Pesquisar este blog

terça-feira, 28 de maio de 2013

Mapeamento da ação na Internet contra o Bolsa Família, por Renato Rovai


Semana passada publiquei aqui um alerta afirmando que o novo mote dos golpistas de plantão era o Bolsa Família. 

Teve gente que achou exagerada a dose do meu artigo.

Não era. 

O Blog do Rovai publica hoje estudo de redes que comprova a intencionalidade e origem dos boatos desumanos que provocaram a correria às agências bancárias.

Nunca nos esqueçamos  da greve dos caminhoneiros manipulada na preparação do golpe militar no Chile em 1973.

Da direita golpista só não desconfie de que ela existe. 

Confira o levantamento.

* Luiz Carlos Orro

---------

Alô Polícia Federal, segue mapeamento da ação na Internet contra o Bolsa Família


28/05/2013 | Publicado no Blog do Rovai,  por Renato Rovai em Geral 


A Interagentes é uma empresa especializada em análise de redes que trabalha em parceria com a Publisher Brasil, editora responsável pela Fórum. Seu responsável técnico é o sociólogo Tiago Pimentel, que acaba de me enviar um relatório produzido a partir da análise que realizou dos termos relacionados ao Bolsa Família, nos dias em que houve a boataria que levou milhares de pessoas às agências da CEF. A análise do Tiago corrobora a tese de que houve uma ação offline antes da história ganhar a rede. Segue o relatório da Interagentes com o incremento de algumas observações realizadas por este blogueiro.


Atividade suspeita na rede


Desde a quarta-feira (15) circulava no Twitter uma mensagem curta e enigmática: ‘Bolsa família começa sexta’. A mensagem, que dizia apenas isso, foi postada por um perfil que vamos denominar aqui de líder e foi retuitado por 14 outros perfis que pareciam pertencer a uma rede de perfis falsos destinados a retuitar todas as mensagens do perfil líder, cujos indícios apontam ser  da Paraíba. Curiosamente, a Paraiba é o mesmo Estado que, dias depois, voltaria a aparecer em nossa pesquisa como o primeiro a espalhar os boatos do fim do Programa Bolsa Família.
Os perfis dessa rede não estão sendo revelados porque a suspeita não comprova o crime e também por zelo à investigação que a Polícia Federal deve estar realizando, mas caso haja interesse de agentes públicos sobre o que foi apurado, a Interagentes se compromete e entregar os resultados deste trabalho.
A mensagem original do perfil líder foi postada na quarta-feira (15)às 18:39:40, portanto três dias antes do início da grande movimentação nas agências da Caixa Econômica Federal. Ainda mais intrigante é que depois dos boatos o perfil líder foi deletado do Twitter e reapareceu no último dia 25 com o número 1 acrescentado ao seu nome e iniciou a rearticulação da sua rede fake. Só para recordar, na quarta-feira, o perfil líder anunciou: “bolsa família começa na sexta”. E a boataria começou na sexta, mas não pela internet.


Alguns dados gerais


As buscas retornaram um total de 81.452 ítens, sendo 58.118 resultados do Twitter e 23.334 resultados do Facebook. Os dados da pesquisa corroboram as informacões de saques feitos nas agências divulgadas pela Caixa Econômica Federal. Segundo a CEF, o aumento no ritmo de saques só começou por volta das 13h do sábado (18/5). Os resultados da análise da disseminacão do boato nas redes confirmam os dados da Caixa.
Até as 13h do sábado (18/5), a média era de 74,9 mensagens por hora. Entre às 13h e a meia-noite esta média sobe para 196 mensagens por hora. O pico é por volta das 22h, com 744 mensagens/hora.
O boato aparece no monitoramento por volta das 8h do sábado (18) em uma postagem feita a partir do município de Cajazeiras, na Paraíba. Ainda que as primeiras mencões apareçam no início da manhã, a sua presença na rede passa a ser mais significativa a partir das 13h, com disseminacão especialmente a partir do município do Rio de Janeiro.

Citações ao Bolsa Família – Facebook – (por hora)


Citações ao Bolsa Família – Facebook

Citações ao Bolsa Família – Twitter – (por hora)



Citações ao Bolsa Família – Twitter

Ainda que nos dias precedentes mensagens suspeitas tenham aparecido e que ecos do boato tenham se feito sentir nas redes, a análise geral dos dados sugere que as redes não foram o lugar privilegiado da disseminação. A maior movimentacão se deu por conta dos comentários sobre a grande concentração de pessoas nas agências da Caixa Econômica Federal e nas casas Lotéricas. O que mais se espalhou nas redes não foi o boato, mas a repercussão dos seus efeitos nas ruas.

Ao longo dos dias seguintes a repercussão do caso levou a picos cada vez maiores. No domingo (20) na faixa das 20h às 21h registrou-se o ponto máximo na frequência de mensagens/hora: 3.707 postagens. Neste horário grandes veículos de comunicação tratavam do tema.

A repercussão do boato do fim do Bolsa Família

Após os relatos de tumultos nas agências da CEF houve uma rápida difusão de “memes” sobre o caso. Na segunda-feira (20) a página do Anonymous Brasil no Facebook postou um meme que conta com mais de 71.000 compartilhamentos. Um dia depois a página ‘Movimento Contra a Corrupção’ posta o mesmo meme e alcança outros 35.334 compartilhamentos. Ainda na terça-feira (21) a página ‘Controlados, não’ também posta o mesmo meme e alcança ainda outros 17.198 compartilhamentos.

originalmente postada pela página Anonymous Brasil, esta imagem ultrapassou os 123.500 compartilhamentos

Outro meme de destaque no período foi postado pela página ‘Rede Esgoto de Televisão’ e, até o fechamento desta pesquisa contava com 47.649 compartilhamentos.


apenas a partir da página ‘Rede Esgoto de Televisão’ esta imagem ultrapassou os 47.600 compartilhamentos

Ainda em destaque, a charge postada pela página ‘A Verdade Nua & Crua’ contava com 45.775 compartilhamentos.

apenas a partir da página ‘A Verdade Nua & Crua’ esta charge ultrapassou os 45.750 compartilhamentos


Links para matérias externas

Várias matérias sobre a repercussão dos boatos foram compartilhadas nas redes sociais. Entre elas destacam-se matérias do Estadão e do portal G1.

A matéria do Estadão ‘Postos da Caixa são destruídos no Maranhão‘ alcanćou, entre Twitter e Facebook, mais de 1.200 compartilhamentos.

Do G1, a matéria ‘Governo federal desmente boato sobre suspensão do Bolsa Família‘ alcanćou mais por volta de 5.500 compartilhamentos.

Também do G1, a matéria ‘Boato sobre Bolsa Família chegou a ao menos 12 estados, diz ministério‘ alcançou repercussão ainda maior, por volta de 5.900 compartilhamentos.

A matéria do Estadão ‘Boato sobre Bolsa Família é ‘desumano’ e ‘criminoso’, diz Dilma‘ teve por volta de 500 compartilhamentos.

No mesmo período, a nota do Ministério do Desenvolvimento Social postada na página oficial do Facebook alcançou 342 compartilhamentos.


Notícias positivas


Antes dos boatos sobre o fim do programa algumas notícias positivas a respeito do Bolsa Família vinham 
sendo compartilhadas nas redes. Entre estas, três merecem destaque:

A matéria do Estadão ‘Estudantes do Bolsa Família têm aprovação maior‘ que alcanćou por volta de 1.500 compartilhamentos.

A matéria do O Globo ‘Alunos do Bolsa Família têm aprovação acima da média‘ teve um alcance um pouco maior, por volta de 1.600 compartilhamentos.

Do site da Revista Fórum, a matéria ‘1,69 milhão de famílias abrem mão do Bolsa Família‘ teve próximo de 1500 compartilhamentos e 49 mil curtidas.

Um outro boato

Embora as buscas visassem encontrar referências explícitas ao boato do fim do Bolsa Família, a análise dos resultados trouxe dados sobre outro boato sobre os programas sociais do Governo Federal. No dia 10 de maio, no blogue de Joselito Müller, aparece uma postagem sobre a suposta aprovação de um auxílio (de R$ 2.000,00) para garotas de programa.

O post foi reproduzido em outros blogs (entre eles: o alertanotícias eoprimeiroencontro).
A falsa notícia atribuia à senadora Ana Rita (PT-ES) a autoria do projeto. A senadora publicou em seu site uma nota de esclarecimento desmentindo as informações. A senadora relata ter tomado as providências cabíveis junto à Procuradoria Geral do Senado, à Polícia do Senado e à Polícia Federal. Ana Rita é presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado.
Após a publicaćão da nota de esclarecimento da Senadora, Joselito Müller alterou em seu post o nome da suposta autora do projeto para Maria Rita e fez um novo post em que admite cinicamente ter sido leviano. Isso não foi suficiente para impedir a disseminação da falsa notícia. Apelidado pejorativamente de ‘bolsa prostituta’, a falsa notícia continua a se espalhar pelas redes. Apenas a postagem da página ‘ENQUANTO ISSO NO BRASIL‘ no facebook, feita dois dias depois de Joselito publicar seu desmentido, conta com 852 compartilhamentos.

Fora dos picos do boato da última semana há um grande volume de comentários nas redes sobre os programas sociais do Governo Federal. Boatos são entrelaçados às notícias e sobram comentários críticos e preconceituosos ao que se entende por ‘assistencialismo’ dos programas sociais. São merecedores de menção os comentários sobre ‘Bolsa Crack’, ‘auxílio reclusão, ‘auxílio garota de programa’, etc.

Metodologia

Buscou-se, tanto no Twitter quanto no Facebook, citações públicas ao termo ‘bolsa família’. Os dados foram coletados das 0h hora da quinta-feira (16/5) até às 23:59 da quinta-feira (23/5). O período, exatos 8 dias, inicia-se dois dias antes dos primeiros saques do Bolsa Família, cobrindo o provável período de criação e disseminação do boato sobre o fim do programa.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

As consequências antidemocráticas da concentração de riqueza

Vicenç Navarro 

Política

11/05/2013 

Copyleft

CARTA MAIOR

 

Uma das características da situação dos dois lados do Atlântico Norte foi o enorme crescimento das desigualdades, com uma grande concentração dos rendimentos e da propriedade, unida à grande deterioração das instituições democráticas, causada por esta concentração. 

As instituições políticas dos países estão muito influenciadas por poderes financeiros e econômicos e pelos setores com maior riqueza, que induzem as intervenções públicas a favorecer os interesses destes poderes e setores à custa dos da maioria da população.


Isto está a criar uma perda de legitimidade e de apoio popular às instituições chamadas representativas, junto com a diluição da confiança que a cidadania tinha no poder do Estado (dirigido pelas autoridades políticas) para garantir um progresso do desenvolvimento económico do país, de tal maneira que as gerações novas vivessem melhor que as anteriores. 

Esta esperança desapareceu. 

Na realidade, grandes setores da população, que nalguns países chegam à maioria, são conscientes de que “os filhos não viverão melhor do que os seus pais”.

 Este sentimento ficou muito bem refletido nas declarações do candidato, mais tarde presidente de França, François Hollande, expressadas durante a campanha eleitoral naquele país

“Até  pouco – disse Hollande – todos tínhamos a convicção de que os nossos filhos teriam melhores vidas que nós. Já não é assim. Esta convicção, que respondia a uma realidade, está a desaparecer”.

 Esta situação é paradoxal, pois a riqueza dos países (incluindo a França) continua a crescer, na medida em que cresce a sua economia, realidade que só se interrompeu recentemente com a Grande Recessão. 

Mas esta convicção (e realidade que a sustenta) já existia antes da recessão, ainda que se tenha acentuado mais com a crise atual.

Como é possível que a sociedade seja mais rica e que, em contrapartida, os filhos vão viver pior que os seus pais?

A resposta a esta pergunta é que o crescimento econômico se distribui muito desigualmente, concentrando-se nos rendimentos superiores, como resultado das políticas públicas que se aplicaram na maioria dos países do Atlântico Norte. 

Estas políticas foram iniciadas pelo presidente Reagan nos EUA e pela Sra. Thatcher na Grã-Bretanha, na década de oitenta do passado século.

No seu artigo “The Rich get RicherNeo-liberalism andSoaring Inequality in the United States” na revista de economia norte-americana Challenge (março-abril de 2013), o autor, Tim Koechlin, detalha a grande concentração dos rendimentos e da riqueza nos EUA como consequência da aplicação destas políticas. 

Em 1979, os 1% da população com maiores rendimentos (os super ricos) ganhavam 9% de todo o rendimento dos Estados Unidos. 

Em 2007, esta percentagem aumentou para 24%, a mais elevada registada desde 1920, quando se iniciou a Grande Depressão nos EUA.

De onde procede esta concentração dos rendimentos e da riqueza? A resposta reside na má distribuição da riqueza criada pelo mundo do trabalho. 

Os dados mostram-no claramente. A produtividade do trabalhador durante o período 1973-2008 praticamente duplicou. Isto é, um trabalhador produzia por hora quase mais duas vezes em 2008 do que o que produzia em 1973. 

O seu salário, no entanto, cresceu só 10% durante o mesmo período. Mas os diretores das grandes empresas viram crescer os seus rendimentos desmesuradamente

Enquanto o CEO (Chief Executive Officer) de uma grande empresa recebia em 1973 22 vezes mais que o trabalhador médio da sua empresa, em 2008 esta relação subiu para 231 vezes (segundo Lawrence MishelThe State of Working America. A report of the Economic Policy Institute2012, table 4.33).

Uma situação ainda mais acentuada ocorre quanto à distribuição dos elementos da propriedade que geram renda (tais como terras, ações, bónus, etc.). 

Entre 1983 e 2010, os 5% da população com maior propriedade viram-na crescer 83%, enquanto os 80% de toda a população (a grande maioria da cidadania) viam descer a sua propriedade em 3,2%. 

Em consequência, os 1% da população com maior riqueza, que tinham 20% de toda a riqueza em 1971, passaram a ter 35% em 2007. 

Os 10% dos super ricos em 2007 tinham 73% de toda a riqueza, enquanto os 40% das famílias (as classes populares) tinham  4,2% de toda a propriedade. 

A concentração da riqueza atingia níveis ainda mais exuberantes em alguns tipos de propriedade. Assim, os 10% da população tinham 98,5% de todos os valores financeiros (ações e outros títulos de crédito), enquanto os 90% restantes tinham 1,5%.

A concentração de poder económico e financeiro enfraquece enormemente a democracia, até o ponto de eliminá-la em muitos países

Esta enorme concentração dos rendimentos e da riqueza dificulta e impede o desenvolvimento democrático de um país, pois os sectores ricos e super ricos da população exercem uma enorme influência, poderia dizer-se controlo, sobre os aparelhos dos seus Estados e os seus ramos executivos, legislativas e judiciais.

 Mais, estes grupos e setores desenvolvem as suas próprias redes, associações e conferências (nas quais são incorporados dirigentes políticos de todas as sensibilidades políticas), promovendo as suas ideologias, que coesionam e defendem os seus interesses, apresentando-os como os únicos aceitáveis ou respeitáveis, e as suas políticas (que favorecem os seus interesses) como as únicas possíveis.

As alianças destas elites desempenham um papel chave nas realidades políticas. O casamento entre os super ricos e ricos, por um lado, e os políticos conservadores e liberais (e de uma maneira crescente algumas personagens da social-democracia), pelo outro, é uma constante nos sistemas políticos, fonte de contínua corrupção.

 Há múltiplos exemplos disso. A influência da família que governa um sistema quase feudal, o Qatar, nas instituições políticas europeias não é menor. 

O presidente Nicolas Sarkozy deu amplas vantagens fiscais aos interesses dessa família, que lhe subvencionou as campanhas eleitorais e mais tarde as suas atividades pós-presidenciais.

 Tony Blair é um dos assessores melhor pagos do J.P. Morgan (e é frequentemente convidado por fundações e grupos de reflexão para dar lições sobre o futuro da social-democracia). 

E estou a escrever estas linhas no mesmo dia em que o Sr. Giuliano Amato foi proposto como Presidente da Itália pelo Partido Democrático da Esquerda italiana, sendo esse político um assessor bem pago do DeutscheBank

Em Espanha, a lista de Presidentes, Ministros e autoridades políticas dos partidos maioritários em grandes empresas e nas suas CEO (EndesaTelefónicaRepsol, etc.) é enorme.

 Não é casualidade que o preço da eletricidade e das chamadas telefónicas, bem como o do petróleo, sejam dos mais caros da UE. Esta cumplicidade entre os grupos financeiros e económicos e a classe política dominante é a característica destes tempos.

 A imunidade da banca, com os seus conhecidos paraísos fiscais, baseia-se precisamente nesta cumplicidade.

Não é preciso dizer que há muitos políticos que não fazem parte desta engrenagem de cumplicidades. Mas as elites dirigentes estão sim plenamente entrelaçadas com interesses fáticos que configuram em grande maneira as suas políticas públicas. 

Daí que a grande maioria destes super ricos e ricos não pague impostos, ou pague muito menos em termos proporcionais, que o cidadão normal e corrente, coisa que é feita até com a lei na sua mão, sem precisar de comportamentos ilegais (sem excluir, no entanto, estas práticas, que estão também generalizadas).

Este sistema está em profunda crise. 

O casamento do poder financeiro-econômico com o poder político é o eixo do descrédito das instituições chamadas democráticas, que tem a sua origem (causa e consequência) nas enormes desigualdades. 

A excessiva proximidade entre a classe política dominante e as classes sociais dominantes (as elites financeiras e empresariais e os sectores afins de rendimentos superiores) mostra-se com toda a clareza na distância existente entre as elites dirigentes e as suas políticas públicas, por um lado, e as classes populares, que constituem a maioria da população, pelo outro. 

Estas últimas desejam políticas diferentes e opostas às que as primeiras estão a promover e implementar. Existem múltiplos exemplos disso. 

A grande maioria das populações do Atlântico Norte consideram que 

1) os rendimentos do capital deveriam ser taxados na mesma proporção que os rendimentos do trabalho, sem que isso tenha sido aceito pelos governos; 

2) a fiscalidade deveria ser progressiva, de maneira que os super ricos e ricos pagassem (na realidade, e não só nominalmente) em impostos tantas vezes mais do que o cidadão normal e corrente paga quanto seja a diferença de rendimentos e propriedade entre os super ricos e ricos, e o cidadão normal e corrente; 

3) dever-se-iam eliminar os paraísos fiscais; 

4) dever-se-ia estabelecer um máximo de riqueza e de nível de rendimentos, como mecanismo de redução das desigualdades; 

5) dever-se-iam reduzir as desigualdades que (os 78% de cidadãos como média da UE) consideram excessivas; 

6) dever-se-ia eliminar a influência do dinheiro nas campanhas políticas e na solvência dos partidos políticos; 

7) dever-se-ia romper o casamento entre instituições financeiras e empresariais e o mundo político;

 8 ) um político não deveria poder trabalhar no setor que regulava ou vigiava na administração pública, nos primeiros cinco anos após deixar o cargo; 

9) o Estado deveria intervir no setor financeiro para garantir a disponibilidade do crédito a famílias, indivíduos e médias e pequenas empresas; 

10) deveria haver um salário mínimo que permita uma vida decente e que aumente de acordo com o aumento dos preços;

 11) dever-se-iam garantir os serviços públicos do Estado de Bem-estar, evitando a sua privatização; e assim um longo etcétera

Nenhuma destas políticas está a ser levada a cabo nestes países. 

E, a nível macroeconómico, a maioria da cidadania deseja o fim das políticas de austeridade e quer políticas de expansão dirigidas a criar pleno emprego. 

facto de que não se realize cada um destes pontos deve-se à excessiva influência que os grupos que concentram os rendimentos e a riqueza têm sobre o Estado.

 E aqui está o problema da democracia. Frente a esta realidade, limitar o debate à reforma política sobre se devem ou não haver listas abertas, parece-me muito, mas muito insuficiente.


*Artigo publicado por Vicenç Navarro na coluna “Domínio Público” do diário PÚBLICO (Espanha), 9de maio de 2013. Tradução de Luis Leiria para oEsquerda.net

Depois de subir no palanque de Aécio, Joaquim Barbosa defende voto distrital, bandeira do PSDB

Do blog Os amigos do presidente Lula

terça-feira, 21 de maio de 2013

Depois de subir no palanque de Aécio, Joaquim Barbosa defende voto distrital, bandeira do PSDB

A bandeira política do PSDB e também do  eterno candidato a presidência, José Serra (PSDB), foi defendida nesta segunda feira  (21) por Joaquim Barbosa presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Primeiro, Barbosa atacou a Câmara e ainda  sugeriu que  “os excesso da Câmara dos Deputados podem ser controlados pelo Senado Federal”Depois, afirmou que  o Congresso Nacional é "ineficiente" e "inteiramente dominado pelo Poder Executivo".Ou seja, dominado pela Presidência da República.Em seguida, Joaquim Barbosa, levantou a bandeira dos tucanos, muito defendida por José Serra em 2011, depois de ser derrotado  por a presidente Dilma.

Barbosa afirmou  que  a mudança do atual sistema político que, segundo ele, possibilita a escolha de representantes desconhecidos do povo vem do sistema proporcional",  e defendeu  a adoção do voto distrital para os deputados federais.

Para o presidente do Supremo, "o sistema distrital permitiria uma qualificação do Congresso Nacional. Cada distrito poderia escolher pessoas, personalidades que poderiam dar grande contribuição ao país. Tenho certeza de que a representação nacional ganharia e muito com a representação dessas pessoas em qualidade".

Defender  o voto distrital é  defender a exclusão da representação de grande parcela  do  eleitorado.
Em pleno século XXI, quando há recursos tecnológicos para o cidadão votar até pela internet dentro de casa, inclusive exercendo a democracia direta, o presidente do STF Joaquim Barbosa,   se engaja como garoto propaganda numa bizarra campanha, defendida   exclusivamente pelo PSDB para retornar o voto aos tempos das eleições fraudulentas decididas no bico de pena, resgatando o voto distrital da república velha e do império.

Por trás desse engodo, se  esconde  as intenções de levar as oligarquias políticas do PSDB de volta ao poder, conquistando maioria das cadeiras no Congresso com minoria dos votos.

(Vídeo de José Serra em 2011, defendendo o voto distrital
 
Com o voto distrital é possível um partido ou coligação ter maioria no Congresso com apenas 25% dos votos populares. Para se obter a maioria dos deputados em uma Câmara eleita por meio do voto distrital, basta que um partido obtenha somente 25% dos votos nacionais. Isso porque é preciso ter 50% de votos em 50% dos distritos, o que resulta nos 25% dos votos nacionais mencionados. Resultado: a maioria governa graças a uma minoria de votos, e a maioria dos votos – 75% – fica de fora do governo. É impossível ser mais excludente. No sistema proporcional, um partido só poderá ter a maioria da Câmara dos Deputados se obtiver 50% dos votos nacionais. É evidente, portanto, que o sistema eleitoral proporcional é infinitamente mais justo do que o distrital.. Surpreende  o fato de  o ministro do STF  defender esse absurdo

Na companhia da ditadura
                                                                                                  
Ao propor o voto distrital, Joaquim Barbosa repete  a manobra tentada pela ditadura brasileira para permanecer no poder. Não por acaso, a base de apoio da ditadura na imprensa (Globo, Veja, etc.) é a mesma engajada na campanha pelo voto distrital em 2011.
No apagar das luzes da ditadura brasileira, em 1982, os feiticeiros políticos da ARENA (partido de apoio a ditadura, ancestral do DEMos hoje MD), quando perderam o controle sobre o voto popular, tentaram permanecer no poder reintroduzindo justamente o voto distrital, através da Emenda Constitucional nº 22, de 29 de junho de 1982.

Não deu certo. Tal emenda não chegou a funcionar, pois antes das eleições de 1986, foi revogada com o fim da ditadura, pela Emenda Constitucional nº 25, de 1985. A Constituinte cidadã de 1988 decidiu por manter o voto proporcional.

Defensor   do voto distrital , Joaquim Barbosa, argumenta  que o eleitor exerceria maior controle sobre  deputados federais, por haver maior proximidade.

Não passa de teoria que não se sustenta na realidade.

O controle pelo eleitor depende de sua consciência política e interesse para acompanhar o desempenho de seu representante, e não do sistema eleitoral pelo qual ele foi eleito.

Um exemplo: O vereador  mora no município e está próximo ao eleitor, mas as mazelas da corrupção, das caixinhas de empresas de ônibus, da especulação imobiliária, das máfias de lixo, da merenda escolar, dos desvios na saúde, da apostilagem nas escolas, das licitações fraudulentas, do nepotismo, do fisiologismo, do clientelismo, dos super-salários, do legislar em causa própria, costuma ser até maior nas Câmaras de Vereadores (distante dos telejornais de abrangência nacional) do que no Congresso Nacional mais vigiado pelo noticiário.

A intenção oculta das oligarquias defensoras do voto distrital é o contrário: é o maior controle dos caciques sobre o eleitorado do distrito, como ocorria nos currais eleitorais.
Para oligarquias inescrupulosas é mais fácil comprar votos e manter controle dentro de um pequeno eleitorado confinado em distritos, do que em um eleitorado de massas.

O povo dividido é mais fácil ser vencido

Tal qual um fazendeiro divide sua terra em pastos cercados e currais para melhor controlar a engorda de seu gado para abate, a divisão do eleitorado em distritos -  pelas oligarquias - visa controlar a engorda de votos desorganizados para abate da soberania do voto popular, quebrando a estrutura das massas organizadas que não votam neles.

É  praticamente impossível um cacique político controlar as massas organizadas, com consciência dos interesses dos trabalhadores, dos mais pobres, dos mais fracos economicamente, das minorias e maiorias oprimidas e excluídas, quando organizadas em movimentos sociais.

O golpe branco seguinte

Conquistada maioria no Congresso com apenas um mínimo de 25% dos votos, o golpe seguinte seria tomar de assalto o poder executivo, instituindo o parlamentarismo (o sonho do tucanato em eleger o governo indiretamente, com sua aversão ao povão, como já deixou escapar FHC em um artigo).

É relativamente fácil conquistar 30% dos votos, com o eleitorado reacionário, com o poder econômico, e com o apoio maciço da imprensa oligarca. Esses votos podem levar à conquista de mais de 50% dos distritos e, com isso, conseguir nomear primeiro-ministro alguém como José Serra (PSDB/SP), apesar do repúdio popular nas urnas.

Lá se iria o Brasil descendo a ladeira de novo, rumo à quebradeira das crises internacionais e dependência do FMI, para entregar o Pré-Sal, o mercado interno, nossa energia limpa, nossas minas, nossa biodiversidade, nossos aquíferos e nossa produção agrícola e demais riquezas às antigas metrópoles decadentes do hemisfério norte.


terça-feira, 21 de maio de 2013

Golpe da direita tem novo mote: o Bolsa Família


O golpe da direita está em marcha, mais uma vez.

Agora, a onda é criar pânico entre os pobres, espalhando o boato de que o Bolsa Família vai acabar.

Atiram agora, para acertar 2014, que já começou.

Não importam os prejuízos, o desespero, ou se vai morrer gente.

O que querem é descolar Dilma do povão.

Milhares de pessoas acorreram às agências bancárias, para sacar antecipadamente o benefício social.

Houve tumultos, até depredação de agências da Caixa, principalmente no Norte e Nordeste.


Uma ação desumana, criminosa, como bem disse a presidenta Dilma, que pôs a PF para investigar.


A perniciosa elite branca, má e perversa (definição de Cláudio Lembo, ex-vice governador de SP -PFL), que não compreende a dimensão social e humana da fome, vibra com a repercussão no noticiário; os apresentadores de TV não conseguem esconder a satisfação.

O Bolsa Família é programa de inclusão social modelo para o mundo, recomendado pela ONU.

No Brasil o programa atende 13,8 milhões de famílias: livrou da fome e miséria 50 milhões de
brasileiros pobres.

Essa direita sempre sonha - ou teria pesadelos? - com golpes contra governos de que não gosta.

E o pesadelo se transforma em atos antiNação e antipovo, a história republicana registra.

Em 1954, golpe e suicídio de Vargas, que havia criado a Petrobrás e aumentado o salário mínimo.

1955: tentativa de impedir a posse de JK.

1961, o golpe do parlamentarismo contra Jango.

1964: o assalto final, a implantação da ditadura militar que durou 21 anos.

Então, tá comprovado: no Brasil a direita não ganha eleição, ela dá golpe, como diz o PHA.

Golpe pra derrubar governos progressistas, que defendem interesses nacionais, que defendem direitos dos trabalhadores e do povo pobre.

Pra quem acha que isso não existe, relembre o vídeo terrorista que circulou em 2010 (clique abaixo).

Pregava intervenção militar - isso é golpe! - e até guerra civil, se Dilma ganhasse a eleição.

O vídeo esquizofrênico dizia que São Paulo seria perseguido, que o Cerra iria pro exílio nos EUA...kkkk

Mas o caso não é pra rir, nem pra chorar.

É pra se preocupar e combater.

A presidenta Dilma bem que deveria ter convocado rede nacional de rádio e tv para tranquilizar o povão do Bolsa Família.

Aliás, a Hora do Brasil, que já é tradição há décadas no rádio, devia ser implantada também nas redes de televisão.

Ou será que só as 6 riquíssimas famílias que dominam 70% da mídia tem o direito de divulgar suas opiniões, escolher, torcer e retorcer os fatos noticiosos com bem querem, com o enfoque que querem, durante as 24 horas do dia?

Uma horinha diária para o Executivo, Legislativo e Judiciário ia fazer um bem danado para a democratização da informação... e as empresas concessionárias ainda teriam 23 h para continuar com suas decisões editoriais/empresariais.

Ia mostrar um Brasil que a mídia mercantil monopolista teima em esconder.

Ia desmentir a mentira do jornal da hora do almoço.

Ia ajudar a desmascarar o golpe e os golpista, dia a dia.






Quem lembra desse vídeo-boato de 2010, de que haveria guerra civil em 2012 e otras cositas más ?

http://www.youtube.com/watch?v=pQg5cbMyisU&feature=youtu.be