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sexta-feira, 17 de abril de 2015
5 sinais de que os EUA não estão conseguindo superar a crise estrutural capitalista
quinta-feira, 16 de abril de 2015
MANIFESTO DA ASSOCIAÇÃO DOS ANISTIADOS POLÍTICOS SOBRE A SITUAÇÃO POLÍTICA ATUAL
Neste momento, o Brasil passa por uma crise política e econômica. Presenciam-se sérias denúncias de corrupção na Petrobras; pós-eleição, o governo se viu obrigado a implementar o ajuste fiscal que, com maior ou menor grau, penaliza a população.
Em decorrência de erros acumulados nos últimos anos a inflação começa a subir com a economia dando sinais de recessão, o que demonstra a dimensão do problema.
Tudo isso tem levado parte considerável dos brasileiros a manifestar-se contra o governo da presidente Dilma Rousseff.
Frente a esse quadro de crises e insatisfações, a Associação dos Anistiados Políticos se posiciona e externa a sua preocupação, quando setores minoritários da sociedade brasileira -- de extrema direita –, aproveitando os movimentos populares, legítimos e democráticos, exortam as Forças Armadas a intervirem e darem um fim no que eles consideram como sendo a “construção, no Brasil, de um regime comunista”.
É bom lembrar que essas forças agiram assim na década de 1960, o que culminou no golpe militar de 31 de março de 64, que completou 51 anos.
As dificuldades que o País vive hoje não justificam que atitudes aventureiras aconteçam e ameacem as nossas instituições democráticas.
É bom lembrarmos que a ditadura instalada em 1964 promoveu intervenção criminosa em nosso Estado e depôs o governo Mauro Borges, violou os direitos humanos de forma indescritível, com prisões, sequestros, torturas, assassinatos e desaparecimentos de opositores do regime, como são os casos, em Goiás, dos estudantes Marcos Antônio Dias Batista, Ismael Silva de Jesus e do deputado Estadual José Porfírio de Souza.
Em nossa recente história, conquistas democráticas foram conseguidas com muita luta.
A anistia política de 1979 só foi possível com a criação em todo o País, a partir de 1975, dos Comitês pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita; as Diretas-Já, em 1984, e as mobilizações populares para eleger Tancredo Neves como Presidente do Brasil foram importantes para o fim do regime militar e a consolidação de nossas instituições democráticas, que mobilizaram milhões de brasileiros.
Numa sociedade democrática, há de se levar em consideração que as crises se resolvem dentro da lei e no respeito às instituições.
A Associação dos Anistiados Políticos de Goiás representa essa consciência e tem, por obrigação, externar a sua posição: não concordamos e não aceitamos nenhum tipo de ditadura, seja de direita ou esquerda, civil ou militar.
As Forças Armadas, responsáveis pela garantia dos poderes constitucionais, não têm se manifestado ante ao chamamento irresponsável de grupos minoritários dentro das manifestações. Tudo indica que o sentimento legalista prevalece entre os militares, o que torna inócuo tais chamamentos.
Também há de se considerar que o povo tem plena liberdade de se manifestar pacificamente, mas sem retrocesso no que conquistamos e construímos com muito sacrifício: a democracia, que pressupõe a preservação e o aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito.
As manifestações populares, por sua natureza, devem significar avanço no processo civilizatório para que todos sejam beneficiados com uma educação melhor, com saúde de ótima qualidade e para todos, com a diminuição das desigualdades sociais, com o respeito aos que pensam de forma diferente e, acima de tudo, que se possa construir, a cada dia, uma sociedade generosa, fraterna, de plena liberdade, que cuide das pessoas respeitando os direitos humanos. Democracia sempre.
Goiânia, abril de 2015.
Associação dos Anistiados Políticos de Goiás-ANIGO
A operação Datafolha
Observatório da Imprensa
Programa nº 2584
A operação Datafolha
O noticiário de terça-feira (14/4) ainda faz o rescaldo das manifestações realizadas no domingo anterior, e os principais diários de circulação nacional tentam compor um quadro no qual a cena central é o movimento da própria imprensa em favor do impeachment da presidente da República.
O conteúdo das reportagens sobre a crise política, editoriais, artigos e até algumas notas daquelas colunas de inconfidências e fofocas convergem para uma ideia estapafúrdia: justificar um pedido de interrupção do mandato da presidente com base numa pesquisa Datafolha. A lógica dessa manobra depõe não apenas contra a honestidade intelectual dos autores da ideia e dos editores que a abrigam, mas chega a lançar uma sombra de dúvida sobre a sanidade das mentes que conduzem as decisões editoriais da mídia tradicional.
Trata-se do seguinte: se o Datafolha registra que 63% dos consultados são a favor de um processo de impeachment, então há uma maioria de brasileiros que querem reverter o resultado das eleições. Observe-se que não se está falando apenas da lógica falaciosa que se tornou parte central do discurso jornalístico no Brasil. Diferente do paralogismo – que, segundo filósofos e estudiosos da linguística, não é produzido de má-fé, com intenção de enganar, mas nasce da ignorância de quem o produz –, o que estamos observando é a utilização de sofismas maliciosos como suporte para uma proposta moralmente indefensável.
O editorial do Estado de S. Paulo merece ser guardado para uma leitura mais criteriosa, longe do calor da atual crise política (ver “O não a Dilma persiste”). O núcleo de seu raciocínio está na seguinte frase: “O apoio popular ao impeachment de Dilma Rousseff existe, por ampla maioria, como comprovam as pesquisas de opinião pública”. Restaria, apenas, segundo o raciocínio do jornal, “caracterizar a base legal para levar a presidente da República a julgamento”.
Não seja por isso: em perfeita sintonia com a imprensa, o PSDB escala, para “caracterizar a base legal”, o jurista Miguel Reale Jr., que herdou do pai o nome honrado mas ainda luta para compor sua própria biografia. Uma vez que a primeira tentativa, pelas mãos do tributarista Ives Gandra Martins, não produziu efeito, convoca-se o Júnior para a tarefa controversa.
Risco de descontrole
A estratégia de revestir a proposta de impeachment com uma embalagem de legitimidade inclui uma seleção das bases que o jornal paulista chama de “apoio popular” – por isso, a imprensa isolou as facções que defendem o golpe militar puro e simples, e outros propagandistas de ações violentas, que alguns líderes das manifestações chamam de “neuróticos alucinados”. A imprensa reconhece agora como válidos apenas os grupos intitulados “Movimento Brasil Livre” e “Vem pra Rua”.
A mídia tradicional quer substituir o processo eleitoral pelos editoriais, criando a nova receita pela qual o Datafolha vai às ruas, no momento em que se articulam as manifestações, e “constata” a aceitação, por uma maioria contingencial, de um processo de impeachment. Daí, essa aceitação da hipótese de um processo é transformada em verdade absoluta, por meio de artigos, editoriais e reportagens baseadas em declarações.
Em texto analítico (ver aqui), o Estado de S. Paulo apresenta uma visão oposta à que tem sido aqui oferecida, segundo a qual a imprensa brasileira se comporta como o Tea Party, organização de extrema-direita que mobiliza os setores mais conservadores do Partido Republicano nos Estados Unidos. O jornal tenta desvincular movimentos golpistas surgidos na internet, e abrigados pela mídia, da ação de orientação partidária que caracteriza o Tea Party, mas a manobra para legitimar a proposta de impeachment demonstra que a imprensa cria uma agenda favorável a essa oposição que não se conforma com o resultado das urnas.
Os artífices do impeachment teriam que negociar, paralelamente, uma blindagem para Renan Calheiros e Eduardo Cunha, na sequência do caso Lava Jato, e apoiar a agenda conservadora que vai tramitando no Congresso à sombra da crise: propostas como liberação do porte de armas, redução da maioridade penal e extinção de direitos civis e trabalhistas.
Parte do PSDB, que, segundo alguns colunistas, rejeita uma guinada à direita, recomenda cautela, mas alguns de seus aliados, em especial os antigos comunistas do PPS, forçam a agenda do golpe dissimulado.
Resta saber até onde iria a imprensa. Um processo como esse carrega um alto risco de descontrole, porque não se sabe com se comportariam os que votaram em Dilma Rousseff. Eles não leem o editorial do Estado. Eles não usam black-tie.
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