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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A HIPOCRISIA DÁ NOJO, A IDIOTICE TAMBÉM.


Eimard Julião Brito

Aos 57 anos de idade, tendo militância política desde os 18, inclusive com cinco prisões nas costas durante a ditadura militar, confesso que não tenho mais paciência com os fascistas disfarçados que ressurgem aos montes, com os canalhas da grande imprensa que vociferam o que lhes ordenam, com os idiotas midiáticos que creem em tudo que diz a grande mídia e com os estúpidos alienados das redes sociais, verdadeiros papagaios repetidores do esgoto produzido pela direita. Muitas das vezes os adjetivos se misturam na mesma pessoa, evidenciando sempre profunda hipocrisia e má fé.
O clima político presente hoje no Brasil, fruto de um confronto alimentado por quem perdeu as eleições presidenciais mas não admite a derrota, por quem está fora do poder há 13 anos e teme ficar fora outros tantos, é de uma radicalização crescente e faz surgir toda sorte de choques de opiniões. De um lado, usufruindo dos fartos espaços da grande imprensa, os colunistas que alugam a caneta e a consciência e escrevem o que mandam os barões da mídia, restritos grupos familiares que herdaram conglomerados de comunicação e que se utilizam deles para se tornarem cada vez mais ricos. Basta ver a lista da Forbes e verificar a classificação da família Marinho ao longo dos anos. Seus colunistas serviçais estão sempre a postos para reverberar o que querem os patrões. Mesmo que sejam grotescas mentiras, fraudes escancaradas ou calúnias e injúrias que sabem que ficarão impunes.
Crise na Grécia: culpa do Lula e da Dilma, diz Sardemberg, sem o menor pejo. 
Bolinha de papel na cabeça do Serra durante as eleições: foi um artefato, jura Merval Pereira, secundado por um laudo de um perito de aluguel. Bomba na sede do Instituto Lula: foi um buraquinho de nada feito por arruaceiros, diz o canalha Merval. 
Queda no valor das ações da Petrobras: a empresa está caminhando para a falência e precisa vender ativos, diz Mirian Leitão. Queda nas ações da Chevron e anúncio da redução de investimentos da multinacional petroleira: isto é fruto da crise mundial e da redução do preço do barril de petróleo, a empresa é sólida, diz a urubóloga Mirian Leitão. 
A esses se juntam outros canalhas da laia de Jabor, Willian Walk, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, José Nêumane, Rachel Sherezade, Bóris Casoy, Eliane Cantanhede, Dora Kramer, Augusto Nunes, etcaterva. Uns, são apenas canalhas que vendem a consciência em troca de 30 dinheiros. Outros, além de canalhas, são fascistas enrustidos, propagadores de ideias segregacionistas, de preconceitos, de estereótipos, de higienismo, de perseguições políticas, de linchamentos físicos e morais. Embora tenham audiência e leitores cada vez menores, essa gente acaba servindo de bengala para os idiotas midiáticos, aqueles para quem o que diz a Globo ou o que escreve a Veja é a verdade absoluta. Arnaldo Jabor então, tem citações reproduzidas aos montes, desde que elas sejam contra o governo ou a esquerda. Se for contra Lula então, vira febre no face e no zap. Os idiotas midiáticos não pensam por si próprios. Reproduzem as ideias dos outros que pensam por eles e, como fanáticos malafaianos, creem que tudo é verdade.
Já os estúpidos alienados das redes sociais são os mais ridículos. Vivem do lixo das redes e se regozijam em propagá-los. Como não leem e preferem olhar as figuras, contentam-se com a reprodução dos fakes fabricados pelos grupos de extrema direita liderados pela escória do tipo Marcelo Reis (Revoltados online), Kim Kataguiri (Movimento Brasil Livre), Rogério Chequer (Vem pra Rua). Vez ou outra reproduzem bandalheiras montadas pelo deputado espancador de professores Delegado Francischini ou pelo senador botox Álvaro Dias, aquele que fez campanha no avião do doleiro Youssef (mas isso não vem ao caso, segundo o juiz Moro). 
Para essa gente, a regra é uma só: contra Lula ou o governo vale tudo, mas tudo mesmo. O cara tem um pai amputado por causa da diabetes, mas trafega num carro com a mão espalmada sem o dedo mínimo sob uma placa “basta”. 
Outro tem uma filha homossexual, de quem diz gostar, mas reproduz montagens insinuando relações homossexuais entre Dilma e Erenice Guerra com o objetivo de ridicularizar a presidente. Penso: coitada da filha, deve viver um inferno em casa. 
Tem o que é advogado, mas não titubeia em postar montagens se regozijando com a prisão de gente sem prova alguma e sem direito ao contraditório. Penso: coitados de seus clientes.
Tem médico que vive postando calúnias contra médicos cubanos, mas não reproduz uma única das muitas reportagens que mostram seus colegas batendo ponto no Serviço Público e saindo para atender em suas clínicas particulares. 
Aliás, nesse caso em particular, tem o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, que desce o pau no “Mais Médicos” e nos médicos cubanos, mas esconde de todos que seus dois filhos, Paulo Clemente de Argollo Mendes e Marco Antônio de Argollo Mendes estudaram medicina sabem onde, em Cuba, sem pagar um único vintém. É duro.
O cara é tão sem noção que de manhã posta texto defendendo melhor remuneração para o professor e à tarde posta uma enxurrada de fakes fabricados pelo deputado Fernando Francischini, que ficou conhecido nacionalmente como comandante do massacre contra os professores do Paraná, onde era o Secretário de Segurança Pública.
Outro se emociona com a foto de um cãozinho abandonado e faminto perambulando pelas ruas e aplaude com entusiasmo incontido a foto de um menor amarrado a um poste, espancado até a morte, acusado de um crime que não se sabe se ele cometeu. Penso: esse cara acredita que a regra que vale para o “negrinho” linchado não é a mesma que vale para seu irmão menor que pegou o carro, encheu a cara, atropelou e matou alguém. 
Existem os que enchem o peito, dizem que são contra a corrupção e fazem juras de amor eterno a Joaquim Barbosa e ao juiz Moro, mas seus olhos se fecham e seu peito murcha quando confrontados com fatos que mostram que Lula, que não foi citado em nenhum depoimento da Lava Jato, vem sendo acossado pela mídia dia e noite, enquanto Aécio, que segundo o doleiro Youssef recebeu mesada de US$ 150 mil durante anos proveniente de corrupção na estatal Furnas, dinheiro operado por sua irmã, recebe tratamento completamente diferente por parte da mídia e do Judiciário. 
Citações do nome de Serra em investigações são cobertas com tarja preta pela Polícia Federal, menções a FHC são vetadas na Globo se relacionadas com qualquer irregularidades, mas Lula tem manchete negativa todos os 365 dias do ano. 
João Paulo Cunha foi condenado na farsa do mensalão por ter recebido R$ 50 mil da empresa de Valério, enquanto Pimenta da Veiga, que recebeu e não declarou R$ 300 mil da mesma fonte, foi candidato a governador de Minas e Eduardo Cunha, que recebeu US$ 5 milhões de propina, reúne-se com os donos e a direção da Globo para tramar o impeachment.
O senador Aloysio Nunes Ferreira recebeu da UTC R$ 500 mil por dentro e outros R$ 250 mil por fora e declara sua fazenda em São José do Rio Preto pelo valor de R$ 1,00, segue faceiro por aí, xingando sindicalistas, enquanto a cunhada de Vaccari amargou dias de prisão porque se parecia com a irmã que sequer foi indiciada. 
Lula foi alvo de bandalheira de O Globo que mentiu em reportagem sobre um hipotético triplex em São Vicente, depois esquecido, mas FHC, que tem uma agropecuária dentro de Osasco, cidade com área rural zero, cuja atividade principal é cultivo de cana, nunca é incomodado. Ninguém pergunta quanto valeu seu mega apartamento em Higienópolis, com que dinheiro comprou sua fazenda em Buritis (MG). Aliás, em relação a FHC, não perguntam sequer sobre o golpe da barriga que a jornalista da Globo aplicou no então presidente e na própria Globo, passando a viver na Espanha por conta da empresa que, como o próprio, achava que o filho era do vaidoso presidente, que inclusive o registrou ao término do mandato. Penso: corno da amante.
E a coisa vai por aí, nos obrigando a ter estômago e paciência para conviver com a hipocrisia e a estupidez crescentes ao nosso redor. Haja estômago e haja paciência.

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