* Valter Casseti, no facebook
Os golpes na América Latina se assemelham a ondas, que às vezes se transformam em verdadeiros tsunamis, gerados, direta ou indiretamente, pelo “centro anticiclonal” localizado mais ao norte.Duas grandes "catástrofes marítimas" podem ser sistematizadas nos últimos sessenta anos: (i) uma primeira, na década de sessenta e início da década de setenta do século passado, para conter a alternativa socialista nos países latino-americanos, estimulados pela Revolução Cubana, e (ii) uma segunda, que teve início no Século XXI e se estende até os dias de hoje, para conter a influência dos governos de tendência mais à esquerda, que estabeleceram relações comerciais com blocos alheios aos interesses norte-americanos, em detrimento da imposição de uma política neoliberal. Enquanto a primeira onda foi representada pela intervenção militar (Operação Condor), a segunda tem se caracterizado por golpes institucionais, legitimados pelos poderes locais.
Só para exemplificar e ao mesmo tempo rememorar, a sucessão de golpes na América Latina nesses dois blocos históricos foram:
Primeira Onda:
1954: início da derrocada de governo democrático na Guatemala, seguida pelo Paraguai, que no mesmo ano passou a ser governado pelo general Stroessner.
1964: golpe militar no Brasil:João Goulart é deposto e o país passa a se governado pelos militares por mais de vinte anos. Ainda em 1964, o presidente boliviano Vitor Estenssoro é sucedido por René Barrientos.
1968: golpe militar no Peru, liderado pelo comandante geral do exército, Juan Velasco Alvarado.
1973: golpe militar no Chile, culminando com a morte do presidente eleito Salvador Allende; golpe liderado por Augusto Pinochet No mesmo ano, Juan Bordabery suspende a constituição no Uruguai e passa a governar como ditador.
1976: golpe miliar na Argentina, depois de sucessivos golpes políticos, passando a ser governada por quatro sucessivas juntas militares, tendo como expoente Jorge Rafael Videla.
Segunda Onda:
2002: tentativa de golpe institucional na Venezuela, contida pela população chavista, exigindo a restituição do presidente. Até hoje o sucessor de Chávez continua tendo forte resistência da oposição.
2004: Jean-Bertrand Aristides é retirado do poder do Haiti por militares norte-americanos, com o apoio de militares brasileiros, numa situação mal explicada.
2008: apoiadores e opositores ao presidente Evo Morales (Bolívia) tiveram uma série de confrontos: os grupos opositores, liderados por prefeitos da região de Meia Lua, organizaram bloqueios de estradas, greves e ocupação de prédios estatais, sem, contudo, obterem sucesso, graças à resistência da população indígena.
2009: Manuel Zelaya (Honduras) é sequestrado e deportado para Costa Rica, sob o comando do general Ramón Vásquez Velásquez. Zelaya permaneceu no Brasil por cinco meses, até ser definitivamente condenado ao exílio.
2010: tentativa de golpe no Equador, contra Rafael Correa, só não consumada pelo apoio da OEA e Mercosul e recuo das forças armadas. Hoje, após eleger o seu sucessor, continua enfrentando resistência oposicionista.
2012: a crise política-institucional no Paraguai resultou no impeachment do presidente Fernando Lugo. Hoje passa por manifestações populares contra a reeleição do presidente golpista.
2016: golpe institucional no Brasil, aprovado pelo senado, resultando no impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Os poderes legislativo e judiciário utilizam dos mais diferentes recursos para darem legitimidade ao executivo e manterem a “carta-programa” neoliberal imposta pelos EUA.
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