Por Altamiro Borges
Na cavalgada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff, alguns grupelhos de extrema-direita ganharam os holofotes da mídia. Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua, Revoltados Online, Nas Ruas e outros ainda mais caricatos viraram capa de jornais e foram parar nas telinhas das televisões. A imprensa “imparcial” nunca se preocupou em desvendar suas origens, em polemizar com suas posições fascistas ou em investigar suas fontes de financiamento – inclusive as provindas de sinistras fundações dos EUA. Graças à forte exposição midiática, estas seitas até elegeram vereadores e hoje têm vários apaniguados pendurados nos cabides de emprego de Brasília e dos governos estaduais e municipais geridos por partidos fisiológicos, como o DEM, PMDB e PSDB. Mas, curiosamente, sumiram das ruas. O que houve?
Em matéria publicada na semana passada, a Folha tentou justificar o sumiço argumentando que “os grupos que se uniram pela queda de Dilma se separaram diante de Temer”. A divisão teria fragilizado a sua capacidade de mobilização. “A união dos movimentos que protagonizaram o impeachment de Dilma está desfeita”. Das várias seitas, apenas o Vem Pra Rua, que reúne notórios tucaninhos, hoje prega a saída da quadrilha instalada no poder. O grupo chegou a lançar o mapa “Afasta Temer”, contabilizando os votos dos deputados que votaram contra a denúncia de corrupção apresentada pela Procuradoria-Geral da República. “Além disso, ele prepara um ato para 27 de agosto, em todo o Brasil, ‘contra a impunidade e pela renovação’”.
Chequer e Kataguiri divergem
Rogério Chequer, líder da seita e “colunista” da Folha, alega que “a única posição possível de um movimento que defendeu a queda da Dilma é defender, no mínimo, a investigação do Temer. Como você agiria se Lula ou Dilma tivessem passado pelos mesmos eventos [sic] que Temer?”. Já o MBL, chefiado por Kim Kataguiri – que também obrava na Folha –, foi favorável ao arquivamento da denúncia contra Michel Temer e tem evitado criticar a quadrilha no poder. A seita “tem dado maior atenção a outros temas, como as denúncias contra o ex-presidente Lula, a crise na Venezuela e o Escola sem Partido, iniciativa que busca afastar as ‘preferências ideológicas’ da sala de aula”. Ou seja: o MBL está grudado nos bandidos de Brasília!
A seita Nas Ruas, menos expressiva, “também se posiciona abertamente pela permanência de Temer, mas faz uso de discurso mais agressivo. Em publicação no Facebook, o grupo chama Janot de ‘canalha’ e afirma que o procurador-geral tentou trazer de volta ‘sua quadrilha, seus chefes’. Segundo a líder Carla Zambelli, o movimento está priorizando outras pautas, como o fim da urna eletrônica e que o STF possa julgar ‘casos parados há mais de dois anos’. ‘Não adianta nada trocar o Temer e continuar com a urna eletrônica. Estamos acreditando mais na renovação de 2018’”. Risível a desculpa da jovem mercenária.
“Coxinhas” desconfiam das seitas fascistas
A divisão dos grupos fascistas, porém, não parece ser o fator principal do sumiço. Na prática, nem se estivessem unidos eles conseguiriam mobilizar muita gente. Até os “coxinhas” mais otários, os “midiotas” que serviram de massa de manobra para as forças que orquestraram o golpe dos corruptos, já perceberam que foram enganados. Eles não admitem, mas já sentem na pele os efeitos das políticas da gangue que assaltou o poder. Isto explica porque os últimos atos convocados por estas seitas foram um fiasco. No final de julho, a marcha na Avenida Paulista em defesa da Lava-Jato e pela “ética na política” reuniu meia dúzia de gatos pingados. Nem a presença do decrépito Hélio Bicudo, que jogou sua história no lixo no processo do impeachment de Dilma, seduziu os “coxinhas”.
No início de agosto, alguns grupos também organizaram em Curitiba uma festa para comemorar o aniversário do juiz Sergio Moro, o herói dos fascistas. Mas não deu certo. De acordo com relato da Folha, apenas 20 admiradores cantaram os parabéns para o justiceiro. “A festinha tinha início marcado para às 17h30, mas atrasou por conta do salgadinho que demorou a chegar. O petisco era essencial no evento. ‘Simbolicamente, os coxinhas estão com ele (Moro)’, disse uma manifestante, segurando uma caixa de papelão com os acepipes. Também teve bolo... Moro ainda ganhou dos manifestantes um vaso de orquídea e uma bíblia. Senhoras empolgadas cantaram parabéns e inventaram um refrão: ‘Sergio Moro, você é nosso tesouro’ ... O evento era previsto para durar duas horas, mas não resistiu esse tempo todo. O aniversariante, afinal, não desceu. Deu bolo”.
*****
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Em matéria publicada na semana passada, a Folha tentou justificar o sumiço argumentando que “os grupos que se uniram pela queda de Dilma se separaram diante de Temer”. A divisão teria fragilizado a sua capacidade de mobilização. “A união dos movimentos que protagonizaram o impeachment de Dilma está desfeita”. Das várias seitas, apenas o Vem Pra Rua, que reúne notórios tucaninhos, hoje prega a saída da quadrilha instalada no poder. O grupo chegou a lançar o mapa “Afasta Temer”, contabilizando os votos dos deputados que votaram contra a denúncia de corrupção apresentada pela Procuradoria-Geral da República. “Além disso, ele prepara um ato para 27 de agosto, em todo o Brasil, ‘contra a impunidade e pela renovação’”.
Chequer e Kataguiri divergem
Rogério Chequer, líder da seita e “colunista” da Folha, alega que “a única posição possível de um movimento que defendeu a queda da Dilma é defender, no mínimo, a investigação do Temer. Como você agiria se Lula ou Dilma tivessem passado pelos mesmos eventos [sic] que Temer?”. Já o MBL, chefiado por Kim Kataguiri – que também obrava na Folha –, foi favorável ao arquivamento da denúncia contra Michel Temer e tem evitado criticar a quadrilha no poder. A seita “tem dado maior atenção a outros temas, como as denúncias contra o ex-presidente Lula, a crise na Venezuela e o Escola sem Partido, iniciativa que busca afastar as ‘preferências ideológicas’ da sala de aula”. Ou seja: o MBL está grudado nos bandidos de Brasília!
A seita Nas Ruas, menos expressiva, “também se posiciona abertamente pela permanência de Temer, mas faz uso de discurso mais agressivo. Em publicação no Facebook, o grupo chama Janot de ‘canalha’ e afirma que o procurador-geral tentou trazer de volta ‘sua quadrilha, seus chefes’. Segundo a líder Carla Zambelli, o movimento está priorizando outras pautas, como o fim da urna eletrônica e que o STF possa julgar ‘casos parados há mais de dois anos’. ‘Não adianta nada trocar o Temer e continuar com a urna eletrônica. Estamos acreditando mais na renovação de 2018’”. Risível a desculpa da jovem mercenária.
“Coxinhas” desconfiam das seitas fascistas
A divisão dos grupos fascistas, porém, não parece ser o fator principal do sumiço. Na prática, nem se estivessem unidos eles conseguiriam mobilizar muita gente. Até os “coxinhas” mais otários, os “midiotas” que serviram de massa de manobra para as forças que orquestraram o golpe dos corruptos, já perceberam que foram enganados. Eles não admitem, mas já sentem na pele os efeitos das políticas da gangue que assaltou o poder. Isto explica porque os últimos atos convocados por estas seitas foram um fiasco. No final de julho, a marcha na Avenida Paulista em defesa da Lava-Jato e pela “ética na política” reuniu meia dúzia de gatos pingados. Nem a presença do decrépito Hélio Bicudo, que jogou sua história no lixo no processo do impeachment de Dilma, seduziu os “coxinhas”.
No início de agosto, alguns grupos também organizaram em Curitiba uma festa para comemorar o aniversário do juiz Sergio Moro, o herói dos fascistas. Mas não deu certo. De acordo com relato da Folha, apenas 20 admiradores cantaram os parabéns para o justiceiro. “A festinha tinha início marcado para às 17h30, mas atrasou por conta do salgadinho que demorou a chegar. O petisco era essencial no evento. ‘Simbolicamente, os coxinhas estão com ele (Moro)’, disse uma manifestante, segurando uma caixa de papelão com os acepipes. Também teve bolo... Moro ainda ganhou dos manifestantes um vaso de orquídea e uma bíblia. Senhoras empolgadas cantaram parabéns e inventaram um refrão: ‘Sergio Moro, você é nosso tesouro’ ... O evento era previsto para durar duas horas, mas não resistiu esse tempo todo. O aniversariante, afinal, não desceu. Deu bolo”.
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