O ex-secretário-geral do Itamaraty no governo Lula, Samuel Pinheiro Guimarães, comentou com ironia o acordo de comércio, patentes e direitos autorais que inclui Estados Unidos, Japão, México, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Cingapura, Vietnã, Brunei, Chile e Peru, intitulado Tratado Transpacífico, TPP na sigla em inglês.
Ao lado de Marcio Pochamann, presidente da Fundação Perseu Abramo, ele participou, nesta terça-feira (20) em São Paulo, de um debate sobre a desigualdade no Brasil e no mundo.
“As classes dominantes brasileiras estão em polvorosa. Queriam tanto entregar alguma coisa. Como não foram convidados para o banquete? É um problema geográfico importante”, observou Guimarães, já que o Brasil não é banhado pelo Oceano Pacífico.
Na avaliação do embaixador, o acordo, que depende ainda das aprovações dos parlamentos para entrar em vigor, significa o acesso dos Estados Unidos a recursos naturais e ao comércio de outros países. Segundo ele, para o Brasil, é fundamental fazer força junto aos BRICS e ao Mercosul. “É importante está em bloco por conta da influência. Por isso, a relevância de um bloco sulamericano”, opinou.
De acordo com Guimarães, “a China é a nova fronteira de expansão do capitalismo” e os BRICS têm um papel de protagonismo na construção de um novo cenário hegemônico na economia após a criação do Banco dos BRICS.
“Foi importante porque o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) são mecanismos de controle de países periféricos”, mencionou.
Política externa
No evento, Guimarães comparou as políticas externas adotadas nos Governos do Presidente Lula, que participou, e da Presidenta Dilma Rousseff.
“O Lula já tinha grande experiência internacional. Ele adquiriu um traquejo. Como sindicalista, ele participou de muitos congressos internacionais. A Dilma não tinha essa experiência”, comentou.
Para completar: “Mas basta ler os editoriais dos jornais para saber se a política externa dela é correta”, brincou. “No Governo da Dilma, nas decisões importantes, ela tomou as decisões certas”, finalizou ao lembrar os episódios da entrada da Venezuela no Mercosul, o cancelamento da viagem aos EUA após descobrir que era espionada pela NSA e o prestígio que a Presidenta dá aos BRICS.
Alisson Matos, editor do Conversa Afiada
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