Pesquisar este blog

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Homenagem ao engenheiro Bigu no DNIT

Em solenidade na sede do DNIT - Unidade de Anápolis, GO - na manhã de 10 de setembro, dirigentes e servidores do órgão despediram-se do Engenheiro Supervisor da Unidade, José Olímpio Maia, que se aposentou.

Uma comovente homenagem foi prestada a vários engenheiros civis que dedicaram suas vidas e carreiras profissionais ao rodoviarismo e à integração do país.

Na sala da Chefia foi inaugurada a Galeria de Fotos dos Engenheiros-Chefes e entre os homenageados estava o engenheiro civil Benedito Ribeiro de Freitas (Bigu), que chefiou a unidade de Anápolis de 1962 a 1963 ( na época era DNER, atual DNIT).



O "doutor Bigu", como era popularmente chamado, nasceu em Uruaçu, no antigo meio-norte de Goiás, em 1929. Ficou órfão do pai aos quatro ou cinco anos. Sua mãe, a vovó Joaninha (Joana Rodrigues de Freitas), foi uma das primeiras professoras primárias de Uruaçu.

O jovem Benedito cursou a Escola Técnica em Goiânia e formou-se engenheiro civil em Belo Horizonte pela UFMG, em 1958, iniciando sua atuação como construtor de estradas.

Foi um autêntico "engenheiro do trecho", no final da era JK. Viveu a época da construção de Brasília e das rodovias que ligaram a nova Capital às várias regiões do país. 

O trabalho para o qual era designado  é que definia os locais onde moraria com a família: Paracatu (MG) em 1959; Rio Verde (GO) de 1960 a 62; depois Anápolis; Uruaçu  e Brasília, de 63 a 71, nos tempos da RODOBRAS; em meio ao surgimento das rodovias que ligariam a Capital Federal  a Belo Horizonte, Cuiabá, Goiânia, Belém.

O engenheiro uruaçuense atuou ainda na fase inicial da construção da Usina de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR). De 1971 a 1972 trabalhou no DERGO, na construção da ponte sobre o Rio Araguaia, ligando Couto Magalhães (GO, agora TO) a Conceição do Araguaia (PA). 

Em 1974/75, foi Diretor Técnico da PAVICAP (depois DERMU/COMPAV e atual SEMOB), na Prefeitura de Goiânia. Me lembro do asfaltamento do prolongamento da Rua 83, para a inauguração do Estádio Serra Dourada, em 1975, ele num sufoco danado, virando noite e fins de semana, sempre falando num rádio com o encarregado da usina de massa asfáltica da Prefeitura, pedindo mais produção.

O carro de serviço que ele usava era um fusca azul, o motorista era o "seu Genaro". No porta luva meu pai sempre tinha uma caderneta, onde ia anotando os endereços de buracos nas ruas, bocas-de-lobo e meio-fios quebrados, etc, para mandar as equipes de manutenção. Quando ele dirigia o carro, muitas vezes eu mesmo anotei na tal caderneta o que ele ditava. Parecia que não se cansava nunca. 

Na iniciativa privada, foi sócio-fundador, e depois proprietário, da SERVITEC, sempre atuando no ramo de obras rodoviárias.


                                        Eu e Custódio com colegas de papai do DNIT/Anápolis


Assim era o nosso pai, pai de doze filhos, três casamentos, que faleceu em 2002, aos 73 anos. 

Na homenagem em Anápolis, revivi com muita saudade e orgulho as lembranças do velho, que nos ensinou e incentivou a estudar, a trabalhar e acreditar no Brasil, a gostar de boa música. 

Olga, Custódio, Regina e eu estivemos na solenidade em Anápolis, representando a família. Ali ouvimos vários relatos daqueles que foram colegas de trabalho de papai, que falaram de sua dedicação ao serviço, da sua determinação de executar e concluir a obra sob sua responsabilidade. Era muito trabalhador, simples e amigo de todos, testemunharam. 

                                                      CAUSOS DA VIDA 

Eu e Custódio lembramos de quando éramos crianças em Anápolis e num domingo fomos com papai na sede do DNER. Enquanto ele trabalhava no escritório a gente se esbaldava, brincando de dirigir tratores D-8, caminhões, caminhonetes.

Só que na segunda cedo nenhum veículo podia ser ligado: as chaves tinham sumido! 

Diz a lenda que o Dim, nosso saudoso irmão Luiz Cláudio, levou as chaves no bolso...kkkkkk (acho que não foi só ele não),  elas estavam dentro dos caminhões de brinquedo que tínhamos em casa, debaixo da cama. Éramos um trio prá muita confusão! Pensa no tamanho da bronca que a gente deve ter ganhado, isso tem cinqüenta anos, nem lembro direito. 

Outra de que me lembro é que sempre íamos com o velho para o trecho, na obra da estrada, nos fins de semana e férias, na época do asfaltamento da Belém-Brasília (antiga BR 14, atual BR 153). 

Num dia desses, em algum córrego entre Uruaçu e Porangatu, estavam construindo um bueiro ARMCO, daqueles de chapas metálicas parafusadas.

 E as chapas não se ajustavam, o trabalho tava meio empacado...Quando é fé, olha o doutor Bigu lá em cima do bueiro, alavanca na mão, orientando os operários: 
- No três, todo mundo faz força para esse lado!

E no três, a alavanca escapuliu, e papai caiu dentro do córrego, de  costas. 
Pensa num homem bravo, meio caído, meio levantando, gritando, o dedo em riste:
- Ninguém ri, ninguém ri!

Diz o Custódio que desse episódio resultou uma fratura da bacia. Mas o tal bueiro da rodovia foi concluído no prazo. 

Hoje o que falta é duplicar a Belém-Brasília, uma das rodovias mais importantes do Brasil, e concluir de vez a  Ferrovia Norte-Sul, vital para escoamento da produção da nossa região, na certa diria papai. 

Além do trabalho, gostava muito de música (ele e a irmã, a querida tia Zizi). Na casa dele tinha de tudo: violão, cavaquinho (ele arranhava bem), piano, guitarra, pandeiro; e muita festa, mil serestas e memoráveis comemorações com a família e amigos, o tradicional carneiro de 6 de janeiro, na Festa de Reis.

O blog está aberto para a publicação de mais e mais estórias que cada um/a for lembrando. Mandem fotos também. 

Posto aqui fotos de um computador Olivetti que ele usava em 1972/73, para fazer cálculo estrutural: o monstro pesa quase 50 kg. 





E olha só outras coisas do século passado que ele usava: tá tudo funcionando, mandei reformar!






Em memória do saudoso pai, vai aqui uma moda boa, com um abraço apertado. Eu e o maestro Nildo 7 cordas... 



<iframe width="420" height="315" src="//www.youtube.com/embed/LiVoKVWFVBQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>



GALERIA DE FOTOS




          Porangatu, 1975, casa dos tios-avós Moacir/Edite. Papai encostado na pilastra,       
                             Custódio no violão, eu era o retratista, tanta gente ....






                                         
                                Casamento com minha mãe, Angelina, BH, 1957.




                             Eita família grande - Goiânia, 2003



            Com Wildeã e pais da Regina (Crudwald e Leda), 1978, no nosso casamento


 

                            Seresta das boas em Uruaçu: tia Zizi, Odeni, seu Plínio.




                          E na casa de papai também, com Da. Edmee na sanfona, talvez 1999.



                                                    Papai e Olga -2001





                           Com o prefeito Pedro Wilson, 2002, na inauguração do 
                                 Coreto da Praça Joaquim Lúcio. Campinas.



                                                          Aniversário de alguém, 2004.



                     Tio-avô Moacir, papai, Luis Filipe, eu e Custódio, lá pelo ano de 1999

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Brigado aí amigo.
      E a pescaria?
      E a violada?
      Que dia?

      Um abraço

      Luiz Carlos

      Excluir
  2. Belíssimas fotos, fiquei emocionada . Parabéns pelo álbum de fotos tão preciosas . Recordar é viver . Beijos para todos dessa família.

    ResponderExcluir
  3. Oi prima, obrigado.

    Fiz um desafio pra irmandade abrir os baús e mandarem mais fotos... vamos ver o que aparece.

    Um abraço

    ResponderExcluir