Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A política brasileira dá de dez a zero em House of Cards.
As notícias de hoje informam que Lula aceitará entrar para o núcleo duro do governo Dilma, seja como ministro-chefe da Casa Civil, seja como secretário de Governo.
Eugênio Aragão, vice procurador eleitoral, assume o ministério da Justiça.
Caso se confirme a notícia sobre Lula, é uma belíssima tacada do governo Dilma.
Não são dois coelhos com uma só porrada, é a coelhada inteira da floresta!
Mas eu comento isso lá embaixo. Antes de saber dessa notícia, eu vinha fazendo uma análise mais abrangente sobre a conjuntura. Volto a falar de Lula daqui a alguns parágrafos.
Alguns colegas acham que, em virtude da grave crise política e do risco de ruptura institucional, não é o momento de apontar os erros do governo e do PT.
Quando, então, poderemos fazê-lo? Depois do golpe consumado?
Eu recebi, pelo correio, dois novos livros da editora Revan que gostaria de comentar: tem a ver com a crise política hoje.
Um deles, intitulado O problema é ter medo do medo, é da jovem jornalista Ana Helena Tavares, que entrevistou diversos veteranos da luta contra a ditadura.
Há muitas análises sobre os motivos que levaram ao golpe. Uma delas, de Marcelo Cerqueira, ex-dirigente da UNE em 1964, merece ser transcrita aqui, porque tem muito a ver com o momento que vivemos.
"Tem uma característica, que é constante na política, que é a questão da mobilidade da classe média. Quando a classe média se move, ela determina os rumos políticos. Portanto, em 64, ela se moveu contra nós. Nós estávamos isolados. Depois, no final da ditadura, ela se moveu contra a ditadura. (...) Essa mobilidade, ela é muito importante para entender um golpe de Estado."
É interessante ler, no livro, as análises sobre os erros cometidos por João Goulart e seu governo. De que adianta fazermos o mesmo, daqui a 50 anos, sobre os erros cometidos pelo PT?
Essa análise sobre a classe média me parece cristalina e tem grande valor para compreendermos a conjuntura atual.
O PT precisa reconquistar a classe média. Não é tão impossível quanto parece. Em Souvenirs, Tocqueville explica como a burguesia resistiu aos tumultos revolucionários de 1848: diferentemente das classes dominantes de outrora, a burguesia, ou classe média, se misturara às outras classes. A burguesia é líquida, está em toda parte. Então ela conseguiu sobreviver facilmente à revolução de 48.
Diante do espírito revolucionário, que voltava a predominar, a classe média passou a lembrar de seus ancestrais camponeses, numa tentativa de ganhar a simpatia das massas, que tomavam o poder. Hoje, a mesma coisa. A classe média não é fechada, não é homogênea. Há pontos de acesso à classe média que precisam ser encontrados. É absurdo que o governo e o PT olhem para a classe média como um categoria inimiga.
A facilidade com que a mídia consegue manipular a opinião pública e produzir crises políticas é porque ela não precisa persuadir o povão, mais reticente e mais desconfiado, até porque não tem tempo ou paciência para digerir os blogs da Veja ou as colunas de Jabor: basta manipular a classe média, especialmente a classe média alta, que ocupa os altos cargos no serviço público, administra empresas, tem seu próprio negócio, ou exerce funções executivas nas grandes empresas.
Os leitores mais esquerdistas irão rebater, com razão: e a luta de classes?
Eu respondo: ora, mas é justamente da luta de classes que estou falando!
Numa democracia como a nossa, em que não há nenhuma perspectiva de revolução, a estratégia política das forças progressistas não pode esquecer a importância de trazer a classe média para o debate.
A luta de classes, numa sociedade democrática e midiatizada, fechada a mudanças institucionais profundas, deve ser feita através da persuasão, da comunicação, do embate de ideias.
A estratégia política do governo Dilma, neste ponto, é notoriamente fraca.
Sua imagem apenas aparece entregando casas para pobres em áreas periféricas, um programa bom para prefeitos populistas, e não para uma presidenta da república neste momento.
Neste sentido é que devemos considerar as grandes manifestações de ontem.
Ou deveríamos ignorá-las?
A classe média, mais que qualquer outra classe, precisa ser alimentada com informações. Ao renunciar à comunicação, ao trabalho de imagem, à luta semiótica, o governo Dilma abandonou a classe média à mídia.
Existe uma classe média de esquerda que hoje vive isolada em seu meio familiar e profissional. Está hoje praticamente sitiada, constrangida pelo massacre midiático que a atinge duramente, porque ela é, de fato, a fiadora da vitória eleitoral de Dilma: ela fez militância das redes sociais, criou um núcleo duro de resistência, abriu brechas importantes na censura branca que a mídia faz contra qualquer notícia positiva para o governo.
A blogosfera hoje cresceu tanto porque supriu uma demanda quase desesperada, de um grande público, por uma informação com viés progressista.
Temos hoje, por exemplo, uma enorme classe média universitária, vacinada contra as manipulações da mídia, mas decepcionada com um governo que não faz política, que não luta por sua própria dignidade!
A estética da comunicação do PT e do governo continua a mesma, após 13 anos. É preciso mudar tudo: cores, vocabulário, discurso, propostas.
Falar mais de futuro e menos de passado.
Ninguém mais aguenta ouvir o PT falando de seus feitos. As pessoas esperam as estratégias de desenvolvimento para os próximos 20, 30, 50 anos!
Tudo precisa mudar, inclusive para permanecer o mesmo, como diria Lampedusa.
Um outro livro que chegou pelo correio, Império do Caos, da mesma editora, é uma coletânea de artigos de Pepe Escobar, um jornalista brasileiro que escreve em inglês e que se tornou, desde o início do novo milênio, uma espécie de lenda viva para blogueiros e ativistas da informação, por causa de seus artigos incrivelmente ousados, sempre desmascarando as mentiras sistemáticas da mídia corporativa ocidental.
Na introdução do livro, Escobar fala de sua formação cultural, e menciona o filósofo Cioran, que, segundo ele, argumentava, na linha de Guy Debord, que "nada realmente acontece, se não for visto".
É a sociede do espetáculo. E aí voltamos ao erro do governo e não entender a importância da comunicação na luta pela estabilidade política.
As denúncias de corrupção contra o PSDB pipocam às vezes na imprensa, mas não ganham visiblidade suficiente para se materializarem efetivamente na consciência coletiva: então não existem.
Como não entender a importância da comunicação na luta política numa sociedade do espetáculo?
Escobar já analisava, há 10 anos, o conceito de guerra fria 2.0, com suas estratégias de "mudança de regime" através não mais de invasão militar, mas ações principalmente midiáticas, visando manipular a opinião pública dos países a serem submetidos.
Tudo isso precisa ser explicado para os brasileiros.
Hoje eu fiquei pensando, mais uma vez, na interferência do fator psicológico, para a presidenta Dilma.
Ela tem, notoriamente, incrível capacidade de resistência pessoal. A resistência política, porém, é algo diferente.
No primeiro livro citado no post, há um depoimento de Rosa Cardoso, ex-presa política, sobre a presidenta Dilma. Transcrevo um trecho:
"As pessoas, dependendo da situação que vivem, expressam seu caráter. (...) havia uma ansiedade e uma carência muito grandes. (...) uma angústia muito grande. Uma pressa de saber sobre o processo, sobre os desdobramentos, sobre o que aconteceria. E de ser visitado, de ser informado. A Dilma não tinha nada disso. Muito, muito autossuficiente. Na prisão, ela era uma pessoa muito ocupada. Ela lia muito. Era uma cliente que não dava trabalho, que não expressava nenhuma ansiedade maior. E uma pessoa que sempre teve um comportamento muito altivo. A maior expressão de altivez que eu conheço está em uma foto dela diante dos algozes que estavam se escondendo. Ela demonstra ali uma certeza: 'Isso vai passar e nós continuaremos lutando pelos nossos ideais'. "
É um trecho revelador, a meu ver, porque me lembra a Dilma hoje. Todos preocupados com os desdobramentos da crise. Querendo mais informação. E Dilma lendo, silenciosa, no Palácio do Planalto.
A interpretação desse comportamento, hoje, não é positiva para Dilma.
A presidenta parece ter incorporado o conceito de que a luta política é algo subversivo. Que a política é algo que acontece lá fora, fora do Planalto, fora da prisão. Ela transformou o Planalto numa espécie de aparelho, onde ela e seus ministros se escondem e aguardam o tumulto lá fora passar.
Só que não vai passar. O Planalto não é um aparelho. A luta política não é algo subversivo. Ela é democrática e necessária! Ninguém está pedindo para Dilma iniciar uma resistência clandestina contra o golpe. Pedimos que ela inicie uma resistência ativa, aberta, política, e que esta resistência seja registrada em palavras, áudio e vídeo.
Vivemos uma guerra semiótica, então precisamos lutar semioticamente.
Lutar não é crime, Dilma!
E aí conectamos esse pensamento com aquele do início do post: é a luta política - aberta, na forma de resistência ativa, não passiva - que permitirá a reconquista da classe média.
*****
A segunda-feira termina com notícias de que Lula será nomeado ministro-chefe da Casa Civil ou secretário de Governo.
E que Eugenio Aragão será o novo ministro da Justiça. Vamos comentar.
É uma excelente notícia!
É tão boa que o Globo está em estado de choque.
Agora são 19;30. O portal da Globo ainda não deu a notícia na capa.
A coisa mais importante, para o governo hoje, é defender valores democráticos e barrar a marcha do fascismo. Para isso, precisará enfrentar a mídia, origem principal das energias fascistas que vem contaminando a sociedade brasileira.
Lula, hoje, é a única pessoa capaz de fazer esse enfrentamento, por sua capacidade de se comunicar.
O ex-presidente parece ter, enfim, se dado conta da importância da mídia na luta política do povo brasileira por sua liberdade.
Com seus programas de governo, Lula conseguiu libertar o povo da fome. Foi a primeira grande batalha: a batalha para libertar a carne.
Agora vem a segunda grande batalha de Lula, que não sabemos se ele vencerá, mas que, neste momento, é a única pessoa com alguma possibilidade de oferecer resistência e, quem sabe, vencer: a luta para libertar o espírito do povo brasileiro, aprisionado há décadas por uma mídia concentrada, que promove um criminoso processo de deseducação política, contaminando a opinião pública com uma visão antibrasileira, antipovo e antidemocrática.
A política brasileira dá de dez a zero em House of Cards.
As notícias de hoje informam que Lula aceitará entrar para o núcleo duro do governo Dilma, seja como ministro-chefe da Casa Civil, seja como secretário de Governo.
Eugênio Aragão, vice procurador eleitoral, assume o ministério da Justiça.
Caso se confirme a notícia sobre Lula, é uma belíssima tacada do governo Dilma.
Não são dois coelhos com uma só porrada, é a coelhada inteira da floresta!
Mas eu comento isso lá embaixo. Antes de saber dessa notícia, eu vinha fazendo uma análise mais abrangente sobre a conjuntura. Volto a falar de Lula daqui a alguns parágrafos.
Alguns colegas acham que, em virtude da grave crise política e do risco de ruptura institucional, não é o momento de apontar os erros do governo e do PT.
Quando, então, poderemos fazê-lo? Depois do golpe consumado?
Eu recebi, pelo correio, dois novos livros da editora Revan que gostaria de comentar: tem a ver com a crise política hoje.
Um deles, intitulado O problema é ter medo do medo, é da jovem jornalista Ana Helena Tavares, que entrevistou diversos veteranos da luta contra a ditadura.
Há muitas análises sobre os motivos que levaram ao golpe. Uma delas, de Marcelo Cerqueira, ex-dirigente da UNE em 1964, merece ser transcrita aqui, porque tem muito a ver com o momento que vivemos.
"Tem uma característica, que é constante na política, que é a questão da mobilidade da classe média. Quando a classe média se move, ela determina os rumos políticos. Portanto, em 64, ela se moveu contra nós. Nós estávamos isolados. Depois, no final da ditadura, ela se moveu contra a ditadura. (...) Essa mobilidade, ela é muito importante para entender um golpe de Estado."
É interessante ler, no livro, as análises sobre os erros cometidos por João Goulart e seu governo. De que adianta fazermos o mesmo, daqui a 50 anos, sobre os erros cometidos pelo PT?
Essa análise sobre a classe média me parece cristalina e tem grande valor para compreendermos a conjuntura atual.
O PT precisa reconquistar a classe média. Não é tão impossível quanto parece. Em Souvenirs, Tocqueville explica como a burguesia resistiu aos tumultos revolucionários de 1848: diferentemente das classes dominantes de outrora, a burguesia, ou classe média, se misturara às outras classes. A burguesia é líquida, está em toda parte. Então ela conseguiu sobreviver facilmente à revolução de 48.
Diante do espírito revolucionário, que voltava a predominar, a classe média passou a lembrar de seus ancestrais camponeses, numa tentativa de ganhar a simpatia das massas, que tomavam o poder. Hoje, a mesma coisa. A classe média não é fechada, não é homogênea. Há pontos de acesso à classe média que precisam ser encontrados. É absurdo que o governo e o PT olhem para a classe média como um categoria inimiga.
A facilidade com que a mídia consegue manipular a opinião pública e produzir crises políticas é porque ela não precisa persuadir o povão, mais reticente e mais desconfiado, até porque não tem tempo ou paciência para digerir os blogs da Veja ou as colunas de Jabor: basta manipular a classe média, especialmente a classe média alta, que ocupa os altos cargos no serviço público, administra empresas, tem seu próprio negócio, ou exerce funções executivas nas grandes empresas.
Os leitores mais esquerdistas irão rebater, com razão: e a luta de classes?
Eu respondo: ora, mas é justamente da luta de classes que estou falando!
Numa democracia como a nossa, em que não há nenhuma perspectiva de revolução, a estratégia política das forças progressistas não pode esquecer a importância de trazer a classe média para o debate.
A luta de classes, numa sociedade democrática e midiatizada, fechada a mudanças institucionais profundas, deve ser feita através da persuasão, da comunicação, do embate de ideias.
A estratégia política do governo Dilma, neste ponto, é notoriamente fraca.
Sua imagem apenas aparece entregando casas para pobres em áreas periféricas, um programa bom para prefeitos populistas, e não para uma presidenta da república neste momento.
Neste sentido é que devemos considerar as grandes manifestações de ontem.
Ou deveríamos ignorá-las?
A classe média, mais que qualquer outra classe, precisa ser alimentada com informações. Ao renunciar à comunicação, ao trabalho de imagem, à luta semiótica, o governo Dilma abandonou a classe média à mídia.
Existe uma classe média de esquerda que hoje vive isolada em seu meio familiar e profissional. Está hoje praticamente sitiada, constrangida pelo massacre midiático que a atinge duramente, porque ela é, de fato, a fiadora da vitória eleitoral de Dilma: ela fez militância das redes sociais, criou um núcleo duro de resistência, abriu brechas importantes na censura branca que a mídia faz contra qualquer notícia positiva para o governo.
A blogosfera hoje cresceu tanto porque supriu uma demanda quase desesperada, de um grande público, por uma informação com viés progressista.
Temos hoje, por exemplo, uma enorme classe média universitária, vacinada contra as manipulações da mídia, mas decepcionada com um governo que não faz política, que não luta por sua própria dignidade!
A estética da comunicação do PT e do governo continua a mesma, após 13 anos. É preciso mudar tudo: cores, vocabulário, discurso, propostas.
Falar mais de futuro e menos de passado.
Ninguém mais aguenta ouvir o PT falando de seus feitos. As pessoas esperam as estratégias de desenvolvimento para os próximos 20, 30, 50 anos!
Tudo precisa mudar, inclusive para permanecer o mesmo, como diria Lampedusa.
Um outro livro que chegou pelo correio, Império do Caos, da mesma editora, é uma coletânea de artigos de Pepe Escobar, um jornalista brasileiro que escreve em inglês e que se tornou, desde o início do novo milênio, uma espécie de lenda viva para blogueiros e ativistas da informação, por causa de seus artigos incrivelmente ousados, sempre desmascarando as mentiras sistemáticas da mídia corporativa ocidental.
Na introdução do livro, Escobar fala de sua formação cultural, e menciona o filósofo Cioran, que, segundo ele, argumentava, na linha de Guy Debord, que "nada realmente acontece, se não for visto".
É a sociede do espetáculo. E aí voltamos ao erro do governo e não entender a importância da comunicação na luta pela estabilidade política.
As denúncias de corrupção contra o PSDB pipocam às vezes na imprensa, mas não ganham visiblidade suficiente para se materializarem efetivamente na consciência coletiva: então não existem.
Como não entender a importância da comunicação na luta política numa sociedade do espetáculo?
Escobar já analisava, há 10 anos, o conceito de guerra fria 2.0, com suas estratégias de "mudança de regime" através não mais de invasão militar, mas ações principalmente midiáticas, visando manipular a opinião pública dos países a serem submetidos.
Tudo isso precisa ser explicado para os brasileiros.
Hoje eu fiquei pensando, mais uma vez, na interferência do fator psicológico, para a presidenta Dilma.
Ela tem, notoriamente, incrível capacidade de resistência pessoal. A resistência política, porém, é algo diferente.
No primeiro livro citado no post, há um depoimento de Rosa Cardoso, ex-presa política, sobre a presidenta Dilma. Transcrevo um trecho:
"As pessoas, dependendo da situação que vivem, expressam seu caráter. (...) havia uma ansiedade e uma carência muito grandes. (...) uma angústia muito grande. Uma pressa de saber sobre o processo, sobre os desdobramentos, sobre o que aconteceria. E de ser visitado, de ser informado. A Dilma não tinha nada disso. Muito, muito autossuficiente. Na prisão, ela era uma pessoa muito ocupada. Ela lia muito. Era uma cliente que não dava trabalho, que não expressava nenhuma ansiedade maior. E uma pessoa que sempre teve um comportamento muito altivo. A maior expressão de altivez que eu conheço está em uma foto dela diante dos algozes que estavam se escondendo. Ela demonstra ali uma certeza: 'Isso vai passar e nós continuaremos lutando pelos nossos ideais'. "
É um trecho revelador, a meu ver, porque me lembra a Dilma hoje. Todos preocupados com os desdobramentos da crise. Querendo mais informação. E Dilma lendo, silenciosa, no Palácio do Planalto.
A interpretação desse comportamento, hoje, não é positiva para Dilma.
A presidenta parece ter incorporado o conceito de que a luta política é algo subversivo. Que a política é algo que acontece lá fora, fora do Planalto, fora da prisão. Ela transformou o Planalto numa espécie de aparelho, onde ela e seus ministros se escondem e aguardam o tumulto lá fora passar.
Só que não vai passar. O Planalto não é um aparelho. A luta política não é algo subversivo. Ela é democrática e necessária! Ninguém está pedindo para Dilma iniciar uma resistência clandestina contra o golpe. Pedimos que ela inicie uma resistência ativa, aberta, política, e que esta resistência seja registrada em palavras, áudio e vídeo.
Vivemos uma guerra semiótica, então precisamos lutar semioticamente.
Lutar não é crime, Dilma!
E aí conectamos esse pensamento com aquele do início do post: é a luta política - aberta, na forma de resistência ativa, não passiva - que permitirá a reconquista da classe média.
*****
A segunda-feira termina com notícias de que Lula será nomeado ministro-chefe da Casa Civil ou secretário de Governo.
E que Eugenio Aragão será o novo ministro da Justiça. Vamos comentar.
É uma excelente notícia!
É tão boa que o Globo está em estado de choque.
Agora são 19;30. O portal da Globo ainda não deu a notícia na capa.
A coisa mais importante, para o governo hoje, é defender valores democráticos e barrar a marcha do fascismo. Para isso, precisará enfrentar a mídia, origem principal das energias fascistas que vem contaminando a sociedade brasileira.
Lula, hoje, é a única pessoa capaz de fazer esse enfrentamento, por sua capacidade de se comunicar.
O ex-presidente parece ter, enfim, se dado conta da importância da mídia na luta política do povo brasileira por sua liberdade.
Com seus programas de governo, Lula conseguiu libertar o povo da fome. Foi a primeira grande batalha: a batalha para libertar a carne.
Agora vem a segunda grande batalha de Lula, que não sabemos se ele vencerá, mas que, neste momento, é a única pessoa com alguma possibilidade de oferecer resistência e, quem sabe, vencer: a luta para libertar o espírito do povo brasileiro, aprisionado há décadas por uma mídia concentrada, que promove um criminoso processo de deseducação política, contaminando a opinião pública com uma visão antibrasileira, antipovo e antidemocrática.
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