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segunda-feira, 17 de março de 2014
SNOWDEN DENUNCIOU ESPIONAGEM DOS EUA. OBAMA VARREU PARA DEBAIXO DO TAPETE. MÍDIA MERCANTIL ENGAVETOU O TEMA.
sábado, 8 de março de 2014
Cabra macho de verdade não bate em mulher
Você que já foi escrava
E mucama de feitor
Foi súdita de todos os reinados
E virou propriedade
Registrada por sobrenome
Cidadã pela metade.
E já viveu festas e guerras
Invernos e primaveras
E a tantos foi prometida
Em meses de maio sem fim...
Sepultando seus amores
Seus horrores e segredos
Escondendo seus desejos
Torturando-se em seus medos.
Você que enfrenta todas as barras
Seja fora ou entre os seus
Musa, mãe, trabalhadora
Operária, camponesa
Estudante, professora.
Você que ama e sorri
Você que às vezes chora
Morde os lábios
Enxuga as lágrimas
E não desiste.
Você é maravilhosa
É sempre algo de novo
É a mulher militante
Mistura de luta e paixão
Com o homem, lado a lado
Em busca da emancipação.
Luiz Carlos Orro
sexta-feira, 7 de março de 2014
Ucrânia: entre máfias e o expansionismo militar
Alejandro Nadal - La Jornada - México
Mesmo que não desemboque em uma guerra, o conflito na Ucrânia e na Crimeia marcará de maneira decisiva as relações internacionais nos próximos anos.
As raízes dessa crise constituem um tema complexo e, por isso, é preciso desconfiar das narrativas simplistas (provenientes de Moscou ou Washington).
Entre as causas que levam ao conflito atual se encontram na expansão do militarismo norte-americano, que nunca abandonou suas obsessões da Guerra Fria.
As máfias que estão no poder na Rússia e em Kiev são o complemento perfeito para detonar o conflito.
Sem dúvidas, para muitos leitores, falar de “expansão do militarismo norte-americano” soa como exagero. Mas é preciso considerar os seguintes elementos.
A OTAN parecia ter perdido sua razão de existir com a derrocada da URSS. Os arsenais nucleares dos Estados Unidos e da Rússia foram objeto de vários tratados de redução de armas estratégicas e, em termos gerais, criou-se uma atmosfera de certa distensão.
A OTAN não apenas manteve, mas também cultivou suas ambições estratégicas no que havia sido o espaço soviético durante a Guerra Fria. Essa expansão se iniciou com Clinton e prosseguiu com Bush.
Em 1999, Polônia, Hungria e República Tcheca entraram na OTAN em meio a um feroz debate e à oposição da Rússia. Em 2004, foi a vez das repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), além da Eslovênia, da Bulgária e da Romênia. Poucos analistas se detiveram para pensar como a Rússia interpretaria esse processo.
George F. Kennan, provavelmente o mais perspicaz e experiente artífice da política externa norte-americana, advertiu em 1997 que a expansão da OTAN constituía “o erro mais grave e detestável dos Estados Unidos na história do pós-guerra”.
Ninguém o escutou e, em 2008, George W. Bush fez planos para que a Geórgia e a Ucrânia se tornassem membros da OTAN.
Depois do colapso da URSS, a Ucrânia se converteu no terceiro maior estado em quantidade de armas nucleares (depois de Estados Unidos e Rússia).
Para conseguir uma maior integração econômica com a Ucrânia, a União Europeia buscou negociar um pacto que daria a Kiev um status privilegiado comercial e financeiramente.
O pacote oferecido pela UE incluía as típicas medidas de austeridade que colocaram a Grécia de joelhos e causaram tanto dano à Europa.
No último dia 9 de novembro, Putin se reuniu secretamente com seu colega ucraniano para assinar um tratado alternativo entre Kiev e Moscou.
O anúnciou gerou uma onda de protestos que terminou por derrubar Yanukovich. Moscou sentiu que perdeu a oportunidade de frear as pretensões de expansão dos norte-americanos e europeus.
Sobra pouco tempo para resolver a crise. Se ele não for aproveitado, será trilhado o caminho que conduz ao conflito armado.
Tradução: Daniella Cambaúva
Urariano Mota debate racismo e os novos escravos do Brasil
Do Portal Vermelho
Direto de Olinda, em Pernambuco, o escritor e jornalista Urariano Mota reflete sobre o racismo, os novos escravos os Brasil. Durante sua reflexão, Urariano traça um paralelo entre o "12 anos de escravidão" e pensamento de Gilberto Freyre.
Da Rádio Vermelho em São Paulo
A partir de uma análise crítica, o colunista daRádio Vermelhonarra cena que presenciou na última sexta-feira (28), que antecedeu o carnaval. "Na fila do cinema aonde fui, não havia um só negro. Minto: havia só este mulato que agora escreve. Ao procurar outro na fila, recebi dos cidadãos de pele mais clara uns olhos envergonhados, que se baixavam até o chão. Tão Brasil. Tão brasileiro é o pudor educado para o que não se enfrenta. Mas o filme na tela nos pagaria. Lá, podemos ver o retrato da casa-grande: a indiferença de todos ante a tortura. Linda, a sinhá olha da varanda o negro ser torturado e nada vê, melhor, assiste ao espetáculo obsceno como uma liberalidade do senhor, o seu marido. Que aula. É um filme quase didático da infâmia, do que no Brasil está encoberto até hoje".
Leia também:
Urariano Mota: 12 Anos de Escravidão e o Brasil
Segundo ele, "a realidade no filme mostra um escravo na forca, pendurado por horas em uma árvore, enquanto a rotina da fazenda segue sem distúrbio, sem assaltos de horror ou de repulsa. Mas isso é tão Brasil, amigos. Hoje mesmo, aqui na minha cidade, na sua, jovens são amarrados em postes, os velhos pelourinhos. Os novos escravos são espancados, enquanto comunicadores na televisão aprovam e ganham dinheiro e fama por açular a massa para o linchamento".
Gilberto Freyre, em Casa e Senzala
Urariano lembrou que foi em Gilberto Freyre que a ideia de uma escravidão suave no Brasil ganhou sua expressão mais conhecida e influente. Já em sua tese de mestrado, apresentada em 1922 nos Estados Unidos, ele afirmava: "Na verdade, a escravidão no Brasil agrário-patriarcal pouco teve de cruel. O escravo brasileiro levava, nos meados do século XIX, quase vida de anjo, se compararmos sua sorte com a dos operários ingleses, ou mesmo com a dos operários do continente europeu, dos mesmos meados do século passado." (Freyre, 1964 [1922]:98).
"Para Freyre, teriam prosperado as atitudes benignas dos senhores em relação aos escravos. "Era demorando numa casa, numa fazenda ou numa estância, afeiçoando-se a uma família ou a um senhor, que o escravo se fazia gente da casa, pessoa da família." E demorando em velhas propriedades, que passavam solidamente de geração em geração, sem que seus proprietários desejassem ou buscassem grandes mudanças ou enriquecimento rápido", afirmou Urariano Mota.
Ouça a reflexão de Urariano Mota na Rádio Vermelho:
Coluna Prosa, Poesia e Política
O livro 'O império americano: hegemonia ou sobrevivência', de Noam Chomsky
sex, 07/03/2014 - 11:04 - Atualizado em 07/03/2014 - 11:41
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
O conflito na Ucrânia renovou o interesse por esta obra de Noam Chomsky, por isto resolvi republicar aqui a resenha que fiz da mesma há algum tempo. O império americano: hegemonia ou sobrevivência, editora Campus, é uma obra que questiona profundamente a política externa norte-americana baseada no uso da violência, bem como sua base de sustentação jornalística (que tem ajudado muito aos ocupantes da Casa Branca a seguirem brutalizando supostos inimigos enquanto eles mesmos não são tratados como líderes brutais).
Logo de saída Chomsky assegura que enquanto “...os métodos nas sociedades mais brutais diferem acentuadamente daqueles da sociedades mais livres, as metas, em muitos sentidos, são as mesmas: assegurar que a 'grande besta', como Alexandre Hamilton chamou o povo, não escape do espaço limitado que lhe cabe.” Um pouco mais adiante, o autor completa seu raciocínio de maneira brilhante “Enquanto o inimigo doméstico precisa ser, em geral, controlado pela propaganda intensiva, no exterior meios mais diretos se encontram disponíveis. Os líderes do atual governo Bush - em sua maioria membros reciclados dos setores mais reacionários dos governos Reagan e Bush I - fornecem exemplos bastantes claros ao longo de seu período anterior no governo.”
A propaganda oficial, a cobertura jornalística favorável das ações governamentais e os conflitos externos mantém o povo norte-americano entretido. Isto permite aos ocupantes da Casa Branca continuarem a construir e ampliar um império global. É inevitável perguntar, portanto, como é que se constrói um império?
A resposta de Chomsky é clara: ignorando o direito internacional. “O desdém pelas leis e instituições internacionais foi especialmente flagrante nos anos Reagan-Bush - o primeiro dos membros do atual círculo de Washington -, e seus sucessores continuaram a insistir que os Estados Unidos se reservavam o direito de agir 'unilateralmente quando necessário', incluindo aí o 'uso unilateral de poderio militar' para defender interesses vitais, tais como 'o acesso ilimitado a mercados-chave, suprimentos de energia e recursos estratégicos”'
Essa postura, contudo, não era propriamente nova. A opção norte-americana pela supremacia da força bruta à civilidade da Lei Internacional em relação ao Iraque teve conseqüências dramáticas. “Povos e regimes terão que mudar a maneira como encaram o mundo 'de uma visão fundamentada na ONU e no direito internacional para outra, baseada na compatibilidade”'com os planos de Washington. Todos estão sendo aconselhados, pela demonstração de força, a pôr de lado 'quaisquer questões relevantes de interesse internacional' em prol da 'satisfação dos objetivos americanos.' "
É evidente que a arrogante postura da Casa Branca vai gerar uma nova corrida armamentista. A China já aumentou suas despesas militares deixando os norte-americanos arrepiados. Os iranianos não abrem mão de seu programa nuclear porque tem razões de sobra para imaginar que serão tratados como os iraquianos. Nenhuma nação que pretenda preservar sua independência e integridade territorial pode sentir-se tranquila diante de um gigante comandado por gente disposta a impor-se pela força. Apesar de manter relações amistosas com os EUA o Brasil já começou a implementar um ambicioso programa de modernização das suas Forças Armadas. A aquisição de novos navios e tanques de guerra, a construção de submarinos convencionais e nucleares e a compra de jatos Gripen e de helicóteros de ataque franceses e russos tem uma finalidade evidente: preservar e ampliar a capacidade do Brasil de defender os recursos naturais que existem em nosso território e mar territorial.
Não é de hoje que os EUA fizeram a opção pela supremacia da força ao direito. Segundo Chomsky, desde “... a Segunda Guerra Mundial, o governo americano adota a prática-padrão dos países poderosos, normalmente escolhendo a força em lugar da lei quando isso é considerado 'de interesse nacional', um termo técnico para rotular os interesses específicos de setores domésticos em posição de ditar políticas.”
Em razão desta e de outras afirmações de Chomsky, podemos concluir que aquilo que chamamos de “democracia americana” é na verdade um “liberalismo oligárquico". O povo norte-americano tem o direito de votar, mas não detém o efetivo controle político dos destinos do país. Os donos do poder são aqueles que financiam as campanhas eleitorais ou proporcionam aos políticos a satisfação de seus desejos e em troca adquirem o direito de se impor dentro e fora das fronteiras dos EUA.
Nesse contexto, podemos compreender perfeitamente porque a “...visão da elite dominante com relação à ONU foi definida, em 1992, por Francis Fukuyama, ex-membro do Departamento de Estado do governo Reagan-Bush: a ONU é 'perfeitamente usável como um instrumento do unilateralismo americano e, com efeito, provavelmente o principal mecanismo pelo qual este unilateralismo será exercido no futuro.' Tal previsão se mostrou acurada, talvez por ter se baseado em uma prática contumaz cuja origem remonta aos primórdios da ONU."
Ao analisar detidamente a “diplomacia do porrete” que tem sido usada por diversos ocupantes da Casa Branca, Noan Chomsky reproduz o seguinte discurso “para criar democracias verdadeiras é preciso certa pressão externa... Não devemos hesitar em usar esse tipo de 'interferência nos assuntos internos' de outros países... Já que o governo democrático é uma das principais garantias de uma paz duradoura.” O discurso, que era usado pelos diplomatas de Stalin, poderia muito bem ter sido proferido por Bush II, Donald Rumsfeld, Dick Cheney ou Condoleezza Rice a propósito do Iraque, Irã ou Coréia do Norte. Mas é claro que se o Kremlin ou Pequim usarem a mesma estratégia diplomática a Casa Branca acusaria a Rússia e a China de imperialismo, de violação do direito dos povos à autodeterminação, ou seja, de tudo aquilo que os EUA merecem ser acusados à pelo menos um século.
Chomsky não faz crítica de cinema. Entretanto, as informações que divulga em seus livros costumam nos ajudar a compreender melhor como a indústria cinematográfica ajuda a moldar e manter uma ideologia que atende aos propósitos imperiais dos ocupantes da Casa Branca. Nos "American movies" os EUA é quase sempre retratado como um país destinado por Deus a liderar os outros povos; apesar de seus defeitos, o povo norte-americano é na maioria das vezes representado como sendo virtuoso e dotado de costumes superiores; salvo raríssimas exceções, que são superadas ao longo das tramas, os líderes políticos e militares norte-americanos são imbuídos dos melhores propósitos.
Há algum tempo foi lançado o filme “Os 13 dias que abalaram o mundo”. Esta obra procura retratar o heroísmo dos irmãos Kennedy durante a crise dos mísseis em 1962. Quem assiste ao filme fica com a clara impressão que quem salvou o mundo de um holocausto nuclear foram Bob e John F. Kennedy. Entretanto, como quase sempre ocorre, a vida não imitou a arte. O verdadeiro herói daquele incidente foi um marinheiro russo absolutamente desconhecido.
Como afirma Chomsky, durante uma conferência realizada em Havana em 2002, foi revelado que “ 'Um sujeito chamado Arkhipov salvou o mundo', disse Thomas Blanton, do arquivo de Segurança Nacional em Washington, que ajudara na organização do evento. Ele se referia a Valisi Arkhipov, um oficial da Marinha soviética que, a bordo de um submarino, barrou uma ordem de lançar torpedos nucleares em 27 de outubro, no momento mais tenso da crise, quando os submarinos estavam sendo atacados por destróires americanos. Era de se esperar uma reação devastadora, detonando uma guerra de grandes proporções.”
É evidente que a grande maioria dos norte-americanos nunca ouviu e provavelmente nunca ouvirá falar de Vasili Arkhipov. Entretanto, dezenas de milhões de norte-americanos já viram e muitos mais no futuro verão o “Os 13 dias que abalaram o mundo”. Assim, a versão cinematográfica do suposto heroísmo dos irmãos Kennedy se tornou e certamente continuará a ser uma realidade ideológica para a maioria dos norte-americanos. A verdade, por outro lado, permanecerá acessível apenas a alguns privilegiados e leitores de Chomsky e de outros autores que narram o que realmente ocorreu. Curiosamente, o predomínio da ideologia à verdade era uma característica dos regimes nazista, fascista e comunista como notou Hannah Arendt em sua obra Origens do Totalitarismo. Segundo a grande filosofa "...O possuir poder significa o confronto direto com a realidade, e o totalitarismo no poder procura constantemente evitar esse confronto, mantendo o seu desprezo pelos fatos e impondo a rígida observância das normas do mundo fictício que criou." (Origens do Totalitarismo, Companhia das Letras, 2011, p. 442).
O julgamento de Saddan Hussein por crimes de guerra foi usado com uma excelente peça de propaganda pela administração Bush II. Entretanto, ninguém além de Chomsky cogitou a possibilidade de julgamento de líderes norte-americanos, israelenses e ingleses por terem cometido crimes similares. Ao longo de sua obra o lingüista não somente detalha os crimes brutais cometidos pelo Ocidente, mas também a forma encontrada pela imprensa para proteger alguns notórios criminosos de guerra: o silêncio, a distorção da verdade e, principalmente, a utilização de dois padrões morais: um para julgar os EUA, Israel e Inglaterra; outro para julgar os inimigos oficiais destes países.
Nas palavras de Chomsky, a “...Quarta Convenção de Genebra, instituída para criminalizar formalmente os crimes dos nazistas na Europa ocupada, é um princípio nuclear do direito humanitário internacional. Sua aplicabilidade aos territórios ocupados por Israel tem sido repetidamente afirmada, entre outras ocasiões, pelo embaixador na ONU George Bush (setembro de 1971) e pelas resoluções do Conselho de Segurança. Aí se incluem a Resolução 465 (1980), unanimemente adotada, que denunciou as práticas israelenses apoiadas pelos Estados Unidos como 'violações flagrantes' da Convenção, e a Resolução 1322 (outubro de 2000), aprovada por 14 a 0 (abstenção americana), que exigiu que Israel cumprisse escrupulosamente suas responsabilidades perante a Quarta Convenção de Genebra'. Como Altos Signatários, os Estados Unidos e as potências européias são obrigados por compromisso solene a deter e processar os responsáveis por tais crimes, incluindo seus próprios líderes. Ao descumprir de modo contumaz, esse dever, eles estão 'incentivando o terrorismo' - pedindo de empréstimo as palavras de Bush II ao condenar os palestinos.”
A propósito da militarização da vida em Israel, Chomsky afirma que a “...Intifada trouxe também à tona mudanças significativas que vinham ocorrendo dentro de Israel. A autoridade dos militares israelenses alcançara níveis tais que o correspondente militar Ben Kaspit descreveu Israel não como 'um país com um Exército, mas um Exército com um país'."
No último capítulo do livro Noam Chomsky alerta para a crescente militarização do espaço. Segundo o ilustre ativista e pacifista, através do DARPA o governo norte-americano pretende ter uma vantagem estratégica sobre todos os países. Entre os projetos gerenciados pelo DARPA estão: a) o desenvolvimento de tecnologias que permitam a destruição de satélites civis e militares de países considerados adversários ou inimigos dos EUA;. b) lançamento de ataque com mísseis posicionados no espaço; c) orientação precisa de ataques preventivos em qualquer ponto do planeta. A preocupação de Noam Chomsky é justificável e deveria sugerir uma campanha contra a militarização do espaço.
Apesar do livro suscitar muitas outras controvérsias, encerro aqui minha resenha. Não vou tirar do leitor o prazer de saborear por inteira mais esta conversa com um norte-americano que tem coragem de mostrar os podres de seu próprio país.
Da ditadura militar brasileira – 2ª parte - por Augusto C. Buonicore
Outro fato mostra claramente a relação que iria se estabelecer entre os militares e seus apoiadores civis. O Congresso, liderado por udenistas e pessebistas, havia tentado se antecipar aos fatos e aprovar um Ato Constitucional – com o mesmo conteúdo do AI-1 –, dando plenos poderes ao Comando Supremo da Revolução para limpar a cena política dos comunistas, trabalhistas e demais opositores. Os generais, simplesmente, desconsideraram este ato de subserviência e buscaram deixar claro de onde provinha o poder.
A legislação determinava e Castelo prometia realizar eleição direta no final de 1965. Contudo, o governo conseguiu arrancar do Congresso a prorrogação do mandato presidencial por um ano. Diante dessa medida, que lhe roubava a possibilidade de chegar à presidência, Carlos Lacerda passou a fazer duras críticas ao governo de Castelo Branco.
Bibliografia
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil (1961-1964). Brasília/ Rio de Janeiro: Editora UnB/Revan, 2001.
MARTINS FILHO, João Roberto. O palácio e a caserna: A dinâmica militar das crises políticas na ditadura (1964-1969). Tese de doutorado, IFCH-Unicamp, 1993.
MELO, Demian Bezerra de. “Ditadura ‘civil-militar’: controvérsias históricas sobre o processo político brasileiro no pós-1964 e os desafios presentes”. In: Espaço Plural, nº 27, 2º semestre de 2012.
MORAES, João Quartim de. Liberalismo e ditadura no Cone Sul. Campinas: IFCH-Unicamp, 2001.
_________. “Sobre o ‘aprimoramento’ da expressão ditadura militar”. In: Seção Colunas,Portal Vermelho.
POMAR, Pedro Estevam. “O modismo ‘civil-militar’”. In: Brasil de Fato, 10 de agosto de 2012.
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TOLEDO, Caio Navarro de (org.). 1964: visões crítica do golpe. Campinas: Ed. da Unicamp, 1994.
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