Pesquisar este blog

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O modus operandi do viralatismo brasileiro




Por Jornalismo Wando | Jornalismo Wando – qui, 29 de mai de 2014

"Só no Brasil mesmo", "É por isso que esse país não vai pra frente!", "Brasil-sil-sil-sil", "o problema é o povinho brasileiro" - essas são as frases mais repetidas na busca por um diagnóstico dos problemas da nação. 

Não importa quem está no governo, não importa a situação do país, não importa nada. 

Falar mal de si e da terra natal é uma antiga paixão nacional do brasileiro. É o que Nelson Rodrigues chamava de "complexo de vira-lata" - "uma inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo".

Os momentos que antecedem a Copa do Mundo têm produzido chorumes com alto teor de viralatismo. 

Muita gente está preocupada com o que os gringos vão pensar de nós. 

E pra não nos envolvermos nessa roubada, nada como fugir das nossas responsabilidades e nos colocar como estrangeiros na hora de apontar nossas mazelas: "Só podia ser nesse país. Êta povinho, viu?!".

A marca de roupa Ellus também está indignada com esse paisinho que não vai pra frente. Ao lançar sua coleção primavera-verão, a empresa aproveitou a onda indignatória contra a Copa e lançou a campanha: "#protestoEllus: Abaixo Este Brasil Atrasado". 

A empresa sacou muito bem o espírito do momento e, com um senso de oportunidade huckeano, resolveu vestir bem os portadores do complexo de vira-latas que se espalham pelo país.

Apesar da indignação contra "esse Brasil atrasado", a Ellus não pensou duas vezes antes de utilizar mão de obra escrava nas suas confecções, como apontou o Ministério Público. 

É um tipo de viralatismo que late contra a injustiça social em público, mas escraviza seus trabalhadores em privado. 

O atraso da Ellus é tão grande que ela ainda está no século XIX, em plena época da escravatura.

Mas a literatura do viralatismo nacional é farta. Os inúmeros problemas ocorridos durante a construção dos estádios foram martelados pelos noticiários e jogados na conta da nossa brasilidade. 

Acompanhamos uma exaltação diária dos nossos fracassos com os inúmeros problemas decorrentes das obras: atrasos, morte de operários, valores muito acima do previsto, processos e problemas de infraestrutura. "Ah, só podia ser no Brasil mesmo!". 

Mas basta prestar um pouquinho mais de atenção ao redor do mundo, que descobrimos que essas coisas acontecem nas melhores famílias:
----

---
A reconstrução de Wembley teve inúmeros atrasos, a morte de um operário, canos de abastecimento entupidos e um valor final da obra equivalente a dois Marcanãs. Exemplos como esse pipocam pelo mundo. Parece que nem tudo "é coisa nossa".

Essa semana surgiu um blog que responde todo comentário complexado com uma notícia publicada na imprensa, provando que não somos detentores do monopólio das desgraças. É o "Só no Brazil". Confira algumas postagens:
----

-------------------------

-----------------
É difícil saber de tudo o que acontece no mundo, mas nosso viralatismo faz com que tenhamos a absoluta convicção de que certas coisas só acontecem aqui.

O que não falta no Brasil é problema: violência, corrupção, desigualdade social, má qualidade dos serviços públicos. 

Mas o conformismo embutido no complexo de vira-lata nos impede de enxergar os avanços alcançados na árdua busca das soluções. 

Em 2000, ao analisar os principais problemas do mundo, a ONU estabeleceu 8 objetivos a serem cumpridos até 2015. Grande parte das metas já foi atingida antes do prazo e o Brasil vem sendo constantemente aplaudido pela ONU. 

De 1990 para cá, avançamos em todos os setores considerados importantes pela organização.

A Copa deveria servir como vitrine de um país empenhado em resolver seus problemas, e não como Muro das Lamentações do viralatismo nacional. 

Seremos anfitriões que ficam pedindo pras visitas repararem a bagunça ou vamos oferecer o que temos de melhor? 

E não esqueçamos de prender os vira-latas que moram dentro de nós. Senão, o que que os gringos vão pensar da gente?

CONTEÚDO RELACIONADO
Bonsucesso mira parceria no segmento de adquirência Estadão Conteúdo - ter, 27 de mai de 2014
Lucro da AB InBev sobe, mas é limitado por gastos com marketing para Copa Reuters - qua, 7 de mai de 2014
Brasil mostra interesse em sediar Mundial de Clubes de 2017 e 2018 EFE - sex, 9 de mai de 2014
Inquéritos da Lava Jato serão remetidos ao STF Estadão Conteúdo - ter, 20 de mai de 2014
Robson Marinho recebeu 'vantagens ilícitas', afirma MP Estadão Conteúdo - ter, 6 de mai de 2014
Ler mais
MAIS POPULARES
Vidro do observatório da Willis Tower, 2o prédio mais alto do mundo, racha com família em cima Vi na Internet - 19 horas atrás
Presidente do STF, Joaquim Barbosa anuncia aposentadoria nesta quinta-feira Yahoo Notícias 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Pastores, Linchadores, Juízes: O Que os Une?

RedeDemocratica

Qua, 28 de Maio de 2014 04:08

Pastores, Linchadores, Juízes: O Que os Une?


Escrito por  Da Redação
* os trechos entre [    ] foram introduzidos por este blog. 


À medida [em que] o governo brasileiro avança, lentamente, no meio a numerosas dificuldades de toda índole, setores políticos e judiciais, que estão além de toda qualificação ética, manipulam o mais agressivo lumpen para consolidar o sonhado golpe branco. 

No Brasil tem acontecido, desde o final de 2012, fatos que só se apresentam nas teocracias mais atrasadas do Oriente.

Por Carlos A. Lungarzo

A Herança dos Vigaristas

No dia 6 de março de 2013, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados deveu indicar novo presidente.

 O PT tinha sempre prioridade na escolha da presidência de comissões, por sua alta representatividade na Câmara. Aliás, coerente com a tradição de luta pelos direitos humanos da esquerda (a qual alguns de seus membros ainda pertencem), sempre escolhia a CDHM. 

No entanto, desta vez, tentado por comissões mais vinculadas à infraestrutura e aos aspectos econômicos do estado, cometeu o grave “erro” de não escolhê-la.

A ocasião foi aproveitada pelo partido Social Cristiano, uma comunidade formada por fanáticos bible bashers, que elegeram uma figura bizarra, que produziu reações negativas em ativistas de direitos humanos, em grupos políticos, em celebridades do meio artístico e até no exterior. 

O artigo cujo link está embaixo, cheio de alarme, foi publicado nos EUA

http://globalvoicesonline.org/2013/03/19/brazil-human-rights-preacher-feliciano-anti-gay/

Ao mesmo tempo, sites americanos acumularam milhares de assinaturas contra o presidente da CDHM. Todavia, não deve ignorar-se este fato:

Apesar de toda a oposição dos setores democráticos, a comunidade evangélica pentecostal (salvo alguns pequenos grupos), e os representantes de grupos fascistas, policiais ou militares no Parlamento, lhe deram forte apoio. 

Além disso, as autoridades do Parlamento, o Poder Executivo e o Judiciário ignoraram o problema, apesar da clara violação das leis contra racismo.

Dois anos antes, o que fora depois Presidente da CDHM havia posta no Twitter uma declaração racista:

"Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. [...] A maldição que Noé lança sobre seu neto, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!"

O bizarro personagem insistiu nesse ponto durante o ano de 2013, que durou seu mandato, e repetiu maldições contra mulheres, gays, figuras pops e quaisquer outras pessoas ou grupos que pareciam contradizer as fábulas bíblicas.

Apesar de seu protagonismo de escândalos e provocações, é evidente que, pela limitada capacidade mental que surgia de seus discursos, sua conduta global era manipulada pelas Igrejas Evangélicas e, sem sombra de dúvida, pela direita (parlamentar ou não) que busca o golpe branco desde há tempo.

O ódio pelas religiões africanas, e o estímulo à agressão contra as comunidades afrodescendentes em todo o país, pode ser entendido como produto do fanatismo supersticioso, próprio de grupos de ativistas “surtados”. 

Entretanto, isso está combinado com estratégias de etnocídio e de democídio de comunidades pobres, que já foram executadas em Carandiru, Pinheirinho, Carajás e outros lugares onde a ultradireita parlamentar têm força.

Ou seja, é uma ingenuidade atribuir a luta antiafro apenas à demência e ignorância dos estelionatários da fé e seus seguidores. Há uma política de faxina social de tipo nazista, cujo melhor exemplo está em SP (por exemplo, no massacre de maio de 2006).

Esta soturna galera de apocalípticos abandonou da Comissão de DHM no começo de 2014. O PT, consciente de que havia cometido um gravo erro, reassumiu seu controle. Apesar disso, a batalha foi dura. 

Um representante do pior do fascismo tupiniquim, célebre por ter explicado como assassinar o ex presidente FHC, se apresentou como candidato avulso, um caso proibido pela lei nesse caso. O presidente da Câmara não foi capaz de impedi-lhe a inscrição. Ele perdeu por apenas 20! [%] Dos votos.

Desgraçadamente, o período anterior foi gravíssimo para os direitos humanos, ao qual deve adicionar-se o crescimento da campanha dos bible bashers, e o aumento de suas postagens na Internet, especialmente no You Tube, de suas mensagens de ódio contra as religiões afro-brasileiras e os negros em geral, e de suas ações de ataque contra terreiros dessas religiões.

Linchamento  Religioso e Racial

Embora talvez não tenha existido uma conexão direita (tipo coordenação ou organização) entre os fanáticos fascistas e os linchadores de Guarujá, é fácil perceber como os preconceitos estendidos pela ralé racista incidiram de maneira direta na brutal carniçaria.

Fabiana Maria de Jesus era uma mãe de família de 33 anos, habitante de uma favela de Guarujá (litoral sul de SP) e, de acordo com o funeral religioso que foi realizado, ela devia pertencer à comunidade católica. 

Faz nada menos que dois anos, a polícia de Recife denunciou a desaparição de uma criança e publicou um retrato falado da suposta sequestradora. A mãe da criança disse, na época, que a mulher que havia raptado se filho não se parecia em nada a esta imagem.  

Agora, dois anos depois, sem qualquer indício sobre a criança raptada, e sem qualquer evidência de que houvesse outros sequestros de crianças no litoral de SP, um site sensacionalista da Internet, Guarujá Alerta publicou o identikit antigo, que nada se aparecia à antiga sequestradora, caso ela existisse.

http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/nacional/noticia/2014/05/06/falso-retrato-do-guaruja-foi-usado-em-caso-de-sequestro-no-recife-no-mes-passado-486235.php

Mas, o Identikit muito menos se parecia a Fabiana Maria de Jesús, uma jovem morena que foi atacada nos primeiros dias de maio de 2014, por uma chusma enfurecida de lumpen linchadores.

https://www.facebook.com/GuarujaAlerta?hc_location=timeline

A jovem mulher morreu após dois dias de agonia, depois de ter sido linchada por um grupo calculado em 100 pessoas durante meia hora. Algumas testemunhas declararam que a vítima portava uma bíblia que foi confundida com um livro de “Magia Negra”.

A polícia diz que o linchamento durou “meia hora”, mas não sabemos como os policiais não tiveram tempo, em meia hora, de dispersar e prender os linchadores.

 É uma prática internacional, nunca criticada por ongs de direitos humanos, que, em presença de um linchamento, mesmo que os linchadores não portem armas de fogo, a polícia tem direito a disparar e, se não houver outro remédio, até de maneira letal.

Mas aqui não aconteceu isso. Hoje (25/05), vinte dias após a morte pavorosa da jovem, a polícia não tem identificado mais de cinco ou seis sujeitos (até a quantidade exata é confusa). 

Tampouco houve pronunciamentos do MP. Nem sequer sabemos se eles serão indiciados. Um deles foi autorizado a falar antes as câmaras, algo que a polícia sempre impede aos detentos, e disse que ele era pai de família e se assustou ao saber que uma sequestradora andava solta. (SIC) 

Tudo isto parece uma armação cuja finalidade foi dar uma advertência com uma vítima qualquer. Afinal, grupos fascistas sempre matam o primeiro que encontram para criar terror nos outros.

Portanto, cabe perguntar-se se este linchamento foi tão “espontâneo” como parece.

Em cidades onde a presença de evangélicos é expressiva, se lança sempre a notícia de que as crianças desaparecidas são capturadas por afrobrasileiros para rituais de magia negra. 

Esse é o nome que os evangélicos dão aos rituais afro. Tendo em conta a forte aliança de eleitores evangélicos com candidatos de ultradireita e juntando isso com a política de faxina social orientada pelos governos de SP, Rio e, parcialmente Minas, parece que, voluntariamente ou não, o linchamento de pessoas de cor “coincide” muito bem com os planos de extermínio racial e social.

Com esta conversa sobre “magia negra” aqueles fanáticos estimulam o sentimento de que a comunidade negra brasileira que pratica esses ritos é aliada do demônio (sic). 

Esse histerismo homicida, que visa estimular o linchamento é cultivado nos rituais hebefrénicos das igrejas, mas também em vídeos que os pastores e seus aliados colocam na internet. Vejamos:

Essas acusações da conivência dos negros com o diabo, que estiveram em seu apogeu, faz “apenas” 800 anos, se encontram em diversos vídeos do You Tube.

Veja uma gangue de terroristas religiosos atacando um terreiro em Olinda:

https://www.youtube.com/watch?v=sDufOp-JGEU

Traficantes evangélicos expulsam afrodescendentes das favelas de Rio:

https://www.youtube.com/watch?v=4afLG1Hyfa0

Mas, há outros vídeos, cujo endereço prefiro não divulgar, para não fazer propaganda a estes doentes mentais, onde antigos membros de religiões afro dizem ter-se convertido por “graça de Deus”, e contam aos pastores evangélicos que as religiões africanas estão aliadas com os diabos. 

Nestes You Tubes, aparecem até sugestões para matar líderes afrobrasileiros.

Os crentes dessas religiões afro estão naturalmente muito preocupados pela possibilidade de assassinato e linchamento massivos. O bárbaro crime de Guarujá colocou todo mundo em alerta.

“Existem vídeos em que determinados pastores até pregam a morte dos sacerdotes africanos. Esses vídeos incentivam as pessoas a violarem nossas casas, a perseguirem nossos filhos, a nos perseguirem. Nós sofremos todo tipo de violência, e a Justiça tem se omitido”, denunciou líder de terrreiro Alexandre de Oxalá.

O Juiz Teólogo e o KKK Jurídico

Diante da situação descrita, líderes dos movimentos afros pediram ao Ministério Público a retirada de 17 vídeos da Internet, onde se difunde ódio contra as religiões africanas e até incentivo ao assassinato.

Isto nada tem a ver com liberdade de expressão, mas é uma forma de crime de ódio bem conhecida e punida com prisão na maioria dos países Ocidentais. 

Quem quiser mais informação poder procurar na Internet sobre o “massacre de Ruanda” de 1994, onde morreram 950.000 pessoas.

O ministério público elevou, no final de 2013, um pedido ao juiz federal da 17ª. vara do RJ, para que retire os vídeos criminosos. O juiz Eugênio Rosa de Araújo deu uma resposta surpreendente.

Não apenas se recusou a tirar os vídeos da Internet, como injuriou as comunidades afrobrasileiras. Ele fez uma “douta” definição de religião, na qual deixava claro que as afrobrasileiras estavam excluídas. 

Pelo dito por ele, apenas as cristãs e as islâmicas (que são herdeiras das cristãs) são verdadeiras religiões.

Ele, então, cometeu dois crimes:

1)   Ao negar proteção as pessoas atacadas nos vídeos de ódio, o senhor juiz, mesmo que seja por omissão, se torna corresponsável da campanha contra os afrodescendentes.

2)   Ao desqualificar as religiões afrodescendentes, o juiz não apenas comete delito de discriminação religiosa, condenado pela lei brasileira, a Constituição e os tratados internacionais, mas, INCLUSO DISCRIMINAÇÃO RACIAL. 

Com efeito, fala-se globalmente das religiões afrobrasileiras, fazendo pensar que essa cultura não produz verdadeira religião, mas apenas superstições e ritos irracionais, reforçando as antigas crenças nazistas de que certas raças são menos dotadas que outras.

Artigo 20º da LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. [ 1 ]  [ 2 ]

O MP recorreu desta decisão com palavras muito dignas, onde mostrava que o juiz fazia um desprezo coletivo a milhões de brasileiros, mas, que eu saiba, ainda o juiz não foi atuado por crime de racismo.

Pouco depois, as associações de magistrados de RJ e do ES, mandaram uma declaração de APOIO ao togado do KKK (falo KKK de antes, porque hoje eles não diriam tamanha barbaridade), e, na linguagem rançosa e pernóstica do “juridiquês em fúria” defendem a convicção individual do juiz. 

Embora esta convicção seja totalmente arbitrária e sem sentido, se eles defendem esse direito do juiz, deveriam também respeitar o do MP. Mas, aí não: eles também colocam na fogueira o promotor que fez a denúncia.

Se você tem estômago, leia parte das declarações de ambas as associações.

http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-05-20/associacao-de-magistrados-apoia-juiz-que-nao-considera-candomble-religiao.html

Conclusões e Alertas

Se um blog de ódio foi suficiente para mobilizar cem linchadores contra uma pessoa que não pertence a estes cultos, e que vive a mais de 1500 Km. do local onde se produziram os alegados sequestros dois anos antes, qual será o dano que poderá ser feito agora, em que um juiz e duas associações de juízes ratificam e REFORÇAM a mensagem de ódio dos que estimulam o linchamento?

O reforço se mantém com a continuada presença dos vídeos na Internet, e com a prédica de ódio em milhares de igrejas onde milhões de ingênuos e deserdados são roubados dos tostões que poupam com enormes sacrifícios.

É verdade que o juiz Araújo se retratou, considerando o “clamor da sociedade”. Onde está a dignidade de sua certeza individual e seu expressão de consciência?

Mas, por outro lado, parece esquisito que o juiz não soubesse que haveria uma reação negativa, até da própria OAB!

Não quero contribuir à especulação, mas:

Não será que o juiz estava testando à opinião pública? O que teria acontecido se ninguém dizia nada, ou se ele obtinha substantivo apoio?

Não será isto um balão de ensaio para um futuro pogrom em grande escala contra a comunidade afro-brasileira?

As ONGs de DH devem estar alerta, como foi desta vez, mas também o governo federal não pode deixar de observar este surgimento de nazismo 70 anos depois do fim da Guerra.

 O nazismo será ruim para a maioria de nós, talvez até para os próprios ingênuos que hoje o apoiam.

Carlos Alberto Lungarzo é matemático. Nascido na Argentina, mora no Brasil desde sua graduação. É professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), São Paulo. Milita na Anistia Internacional, nas seções mexicana, argentina, brasileira e americana. Tem escritos vários livros e artigos sobre lógica, estatística e computação quântica, mas seu interesse tem sido sempre os direitos humanos. 

Fonte: Consciência.Net

[1] Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

[2] Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de um a três anos e multa. 


O FUTURO DO BRASIL CHEGOU, DIZ DOMENICO DE MASI

terça-feira, 27 de maio de 2014

Pré-sal: perfurações da Petrobras tem100% de sucesso

Tivemos 100% de sucesso na perfuração de poços do pré-sal em 2013

26.Mai.2014


Postado em:
 [Institucional, Atividades]


100-pre-sal.jpg





Alcançamos um índice de sucesso de 100% na perfuração de 14 poços do pré-sal no ano de 2013. 

Se formos considerar todos os poços que perfuramos (total de 76, sendo 45 em terra e 31 no mar), o índice de sucesso foi de 75% em 2013. 

Os investimentos em exploração nesse período somaram R$ 17,3 bilhões, incluindo, principalmente, os custos de perfuração, de levantamentos sísmicos e de aquisições de blocos. 

Segundo critério da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis / Society of Petroleum Engineers (ANP/SPE), encerramos o ano passado com reservas provadas de petróleo e gás natural na ordem de 16,565 bilhões de barris de petróleo equivalente, que inclui gás natural (boe). 

Esses valores equivalem a um aumento de 0,8% em relação às reservas provadas em 2012.

Um dos nossos marcos em 2013 foi a aquisição do bloco de Libra na primeira licitação da ANP sob o modelo de partilha de produção. 

Seremos a operadora do bloco, com 40% de participação, em parceria com Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%). 

Descoberto em 2010, o bloco de Libra está localizado em águas ultraprofundas no pré-sal da Bacia de Santos, numa área de 1.547,76 km², sendo considerado um prospecto de elevado potencial. 

O contrato estabelece que a fase exploratória tenha duração de quatro anos a partir da sua assinatura, em dezembro de 2013. 

O programa exploratório mínimo prevê levantamentos sísmicos 3D em toda a área do bloco, dois poços exploratórios e um Teste de Longa Duração (TLD). 

A estimativa é de que o primeiro sistema de produção definitivo comece a operar em 2020.

Elite brasileira não suporta salário alto e desemprego baixo



Por João Sicsu, em seu novo blog

publicada segunda-feira, 26/05/2014 às 15:16 e atualizada segunda-feira, 26/05/2014 às 16:24



A partir de 2004/05, houve uma grande melhora a favor dos trabalhadores no perfil distributivo da renda. O Brasil mudou a sua estrutura econômica. 

Construiu um enorme mercado de consumo para as massas trabalhadoras. Mais de 40 milhões de trabalhadores se tornaram consumidores regulares.

Os principais responsáveis por essa mudança distributiva e pela ampliação da democracia econômica foram: o aumento do salário mínimo e a redução do desemprego. 

Nos últimos anos, o salário mínimo foi valorizado em mais de 70% em termos reais e o desemprego foi reduzido em mais de 50%.

A elite brasileira não suportou. Seu DNA é de direita e conservador. Inventaram dois argumentos, um para cada objetivo, mas ambos conectados na narrativa da oposição – seja aquela representada pela mídia das famílias (Globo, Veja, Folha de S. Paulo e Estadão), seja aquela representada pelo seu braço político, os partidos de oposição (o PSDB e o PSB/Rede).

Para combater a valorização do salário mínimo, argumentam que estaria alto demais e que o custo da folha salarial estaria retirando competitividade da economia, isto é, retiraria capacidade de investir das empresas. 

É uma visão interessada e ideológica, não tem base nas relações econômicas reais e nas experiências históricas.

Salários não representam apenas custo, representam principalmente demanda, capacidade de compra, que é o que estimula o investimento. 

Sem a pressão do consumo “batendo na porta” e a tensão da baixa de estoques, os empresários não investem. 

Em verdade, o que os empresários não suportam não é a ausência de possibilidades de investimento (que, aliás, existem) – de fato, o que a elite não suporta é enfrentar engarrafamentos onde suas BMW’s ficam paradas por horas ao lado de milhares de carros populares… ao mesmo tempo, suas empregadas domésticas viajam no mesmo avião que viajam as senhoras esposas dos empresários.

Para combater a redução do desemprego, levantam a bandeira do combate à inflação, que estaria descontrolada. 

Argumentam que há muito consumo e que isso estaria estimulando reajustes de preços. Novamente, um argumento desconectado da vida real. A 

inflação de hoje está no mesmo patamar dos últimos dez anos. Aliás, ao final de 2013, o Brasil completou a marca de dez anos de inflação dentro das metas estabelecidas. 

Querem mais desemprego simplesmente para colocar os trabalhadores de joelho nas negociações salariais. Esta é a verdade – nada a ver com combate à inflação.

O investimento não tem crescido de forma satisfatória devido ao clima geral de pessimismo econômico criado pela mídia das famílias e por erros de política econômica cometidos pelo governo. Não tem nada a ver com o valor do salário mínimo. 

Aliás, existe financiamento abundante e com taxas de juros reais irrisórias no BNDES para a compra de máquinas, equipamentos e construção empresarial.

 E, para além disso, a inflação que é moderada está sob controle e tem sido resultado de pressões que vem basicamente de variações de preços dos alimentos – decorrentes de choques climáticos. 

Não há um excesso de compras generalizado, apesar da democratização do acesso a bens de consumo.

O que é cristalino é que as elites (empresarial, banqueira e midiática) não aceitam que a participação das rendas do trabalho tenha, nos últimos anos, aumentado tanto na composição do PIB, tal como mostra o gráfico abaixo.

 O gráfico é da tese de doutorado de João Hallak Neto, defendida recentemente no Instituto de Economia da UFRJ, intitulada A Distribuição Funcional da Renda e a Economia não Observada no Âmbito do Sistema de Contas Nacionais do Brasil.

A consequência direta é que a participação no PIB das rendas do capital tem diminuído. Contudo, devemos reconhecer que o nível de participação das rendas do trabalho ainda é baixo. Mas o que assusta a elite é a trajetória constituída a partir de 2004-05.

Assusta sim porque a elite é conservadora e de direita. É de direita porque quer manter privilégios a partir da concentração da renda e da injustiça social. 

A elite também é mentirosa e perigosa porque inventa argumentos relacionados ao controle da inflação e à necessidade de estímulo ao crescimento/investimento que não estão conectados com o que dizem, mas sim com o que sentem: querem a manutenção do seu poderio econômico e financeiro às custas da concentração da renda.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

O soro pende entre Saúde pública e a instituição privada




DIÁRIO DA MANHÃ
ANTÔNIO LOPES*

"Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites." 

(Karl Marx)

Os trabalhadores técnicos-administrativos em Educação, do Instituto Federal de Goiás (IFG) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão em greve, por tempo indeterminado, desde 17 de março, cobrando do governo federal a abertura de negociação e respostas à pauta de reivindicações protocolada pela categoria.

   A categoria articula por melhores condições de trabalho e na carreira com relação a plano de cargos e salários que possam caminhar junto com a progressão e possibilidades inclusivas com possibilidades de crescimento e por que não dizer, (re)educação, formação e (re)qualificação além da especialização para o trabalho.    

   Hoje, a classe tem piso mínimo de remuneração, cerca de um salário e meio, - aproximadamente R$ 1.080 -, enquanto trabalham e fomentam o desenvolvimento organizacional, o ensino e as pesquisas desenvolvidos nas melhores universidades federais da América Latina.

Os técnicos administrativos que trabalham na Educação percebem o menor teto salarial das entidades federais. Para se ter um exemplo, o auxílio-creche, estendido a servidores e/ou docentes, gira em torno de R$ 88, a cada mês, para aqueles com filhos ou dependentes até sete anos de idade. Já o auxílio-refeição soma R$ 356, pagos a cada 30 dias, também o menor, entre diferentes categorias profissionais, se comparado aos poderes Judiciário ou Legislativo.

   A empresa Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação (MEC) nos moldes de cunho mercadológico capitalista está elaborando, em Goiás, precisamente no Hospital das Clínicas (HC), um levantamento organizacional e de logística no sentido de viabilizar naquela instituição de atendimento público que atende alta e baixa complexidades, o sistema de exploração comercializada da Saúde, serviço este que, além de ser Direito, é público, necessidade básica a ser garantida segundo os preceitos da Constituição Federal, promulgada em 1988.  

   Cabe frisar que esta entidade de exploração comercializada da Saúde, minimiza o atendimento quando prioriza o atendimento emergencial e delega "à própria sorte" casos de alta complexidade, conhecidos por formar docentes e qualificar mão de obra, além de atender quem mais precisa do Hospital Público Universitário, o usuário precarizado, aquele cidadão sem recursos financeiros, incapaz de comprar planos privados de saúde, o trabalhador dependente do SUS.

   A Ebserh ainda não assinou este contrato de "Prestação de Serviços" em Goiás mas já o efetuou e atua em diferentes localidades Brasil afora como nas universidades Federais dos Estados do Piauí, Espírito Santo, Minas Gerais e também na Universidade de Brasília (UnB). Vale lembrar que a prestação de serviços na área da Saúde, por parte da empresa Ebserh precariza e coloca à margem a participação do graduando, mestrando, doutorando, profissional em processo de especialização, e funciona como alavanca na alimentação do mercado de reserva quando promove a formação do exército sobrante, destinado a baratear a mão de obra e proporcionar ainda mais competição entre diferentes categorias, segundo preceitos mais socialistas, a velha e desigual "luta de classes". E neste processo específico de exclusão prevalecem os números em detrimento dos cidadãos o que denuncia uma clara intervenção neoliberal por parte do governo nas questões da reivindicação por melhoria salarial, inclusão e expansão do conhecimento e pesquisa a nível nacional.

   A população trabalhadora perde quando o Hospital ou Unidade de Saúde entrega estagiários e contratados, temporários ou não, para a comercialização de mercado e a pesquisa quando da intervenção mercadológica nas questões de ensino, pesquisa e fomento da emancipação de um País pela via ética e inteligente da Educação escrita no quadro negro com o giz da qualidade, sem reticências da exclusão.

   Ao buscar o lucro quando vende seus serviços ao Sistema Unificado de Saúde (SUS), a Ebserh busca o serviço rápido, números e gráficos, atendimento de casos menos complexos, prejudicando uma vez mais o ensino, a formação intelectual, as regras do sistema educacional, a especialização capaz de quebrar os grilhões do ensino de um passado não tão distante, onde o futuro era certeza incerta, inimaginável. Certamente nem Paulo Freire seria cerne suficiente e capaz de se pensar uma escola livre, democrática e acessível, formadora de opinião, difusora de cultura, fomentadora da pesquisa em várias áreas, o desenvolvimento das Ciências da Saúde e mais ainda, a formação de homens éticos para o Brasil e o Mundo.

   A ampliação dos turnos de atendimento ao público usuário dos serviços da Universidade Federal de Goiás, para jornada de 12 horas, diárias, – já contam com este serviço a Biblioteca Central e o Hospital das Clínicas (HC) – divididas em três turnos, que se estenda a todos os cursos e a administração, viabilizados pela contratação através de concursos idôneos e transparentes também constam da agenda de luta dos servidores filiados ao Sindicato dos Trabalhadores Técnico Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (Sint-Ifesgo). 

   No dia 6 deste mês, uma terça-feira, os servidores federais promoveram manifestação, em Brasília, aglutinando trabalhadores em instituições de ensino instaladas Brasil afora. Realizaram a marcha e passeata até o Congresso e, de retorno, se mobilizaram na reivindincação da pauta, às portas do Ministério da Educação e Cultura (MEC), cobrando respostas à luta que se estende, desde o acordo de greve, fechado em 2012, e não cumprido por parte do governo federal.

   Na quarta-feira, 7, a categoria bloqueou, às 5h, as entradas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), na Esplanada dos Ministérios, e conseguiu ser recebida pelo representante do governo federal Sérgio Mendonça, secretário de Relações do Trabalho daquela Pasta. Na ocasião acordou-se o comprometimento da gestão com o movimento o qual articula mais de cinco mil servidores a nível federal e a categoria espera, uma vez mais, o comprometimento do MPOG e governo federal que se propôs a apresentar resposta e pronunciar no prazo máximo de 15 dias, já decorridos.

   Neste tempo a categoria intensifica o movimento de greve e espera que o governo se sensibilize quanto à questão, expressão social aqui representada pelo clamor democrático e legal da classe trabalhadora, a qual reconhece os transtornos causados à população usuária da Saúde e Educação, sabendo que sem o apoio irrestrito da comunidade trabalhadora estudantil, não se torna possível o alcance de Direitos impressos na Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988.

   A causa do movimento é sensibilizar o governo federal e a greve é o instrumento de intervenção, democrático e legal, na luta pela abertura de diálogo para que se possa colocar um fim nesta reivindicação que é de todos, trabalhadores do Sint-Ifesgo, usuários e estudantes.

E o pulso... ainda pulsa!

(Antônio Lopes, assistente social, mestrando em Serviço Social/PUC-GO)

Remessa de lucros: Um tabu que sangra o Brasil



A isenção sobre as remessas, aprovada no governo FHC, tornou-se um desestímulo à reaplicação dos lucros em uma economia carente de investimentos.


Carta Maior
Por Saul Leblon



O Brasil perde cada vez mais dólares com as remessas de lucros e dividendos das empresas estrangeiras instaladas  no país.

Em abril foram remetidos US$ 3,2 bi;   US$ 9 bilhões no primeiro quadrimestre de 2014.
 
No ano passado,  lucros, dividendos e royalties remetidos às matrizes totalizaram quase US$ 40 bilhões.
 
Equivale à soma dos gastos na construção das usinas de Jirau, Belo Monte, SantoAntônio e a refinaria Abreu e Lima.

Representa quase  50% do rombo externo do período, de US$ 81 bi (3,6% do PIB).

Não há problema, diz a ortodoxia. Com a  liberdade de capitais, o fluxo de investimentos diretos, e os especulativos, cobre o rombo, ou quase todo ele.

De fato, o ingresso anual de capitais na economia brasileira  oscila em torno de US$ 60 bilhões (a diferença em relação ao déficit cambial total é zerada com captações em títulos).

Parece um lago suíço. Mas não é.

As correntezas submersas das contas externas, embora muito distantes da convulsão vivida no ciclo de governo do PSDB –quando as reservas cobriam poucos meses de importações e eram tuteladas pelo FMI-  mostram uma dinâmica estrutural conflitante.

As exportações não conseguem gerar um superávit suficiente para cobrir a fatia expressiva das remessas e gastos no exterior.

O declínio nos preços das commodities e a baixa competitividade das exportações industriais (associada  à expansão das importações) completam a espiral descendente dos saldos comerciais.

Em 2013 a diferença entre embarques e desembarques deixou apenas US$ 2,561 bilhões no caixa do país, pior resultado da balança comercia desde o ano 2000.

Em 2014, apesar da melhora refletida em um superávit mensal de US$ 506 milhões em abril, o acumulado no quadrimestre  ainda é negativo: menos US$ 5,5 bilhões de dólares.

Em tese, haveria aí um paradoxo: como uma economia onde o capital estrangeiro acumula lucros tão robustos e remessas tão generosas (US$ 9 bilhões entre janeiro e abril), exporta tão pouco?

Duas lógicas se superpõem na explicação do conflito aparente.

A primeira decorre da inexistência de sanções que desencorajem as remessas.

Essa atrofia reflete a evolução política do país.

Em 1952, Vargas instituiu um limite  de repatriação de 10%  sobre os lucros do capital estrangeiro.

Em 20 de janeiro de 1964, Jango, certo de que estava assinando sua deposição, sancionou e especificou  barreiras às remessas no decreto  53.451.

Estava correta intuição do presidente.

O golpe de 1964  eliminou a restrição quantitativa em 1965 - os 20% anuais de retorno do capital e os 10% sobre os lucros foram substituídos  por um imposto progressivo.

O mecanismo penalizava adicionalmente remessas acima de 12% do capital médio registrado no triênio anterior. Buscava-se, teoricamente, induzir  a permanência do recurso no país  na forma reinvestimento, sujeito apenas ao imposto na fonte.

A ‘boa’ intenção da ditadura foi derrubada com a emergência do ciclo neoliberal, que eliminou o imposto suplementar em 31 de dezembro de 1991, no governo Collor. 

A escalada do desmonte incluiu ainda um corte na alíquota do Imposto de Renda sobre remessas , que caiu de 25% para 15%.

Finalmente, em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, a Lei 9.249 reduziu a zero  a alíquota, instituindo a isenção total de imposto sobre as remessas de lucros e dividendos.

É sugestivo que os mesmos  veículos que rasgam manchetes para a erosão de divisas na conta de turismo, silenciem diante dessa sangria gerada pelo capital estrangeiro, cujo controle é uma espécie de tabu da agenda nacional.

Embora descabido para um país que enfrenta dificuldades em gerar saldos com exportações, a verdade é que o débito acumulado pelos viajantes brasileiros nas contas externas (US$ 2,3 bilhões em abril  e US$ 8,2 bi no ano) é inferior ao fluxo das remessas do capital estrangeiro.

Mas isso não repercute. Talvez porque envolva não apenas uma diferença contábil.



Embora descabido para um país que enfrenta dificuldades em gerar saldos com exportações, a verdade é que o débito acumulado pelos viajantes brasileiros nas contas externas (US$ 2,3 bilhões em abril  e US$ 8,2 bi no ano) é inferior ao fluxo das remessas do capital estrangeiro.

Mas isso não repercute. Talvez porque envolva não apenas uma diferença contábil.


A intocabilidade que cerca o capital estrangeiro sonega um debate que precisa ser feito para destravar a máquina do desenvolvimento brasileiro.

O tabu, na verdade, blinda escolhas políticas feitas nos anos 90, cujos desdobramentos explicam uma parte importante das dificuldades estruturais para a economia voltar a crescer de forma expressiva.

O regime facultado ao capital externo, associado à sofreguidão das  privatizações nos anos 90, instalou no país uma azeitada plataforma de remessas de divisas, dissociada de contrapartidas equivalentes do lado exportador.  

As privatizações dos anos 90, mas também os investimentos estrangeiros e aquisições predominantes nas últimas décadas, concentraram-se em áreas de serviços  –chamadas non-tradables, não comercializáveis no exterior.

Ou seja,  criaram-se direitos de remessas permanentessem expandir proporcionalmente o fôlego comercial da economia.

A desestruturação da taxa de câmbio, traço que se arrasta desde o Real ‘forte’, completou a base de um sistema manco para dentro e para fora.

Três muletas  se atropelam nesse tripé: exportações industriais declinantes e importações  ascendentes, devido ao câmbio valorizado, e sangria desmedida nas diversas modalidades de remessas do capital estrangeiro.

O Brasil não vive uma asfixia externa, como a da crise da dívida nos anos 70 e 80, em parte decorrente de empréstimos que, de fato, ampliariam a capacidade e a infraestrutura do sistema produtivo.

Mas está constrangido no flanco externo por um descompasso estrutural intrínseco ao regime concedido ao  capital estrangeiro.

 O pano de fundo incômodo  traz pelo menos um desdobramento positivo.

A ideia de que as condições de investimento e financiamento na economia devem estar atreladas  –inexoravelmente— ao padrão de liberação financeira dos anos 90 não se sustenta mais.

As facilidades desmedidas oferecidas ao capital estrangeiro não redundaram em um salto no patamar de investimento, tampouco agregaram um novo divisor  de competitividade, ademais de nada acrescentarem à inserção da indústria local nas cadeias de suprimento e tecnologia que dominam o capitalismo globalizado.

O insulamento regressivo não é a alternativa.

 Mas as evidências demonstram  que os protocolos destinados ao capital estrangeiro não servem para gerar os efeitos multiplicadores necessários ao aggiornamento do parque industrial e à inserção internacional da economia.   

Na verdade, a isenção concedida às remessas fez o oposto.

Incentivou o não reinvestimento de lucros, promoveu o endividamento intercompanhias (entre filial e matriz), exacerbou a consequente espiral dos juros e deslocou a ênfase do resultado operacional para a esfera financeira.

Uma conta grosseira indica que o capital estrangeiro remeteu nos últimos 11 anos cerca de US$ 240 bilhões, para um estoque de investimento da ordem de US$ 720 bi.

A relação soa favorável, não fosse a qualidade desse fluxo, boa parte, repita-se,  destinado a aquisições de plantas já existentes e prioritariamente focado em atividades não geradoras de divisas.

Não apenas isso.

O líder em remessas de lucros e dividendos nos últimos dez anos, o setor automobilístico, responsável por quase 14% da sangria desde 2003, não exibiu qualquer compromisso com o país quando se instalou a crise internacional.

À renúncia fiscal sobre as remessas veio se  sobrepor, então, novas demandas  por isenções de impostos, a título de se evitar demissões, sem que de fato se tenha assegurado a garantia do emprego ao trabalhador brasileiro.

O conjunto resgata o tema do controle de capitais como uma ferramenta oportuna, legítima e indispensável à reordenação  do desenvolvimento brasileiro.

Chegou a hora de  desmascarar um tabu que sangra o Brasil.


domingo, 25 de maio de 2014

O capitalismo global está destruindo a raça humana

Revista Forum

Por Redação

março 19, 2014 11:34

Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. Ele levou a ganância a um patamar de força determinante na História


Por Paul Craig Roberts, em Institute for Political Economy | Reproduzido em Carta Maior


A teoria econômica ensina que os movimentos financeiros a preços e lucros livres garantem que o capitalismo produz o maior bem-estar para o maior número de pessoas. Perdas indicam atividade econômica em que os custos excedem o valor da produção, de modo que investimentos nestas áreas devem ser restritos. Lucros indicam atividades em que o valor de produção excede o custo, que fazem o investimento crescer. Os preços indicam a escassez relativa e o valor das entradas e saídas, servindo assim para organizar a produção mais eficientemente.

Essa teoria nao é o que funciona quando o governo dos EUA socializa custos e privatiza lucros, como vem sendo feito com o apoio do Banco Central aos bancos “grandes demais para quebrarem” e quando um punhado de instituições financeiras concentram tamanha atividade econômica. Bancos “privados” subsidiados não são diferentes das outrora publicamente subsidiadas indústrias da Grã Bretanha, França, Itália e dos países então países comunistas. Os bancos impuseram os custos de sua incompetência, ganância e corrupção sobre os contribuintes.

Na verdade, as empresas socializadas na Inglaterra e na França eram dirigidas mais eficientemente, e nunca ameaçavam as economias nacionais, menos ainda o mundo inteiro de ruína, como os bancos privados dos EUA, os “grande demais para quebrar” o fazem.  Os ingleses, franceses e os comunistas nunca tiveram 1 bilhão de dólares anuais, para salvar um punhado de empresas financeiras corruptas e incompetentes.

Isso só ocorre no “capitalismo de livre mercado”, em que capitalsitas, com a aprovação da corrupta Suprema Corte dos EUA, pode comprar o governo, que os representa, e não o eleitorado. Assim, a tributação e o poder de criação de dinheiro do governo são usados para bancar poucas instituições financeiras às custas do resto do país. É isso o que significa “mercados autorregulados”.

Há muitos anos, Ralhp Gomery alertou que os danos para os trabalhadores estadunidenses dos empregos no exterior seria superado pela robótica. Gomery me disse que a propriedade de patentes tecnológicas é altamente concentrada e que as inovações tornaram os robôs cada vez mais humanos em suas capacidades. Consequentemente, a perspectiva para o emprego humano é sombria.

As palavras de Gomory reverberam em mim quando leio o informe da RT, de 15 de fevereiro último, com especialistas de Harvard que construíram máquinas móveis programadas com com termos lógicos de auto-organização e capazes de executarem tarefas complexas sem direção central ou controle remoto.

A RT não entende as implicações. Em vez de levantar uma bandeira vermelha, a RT se entusiasma: “as possibilidades são vastas. As máquinas podem ser feitas para construir qualquer estrutura tri-dimensional por si sós, e com mínima instrução. Mas o que é realmente impressionante é a sua capacidade de adaptação ao seu ambiente de trabalho e a cada um deles; para calcular perdas, reorganizar esforços e fazer ajustes. Já está claro que o desenvolvimento fará maravilhas para a humanidade no espaço, e em lugares de difícil acesso e em outras situações difíceis”.

Do modo como o mundo está organizado, sob poucos e imensamente poderosos e gananciosos interesses privados, a tecnologia nada fará pela humanidade. A tecnologia significa que os humanos não serão mais requeridos na força de trabalho e que os exércitos de robôs sem emoção tomarão o lugar dos exércitos humanos e não há qualquer remorso quanto a destruir os humanos que os desenvolveram. O quadro que emerge é mais ameaçador que as previsões de Alex Jones. Diante da pequena demanda por trabalho humano, muito poucos pensadores preveem que os ricos pretendem aniquilar a raça humana e viver num ambiente dentre poucos, servidos por seus robôs. Se essa história ainda não foi escrita como ficção científica, alguém deveria se dedicar a fazê-lo, antes que se torne algo comum da realidade.

Os cientistas de Harvard estão orgulhosos de sua conquista, assim como sem dúvida estavam os participantes do Projeto Manhattan, em relação à conquista por terem produzido uma arma nuclear. Mas o sucesso dos cientistas do Projeto Manhattan não foi muito bom para os residentes de Hiroshima e Nagasaki, e a perspectiva de uma guerra nuclear continua a lançar uma nuvem negra sobre o mundo.

A tecnologia de Harvard provará que é inimiga da raça humana. Esse resultado não é necessário, mas os ideólogos do livre mercado pensam que qualquer planejamento ou antecipação é uma interferência no mercado, que sempre sabe melhor (daí a atual crise financeira e econômica). A ideologia do livre mercado alia-se ao controle social e serve a interesses de curto prazo de gananciosos grupos privados. Em vez de ser usada para a humanidade, a tecnologia será usada para o lucro de um punhado.

Essa é a intenção, mas qual é a realidade? Como pode haver uma economia de consumo se não há emprego? Não pode, que é o que estamos aprendendo gradativamente com a exportação de empregos pelas corporações globais, para o exterior. Por um período limitado uma economia pode continuar a funcionar na base de empregos de meio turno, rebaixamento de salários, cartões de benefícios sociais – de segurança alimentar e auxílio-desemprego.

Quando a poupança cai, no entanto, quando os políticos sem coração que demonizam os pobres cortam esses benefícios, a economia deixa de produzir mercado para consumir os bens importados que as corporações trazem para vender.

Aqui vemos o fracasso total da mão invisível de Adam Smith. Cada corporação em busca de vantagens gerenciais maiores, determinadas pelos lucros obtidos em parte pela produção da destruição do mercado consumidor dos EUA e da miséria maior de todos.

A economia smithiana aplica-se a economias nas quais os capitalistas têm algum sentido de vida comum com outros cidadãos do país, como o tinha Henry Ford.

Algum tipo de pertencimento a um país ou a uma cidade. A globalização destrói esse sentido. O capitalismo evoluiu ao ponto em que os interesses econômicos mais poderosos, os interesses que controlam o próprio governo, não têm sentido de obrigação com o país nos quais seus negócios estão registrados. Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já teve diante de si.

O capitalismo internacional levou a ganância a um patamar de força determinante da história. O capitalismo desregulado e dirigido pela ganância está destruindo as perspectivas de emprego no mundo desenvolvido e no mundo em desenvolvimento, cujas agriculturas se tornaram monoculturas para exportação a serviço dos capitalistas globais, para alimentarem a si mesmos. Quando vier a quebradeira, os capitalistas deixarão “a outra” humanidade à míngua.

Enquanto isso, os capitalistas declaram, em seus encontros de cúpula, “que há muita gente no mundo”.

A Copa, os números e as pernas curtas da mentira

@PedroZaccaro: 1-Segundo o BC,Brasil gastou em 2013 R$ 248 bilhões com pag. d juros.Esse valor equivale a R$ 679 milhões p/dia.Ou 1 Maracanã a cda 2 dias

----------

FIFA PAGA IMPOSTOS NO BRASIL E JORGE KAJURU PAGA MICO EM VÍDEOS MENTIROSOS NA INTERNET

COMENTARISTA DESINFORMA POR MÁ FÉ OU IGNORÂNCIA ? ATAQUE PELO YOUTUBE É UMA GOLEADA DE ERROS.



Até quando a imprensa brasileira vai se prestar a esse papel torpe de desinformar sobre a REALIDADE do retorno financeiro, recolhimento de impostos, LEGADO em termos de transportes e importância do evento COPA DO MUNDO no presente e no futuro para o Brasil. Essas críticas sem base, improcedentes ou mentirosas, não contribuem em nada para que possamos de fato enfrentar as questões nas quais o Brasil precisa avançar, precisa se corrigir.

Há muito o que aprender com a realização da Copa do Mundo no Brasil, muito o que aperfeiçoar em termos de gastos e prazos de obras, em cumprimento de um efetivo programa que supra as nossas necessidades de infraestrutura, mas, nada disso derruba o ganho que o país terá, e que, só por mesquinharia e interesses eleitoreiros, é ocultado ou deturpado.

Outra coisa, CAJURÚ, vai ... seja mais profissional, menos leviano, e para com essa balela que nós compramos o Título da Copa do Mundo. 

Venceremos ou perderemos dentro do campo, e isso não tem nenhuma relação com governo / oposição / política ou eleição.

Redação BONDeblog
=======================================================================
Fifa vai pagar ao Brasil R$ 16 bi em impostos
Dados do governos desmentem vídeos divulgados pelo comentariosta Jorge Kajuru na internet

24/05/2014 - 12h00 / Por Agência PT

Em vídeos na internet, o comentarista esportivo Jorge Kajuru tenta convencer que a Copa do Mundo no Brasil é um mau negócio porque o dinheiro público investido não retornará. Ele alega que o País decidiu isentar a Fifa de impostos, ao contrário da África do Sul, Alemanha, Japão e outros países.

Tudo mentira. O fato é que cada bilhete vendido recolhe impostos, pois o Centro de Ingressos, o Comitê Organizador Local e prestadores de serviços da Fifa são tributados nos termos da legislação nacional.

A receita fiscal no evento deve chegar a US$ 7,2 bilhões (R$ 16 bilhões), nas contas da Ernst & Young e da Fundação Getulio Vargas – uma soma muito superior ao investimento público nos estádios.

O Kajuru também erra ao dizer que as obras custaram três vezes mais do que o previsto. O Castelão, em Fortaleza, saiu 17% mais barato. A Arena Corinthians já previa custo de R$ 820 milhões no primeiro orçamento, em 2011. Outras cinco arenas tiveram ajustes baixos: Arena Pernambuco (1%), Arena da Dunas (14%), Arena Fonte Nova (17%); Arena Pantanal e Arena da Amazônia (24%).

Mineirão, Maracanã, Arena da Baixada e Mané Garrincha tiveram seus orçamentos elevados entre 63% e 88%, por causa de mudanças nos projetos de engenharia. O único orçamento que dobrou foi o do Beira-Rio, em Porto Alegre (RS), em razão de alterações profundas na planta inicial.

Movimento na economia – Apenas na construção e reforma dos 12 estádios da Copa do Mundo, calcula a Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), foram criados 50 mil novos empregos. Um bom negócio, ainda mais em tempos de crise financeira internacional, quando os países competem para manter os postos de trabalho e a atividade econômica. Entre 2010 e 2014, os jogos vão movimentar cerca de R$ 142 bilhões a mais na economia brasileira com a geração de 3,6 milhões de empregos, segundo a FGV e Ernst Young.

A Fipe calculou que apenas a Copa das Confederações fez o PIB brasileiro aumentar em R$ 9,7 bilhões, com a manutenção de 303 mil empregos. Para a Copa do Mundo, os economistas da USP estimam um aumento de R$ 30 bilhões a mais no PIB.

Isenção - A Fifa ganhou isenção fiscal na importação de bens, como uniformes, carros e ônibus. Tudo vai permanecer no Brasil, mas não representa risco de mercado para alguma confecção de Joinville ou àquela nova fábrica da Fiat que está sendo montada em Pernambuco – com direito a centro de inovação tecnológica, a partir dos benefícios do programa federal Inovar-Auto.

A indústria nacional continua segura neste ponto, essas pequenas importações não representam exportação de empregos. Apenas facilitam a contabilidade dos jogos, pois os patrocinadores dão bens e não recursos.

As emissoras de TV também vão trazer muitas toneladas de equipamentos para garantir que as imagens do torneio brasileiro cheguem ao mundo todo e não vão pagar impostos por isso. O benefício de divulgar o Brasil vale muito mais do que o custo em renúncia fiscal, porque têm um impacto maior do que as campanhas que o governo federal poderia fazer com essa possível arrecadação.

O Congresso Nacional aprovou a Lei 12.350/2010, que concede isenção de tributos federais à Fifa, num processo normal e democrático. Essas permissões, como facilidades nos vistos de entrada de estrangeiros (turistas e trabalho), são compromissos razoáveis do país-sede para acolher o evento internacional.

Tanto a Alemanha quanto a África do Sul conferiram benefícios tributários à Fifa. País algum, porém, nem mesmo o Brasil, isentou a Fifa ou qualquer outro parceiro comercial (consultores, etc) de pagar tributos por negócios que não tenham vinculação direta com os jogos.

Se o leitor quiser comparar as concessões brasileiras às da África do Sul, por exemplo, basta clicar aqui eaqui, com documentos apenas em inglês.

Bola no campo – Kajuru repete em seus vídeos que o governo brasileiro foi bonzinho com a Fifa porque comprou o resultado final para ajudar na eleição presidencial.

Neste caso, além de mentir reiteradamente por ingenuidade ou total falta dela, Kajuru comete ilícitos de injúria calúnia e difamação. Como dizia nosso grande craque Garrincha, seria preciso combinar com os suíços (a sede da Fifa fica em Zurique) e também com outras nações pouco poderosas e dispostas a vir com seus hinos nacionais, bandeiras e heróis populares. Gente como os norte-americanos, franceses, japoneses, alemães, enfim, o G 7 e o G 20.

Da Redação da Agência PT de Notícias