamente, para atuar na Somália.
Aos adoradores ou seguidores dos dogmas liberais que desconhecem ou fingem desconhecer o papel dos governos imperialistas no processo de defesa de suas empresas cuja prática inclui o uso da força armada, a diplomacia e a corrupção fica mais uma lição.
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