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quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Criança comove o mundo contra racismo nos EUA
EUA iniciaram uma guerra não declarada contra os BRICS?
AMÉRICAS 11:05 29.09.2016 (atualizado 11:20 29.09.2016)
Mostrar mais: https://br.sputniknews.com/americas/20160929/6445029/eua-guerra-nao-declarada-brics.html
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© SPUTNIK/ VLADIMIR ASTAPKOVICH
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Wells Fargo: O cambalacho já foi longe demais
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Wells Fargo: O cambalacho já foi longe demais
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Neruda - A Poesia pede licença
Peço licença para falar sobre a poesia. Ou sobre o poeta. Ou talvez a poesia e o poeta sejam um só, que neste caso o poeta foi feito, vida inteira, da mesma matéria, do verso e do amor, da dor e do ritmo, da poesia que corta, sangra e apaixona. Peço licença. É que em um dia feito hoje, há 43 anos, morria de dor e de fascismo o poeta Pablo Neruda, o que disse que “o que mais se parece com a poesia é um pão ou um prato de cerâmica ou uma madeira delicadamente lavrada, ainda que por mãos rudes”.
Mas a poesia não morreu com o poeta. Como ele mesmo dizia, a poesia “tem as sete vidas do gato”
Não comecei Pablo pela sua poesia. Minha primeira leitura foi sua autobiografia, “Confesso que vivi”. Comecei Pablo pelo final, e o homem profundamente identificado com o seu povo encantou-me antes mesmo que a sua poesia. Comecei Pablo pelo adolescente magro, envolto numa fantasmagórica capa cinzenta, sonhando com a poesia e com as mulheres. É que eu também era, à época, um adolescente magro, feio, desengonçado, que sonhava mais com as mulheres do que com a poesia, aquelas bem mais inacessíveis do que esta. Diferente de Pablo, no entanto, eu não tive a sorte de uma viúva de coração fogoso, que me desse amor em desacordo com a minha desnutrição. Sonho ainda despir aquela viúva de imensos olhos azuis das suas sedas negras e violetas, “uma fruta nevada envolta numa aura de dor”.
Comecei o poeta chileno pela aventura do adolescente com a mulher desconhecida a lhe visitar no celeiro, em uma debulha de trigo. Nunca vi o trigo e não conheço celeiros, mas fantasio com aquela noite escura, pensando naquela mulher, no seu cheiro, na cama de palha que ela dividiu com o poeta.
Comecei Neruda pelo sujeito que virou cônsul meio ao acaso, escolhendo uma cidade desconhecida que ficava numa depressão do globo terrestre. O mesmo cônsul que protagonizou histórias de amor e ódio em países distantes e inimagináveis.
Comecei Dom Pablo pelo comunista que percorreu o país inteiro, seja em fuga espetacular pela cordilheira, seja em campanha eleitoral, partilhando a cama e a mesa com os mineiros do Chile, com os pescadores, com os trabalhadores da cordilheira.
Somente depois disso é que conheci a poesia poderosa de Neruda. Poucos poetas celebraram com tanta intensidade o amor e a revolução. O mesmo poeta que escreveu “Em teus olhos guerreavam as chamas do crepúsculo/ e as folhas caíam na água de tua alma”, escreveu também “Trigo e aço aqui nasceram/ da mão do homem, de seu peito./ E um canto de martelos alegra o bosque antigo”. O mesmo Neruda que escreveu “ali, mulher do amor, me acolheram os seus braços./ Era a sede e a fome, e tu foste a fruta./ Era o duelo e as ruínas, e tu foste o milagre”, escreveu os versos de guerra “sairemos das pedras e do ar/ para morder-te:/ sairemos da última janela/ para derramar-te fogo:/ sairemos das ondas mais profundas/ para cravar-te com espinhos”.
O poeta escreveu em uma de suas obras: “Não venho para resolver nada./ Vim aqui para cantar/ e para que cantes comigo./ (...)/ Canta comigo até que as taças/ se derramem deixando púrpura desprendida/ sobre a mesa”. Desde o longínquo dia em que o conheci tenho atendido ao seu convite, tenho cantado com ele e com a poesia, e muitas vezes já as taças tingiram de púrpura as toalhas das mesas.
Estão no “Canto Geral” os versos que trago guardados com ternura de menino: “Sobe comigo, amor americano./ Beija comigo as pedras secretas”. Carrego estes versos entalhados na alma e na memória, cuidadosamente gravados dentro de mim. Inúmeras vezes eu os usei, inúmeras vezes convidei um amor americano para beijar comigo as pedras secretas da paixão e da poesia.
Há 43 anos mataram Pablo Neruda. Sim, Neruda foi morto pela mesma mão que assassinou Allende e que feriu de morte a pátria chilena. Neruda morreu, como já disse, de dor e de fascismo. Era um homem perigoso para os opressores, para aqueles soldados que ocuparam a sua casa e ouviram dele: “Olhem em todos os lugares, a única coisa perigosa que encontrarão para vocês é a poesia”. O mesmo fascismo que o matou estende hoje sua sombra ameaçadora sobre a América. Usa novas roupas, vestes elegantes, mostra um rosto jovem e sorridente. Mas não nos enganemos, é o mesmo e velho fascismo, com sua face de maldade a jurar de morte a paixão e a poesia, a mirar com ódio o coração da liberdade.
Mas a poesia não morreu com o poeta. Como ele mesmo dizia, a poesia “tem as sete vidas do gato”. Nos dias sombrios de hoje, o que podemos dizer à memória do poeta, com a sua irrevogável esperança, são os mesmos versos que ele escreveu em homenagem a Luis Emilio Recabarren: “Juramos que a liberdade/ levantará sua flor nua/ sobre a areia desonrada./ Juramos continuar teu caminho/ Até a vitória”.
Por Joan Edesson de Oliveira
domingo, 25 de setembro de 2016
Um tiro contra a Filosofia e a Sociologia – A Educação Brasileira retorna à Ditadura Militar
Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
“Sempre que ouço a palavra cultura, tenho vontade de sacar uma arma” (Herman Göring, ministro de Hitler e um dos planejadores do holocausto judeu)
Para fazer frente às “ideologias”, à “ameaça do comunismo e da subversão”, a Ditadura Militar implementou uma série de medidas e de leis. Nas práticas adotadas, por exemplo, espiões e alcaguetes infiltrados nas universidades foram encarregados de mapear os agitadores e aponta-los aos órgãos repressivos, exatamente como o capitão Willian Pina Botelho que se infiltrou entre os manifestantes agora em São Paulo.
Do ponto de vista de políticas para a educação, tendo em vista a criação de uma geração sem crítica, sem reflexão e inteiramente submissa aos imperativos da obediência, a Ditadura preparou leis para banir a sociologia e à filosofia dos currículos substituindo-as por disciplinas de doutrinação autoritária.
A lei n. 5692/71, deslocou as disciplinas relacionadas à ciências humanas (a filosofia, a sociologia e a psicologia) introduzindo no lugar delas as matérias de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil (OSPB). Na verdade, essas disciplinas nunca existiram, nem poderiam existir, como conteúdos de conhecimento específicos porque elas não passavam de nomes dados pela Ditadura aos seus interesses ideológicos.
A sociologia, diferente desses simulacros de conteúdo, é uma disciplina que existe, que conta com inúmeros grandes nomes (Marx, Durkheim, Weber, Adorno, Habermas, etc.), e se ramifica em muitas escolas e tradições de pesquisa. A Moral e Cívica é um mera invenção sem qualquer conteúdo.
Não havia o que ensinar sob a rubrica Educação Moral e Cívica. Que Moral seria essa, quando, há um século, o moralismo havia sido superado pela critica e a pesquisa das ciências humanas? Moral aqui era só a síntese do que os militares entendiam por sociedade obediente, disciplinada e ordeira.
Do mesmo modo, Cívica, não tinha nada que ver com civilizado ou civilização, menos ainda com “civil”, a não ser no sentido de ensino da adoração aos símbolos da pátria, ou seja, um tipo de nacionalismo vazio já moribundo nos tempos da República Velha. Ressuscitar essas coisas era, na verdade, inventar um freezer social, congelar a política e varrer qualquer questionamento.
O essencial era isso: recuperar mitologias ocas para produzir cérebros anestesiados e incapacitados de esboçar a menor atitude crítica. Era como um regime para que os jovens perdessem a musculatura cultural e se tornassem anêmicos, incapazes de luta. E é isso que o Decreto do governo Temer, encabeçado por "Mendoncinha", o ministro da educação (que comédia) quer nos impor. É um projeto de educação orientado para a "segurança nacional", ou seja, para objetivos autoritários.
Os anos finais da Ditadura ressuscitaram um intenso debate que, muito prolongado e arrastado, terminou por reintroduzir a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias no Ensino Médio.
Está no artigo 35 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (dezembro de 1996) quanto ao ensino médio, § IV:
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.
A implementação dessa lei nunca foi satisfatória, faltando aos políticos de esquerda na democracia uma real compreensão do que estava em jogo. Para se ter uma ideia desse descompromisso com a necessidade do pensamento crítico em uma sociedade democrática, tanto a profissão de jornalista quando a de sociólogo, duas importantes frentes da crítica social e política, incluem-se hoje entre aquelas que se pode obter registro sem diploma. O STF foi fundamental para isso, ao derrubar a obrigatoriedade do diploma para jornalistas. Veja-se a lista:
“As categorias regulamentadas por lei que devem realizar o registro profissional no MTE [Ministério do Trabalho e Emprego] são: Arquivista e Técnico de Arquivo; Artista e Técnico em espetáculos de diversão; Atuário; Guardador e lavador de veículos autônomo; Jornalista; Publicitário e Agenciador de Propaganda; Radialista; Secretário e Técnico em secretariado; Sociólogo; e Técnico de segurança do trabalho.”
Ao que tudo indica, o decreto absurdo que bane a sociologia e a filosofia, caso permitamos que seja implementado, trará enormes prejuízos para a democracia, uma vez que não há democracia sem capacidade de pensar e sem sensibilidade para os elementos determinantes das relações sociais: o poder, os interesses, as ilusões objetivas, as diferenças e influencias culturais, etc.
Tomara que uma grande resistência se levante nas escolas, e que o ensino médio no país inteiro se decida por medidas de combate a esse decreto absurdo. Cada vez mais me convenço que o país terá que parar se quiser parar o golpe.
Caros leitores, Os convido a visitar e curtir a página MÁQUINA CRÍTICA. Nosso desejo é mobilizar o pensamento crítico em favor da democracia, sem esquecer outros temas e debates que importam. Ps: Continuaremos normalmente nossa colaboração com O Cafezinho, que está nos apoiando nesse projeto. Abraços
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