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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Carnaval dos ricos indignados termina em ressaca

Do Diário da Manhã

Pesquisa mostra que 77% dos que foram às ruas no domingo votaram em Aécio, 75% brancos e 76% têm curso superior e renda acima de R$ 7,8 mil

Senador Aécio Neves: eleitores do tucano fazem protestos
Marcus Vinicius

O bloco da insanidade passou às ruas neste domingo. A maioria dos que foram às avenidas e praças nas principais capitais do país – Goiânia inclusa – tem pouco ou quase nada a reclamar. São pessoas que majoritariamente pertencem às classes mais abastadas, e cuja indignação é seletiva. Pesquisa feita pelo instituto Datafolha na Avenida Paulista, em São Paulo, pode ser reproduzida com uma margem de erro mínima em outras ruas do País:

O perfil dos “coxinhas” é aquilo que os petistas chamam de “elite branca”:

– 61% eram homens (no Brasil há mais mulheres que homens);

– 40% têm 51 anos ou mais (os brasileiros com 51 anos ou mais formam 10% do total da população);

– 76% têm curso superior (numa população de 204 milhões, 10% dos brasileiros cursam o ensino superior);

– 75% se declaram brancos (a maioria da população brasileira é negra);

– e tem uma renda familiar entre R$ 7.881 e R$ 15.760.

No degrau mais baixo de renda, daqueles que foram à Paulista tem uma renda quatro vezes superior à média do trabalhador brasileiro.

– e 77% votaram no Aecio Neves, que teve 48% dos votos na eleição presidencial e perdeu (em Minas Gerais, também).

Do que reclamam os ricos? Nos cartazes, pedidos de intervenção militar, de volta da ditadura ou de morte a Dilma, Lula e ao PT, demonstram quão baixo é o nível de apreço pela democracia dos “indignados”. Vários jornalistas nas redações dos principais jornais ou de sites e blogs independentes, que cobriram as manifestações, não conseguiram extrair um pensamento orginal ou uma solução sequer para a “crise” política no País.

Leonardo Mendes, do portal Diário do Centro do Mundo, entrevistou um casal de moradores do Leblon, o corretor Macelo e a design Luciana, que acredita que só mesmo a intervenção militar pode salvar o Brasil.

“Primeiro fecharia o Congresso, prenderia todos os corruptos, depois viria um tempo de lei marcial pra ordem se estabelecer”, diz Luciana, com um sorriso no rosto. Mendes perguntou quais as medidas que os militares deveriam então tomar nas áreas de educação, saúde, economia, segurança. “Olha, pra segurança, eu acho que, como é mesmo o nome, não é esterilização…” O marido a ajuda dizendo que é controle de natalidade. “Evitar que gente que não tenha condição faça oito, dez filhos, é esse o problema da segurança”.

Até mesmo o principal conglomerado de mídia que tem sido um dos principais apoiadores das manifestações registrou a contradição dos protestos.

A reportagem de O Globo avalisou a falta de liderança no ato do Rio de Janeiro, em que os discursos variavam “e nenhum parecia comover particularmente a multidão” refletiu na contrariedade, também, de pedidos. “Os gritos de guerra sugeridos por quem estava ao microfone não pegavam”, completou o diário. Cartazes “somos milhões de Cunha (presidente da Câmara acusado de cobrar propina de US$ 5 milhões)” brigavam com gritos contra o PMDB.

A miscelânea de aloprados nas manifestações, onde uns utilizavam as saudações do nazismo e do integralismo, e outros apresentaram um claro ódio de classe aos mais pobres e às políticas de inclusão social defendidas pelo governo federal, deixaram claro que mais que uma indignação política, o que se viu nas ruas foi um conservadorismo exacerbado, contrário às conquistas experimentadas pelo Brasil nos últimos 12 anos.

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