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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Um debate sobre os rumos da esquerda - Breno Altman: Isolamento não é prova de inconformismo.

27 de Setembro de 2014 - 9h23 



No início dessa semana, um importante dirigente do PSOL, Juliano Medeiros, deu-se ao trabalho de responder nota que eu havia recentemente escrito, acerca do caráter marginal de agremiações políticas que buscam se situar à esquerda do PT. 

Seu artigo atende pelo título “Resposta a Breno Altman: por uma esquerda inconformista”.

Por Breno Altman*


A questão proposta em meu texto era simples e o encabeçava: “Por que a ultraesquerda brasileira é residual?”. Não houve qualquer intenção ofensiva na pergunta enunciada. A história está repleta, afinal, de pequenos grupos que lograram rapidamente plantar frondosas alternativas de poder.

Não é o que ocorre, no entanto, com os agrupamentos mencionados em meu breve artigo. O desempenho eleitoral do PSOL, PSTU, PCB e PCO, tudo junto e misturado, dificilmente chegará a 2% nas eleições presidenciais. A curva de resultados, após atingir seu pico em 2006, é declinante e beira a inanição. Tampouco sua influência nos movimentos sociais e nas lutas populares é relevante, com a exceção de alguns segmentos minoritários.

Essa constatação foi feita apenas para fazer jus a um clássico axioma: a prática é o critério da verdade. Maus resultados, depois de um longo período, deveriam obrigar à revisão de orientações adotadas. Outra opção é sobreviver como pequenas seitas, senhoras da luz e da razão, mas cujas ideias supostamente corretas jamais são capazes de servir como amálgama para uma força social expressiva.

Medeiros labuta para explicar, em sua resposta, a existência de diferentes concepções entre as correntes citadas. Aceitemos que suas explanações sejam certeiras e apropriadas. Todos estes grupos, ainda assim, têm em comum, mesmo com distintas matizes, a mesma caracterização sobre o Partido dos Trabalhadores: o maior instrumento político que o proletariado brasileiro logrou forjar teria se passado, de malas e bagagens, para o campo da burguesia.

Tal conclusão é seminal para a atuação de legendas pretensamente situadas à esquerda da esquerda. Ela nasce da compreensão de que o governo petista configurou-se em comitê gestor a serviço das companhias capitalistas e, portanto, no principal inimigo a ser combatido. No curso dessa transição, teria arrastado o próprio partido para a posição de apêndice político das classes dominantes.

O dirigente do PSOL ensaia certo cuidado em sua análise, mas em termos que ressaltam seu ponto de partida. Ao se referir à presumida posição do PT como fiador de um “pacto conservador”, Medeiros indaga e responde a si próprio: “Isso é o mesmo que dizer que o PT e os demais partidos burgueses seriam farinha do mesmo saco? Evidente que não.” O fato é que, ao determinar diferenças táticas no tratamento de diferentes partidos, o psolista reafirma o eventual transformismo de classe operado pelo PT, agora vicejando ao lado dos “demais partidos burgueses”.

Este padrão de raciocínio não é novo. Trata-se de comparar a trajetória petista a de partidos sociais-democratas europeus que, nascidos no movimento operário, acabaram por se alinhar a suas respectivas burguesias nacionais durante a Guerra Fria. Foram ainda mais longe: com o colapso da União Soviética, aprofundaram sua submissão à hegemonia norte-americana, ao capital financeiro, à doutrina neoliberal e a excrecências como o chauvinismo.

Pode-se argumentar, com razoável comprovação nos fatos e narrativas, que o PT veio a se converter em um partido reformista, a partir de sua estratégia de aproximação do poder pela via institucional. Eventualmente alguns de seus quadros tenham saltado o alambrado. Mas não há qualquer fundamento na realidade para se afirmar que tenha reproduzido o curso social-democrata europeu, o da passagem para outro campo de classe, ou que esteja próximo de fazê-lo, ainda que o risco esteja sempre presente em um partido que opera por dentro do Estado.

As medidas e políticas adotadas desde 2003, ainda que possam ser consideradas débeis e insuficientes, tiveram caráter de resistência ao modelo rentista herdado dos governos anteriores e emulado de projetos animados pelos países centrais do capitalismo. Ao lado de outras experiências latino-americanas, mais ou menos radicais, o PT impulsionou programa na contramão do ciclo histórico aberto nos anos oitenta.

A aplicação de políticas distributivistas promoveu a maior e mais prolongada onda de crescimento de renda e emprego entre os trabalhadores desde os anos quarenta. A inclusão social se transformou na principal ferramenta para ampliação do mercado interno de massas como força propulsora do desenvolvimento, apoiada também por iniciativas que ampliaram direitos de acesso à moradia e à educação.

O Estado vem recuperando papel regulador e protagonismo econômico, com a expansão dos investimentos públicos e o fortalecimento dos bancos estatais. Outras empresas sob controle governamental também tiveram suas atividades alavancadas, a começar pela Petrobrás, cuja musculatura foi tonificada após a descoberta do pré-sal e a substituição do regime de concessão pelo de partilha.

Essas reformas, no fundamental, não alteraram as estruturas da economia e do poder político, mas representam alternativa programática distinta daquela defendida pelos núcleos dirigentes da burguesia interna e seus sócios internacionais. Não é à toa a guerra permanente dos meios tradicionais de comunicação, efetivos partidos das classes dominantes, contra os governos de Lula e Dilma.

A adaptação de determinadas corporações ao predomínio da agenda petista não anula sua oposição de classe. O capital, como sabe qualquer curioso pelos assuntos da história, busca acomodação, se possível, até a processos revolucionários. Quanto mais a uma situação instável, no quadro de um governo de coalizão, sem maioria parlamentar de esquerda, com as velhas instituições praticamente intactas, na qual são vastos os espaços para a disputa entre diversos projetos e interesses.

Ainda que limitadas, na essência, à realocação de recursos orçamentários e ao redirecionamento de fundos públicos, as mudanças implementadas pelas administrações petistas se contrapõem à lógica rentista e aos primados neoliberais, em movimento inverso ao da social-democracia europeia.

Medeiros até chega a considerar estes fatos como “ganhos reais”. Mas logo emenda que “não comprovam qualquer compromisso em si”. Do bolso de seu colete saca uma espantosa tese para tentar argumentar exatamente o contrário, que esses “ganhos reais” são um sinal de capitulação do PT: “aumentar a renda e expandir gastos públicos são instrumentos utilizados pela burguesia sempre que as condições conjunturais permitem.”

A afirmação reflete ilusão escandalosa. Quer dizer que há vontade patronal natural para “aumentar renda e expandir gastos públicos”, cujo obstáculo seriam apenas “condições conjunturais”? Em qual momento da história a burguesia aceitou aumentar a renda dos trabalhadores sem que fosse por poderosa pressão do movimento operário, interna ou internacional, através de lutas sindicais ou governos de caráter popular?

Mas o pior aspecto de sua peroração fantasiosa diz respeito ao desconhecimento do mundo no qual vivemos depois do colapso da União Soviética. Todos os países capitalistas, nos últimos quase 25 anos, sob governos conservadores ou sociais-democratas, padeceram com a redução dos salários reais dos trabalhadores e a diminuição dos gastos públicos com programas sociais. As únicas exceções foram nações governadas por partidos de esquerda, de oposição ao neoliberalismo, como é o caso do Brasil no período petista.

Trata-se de estelionato político da pior qualidade reconhecer “ganhos reais”, mas classifica-los como normais aos interesses da burguesia ou triviais em um cenário internacional ainda dominado pela hegemonia unipolar do imperialismo norte-americano.

A banalização das conquistas, para enquadrá-las na teoria da suposta domesticação petista, da qual o PSOL e seus parceiros parecem depender para respirar, acaba confluindo para a seguinte conclusão: “este também é um governo da direita, ou ao menos de parte dela”.

Obviamente esta afirmação vem acompanhada da crítica à política de alianças, tanto no campo econômico quanto institucional. Medeiros não se deu ao respeito de citar, como caberia a um quadro responsável, a contradição fundamental decorrente da eleição de um presidente de esquerda sem maioria parlamentar. Qual a alternativa para uma situação como essa, a propósito, além da negociação com setores e partidos da burguesia que, se descolando da fração dirigente do neoliberalismo, aceitassem respaldar um programa mínimo e progressista de governo? Afinal, não foi assim que se obtiveram os tais “ganhos reais” reconhecidos até pelo açodado crítico?

Não passa de charlatanismo caracterizar o atual governo, por sua natureza de coalizão, como “da direita” ou de parte dela. Basta analisar seu rumo, com alguma honestidade, para reconhecer que o princípio reitor foi a construção de um modelo econômico-social que se choca com a fórmula propugnada pelo capital financeiro desde o Consenso de Washington.

Outra coisa é questionar seu ritmo e profundidade, ou identifica-lo como um “reformismo fraco”, repetindo André Singer, que fica aquém das possibilidades políticas reais e debilita a disputa pela hegemonia no Estado e na sociedade. Uma posição é considerar este governo inimigo, outra é carimba-lo como insuficiente ou recuado.

A história está cheia de exemplos como uma ou outra destas conclusões sobre governos frentistas levam a distintas estratégias.

O MIR chileno não participava do governo da Unidade Popular, durante a presidência de Salvador Allende. Classificava-o como reformista, indisposto a conduzir rupturas que julgava indispensáveis. Buscava, no limite de suas forças, mobilizar setores do povo e da juventude para radicalizar as medidas palacianas e reivindicar mudanças mais profundas. Mas diante de qualquer ataque da direita, cerrava fileiras com a UP e formava nos primeiros batalhões em sua defesa. Marchava separado, mas golpeava junto.

O grupo Bandeira Vermelha, na Venezuela, poucos meses após a eleição do presidente Hugo Chávez, passou a considera-lo um braço populista do Fundo Monetário Internacional, destinado a reorganizar o Estado burguês em crise. Passou a defini-lo, portanto, como um inimigo a ser abatido. Seus militantes, aplicando essa linha, estavam ombro-a-ombro com os golpistas de 2002, a ocupar provisoriamente o Palácio de Miraflores. Estabeleceram, desde então, aliança implícita com a oposição de direita, pois partilham o mesmo objetivo tático, qual seja, derrubar o governo de Nicolás Maduro, como antes o de Chávez.

Os fatos não deixam quaisquer dúvidas que, até o presente, com raros momentos de bom senso, o pensamento majoritariamente assumido pelo PSOL aproxima-se mais da variante venezuelana que da chilena. A diferença é que, retoricamente, também bate nos partidos da direita, mas efetivamente movimenta-se pela lógica de considerar o governo petista seu inimigo principal.

Basta relembrar o comportamento durante a crise de 2005 e a AP 470. Ou no curso da operação conservadora contra a Petrobrás. Ou nas campanhas presidenciais de Heloísa Helena e Plínio de Arruda Sampaio. Ou a facilidade com que filiados importantes – como a própria ex-senadora alagoana e o senador Randolfo Rodrigues, entre outros – já anunciam apoio à candidatura de Marina Silva para o segundo turno da corrida presidencial.

O grande problema da linha adotada pelo PSOL e companhia, no entanto, é a existência de um abismo entre a caracterização do governo como “da direita” e a potente mudança positiva da situação dos trabalhadores. O “inconformismo” receitado por Medeiros esbarra no apoio de massas ao processo liderado pelo PT. Ainda que existam insatisfações concretas, especialmente nos últimos anos, os pobres da cidade e do campo não reconhecem, em sua experiência concreta, a identificação do governo petista como traidor ou patronal. Pelo simples fato que essa afirmação não se sustenta sobre a história dos últimos doze anos, refletindo apenas uma análise sectária e inócua.

Medeiros parece não dar muita bola para isso. Diante da sustentação popular ao governo petista, recorda que assim também se portava “a maioria dos trabalhadores que viviam sob o fascismo da Itália dos anos 20”. Vamos saltar seu desconhecimento sobre qual era a base social dos fascistas, que jamais conseguiram maioria entre operários e camponeses sem-terra. Ainda que adesão social não seja definidora sobre o caráter progressista ou não de um determinado partido, isolamento tampouco é prova de inconformismo eficaz, a serviço da boa causa socialista.

A incorreta apreciação sobre o significado contemporâneo do PT e seu governo, além de estimular tendência à reclusão em um gueto político, propicia certa dinâmica mercadológica: vale tudo para tentar o desgaste do partido que ocupa o espaço social supostamente dedicado à autodenominada “esquerda inconformista”, incluindo exacerbar os piores preconceitos de setores médios naturalmente antipetistas.

A ineficácia desta postura, no entanto, parece que ainda não incomoda seus autores, mesmo que os dividendos correspondentes sejam recolhidos por correntes reacionárias que celebram a possibilidade de encontrar ajuda objetiva de agrupamentos estranhos ao seu campo político-ideológico. Apropriam-se da produtividade denuncista da ultraesquerda, sugando mais um pouco de seu potencial de inserção autônoma na luta de classes.

Ainda que esta situação residual da ultraesquerda não a condene, por si só, ao desaparecimento, deveria ser suficiente para levar seus melhores dirigentes e agremiações a repensar opções que conduziram ao raquitismo, mesmo com o importante espaço à esquerda aberto pelo gradualismo petista. A preferência por atitude de rejeição, em prejuízo à hipótese de defesa e radicalização das mudanças, parece tornar inepto o acionar dos que se imaginam o último biscoito do pacote revolucionário.

Estas escolhas serão colocadas em xeque, mais uma vez, no segundo turno das eleições presidenciais de 2014. Qual será a orientação do PSOL, por exemplo? Marchando separado, golpear junto com o PT para derrotar a restauração neoliberal representada por Marina e Aécio? Ou lavar as mãos porque, conforme reza sua bem-sucedida cartilha, são todos farinha do mesmo saco e da mesma classe?

Breno Altman* é jornalista e diretor do site Opera Mundi.

Votos de Marina migram para Dilma

Dilma dispara nessa última semana 
antes da eleição e chega aos 40%. 

Segundo lugar ainda está indefinido:
Marina cai seguidamente e já embola 
com Aecio, na faixa dos 20 e poucos
por cento. 

Tem muita gente boa, que quer o bem 
do Brasil e que queria votar 
em Marina, mas com a ascensão de Aecio
esses votos podem migrar ainda com mais 
intensidade para Dilma na undécima hora. 

São votos de cidadãos conscientes, que sabem que
os tempos de arrocho e entreguismo do 
PSDB não podem voltar a infelicitar a 
Nação brasileira. 

Confira a pesquisa CNT/MDA divulgada hoje

blogdoorro
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CONVERSA AFIADA
29/09/2014

Dilma a 4 pontos do 1°. turno!


Quem com pesquisa feria, o Tijolaço agora fere …





De Graça, no face do C Af

 

 

O Fernando Brito está impossível: assim a Bolsa fecha, Fernando !


PESQUISA CNT/MDA: DILMA A 4 PONTOS DE FECHAR NO 1° TURNO. MARINA DESPENCA, AÉCIO SOBE

 

Na pesquisa CNT/MDA  divulgada agora há pouco, Dilma Rousseff subiu para 40,4% das intenções de voto, 4,4 pontos a mais que no levantamento  divulgado na semana passada. 


Marina Silva teria  com 25,2%, com redução de 2,2 pontos em relação à pesquisa anterior. Aécio Neves (PSDB) aproximou-se de Marina, com 19,8% e aumento de 2,2 pontos.


No segundo turno, onde Masrina e Dilma apareciam empatadas tecnicamente na pesquisa anterior (42% para Dilma, 41% para Marina) a diferença agora é de nove pontos: Dilma tem  47,7% das intenções de voto, enquanto Marina aparece com 38,7%.


Numa escolha  entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, ela tem a preferência de 49,1% dos eleitores e o tucano aparece com 36,8%. 

E quando se  simula a disputa de segundo turno entre Marina e Aécio, ela tem 41,1% das intenções de voto, contra 36% do candidato do PSDB.


Em uma semana, a avaliação positiva do governo cresceu para 41%, fração dos  dos entrevistados o consideram ótimo ou bom. 

Antes, o índice estava em 37,4%. A avaliação negativa (ruim/péssimo) passou de 25,1%, do levantamento anterior, para 23,5% no divulgado nesta segunda-feira. 

A aprovação do desempenho pessoal de Dilma Rousseff também cresceu e chegou a 55,6%. Os eleitores que a desaprovam caíram  de 43,8% para 40,1%.


A rejeição de Marina Silva ultrapassou a de Dilma Rousseff. Agora, a candidata do PSB, em quem 38,7 % não votariam de jeito nenhum tem a rejeição de 42,5%. Já Dilma, que era rejeitada por 43,9% agora tem um índice de 41,1%.


Reparem: o intervalo entre as duas pesquisas foi de uma semana. O mesmo intervalo que temos até a eleição.

Repeteco de Obama no Oriente Médio.

Reproduzo aqui matéria da Carta Capital  sobre a nova e equivocada ofensiva do imperialismo ianque no Oriente Médio. 

A ação de guerra dirige-se supostamente contra grupos radicais que foram incentivados, organizados e armados pelos EUA e seus aliados há muito pouco tempo, o Estado Islâmico. 

Nesta manhã, a mídia noticia que aviões dos EUA bombardearam refinarias no leste e norte da Síria, o que comprova os objetivos ocultos e estratégicos de Washington: 

destruir a infra-estrutura e a economia da Síria, 

derrubar Bashar al Assad do poder, 

apoderar-se do petróleo árabe, 

turbinar a indústria estadunidense de armas e 

abrir caminho para as suas empreiteiras faturarem fábulas de bilhões  com a reconstrução do que o belicismo Ocidental destruiu. 

Qualquer semelhança com o que ocorreu no Iraque e Afeganistão não é mera coincidência. 


Blogdoorro - 28/09/2014

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Estado Islâmico


Estados Unidos, condenados à repetição


Obama continua uma tradição de bombardear problemas que há décadas os faz crescerem
publicado 28/09/2014 07:48, última modificação 28/09/2014 11:35


Isis

Treze anos de luta contra Bin Laden trouxeram um fundamentalismo ainda mais brutal

Se forem somados os países que participaram das duas “Conferências Internacionais sobre Paz e Segurança no Iraque”, nos dias 11 (em Jeddah, Arábia Saudita) e 14 (em Paris), chega-se a 30, mas é prematuro considerá-los parte de uma nova “coalizão dos dispostos” à maneira de George W. Bush e Tony Blair. 

Os únicos governos dispostos a lutar com tropas terrestres contra o Estado Islâmico, os do Irã e da Síria, foram explicitamente desconvidados.

 Se os próprios Estados Unidos e Reino Unido pretendem se limitar a ataques aéreos, o papel dos demais é ainda mais nebuloso.

A única consequência até agora foi os EUA dispensarem o pretexto de proteger seu pessoal e instalações, invocado ao atacar as forças jihadistas perto de Erbil, no Curdistão, para bombardear os fundamentalistas perto de Bagdá. 

A coalizão de 2003 reuniu-se com alarde e entusiasmo para cometer um ato de banditismo internacional contra um governo falsamente acusado de terrorismo contra o Ocidente e de possuir “armas de destruição em massa”. 

A atual é muito mais tímida contra uma ameaça real e explícita, marcada pelo massacre e execução cruel de milhares de sírios e iraquianos e agora também pela decapitação de reféns ocidentais. 

Para isso, no caso da vítima mais recente, o trabalhador humanitário britânico David Haines, contrariou a própria Al-Qaeda, que tentou persuadi-lo a suspender a execução.

A relutância de Washington explica-se pela resistência a admitir que, republicana ou democrata, sua política no Oriente Médio, da Líbia ao Afeganistão e também no Egito, Síria e Palestina, é um fracasso. 

Um acordo com Teerã e Damasco seria a resposta mais eficaz, mas a meia-volta equivaleria a confessar ter criado a atual situação com décadas de erros políticos e estratégicos que plantaram o caos na região e impuseram um enorme sofrimento em nome de ideais abstratos que, aos olhos dos povos muçulmanos, nunca foram mais que folhas de parreira para defender os interesses militares e petrolíferos do Ocidente e de Israel à sua custa.

A irrupção do Estado Islâmico foi um efeito colateral que os estrategistas ocidentais não previram e por isso subestimaram o quanto puderam, como quem se esforça por ignorar os sintomas cada vez mais alarmantes de uma doença grave, cujo tratamento exigiria uma mudança drástica de planos e hábitos. 

Só quando ameaçou as reservas curdas de petróleo começou a ser levado a sério. 

Ainda é possível ler analistas e políticos protestarem que o califado “não ameaça o Ocidente” e foi “superdimensionado” para insistirem em mais recursos a seus planos e apadrinhados para destituir Bashar al-Assad, pedir bombardeios ao Irã ou reforços ao sistema de vigilância da NSA, tão eficiente na espionagem de cidadãos e aliados quanto inútil contra o terrorismo real.

Daí a insistência em treinar e armar “rebeldes sírios moderados” que se sabe terem vendido ao califado armas, munições e pelo menos um dos reféns decapitados, aprisionado tropas da ONU perto do Golã e se transferido em bandos para a folha de pagamento de Al-Baghdadi à medida que este conquista mais vitórias e recursos e levam consigo armas, equipamentos e treinamento pagos pelo Ocidente.

Os EUA aproveitaram a Primavera Árabe para tentar um golpe estratégico e derrubar um aliado de Teerã e Moscou. 

Não importa se o impulso democrático nesse movimento tenha sido sufocado há muito, Washington vê como questão de credibilidade continuar a pintar Bashar al-Assad como a encarnação do Mal, embora na prática tenha recuado de uma intervenção direta ante as advertências de Vladimir Putin. 

Voltou a ouvi-las ao dar a entender que atacaria o Estado Islâmico na Síria sem consultar Damasco: isso será considerado “um ato de agressão”.

 É compreensível, depois de uma mera autorização da ONU para impor uma “zona de exclusão aérea” na Líbia ter sido usada por Barack Obama como carta-branca para intervir no país.

Isis

A própria obsessão com isolar e enfraquecer os aiatolás depois de décadas de normalização do regime e fim de seu impulso revolucionário é sintoma da dificuldade de ajustar o curso e o discurso a novas realidades, tanto quanto os mais de 50 anos do embargo a Cuba. 

Em nome da “credibilidade” e da satisfação de lobbies internamente importantes, Washington tem um longo histórico de persistir em políticas externas não só fracassadas, como cada vez mais disfuncionais.

Enquanto isso, a organização de Al-Baghdadi, que em 2013 era estimada em 5 mil combatentes, cresce para 31,5 mil segundo a CIA. 

Muitos são sírios e iraquianos sunitas, mas 15 mil vieram de outros países e esse número continua a crescer. 

Apesar do extremo conservadorismo islâmico, a organização atrai milhares de mulheres, algumas das quais recrutadas no próprio coração dos EUA, em Minneapolis-St. Paul, aponta investigação recente, e pessoal suficientemente culto e capacitado para permitir ao califado usar tecnologias avançadas, administrar um Estado do século XXI e promover nas redes sociais uma campanha de propaganda e recrutamento mais eficaz que aquela de qualquer outra organização islâmica.

 A peça mais recente, um vídeo com o título Flames of War, com ameaças aos EUA e à Casa Branca, poderia ser um trailer hollywoodiano.

O antigo ISIS não apenas controla militarmente, mas governa de fato um território considerável, onde exerce poderes de polícia e mantém em funcionamento agricultura, mercados, padarias, infraestrutura e assistência social.

 Mesmo se os EUA conseguirem cortar o fluxo de doações de simpatizantes nas monarquias árabes e de resgates pagos por aliados europeus, a organização não depende mais desses recursos. Exporta de 1 milhão a 2 milhões de dólares diários em petróleo e arrecada impostos nos seus domínios.

Recebeu adesões e juramentos de lealdade de grupos fundamentalistas da Argélia, Afeganistão e Filipinas e do nigeriano Boko Haram, que se apoderou de uma parte do noroeste de seu país e o transformou em extensão do califado. 

Com o anúncio da coalizão pelos EUA, recebeu o apoio moral da rival Al-Qaeda (que controla territórios na Somália, Iêmen, Síria e Mali), e afirmou ante seus admiradores a imagem de principal adversário de um Império odiado e inimigo do Islã, o que atrai mais militantes, une seu pessoal e previne dissenções.

O preço da teimosia pode ser contrariar mais frontalmente a promessa com a qual Obama foi eleito, a da retirada definitiva do Iraque. 

Em depoimento ao Congresso na terça-feira 16, o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, explicou que, se a atual estratégia falhar e o Estado Islâmico se revelar uma ameaça aos EUA, recomendará o uso de forças terrestres ao presidente.

Sem uma mudança de postura, isso apontaria não o caminho da vitória, mas o de outro Vietnã, ou muitos, se os focos jihadistas continuarem a se multiplicar. 

Tanto quanto seus antecessores, o governo Obama age como se acreditasse que os povos muçulmanos abraçariam o liberalismo, se submeteriam aos EUA e às transnacionais e se tornariam felizes consumidores de produtos ocidentais se não fossem impedidos por um punhado de líderes malvados e anacrônicos. 

A eliminação de Saddam, Kaddafi, Bin Laden e 13 anos de “guerra ao terror” que só aumentaram o ódio a Washington e tornaram o fundamentalismo cada vez mais popular e poderoso não bastaram para dissipar a ilusão. 

A cada inimigo caído, os EUA voltam a proclamar “missão cumprida” e a vitória definitiva, apenas para vê-lo ser sucedido por um grupo ainda mais impiedoso e intransigente. 

De nada adianta eliminar mensageiros. Se as massas tiverem motivos para dar ouvidos à mensagem, ela encontrará portadores.

*Reportagem publicada originalmente na edição 818 de CartaCapital, com o título "Condenados à repetição"

Aldir Blanc e a sensata lucidez diante de um mundo doido



TIJOLAÇO 
29 de setembro de 2014 | 02:07 
Autor: Fernando Brito


aldir


Há muito tempo nas águas da Guanabara, quando a inteligência não era atributo reconhecido em “bundinhas” bem vestidos e bem cuidados, os cariocas  amavam seus cronistas e poetas que, das cátedras de botequim , tinham vitalício direito, honoris causa,a serem acres,  sinceros, gozadores, iconoclastas e sempre, sempre, humanos.

Não viravam “celebridades”, não compravam apartamentos luxuosos à beira-mar, não apareciam em “bodas” das “Caras” dos consultórios de dentistas.

Mas eram amados e cantados, porque davam vazão, escrevendo,  ao que nos passava na vida e nas almas.

Aldir Blanc, que aprendi a admirar nos anos 70, ali pertinho da Praça Varnhagen, na voz da Elias Regina e nos limites mal definidos entre a Rua dos Artistas e a Dona Zulmira, é um destes caras, grandes caras,  que no põe um nexo aparentemente desconexo nas verdades a que nos desacostumamos e nos mostra, numa crônica sensacional,  que absurdo é o que parece sério nos jornais e na boca de gente muito bem arrumada que justifica essa bagunça que anda por aí.

Vale apena ver que o velho – e novíssimo – Aldir ainda é um craque em puxar do cavaquinho pra cantar de galo e que, com ele, encara todo mundo.


Marina continua enganando os trouxas

Aldir Blanc


Na ONU, a presidente Dilma foi contra o bombardeio indiscriminado do tal Estado Islâmico, que ninguém sabe direito onde fica. 

Obama criticou a “indiferença” com que assassinos são tratados. 

Quer falar sobre assassinos, Obananamole? 

O mundo viu em, estado de choque, aviões implodirem as Torres. Milhares de mortos numa ação terrorista. Sem dúvida, um assassinato em massa terrível. 

Em resposta, os EUA e aliados invadiram, com as bênçãos de Cristo e falsos motivos, o Iraque e mataram milhares e milhares de inocentes. 

Casamentos eram pulverizados, festas de aniversário, idem. Seguia-se o cínico pedido de desculpas. 

O Afeganistão foi tão bombardeado que montanhas inteiras sumiram do mapa. 

Resultado: voltou a cultura do ópio, com um gatuno como chefe de governo. Sem contar os trágicos mortos por fogo amigo. 

O capanga dos EUA, Israel, massacrou crianças refugiadas em escolas na Faixa de Gaza.

 A CIA patrocinou um golpe no Egito — país onde os EUA têm prisões clandestinas para torturar. Todos os opositores do golpe militar, muito bem pago, foram sentenciados em bloco à morte. 

Em 2008, na maior fraude já vista, Wall Street quebrou o mundo! 

Quantas vítimas fatais fizeram em toda a Terra, por desespero, doenças cardíacas, depressões, suicídios, fome etc? 

Como avaliar o número de vítimas? Tropas especiais assassinaram Osama por vingança. 

Eu pergunto: os que perderam parentes e amigos na roubalheira podem matar safados do Lehman, Bear Sterns, Merrill, Sachs sem fundos, AIG and so on? 

Os que tiveram suas vidas destruídas têm esse direito? 

Quando Obamascarado venceu pela primeira vez, Gore Vidal disse: “Vocês estão loucos? Não vai mudar nada!” Na mosca!

Aqui na Brasunda, um avião também explodiu. Há quem diga que foi sabotado pela CIA, Mossad, a poderosa empresa transacional Testemunhas de Jeová e outros interessados. 

Das cinzas, surgiu a Fênix Redentora, Marina d’Arc, com a Bíblia na mão, e o apoio financeiro de Nhá Neca Setúbal. 

Houve, digamos, um fenômeno carismático (Hitler também tinha carisma). 

E o corpus mysticum de Marina entrou em levitação. Até que foi descoberto o seguinte: o avião que matou, por ação da Providência Divina (?), o governador Campos estava boladão. 

Tinha empresas por trás com mais fantasmas que castelo inglês. Os documentos da aeronave sumiram, a caixa-preta pifou, e todos mentiram sobre isso: Campos, a cúpula do PSB e Marina. Campos parou de mentir por motivo de força maior.

 Marina continua enganando os trouxas. 

Disse que governará racionalmente, que a Bíblia é só inspiração. O que a inspira? A Matança dos Inocentes? Um pai que sacrificaria o filho porque o Velho é um Deus ciumento? O absurdo e cruel sofrimento imposto a Jó? Os incestos e traições? Arcanjos da SS de lança-chamas queimando os alegres moradores de Sodoma e Gomorra, que tinham direito à sexualidade que quisessem?

Na trilha do clássico de Chico Buarque, afastem do povo brasileiro essa bíblia arcaica, cheia de dólares e mentiras.

domingo, 28 de setembro de 2014

O modelo de desenvolvimento proposto por Lula e Dilma, por Ricardo Bielchowsky

Jornal GGN

Do Brasil Debate

O modelo de desenvolvimento proposto por Lula e Dilma

O objetivo maior da estratégia de desenvolvimento socioeconômico de longo prazo dos dois governos, e inédito no Brasil, tem sido a inclusão e a proteção social, com radical redução da pobreza e igualdade de oportunidades para todos
 
Por Ricardo Bielchowsky

Os governos Lula e Dilma implementaram no período 2003-2014 uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico de longo prazo, cujos êxitos alcançados e perspectivas de sucesso futuro as oposições tentam minimizar, momentaneamente favorecidas pelo baixo crescimento atual do PIB.

A estratégia foi enunciada na campanha eleitoral de 2002, e reiterada em uma série de documentos e pronunciamentos oficiais ao longo dos três mandatos: crescimento com baixa inflação e redistribuição de renda, associado ao modelo de consumo de massa.

No “Programa de Governo 2002”, da Coligação Lula Presidente, as linhas do novo modelo estavam assim anunciadas:

“(…) O motor básico do sistema é a ampliação do emprego e da renda per capita e, consequentemente, da massa salarial que conformará o assim chamado mercado interno de massas. O crescimento sustentado a médio e longo prazo resultará da ampliação dos investimentos na infraestrutura econômica e social e nos setores capazes de reduzir a vulnerabilidade externa, junto com políticas de distribuição de renda”.

O objetivo maior dessa estratégia, e inédito no Brasil, tem sido a inclusão e a proteção social, com radical redução da pobreza e igualdade de oportunidades para todos.

E sua sustentação econômica em médio e longo prazo reside na continuidade da expansão dos investimentos em três frentes de expansão: investimentos em produção e consumo de massa, investimentos em infraestrutura e investimentos na produção de bens e serviços intensivos em recursos naturais.

A desaceleração recente nessas frentes de expansão não justifica que ignoremos enormes avanços já alcançados, e tampouco o potencial de desenvolvimento futuro contido nelas.

Os contundentes indicadores apresentados a seguir não deixam margem a dúvidas quanto ao êxito alcançado pelas políticas de governo nos dois mandatos de Lula eno de Dilma.

A Tabela 1 mostra uma impressionante lista de indicadores do êxito social, em matéria de trabalho e renda, transferência e assistência, distribuição de renda e redução da pobreza, evidenciando um novo salto a cada um dos três mandatos.

ATabela 2 complementa a anterior com dados de avanços importantes em matéria de educação, saúde, desenvolvimento urbano e desenvolvimento agrário.

tabela1 lula-dilma

tabela2 lula-dilma

A taxa de investimento se elevou entre 2003 e 2010 em mais de 5 pontos percentuais do PIB. Saltou de 14 a 19% (a preços constantes de 2000), sob o impacto do crescimento econômico e do PAC, e permaneceu nesse patamar no período 2011-2013.

A Tabela 3 apresenta indicadores da expansão da demanda e da oferta de infraestrutura de transportes, energia e comunicações, cujos números bem expressam o desafio que tem sido enfrentado e os avanços alcançados no País.

tabela3 lula-dilma

A maior dificuldade tem sido acelerar os investimentos na indústria de transformação. Eles são essenciais para o progresso técnico e para o balanço de pagamentos, mas, tal como no caso dos demais países industrializados do Ocidente, a indústria está tendendo à cautela diante da competitividade sino-asiática e do baixo crescimento mundial.

Para enfrentar a situação, introduziu-se uma taxa de câmbio mais favorável, e ampliaram-se as políticas governamentais de incentivo ao investimento, fixo e em inovação, incluindo isenções fiscais e crédito ao investimento em condições semelhantes às que são praticadas internacionalmente.

O contínuo fortalecimento da política industrial de suporte ao investimento é essencial para a ampliação e diversificação da capacidade produtiva e a reversão da tendência desfavorável do saldo comercial do setor.

Para tanto, é necessário, também, recuperar o crescimento e realizar forte expansão do investimento público, porquanto o investimento industrial se dá principalmente em função da expansão do mercado interno, como demostram em forma recorrente as pesquisas realizadas com os empresários do setor.

Felizmente, altos níveis de reservas internacionais, a política de câmbio flexível e, sobretudo, boas perspectivas no que se refere à evolução da produção de petróleo e das exportações de outros recursos naturais conferem um conforto à área externa com que não se contava no passado.

A retomada do investimento industrial, porém, deve ser entendida como essencial para a continuidade no longo prazo da estratégia ora em vigor, por seus efeitos sobre a inovação, a produtividade e a redução da vulnerabilidade externa.

Cabe apontar que, se bem que alguns aperfeiçoamentos na política macroeconômica serão necessários, não só estamos longe de uma crise, como há condições objetivas que permitem que a atual velocidade do crescimento ganhe em pouco tempo forte aceleração.

Tem-se preservado relativa estabilidade na taxa de inflação, abaixo de 6,5% ao ano – portanto dentro do intervalo da meta – dispõe-se de confortáveis reservas internacionais, a taxa de câmbio já é bem menos apreciada e os juros reais já são bem menores do que no passado.

Os resultados fiscais permanecem muito razoáveis, e em nada ameaçam a forte queda na relação dívida interna líquida/PIB obtida desde 2003 (de problemáticos 60% em 2002 a confortáveis 33% em 2013).

Ao contrário do que defendem os opositores da candidatura Dilma, o problema do governo não tem sido excesso de gastos públicos, mas excesso de zelo nesse terreno, que contribui para o baixo crescimento e perda de arrecadação fiscal; da mesma forma, o desafio para o próximo ano será, sem perda de prudência, ampliar os investimentos públicos – e, com o crescimento, ampliar a arrecadação.

Felizmente, o fraco desempenho do PIB não impediu a continuidade da queda na taxa de desemprego, o aumento nos salários reais e, tampouco, como se verificou nas Tabelas 1 a 3, a continuidade de importantes avanços sociais.

À semelhança dos dois governos Lula, o resgate da dívida social permaneceu como prioridade absoluta no governo Dilma, mesmo em meio a dificuldades internacionais e ao recurso a controles restritivos internos como contraposição aos efeitos sobre custos e preços da desvalorização cambial.

Um olhar sobre o futuro

Proponho como objetivo para o segundo mandato de Dilma dar prosseguimento à estratégia em curso com uso da tática da “continuidade com mudanças”, corrigindo-se as imperfeições, e melhorando-se e ampliando-se os mecanismos e instrumentos apropriados ao funcionamento no longo prazo do modelo de crescimento com redistribuição de renda, em forma ousada e inovadora.

Trata-se, no campo social, de ampliar em quantidade e qualidade os investimentos e gastos sociais, urbanos e rurais, e da proteção social em geral, aprimorando-se progressivamente os mecanismos de universalização dessa proteção, evitando-se a mercantilização dos serviços de natureza social, enfrentando-se os velhos e novos problemas rurais e urbanos – atacando-se com crescente radicalidade os enormes problemas assinalados pelas manifestações de rua de 2013.

E, no campo econômico, de dar sustentação em longo prazo ao processo, conservando-se a estabilidade de preços e intensificando-se as políticas de investimento em infraestrutura, consumo de massa e recursos naturais, bem como a agregação de valor pelas vias do fortalecimento de encadeamentos produtivos internos e de maior incidência de inovação tecnológica nas empresas.

Esperemos que as eleições de 2014 tornem a conferir à estratégia de desenvolvimento com inclusão social o respaldo popular recebido nas três eleições anteriores.

Ricardo Bielschowsky é professor do Instituto de Economia da UFRJ