Pesquisar este blog

terça-feira, 25 de abril de 2017

Saiba como a reforma trabalhista retira seus direitos

Portal Vermelho

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (19) a urgência da reforma trabalhista. A proposta do golpista Michel Temer desmonta os direitos dos trabalhadores, deixando todos à mercê das vontades dos patrões e destruindo o que se conquistou com a CLT. Precisamos barrar este absurdo e lutar pelo que é nosso! Saiba o que está em jogo e participe da Greve Geral no dia 28; Tudo vai parar!


 

Fonte: PCdoB na Câmara

Dom Pedro Casaldáliga: governo Temer está em ‘posição de guerra contra os pobres’


Igreja católica denuncia chacina de Colniza

Dom Pedro Casaldaliga, bispo emérito de São Felizx do Araguaia. Foto- Wilson Dias/ Agência Brasil
O bispo Dom Pedro Casaldáliga, de São Félix do Araguaia  é um dos criadores da Comissão Pastoral da Terra, que surgiu na, na década de 70.  Nota enviada pela Prelazia de São Félix, afirma que  “Vivemos um clima de “Terra sem lei”, uma verdadeira guerra civil em nosso país”.
Aqui a íntegra da nota:
EM MATO GROSSO O CAMPO JORRA SANGUE
A Prelazia de São Félix do Araguaia, em reunião com suas/seus agentes de pastoral, seu bispo dom Adriano Ciocca Vasino e o bispo emérito dom Pedro Casaldáliga, na cidade de São Félix do Araguaia – MT, manifesta sua dor, indignação e solidariedade com as famílias assassinadas na Gleba Taquaruçu, município de Colniza – MT, no dia 20 de abril.
Este massacre acontece num momento histórico de usurpação do poder político através de um golpe institucional, com avanços tão graves na perda de direitos fundamentais para o povo brasileiro que coloca o governo do atual presidente Temer numa posição de guerra contra os pobres, isso refletido de forma concreta nos projetos, como as Medidas Provisórias 215 e 759, que violam direitos dos povos do campo e comunidades tradicionais, como também no acirramento do cenário de violações contra as/os defensores de direitos humanos. Diversos políticos expõem abertamente seus discursos de ódio e incitação à violência contra as comunidades que lutam pelos seus direitos. Vivemos um clima de “Terra sem lei”, uma verdadeira guerra civil em nosso país.
Como consequência, o ano de 2016 foi o mais violento dos últimos 13 anos, apontando para uma perspectiva desoladora no campo. E esta situação de Colniza, onde assassinaram inclusive crianças, nos expõe diante dos objetivos de ruralistas que não temem nada para conseguir as terras que buscam.
As famílias de agricultores da Gleba Taquaruçu vêm sofrendo violência desde o ano de 2004. Neste período, em decisão judicial, a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt ganha reintegração de posse concedida pelo juiz de Direito da Comarca de Colniza, como anunciada na Nota da Comissão Pastoral da Terra, de 20 de abril deste ano. Em 2007, ao menos 10 trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultores foram assassinados.
Como estão, neste momento, as famílias que vivem em Colniza? O município já foi considerado o mais violento do país. Sabemos que na região existem outros conflitos de extrema gravidade, como o da fazenda Magali, desde o ano 2000, e o conflito na Gleba Terra Roxa, desde o ano de 2004. A população teme que outros massacres possam acontecer.
Clamamos justiça e que os autores desses crimes sejam processados e punidos. A conseqüente impunidade no campo, fruto da omissão dos órgãos públicos, perpetua a violência.
Na semana em que lamentamos o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1997, que vitimou 19 lutadoras e lutadores do povo, somos surpreendidos por outro massacre no campo, que quer amedrontar, calar as vozes e submeter a dignidade do povo brasileiro.
Temos a certeza que o massacre ocorrido jamais roubará os sonhos e as esperanças do povo. E jamais calará a voz das comunidades que lutam.
O sangue dos mártires será sempre semente de JUSTIÇA e VIDA!
São Félix do Araguaia, 21 de abril de 2017
Mídia democrática, plural, em rede, pela diversidade e defesa implacável dos direitos humanos.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

A restauração neoliberal sob o (des)governo Temer

Carta Maior
12/04/2017 15:51 - Copyleft


Em acordo, elites golpistas aceitaram o escárnio e a impunidade em troca de uma agenda para desmontar o Estado social e o Estado indutor do crescimento. 


Pedro Rossi e Guilherme Mello
Valter Campanato/Agência Brasil
 
Uma associação de interesses levou ao golpe político que destitui Dilma Rousseff do poder. De um lado, os membros da classe política inconformados com a resistência (ou incapacidade) da presidenta eleita em atuar para “estancar a sangria” ou salvá-los da operação Lava Jato. De outro lado, os interesses em torno do projeto econômico neoliberal, fortalecidos pela crise econômica e por um sentimento de insatisfação generalizado. Temer assume para atender a esses dois grupos de interesse: governa para “estancar a sangria” e terceiriza a gestão econômica para os porta-vozes do novo projeto econômico. Assim, em um acordo frágil, as elites golpistas aceitaram o escárnio e a impunidade em troca da implementação de uma agenda para desmontar o Estado social e o Estado indutor do crescimento.
 
O desastre econômico e político em que se encontrava o Brasil em 2016 abriu espaço para o que Naomi Klein chamou de “doutrina do choque”, uma filosofia de poder que sustenta que a melhor oportunidade para impor as ideias radicais é no período subsequente ao de um grande choque social. É exatamente o que acontece hoje no Brasil: no momento da maior retração da renda da história, em pleno “Estado de calamidade institucional”, quando há claramente uma desarmonia entre os poderes da república, ocorre a imposição de uma agenda neoliberal, de caráter radical, cujo objetivo é transformar rapidamente os princípios e a natureza do Estado brasileiro e da Constituição de 1988. Ao atuar em várias frentes, imprimindo urgência e celeridade às reformas, a reação demora a se estabelecer e não é suficiente para sensibilizar uma classe política refém das elites e preocupada em salvar a pele.
 
A primeira grande reforma, que traz consigo o DNA orientador do novo projeto de país, é a reforma do regime fiscal, ou a PEC 55, que prevê a limitação constitucional dos gastos públicos por 20 anos, fato internacionalmente inédito. Em sua essência, a PEC impossibilita ao Estado o cumprimento das obrigações vigentes na Constituição Federal de 1988. É o fim do Estado garantidor de direitos, uma vez que a proposta impõe uma diminuição do tamanho e do papel do Estado, impossibilitando o funcionamento dos serviços públicos e da rede de proteção social.
 
Além disso, ao canalizar toda sua ação para limitar o crescimento do gasto primário, o governo deixa de atacar alguns dos principais sorvedouros de recursos públicos nos últimos anos: as desonerações fiscais, a sonegação fiscal e o pagamento de juros nominais que respondeu por mais de 8% do PIB em 2015, mais ou menos o valor gasto com toda a previdência social. Ademais, o governo se recusa a debater o injusto e ineficiente sistema tributário brasileiro, que faz com que pobres paguem a maior parte da sua renda em impostos, enquanto ricos sejam desonerados e tenham a possibilidade de contribuir com menos de 30% de sua renda em tributos.
 
Já a segunda grande reforma estrutural apresentada por Temer é a reforma da previdência, que propõe um conjunto de mudanças draconianas nas regras do sistema, com destaque para o aumento do mínimo de contribuição de 15 para 25 anos e dos 49 anos de trabalho para usufruir o benefício pleno. Tal reforma é contraproducente ou hipócrita. Contraproducente, pois, diante das novas regras os contribuintes vão buscar driblar a previdência e se juntar aos 40% da força de trabalho que já não contribui, o que vai quebrar o sistema ao invés de “salvá-lo”.
 
Hipócrita pois ela esconde o seu verdadeiro objetivo que é, justamente, quebrar a previdência social e ampliar o espaço de atuação dos fundos privados de previdência. No fundo, os porta-vozes da reforma escondem, por detrás das ginásticas contábeis, uma rejeição à própria existência de um regime de previdência social de repartição, fundado em um pacto de solidariedade social, e uma simpatia pelos sistemas privados de capitalização, fundados na lógica individualista. Se pelo menos isso fosse explicitado, não seriam hipócritas.
 
O ataque sobre os direitos dos trabalhadores não termina, porém, com a proposta de reforma previdenciária. O governo planeja aprovar ainda em 2017 uma reforma trabalhista, que reduza ou flexibilize diversos direitos trabalhistas, avançando na terceirização e garantindo protagonismo da negociação direta entre empresários e trabalhadores sobre a legislação trabalhista. Em um momento recessivo como atual, com elevadas taxas de desemprego, a conclusão óbvia é que tal reforma, se aprovada, deve precarizar ainda mais o mercado de trabalho brasileiro, ampliando o recuo do salário real, que já foi forte em 2016.
 
A orientação neoliberal do governo Temer também aparece na sua relação com os bancos públicos e as estatais. No BNDES, a orientação é a de “enxugar”, reduzir o volume de empréstimos, extinguir a TJLP, rever a exigência de conteúdo local e reduzir o enfoque setorial dos empréstimos. Essa nova orientação resgata o papel subordinado BNDES exercido no período neoliberal da década de 1990, como financiador de poucas áreas, menor papel social e maior participação no processo de privatizações. Não por acaso, o banco transformou a área de “Estruturação de Projetos” em área de “Desestatização” onde o superintendente remete diretamente à presidência do banco. Com o BNDES reconfigurado, o Estado perde um poderoso instrumento de política industrial e de reação anticíclica diante de crises como a de 2009, quando o BNDES teve um papel importante na sustentação da produção industrial, das exportações e do investimento.
 
E por falar em desmonte do patrimônio público, a forma de enfrentamento da crise dos Estados da Federação tem sido marcada pelas condicionalidades do Governo Federal exigidas na negociação das dívidas, dentre elas as privatizações e o enxugamento da máquina pública. Assim, austeridade e desmonte da máquina pública se combinam reforçando a contração da renda.
 
A mesma opção pelo “enxugamento” pode ser vista na nova gestão da Petrobras, comandada por Pedro Parente. Parente, ex-ministro de FHC, ampliou o plano de desinvestimentos da estatal, reduzindo em 25% a previsão de novos investimentos até 2021. Essa mudança de orientação combina perfeitamente com as seguidas vendas de ativos e campos de petróleo por parte da Petrobras, culminando na mudança do marco regulatório do Pré-sal, que tira o direito da Petrobras de ser operadora única destes campos. Na prática, privatiza-se a empresa a conta gotas, com venda de ativos, retirada de atividades e abertura de espaço para as grandes petroleiras estrangeiras assumirem um espaço privilegiado no mercado de petróleo nacional.
 





A Petrobras sempre foi um instrumento de desenvolvimento, um sistema que vai do “poço ao posto”, a começar pela exploração do petróleo bruto até a venda e comercialização de derivados e outros combustíveis de gasolina. O controle dessas cadeias produtivas permite estimular a geração de renda e emprego, agregar valor à produção, priorizar insumos locais, absorver choques de preços externos, contribuir para soberania energética, gerar tecnologia etc. Contudo, ao abandonar diversas áreas de atuação, como a petroquímica, os setores de biocombustíveis e fertilizantes, a Petrobras caminha para se tornar uma mera exportador exportadora de óleo cru e importadora de máquinas e equipamentos.
 
Portanto, a política econômica do governo Temer atua em dois planos. No primeiro desmonta-se a capacidade do Estado de promover as políticas sociais e fragiliza-se a posição dos trabalhadores. Nessa direção, destacam-se o novo regime fiscal que compromete o gasto social, as reformas da previdência e trabalhista. No segundo plano, desmonta-se a capacidade do Estado de induzir o crescimento e de transformar a estrutura produtiva por meio do novo regime fiscal que limita o gasto com investimento público, a privatização da gestão dos bancos públicos e da Petrobras.
 
Versão modificada de artigo publicado no Le Monde Diplomatique Brasil (http://diplomatique.org.br/da-austeridade-ao-desmonte-dois-anos-da-maior-crise-da-historia/)


Créditos da foto: Valter Campanato/Agência Brasil

sexta-feira, 21 de abril de 2017

COMO AJUDAR A GREVE GERAL NO DIA 28 DE ABRIL:

Lembra da música do Raul Seixas, o dia em que a terra parou? Assista no link abaixo.

COMO AJUDAR A GREVE GERAL NO DIA 28 DE ABRIL:

 EXCETUANDO CASOS DE URGÊNCIA,

- NÃO TRABALHE,

- NÃO VÁ A ESCOLA/FACULDADE OU CURSOS DE QUALQUER ESPÉCIE,

- PARTICIPE DE ATOS CONTRA A ANTIRREFORMA DA PREVIDÊNCIA,
- NÃO VÁ A NENHUM MERCADO,
- NÃO VÁ A FARMÁCIAS,
- NÃO MARQUE CONSULTAS PARA ESSA DATA,
- NÃO VÁ A PADARIAS,
- NÃO VÁ A RESTAURANTES DE QUALQUER ESPÉCIE,
- NÃO COMPRE NENHUM MÓVEL, ELETRODOMÉSTICOS, ELETRÔNICOS,
-NÃO VÁ A NENHUM SHOPPING MESMO QUE  SEJA SÓ PARA A PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO,
- NÃO VÁ A LOTÉRICAS,
- NÃO VÁ A BANCOS,
- NÃO PAGUE NENHUMA CONTA,
- NÃO ABASTEÇA SEU CARRO NESSE DIA,
- NÃO VÁ A ACADEMIAS,
-  NÃO VÁ A AÇOUGUES.

- TOME UMA EM CASA, COM FAMÍLIA E AMIGOS

- REÚNA COM VIZINHOS, AMIGOS, FAMILIARES PARA DEBATER SOBRE A DEFESA DOS DIREITOS DO POVO, E AS SAÍDAS DEMOCRÁTICAS PARA AS CRISES POLÍTICA E ECONÔMICA

* CONTRIBUA PARA O SUCESSO DA GREVE GERAL, POIS, É A SUA APOSENTADORIA - E DAS FUTURAS GERAÇÕES - E SUAS GARANTIAS TRABALHISTAS QUE SERÃO CORTADAS SE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA E DA CLT FOREM APROVADA.


É HORA DE MOSTRARMOS QUEM MANDA NESSE PAÍS.

REPASSE PARA O MAIOR NÚMERO DE PESSOAS, POSTE NAS REDES SOCIAIS.

  É HORA DA MOBILIZAÇÃO.


CLIPE:

Raul Seixas

O dia em que a Terra parou

https://youtu.be/yYtx_QnSRaQ


Dowbor: "Nós perdemos qualquer controle sobre os sistemas financeiros".

20/04/2017 14:54 - CopyleftCarta Maior

Dowbor aborda drama de estados nacionais, como o Brasil, sob constante ameaça de ver o capital sair do país caso resolvam taxar ou diminuir juros cobrados

Dowbor: "Nós perdemos qualquer controle sobre os sistemas financeiros"Tatiana Carlotti

Tatiana Carlotti
A relação entre “as dinâmicas financeiras e a erosão da democracia” foi o tema da conferência do economista Ladislau Dowbor, durante sua participação nas Jornadas de 2017 – É hora de voltar a pensar!
 
Professor de economia da PUC-SP, Dowbor explicitou como o sistema financeiro, sem qualquer regulação global, vem atuando na desestruturação de economias e democracias pelo mundo, impondo uma nova forma de exploração social.
 
“O dinheiro se globalizou. A finança que já foi ouro e papel se tornou sinais magnéticos que viajam na velocidade da luz no planeta. Temos hoje uma economia global, mas não temos um governo global e ninguém manda no processo. Além disso, o espaço de representação das riquezas, onde se dão os sistemas financeiros, é diferente do espaço onde se dá a política que são os governos: a gente não elege quem manda no sistema financeiro”, avaliou.
 
Apontando a fragilidade de regulação desse sistema até mesmo por organizações mundiais como FMI, Banco Mundial, BIS (Banco de Compensações Internacionais) e a própria ONU, Dowbor abordou o drama dos estados nacionais, entre eles o Brasil, sob constante ameaça de verem o capital sair do país caso resolvam taxar ou diminuir os juros cobrados.
 
“O caos é global e vem gerando a incapacidade dos governos nacionais de orientarem seus recursos para financiarem o que é necessário para o desenvolvimento. Conforme você orienta o dinheiro, ele terá efeito multiplicador ou drenará a economia, retirando os recursos necessários para ela funcionar”, destacou.
 
Um caos que não atinge só Brasil, mas o mundo inteiro. “Nós perdemos qualquer controle sobre os sistemas financeiros e isso acontece em todas as partes”, salientou, ao mencionar a ausência de autoridade política e a perda da governança que é “a capacidade de fazer funcionar o conjunto do sistema” no mundo.
 
Ricos cada vez mais ricos
Um processo expresso nos dados relativos a dois eixos críticos hoje no planeta: o desafio ambiental e o desafio social. A destruição do meio ambiente vem se acelerando com o avanço tecnológico. Entre 1970 e 2010, 52% da fauna do planeta foram destruídas, exemplificou. O desafio social, por sua vez, reflete-se na imensa concentração da riqueza mundial:
 
“Antes só estudávamos a concentração de renda, o nível salarial. Concentração de riquezas é muito maior. Uma imensa massa de pobres no planeta que consegue chegar ao fim do mês usou seu salário para pagar transporte, aluguel, gastos com suas necessidades básicas. Quem é rico, porém, consumiu o que quis consumir e ainda sobrou dinheiro. O que ele faz com essa sobra? Aplicação financeira, ele compra papeis. Ou seja, ele não produz nada, mas esses papeis rendem”.
 
“O que é um bilionário?”, questionou o economista, ao contar que se você pegar um bilhão de dólares e aplicar isso em um banco, em qualquer produto que renda 5%, um rendimento moderado, você ganhará 137 mil dólares por dia. “Isso é um bilionário, as pessoas que passam um certo nível de riqueza passam a gerar aplicações financeiras e isso começa a coagular no nível planetário”.
 
Os dados do CreditSuisse dão a dimensão do coágulo: apenas 8 famílias detêm mais riqueza do que a metade mais pobre da população mundial (3,6 bilhões de pessoas). Pior: 1% dos mais ricos possui mais riqueza do que os 99% de toda a população do mundo.
 





“Está acontecendo um processo acumulativo de enriquecimento do mais ricos. Essas 8 famílias que têm mais do que 3,6 bilhões de pessoas produziram isso? É óbvio que não, elas compraram papeis que geram mais papeis”, denunciou. Segundo Dowbor, se isso acontecesse apenas dentro de um país, seria possível taxar o enriquecimento sem contrapartida produtiva com um forte imposto, a exemplo do que fez Roosevelt em 1933, quando foi aplicada  uma alíquota de 90% sobre o dinheiro improdutivo.
 
“Com o dinheiro improdutivo de cima eles financiaram a dinamização da economia produtiva por baixo, tirando a economia americana da crise. O que está acontecendo hoje no planeta é o contrário: estão secando a capacidade de financiamento de iniciativas produtivas que geram emprego e jogando esse dinheiro para cima. O resultado é uma crise planetária”, apontou.
 
A crise planetária
Partindo da premissa de que econômica não é ciência, mas a definição das “regras do jogo” e, sobretudo, um pacto da sociedade, Dowbor citou o exemplo da Finlândia, onde professores, advogados, engenheiros, arquitetos contam o mesmo nível salarial, enquanto que no Brasil, a diferença entre os rendimentos de um gestor financeiro e de um professor é astronômica.
 
“Quem inventou isso? O mecanismo econômico? Não é nada de mecanismo econômico. São as regras do jogo e nós temos de repensar essas regras”, reiterou. Em sua avaliação, urge uma reorientação do sistema econômico global “em termos de proteção ao meio ambiente e de financiamento da inclusão produtiva de 4 bilhões de pessoas que se encontram hoje fora do sistema”.
 
Quase 2/3 da população mundial encontram-se fora do sistema. Além disso, o planeta vem sendo destruído em função dos interesses de 10% a 15% da população mundial. “Onde estão os recursos necessários para financiar a conversão desse processo? Navegando nos sistemas especulativos financeiros”.
 
Da sua experiência como consultor das Nações Unidas, Dowbor salientou necessidade de olharmos várias experiências de aprofundamento da democracia em outros países. Na Suécia, por exemplo,  72% de todos os recursos públicos vão diretamente para o município em uma espécie de democracia de rédea curta, permitindo que esses recursos atendam às necessidades da comunidade.
 
Na Alemanha, relatou, o sistema de grandes bancos do país controla apenas 13% do crédito e “a quase totalidade é administrada por caixas econômicas municipais, públicas e comunitárias e alguns bancos regionais”. A França, por sua vez, conta com ONGs de intermediação financeira que permitem ao cidadão escolher a atividade produtiva que ele pretende financiar ao depositar a sua poupança.
 
“As soluções vão na linha de aprofundamento da democracia. Se a gente não construir esses processos democráticos, sempre vão aparecer os salvadores da pátria, até porque o ódio mobiliza muito mais do que as propostas”, alertou. Em sua avaliação, em termos de dinâmicas políticas, o que vivemos hoje não é muito distinto do contexto dos anos 1930, com a grande crise mundial e a subida dos fascismos por toda a parte.
 
As alternativas? “Ou temos um salvador da pátria, com toda a tragédia que isto significa; ou construímos democracias efetivamente pela base da sociedade”.
 
Engessamento da economia brasileira
Reiterando que o sistema financeiro é planetário e que o Brasil pertence a ele -30% do lucro mundial do Santander vem do nosso país, por exemplo - Dowbor mencionou a guerra travada contra o governo Dilma Rousseff após a tentativa de diminuição dos juros que chegaram a 7,5% em 2012. “Não teve mais governo depois disso”.
 
Convencido da urgência de uma compreensão maior na sociedade sobre como funcionam esses processos econômicos, didaticamente, o economista explicou que uma economia depende de quatro motores principais: a exportação, o consumo das famílias, a produção da indústria e as atividades do Estado.
 
Hoje, a exportação representa 10% da economia brasileira em um contexto mundial onde 16 grupos controlam todas as commodities do mundo: grãos, energia, minerais metálicos e não metálicos. “Só o grupo BlackRock tem um turn over de 14 trilhões de dólares. O PIB dos Estados Unidos é de 15 trilhões de dólares. Estamos falando de uma empresa”.
 
Segundo Dowbor, a saída do país da crise depende mais dos outros três motores, porém eles se encontram engessados. O consumo das famílias foi fortemente estimulado durante os governos Lula e Dilma, em grande parte através de crédito, aumento de salários mínimos, benefícios de prestação continuada. “Houve um imenso esforço de civilizar o país começando pelo andar de baixo”, avaliou.
 
Porém, “os bancos e crediários de diversos sistemas entenderam muito rapidamente como as novas tecnologias permitem tirar dinheiro do bolso do mais pobre. Se ele atrasar o pagamento, paga 485% de taxa de juros no rotativo; 320% no cheque especial. Foi legal bancarizar os mais pobres, mas nós os colocamos diante do leão sem conhecimento e sem defesa”
 
Dowbor lembrou que existia um marco institucional regulatório no Brasil, “que se chamava artigo 192º da Constituição e limitava a taxa de juros reais a 12%, o equivalente hoje, considerada a inflação, a 18%”. Comparado a outros países, a diferença é gritante: na França, uma pessoa física consegue empréstimo a 3,5% ao ano. Além disso, destacou, “ninguém no mundo fala em juros ao mês, isso é uma bobagem radical”.
 
Novas formas de exploração
Temos, portanto, a ausência de conhecimento da população sobre os processos econômicos, a retirada do marco regulatório da Constituição somados ao fato de que as pessoas endividadas se sentem culpadas e permanecem isoladas. “Os caras que têm seus salários diminuídos em uma empresa se organizam em sindicatos e tal. Mas ninguém vai na porta do banco questionar ´como vocês podem cobrar 485%´”.
 
Estamos diante da “criação de um outro sistema de exploração paralelo à mais-valia tradicional, através dos sistemas financeiros. O cidadão assinou o contrato e o dinheiro dele está no banco, o dinheiro dele é o cartão. Há um terminal dos intermediários financeiros dentro do bolso de cada um de nós”, apontou.
 
Frente ao endividamento das famílias, dá-se a queda do consumo e, por consequência, a queda da produção industrial. “As empresas não têm para quem vender e ainda precisam tomar crédito a juros de 30% ou 40%”. O resultado é que ao invés de optar por atividades produtivas, essas empresas acabam lucrando mais com as atividades especulativas, comprando títulos do tesouro que “pagam 12,25% para uma inflação a 5%”.
 
Já o quarto motor - o Estado - encontra-se atado pela dívida pública. “Ele não criou o tal do déficit. O que aconteceu é que desde de julho de 1996, para compensar os bancos da queda da inflação, foi criada a taxa Selic elevada. A média no período FHC, estima Luiz Gonzaga Belluzo, foi de 22%. E eles chegaram a 46%”.
 
Com os indecentes juros cobrados no país, explicou Dowbor, a cada pagamento da dívida pública, o dinheiro das pessoas é transferido aos bancos, impedindo que esses recursos voltem à sociedade por meio de salário indireto sob a forma de investimentos em saúde, educação, políticas sociais. Para onde foi vai esse dinheiro? “A evasão fiscal foi estimada em 570 bilhões, 10% do PIB, em 2016. O Brasil tem 520 bilhões de dólares acumulados no exterior em paraísos fiscais. Eles não só não investem como sequer pagam impostos”, apontou.
 
“A gente pode dizer Fora Temer, Fora Gilmar, Fora Moro e uma lista imensa, mas o problema é o sistema. A economia não funciona quando não tem gente comprando, porque não tem grana para comprar ou quando tem o dinheiro vai para o pagamento de juros. O dinheiro do Estado precisa voltar a financiar a economia. Não tem mistério quanto aos caminhos, mistério existe quanto aos equilíbrios políticos que permitam os caminhos”.
 

Leia também a íntegra do artigo de Dowbor: O poder mudou de lugar: Dinâmicas financeiras e erosão da democracia . Seus artigos, livros e palestras podem ser acessados na íntegra em dowbor.org

 

 


 
Créditos da foto: Tatiana Carlotti

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Coalizão pela Reforma Política é reativada em Brasília

Portal Vermelho
18 de Abril de 2017 - 17h04 



Mais de cem entidades civis se reuniram para reativar a Coalizão pela Reforma Política, nessa segunda-feira (17), em Brasília, dentre elas a CNBB, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, UNE e OAB Nacional. A decisão foi tomada por representantes do grupo para fazer pressão à reforma política-eleitoral, em discussão na Câmara dos Deputados.


 
Recentemente, o relator da proposta, Vicente Cândido (PT-SP), defendeu o sistema de voto em lista fechada e o financiamento público para as eleições de 2018 como um modelo de transição que vigore até as eleições de 2022. A partir do ano eleitoral seguinte, em 2026, as escolhas dos candidatos seriam realizadas no modelo distrital misto.

Para o eleitor desatento, todos esses termos como “voto em lista aberta, ou fechada”, “modelo distrital puro, ou misto”, por exemplo, acabam causando confusão. Por isso, o ex-deputado pelo PCdoB e um dos articuladores da Coalizão pela Reforma, Aldo Arantes, defende a máxima divulgação do tema na imprensa e nas redes sociais. Em entrevista para Luis Nassif, do Jornal GGN, Arantes explicou que o que obrigou o Congresso a colocar na mesa a reforma política foi o fim do financiamento privado de campanha, apontando o tipo de sistema eleitoral defendido pela Coalizão e os riscos de a reforma reforçar a cultura do coronelismo no país, caso um modelo distrital consiga passar.

Antes de ir direto para a entrevista, entenda como funciona o sistema eleitoral no Brasil hoje, e quais são as principais propostas apresentadas no Congresso.

Para começar, a reforma do sistema eleitoral só será possível alterando a Constituição Federal, via uma proposta de emenda, isso porque as regras atuais também estão estabelecidas na Carta de 88, além do Código Eleitoral, na lei 4.737 de 1965. 

O sistema vigente mantém três tipos de eleições: o modelo proporcional para a escolha de candidatos na Câmara dos Deputados, replicado também para todos os órgãos legislativos da esfera estadual e municipal, ou seja, para a escolha deputados estaduais e vereadores. O segundo modelo são as eleições majoritárias, com um ou dois eleitos para o Senado Federal. E, por fim, a eleição majoritária em dois turnos para a escolha de candidatos na esfera do executivo: presidente da república, governadores e prefeitos. Uma regra comum a todos esses modelos em vigor no país é o sufrágio universal e secreto, igual a todos os brasileiros a partir dos 16 anos. O sistema eleitoral no país também permite a combinação entre candidatos de dois ou mais partidos, formando a chamadas chapas.

O sistema proporcional, utilizado para a escolha de representantes da Câmara dos Deputados e demais órgãos legislativos, está no foco do debate da reforma. No modelo atual, a distribuição dos cargos é feita em cima do sistema de lista aberta, onde os votos vão para os candidatos, e não para os partidos, e as listas partidárias são compostas pelos membros mais votados de cada partido. Assim, cada partido consegue o número de vagas na Câmara dos Deputados proporcionalmente a soma de votos de todos os seus candidatos, e os candidatos mais votados ocupam, pela ordem, as cadeiras conquistadas pelo partido ou chapa partidária. Esse modelo permite, por exemplo, que representantes de partidos pequenos conquistem espaço nas casas legislativas.

Lista fechada
Na reforma, uma das propostas é mudar o sistema para a lista fechada, onde o eleitor passará a votar no partido, ou na chapa partidária, e não mais no candidato avulso. Ao final da votação, os votos são distribuídos pela ordem dos candidatos previamente definidos pela legenda e encaminhadas anteriormente para o Tribunal Superior Eleitoral. Esse tipo de sistema é utilizado, por exemplo, na Argentina, Espanha e Portugal. A Coalizão pela Reforma Política defende esse formato, como explicou Aldo Arantes.

“O sistema de lista, fechado, é profundamente democrático porque retira o processo político eleitoral da discussão em torno dos indivíduos e coloca sobre os partidos, elevando o patamar da luta política brasileira colocando questões, digamos, em torno da discussão de projetos e propostas que os partidos defendem“, disse ao jornalista Nassif, completando que o formato também reduzirá a influência do poder econômico.

Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal, em 2015, de considerar inconstitucional a doação de empresa a candidatos e partidos políticos, entendendo que os recursos repassados por essas entidades podem favorecer a corrupção, a força do capital privado foi sentida, com menor força, nas eleições de 2016.

Dados produzidos pelo portal Nexo, com base em informações do TSE, mostraram que, no ano eleitoral passado, os partidos e candidatos tiveram grande dificuldade de arrecadar recursos para as campanhas registrando queda de 65% das doações feitas no primeiro turno, indo de R$ 7,2 bilhões em 2012, para R$ 2,5 bilhões em 2016. No segundo turno a queda foi de cerca de 50%.

O reflexo disso foi a vantagem dos candidatos mais ricos, isso porque, paralela à proibição da doação de empresas, foi estabelecida como nova regra um aumento do limite de bens pessoais que cada candidato poderia doar diretamente para suas campanhas. Esse fator seria uma das explicações para a eleição de João Dória em São Paulo. 

O enxugamento de recursos disponíveis para as campanhas eleitorais é também outro tema central que está sendo discutido na reforma política. Em 2014, antes da mudança na legislação, as empresas doaram juntas mais de R$ 3 bilhões às campanhas, representando cerca de 80% do total de doações. Por isso, os congressistas estão correndo atrás de novos formatos para voltar a elevar o patamar de recursos disponíveis às corridas eleitorais o que poderia ser, até mesmo, um retrocesso na decisão do STF, permitindo a volta do financiamento empresarial de campanha.

Distrital misto
Outro ponto debatido na reforma é a alteração do sistema de votação proporcional para o voto distrital misto. No sistema de voto distrital cada membro do parlamento é eleito para representar determinado limite geográfico de um distrito. Portanto, cada partido ou chapa teria que apresentar candidatos por distrito, e não para representar todo o Estado ou município, como é hoje para a escolha de vereadores e deputados.

Na proposta do distrital misto, defendida pelo relator da reforma na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP), haveria uma combinação do voto proporcional com o voto majoritário. Assim, os eleitores teriam dois votos para fazer: um para o candidato que representa seu distrito e outro para o partido. A crítica feita por Aldo Arantes, representando a Coalizão pela Reforma, é que essa mudança incentivaria ainda mais a cultura coronelista no país, isso porque a eleição distrital, mesmo que mista, tende a favorecer a hegemonia de setores conservadores. Enquanto as eleições proporcionais têm permitido, ao longo da história, assegurar a representatividade de minorias nas casas legislativas.

Acompanhe a seguir a entrevista que Aldo Arantes concedeu ao jornalista Luis Nassif, na íntegra: 





Fonte: Jornal GGN

Bancos devem mais de R$ 1,3 bi para a Previdência


Bancos devem mais de R$ 1,3 bi para a Previdênci 


Achou esta informação importante? Compartilhe em suas redes sociais:
+EmaEnquanto propõe retirar direitos da aposentadoria, governo Temer ignora dívida de R$ 426 bilhões de empresas; valor corresponde a quase três vezes o déficit alegado
De acordo com levantamento da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, empresas devem R$ 426,07 bilhões à Previdência Social. O valor corresponde a quase três vezes o déficit alegado pelo governo Temer para justificar a reforma da Previdência. Somente os cinco maiores bancos do Brasil devem juntos mais de R$ 1,3 bilhão.
Entre os bancos, a Caixa possui a maior dívida, de aproximadamente R$ 550 milhões; seguida pelo Bradesco, com R$ 465 milhões, Banco do Brasil, R$ 208 milhões; Itaú, cerca de R$ 89 milhões; e Santander, R$ 80 milhões.
É simbólico que, enquanto pretende acabar com a aposentadoria, elevando a idade mínima para 65 anos para todos, homens e mulheres, do campo e da cidade, e colocando a exigência de 49 anos de contribuição para o benefício integral, além de reduzir o valor dos benefícios, o governo Temer ignore uma dívida de centenas de bilhões das empresas com a Previdência. Isso mostra que o governo tem lado, e não é o dos trabalhadores.
Bancos privados, beneficiados pelo desmonte da previdência pública no Brasil com o aumento de demanda por seus planos privados, devem milhões. A reforma proposta por Temer premia devedores e pune trabalhadores, que contribuem em dia.

Falácia do déficit

Nem mesmo a principal justificativa de Temer e seus aliados na defesa da reforma da Previdência é plausível. De acordo com o economista e professor da Unicamp, Eduardo Fagnani, se respeitada a Constituição de 1988, que estabeleceu o modelo de contribuição tripartite (trabalhadores, empresários e governo), a seguridade social no Brasil seria superavitária.
“A Previdência é financiada pelos trabalhadores, empresários e Estado. Mas desde 1989, os governos não contabilizam a parte do governo. A Seguridade Social [composta por Previdência, Assistência Social e Saúde] é superavitária, mas os recursos são desviados. De onde vem o déficit? Vem de uma contabilidade inconstitucional que não leva em conta a contribuição do Estado”, esclarece o economista.

Greve geral

É fundamental que bancários se mobilizem na greve geral do dia 28 para barrar a reforma da Previdência e outros retrocessos pretendidos pelo governo Temer.
A greve geral será uma grande demonstração de força dos trabalhadores contra as reformas da Previdência, trabalhista, a terceirização ilimitada. Todas essas medidas defendidas por Temer visam retirar direitos. Os bancários, juntos com as demais categorias, estarão nas ruas por nenhum direito a menos.
Fonte: Sindicato dos Bancários de Santos e Regiã