*Miranda Muniz
09/06/2016
O que o PCdoB e as forças democráticas e populares denunciavam há tempos, que o processo de impeachment da presidenta Dilma era um Golpe, a cada dia vai ficando mais claro, em especial, com os últimos diálogos entre o ex-senador tucano Sérgio Machado e diversos figurões da política.
Essa falta de argumento jurídico sólido ficou patente durante a votação na Câmara, onde prevaleceu um festival de imbecilidades do voto pela “minha família”, “meus filhos”, “meus netos”, “pela paz mundial”, “pela morena mais bonita do Brasil” entre outras pérolas digna de Big Brother. Já no Senado, para não repetir o vexame, foi o discurso do tal “conjunto da obra”.
Ou seja, querem afastar uma Presidenta, que obteve mais de 54 milhões de votos, não em função de crime de responsabilidade, mas sim por outros motivos, a maioria escusos.
Entretanto, o perfil sinistro dos ministros do golpista e impostor Temer, muitos dos quais atolados até o último fio de cabelo em corrupção e falcatruas, e sua sanha (e de seus aliados do PSDB, DEM, PPS, Solidariedade, entre outros) em desmontar conquistas sociais históricas, hipotecar a soberania da Nação, retroceder em avanços civilizacionais em relação às mulheres, à juventude, aos negros, aos índios às pessoas LGBT, entre outras, transformaram, em tempo record, o “Novo” Governo em peça de museu de maldades.
Por outro lado, é patente que o Governo Dilma encontrava-se em profundo isolamento, fornecendo o combustível que os golpistas desejavam. As derrotas acachapantes das votações das fases do impeachment na Câmara e no Senado não deixaram dúvidas.
Levando em conta tal situação, o PCdoB aprovou, no dia 29 de abril, como Resolução Política para fortalecer a luta contra o golpe, “que o povo seja chamado a decidir pelo melhor caminho para se restaurar a democracia”. E, para o PCdoB,“esse caminho são as eleições presidenciais diretas, já!”
Tal proposta, que também já era defendida por setores do PSB, Rede, PMDB, entre outros, começou a ganhar simpatia de diversas organizações sociais e lideranças do campo democrático e popular.
Finalmente ontem, 9.06, durante entrevista ao jornalista Luis Nassif, a presidenta Dilma também apontou esse caminho, caso o Golpe seja derrotado e ela vier a ser reconduzida à Presidência.
Para ela, recompor um pacto democrático que vem desde o processo constituinte de 1988 e que fora rompido com essa tentativa golpista em curso, exigirá que a população seja consultada, pois “a consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer”.
Para os golpistas que, através do impeachment sem causa, pretendiam derrotar e desmoralizar a presidenta Dilma e, consequentemente, toda a esquerda, tal declaração soará como um verdadeiro xeque-mate. Afinal, no atual quadro de correção de forças desfavorável, tal proposta tem todas as condições de angariar apoios suficientes para derrotar o impeachment na votação final do Senado.
E, muito além da derrota do impeachment, o que certamente já está causando horripilantes pesadelos aos golpistas é o fato de que o Lulinha, mesmo sob fogo cruzado da maior artilharia nunca vista antes contra um Presidente, continua liderando as pesquisas de intenção de votos em todos os cenários.
Ou seja, no afã de derrotar a presidenta Dilma, os golpistas poderão levar um contra golpe e ainda ter que engolir, mais uma vez, o Lulinha, de novo!
• Miranda Muniz – agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça-avaliador federal, dirigente da CTB/MT e presidente do PCdoB-Cuiabá.
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