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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Inaugurado o golpômetro !



 
pib

Análise Diária de Conjuntura Cafezinho, 31/08/2015

A política brasileira deveria inaugurar urgentemente um golpômetro, então eu dou a partida e passo, a partir de agora, a fazer um, com periodicidade semanal.

É um índice de larga abrangência, de 1 a 20, porque precisaremos de muitos nuances. O número 1 corresponde a risco zero de golpe. Número 20, golpe certo.

Nesta segunda-feira, diríamos que o golpômetro subiu dois pontos em relação à semana passada, em função de fatores sobre os quais irei discorrer abaixo, e bateu a marca de 12 pontos, com viés de alta de mais um ponto para o resto da semana.

O ser humano é tão incrível que já estamos nos acostumamos até mesmo com essa situação, esse caminhar à beira do abismo.

Nas últimas semanas, algumas coisas ficaram mais claras. A estratégia da oposição não foi, exatamente, desistir do golpe, e sim empurrá-lo para mais adiante, quando o processo de manipulação da opinião pública estiver mais avançado.

A superexposição do "ministro" Gilmar Mendes (TSE e STF), fazendo com ele apareça, junto à mídia, como único ministro do STF e único ministro do STE, revela que Mendes se tornou, efetivamente, o grande líder do golpe.

entrevista que Gilmar deu ontem ao Correio Braziliense mostra um quadro político inteiramente voltado a serviço da derrubada do governo. E ele não esconde isso.

Na entrevista, Mendes deita falação e pré-julgamentos, sem o menor pudor, sobre fatos que a corte irá julgar. E age muito mais como um político do que como um magistrado, rompendo todos os códigos de ética criados para que juízes não interferissem no jogo político.

Num ponto da entrevista, o repórter pergunta a Mendes: "Não dá para dizer então que a presidente não sabia?"

Mendes, malandro, dá um drible verbal: "Não vou emitir juízo sobre isso. Agora, a mim me parece que é difícil qualquer pessoa que estava em posição de responsabilidade dizer que desconhecia essas práticas. "

Ou seja, diz que não vai emitir juízo e, em seguida, emite.

A entrevista é inteiramente repleta de joguinhos assim, mas é interessante porque nos fornece, em detalhes, o roteiro do golpe, que precisará ser embalado numa fôrma legal.

Para isso, é preciso antes aprofundar a narrativa de que haveria, como diz o ministro, um "método de governança" ancorado na corrupção, e numa "concepção ideológica, de que Estado e partido se confundem".

A teoria é bem doida. Segundo ela, bancos, empreiteiras, diversas grandes companhias brasileiras, todas teriam dado apoio ao PT em sua busca pela instalação do maoísmo comuno-petista no Brasil.

Lula, o grande mentor desse plano macabro, teria tido financiamento (ele mesmo abriu os dados, após a quebra de seu sigilo bancário) de Microsoft, Odebrecht, dezenas de grandes empresas, todas elas interessadas em apoiar o sinistro projeto petista de poder.

Entretanto, depois do que fizeram no mensalão, em que transformaram a Visanet em empresa pública e condenaram Pizzolato por um desvio que não ocorreu, e que, se tivesse ocorrido, não teria sido ele o responsável, está claro que terão agora muito mais elementos para brincar de montar narrativas.

Desmontar essas farsas não seria tão difícil, tivesse o governo instrumentos para se comunicar diretamente com o povo. Mas os poucos que o governo tinha, como o Café com a Presidenta, foram deliberadamente abandonados.

Gilmar ainda aproveita a entrevista para ofender blogs críticos à sua atuação com acusações levianas e, até mesmo criminosas, no limite da injúria e da difamação. Para autoritários como Gilmar, deveria existir apenas essa imprensa cartelizada, que agora lhe incensa, que abafa escândalos, apenas essa mídia herdeira da ditadura e da privataria.

Sou contra a judicialização da política e do debate político, mas Nassif está de parabéns por processá-lo, pela simples razão de que foi Gilmar quem processou Nassif primeiro.

Outro fator a elevar a instabilidade política é o aprofundamento da crise econômica. Hoje, segunda-feira, o boletim Focus do Banco Central, que apura semanalmente as expectativas do mercado para a economia, estimou uma queda de 2,26% no PIB deste ano. É uma queda enorme para uma economia do nosso tamanho. Se confirmada, será a maior que tivemos em bastante tempo.

Para 2016, espera-se nova queda no PIB, de 0,4%.

É óbvio que a instabilidade política dessa vez explodiu como bomba no colo da economia brasileira. Além disso, o ajuste fiscal foi feito com muita brutalidade. Aumento de juros, cortes de gastos, tudo feito de maneira brusca, sem a sensibilidade necessária para que não resultassem em redução da atividade econômica e, portanto, queda na arrecadação, neutralizando o próprio objetivo do ajuste.

A Lava Jato, que ingenuamente achamos ter chegado a uma etapa declinante há algumas semanas, ganhou corpo de maneira extraordinária. Seus procuradores, o juiz Sergio Moro, Gilmar Mendes, além da mídia, retomaram os trabalhos de imagem junto à opinião pública. Diferente do governo, esses agentes da oposição dão importância à comunicação e ao simbolismo das coisas. O Ministério Público brandiu uma suposta "devolução" de 1 ou 2 bilhões de reais aos cofres públicos, número abstrato mas encorpado, para galvanizar a operação com uma tinta generosa, deixando de lado a própria realidade econômica, que mostra um país em forte recessão dentre outras razões justamente pela maneira como a operação foi conduzida.

Nos anos que sucederam a II Guerra, as grandes empresas europeias que haviam apoiado o nazismo, não foram destruídas por nenhuma campanha moralista, mas salvas com dinheiro público. Algumas foram incorporadas ao Estado, como a Renault francesa, para que não houvesse desemprego. Bush fez a mesma coisa com a General Motors: estatizou-a. Aqui no Brasil, fez-se campanha aberta para destruir as principais empresas brasileiras de engenharia e construção civil, e agora se fala que devolverão R$ 2 bilhões, como se isso pagasse o prejuízo para o Estado de termos empresas, que pagavam bilhões de reais, todos os anos, na forma de impostos, além da geração de empregos, fechando as portas e falindo.

Esta semana, a novela da Lava Jato terá como personagem principal o ex-deputado Pedro Correa, que decidiu aceitar acordo de delação premiada. Político astuto e conservador, não será surpresa se Correa fizer o jogo manjado da Lava Jato. O destino feliz dos delatores que entraram no jogo (Barusco, o corrupto mais antigo e mais intenso de todos, já está curtindo praia em liberdade) dos procuradores e Sergio Moro já delineou para todos os réus o caminho a ser seguido: ajudar a montar o quebra-cabeça já previamente elaborado pela acusação. Os procuradores e Moro conseguiram convencer vários réus a colaborarem: ainda veremos as delações de Marcelo Odebrecht, Nestor Cerveró e Fernando Baiano.

A pontuação do golpômetro ainda pode subir um bocado antes de voltar a baixar.

O script disso tudo está sendo muito bem preparado.

Em Minas Gerais, o governador Pimentel entra na mesma máquina de moer reputações que corrói o PT em toda parte. A PF tucana está mordendo seu pé, tentando criar uma Lava Jato mineira para lhe derrubar. O fato de Pimentel possuir um longo rabo de "consultorias" milionárias, cobradas de sindicatos patronais, não lhe ajuda muito.

Até o momento, tudo indica que Pimental enfrentará essas acusações ao "estilo Dilma", ou seja, usará a tática de apanhar calado, de maneira que o esforço dos movimentos sociais de criar, em Minas, um núcleo nacional de resistência contra a escalada conservadora e golpista, encontrará dificuldades.

Por fim, temos um PT e governo ainda em curto-circuito político. A ideia de recriar a CPMF durou poucos dias, e apenas serviu para ilustrar a desorganização política de ambos.

O PT continua preocupado demais em oferecer algum tipo de proposta à sua militância. Falar em CPMF, sem antes fazer uma trabalho de esclarecimento sobre a questão tributária no país, é evidentemente estupidez. A mesma coisa vale para o imposto de grandes fortunas.

Um auditor fiscal de Minas, blogueiro, e leitor do Cafezinho, que estuda há anos a questão do tributo sobre as heranças, publicou um artigo, com gráficos, que mostra como a nossa opinião pública é mal informada, e como o governo e o PT são incompetentes ao tratar de qualquer questão tributária sem antes trazer comparativos entre países.

Até a década de 70, EUA e Inglaterra financiaram suas estruturas sociais com alíquotas máximas altíssimas sobre o imposto de herança, de 80% a 90% do total! Hoje baixaram essas alíquotas máximas para 40%. Mesmo assim, observa-se que o Brasil possui as menores alíquotas máximas tributárias no mundo.

Ranking

Não se pode, em plena crise econômica, falar impunemente de aumento de impostos. É preciso antes reduzir a evasão fiscal, simplificar e racionalizar os processos de pagamento, reduzir para os pequenos, para os empreendedores, para a classe média, e aumentá-los, após inteligente campanha de esclarecimento, para os setores sociais mais ricos.

A cultura da sonegação, por sua vez, deve ser combatida com inteligência, não com truculência judicial, não com criminalização do empreendedorismo, mas com reformas que simplifiquem o pagamento de tributos, descentralizem as cobranças, e prometam maior eficiência e transparência no uso dos recursos. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

R$ 35 bi de déficit. R$ 452 bi de juros. Juro alto é o vilão do Orçamento.

Do blog do miro

terça-feira, 1 de setembro de 2015

R$ 35 bi de déficit. R$ 452 bi de juros

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O governo anuncia sua proposta orçamentária para 2016, prevendo um déficit de R$ 35 bilhões, ou 0,5% do PIB.

Ruim, mas não mortal. A maioria dos países europeus, hoje – e já há tempos – têm déficits orçamentários imensamente maiores. Os EUA, nem se fala: estão comemorando a queda de seu déficit para “apenas” US$ 431 bilhões – R$ 1,55 trilhão, ou 2,4% do PIB americano.

Mas como fazer superávit – em tese para pagar encargos da dívida pública e reduzir seu montante – se o Banco Central, com apoio do governo, eleva sistematicamente a taxa que incide sobre esta dívida e obriga o país a, hoje, despender com juros R$ 452 bilhões, ou 7,92% do PIB?

Não é possível fazer superávit sem atividade econômica que gere arrecadação e é impossível sustentar a atividade econômica se, além da paralisia provocada pela Lava Jato (e que se estende muito além das obras com suspeitas) e da crise internacional, a própria área econômica do Governo diz -por palavras e atos – que quer fazê-la cair em nome de um combate a inflação que, francamente, só um louco pode dizer que, no Brasil, tem na demanda um fator de elevação?

É hora de o Governo brasileiro ver que, ao lado do arrocho necessário nos gastos públicos, é preciso que se restaure a confiança na economia, o que não se dá com uma simples conta de superávit ou déficit público, mas com a retomada de um mínimo de dinamismo nos investimentos e no consumo das famílias.

Os comentaristas econômicos, que gostam tanto de comparar esta questão do superávit a “uma família que gasta mais do que ganha”, nunca dizem que, mesmo que a família gaste menos, jamais haverá equilíbrio se seus ganhos (neste caso, a arrecadação) minguarem à penúria.

O Brasil não quer se negar aos capitais, nem pretende que eles invistam em títulos públicos e financiem o governo a juros irrisórios.

Mas tem de ter coragem de se negar a ser um playground do capital.

Que não vai fugir do Brasil, não aquele que mais importa, o que traz empresas, produção, emprego e desenvolvimento.

O outro, corre para os bonds do Tesouro Americano por qualquer tremor na China ou 0,5% de juros do Federal Reserve.

E olhe lá, porque o Brasil é bom negócio.

Mas, para isso, o Governo deve abandonar a “síndrome do molambo”, esta sua compulsão irresistível de remendar situações e assumir claramente suas metas.

Assumir e fazê-las factíveis, porque prometer, como se fez, superávit de 1,2% do PIB e, ao mesmo tempo, eliminar qualquer possibilidade de obtê-lo por forçar durante seis meses uma “aceleração da recessão”, com sucessivos aumentos da taxa de juros, é algo incompreensível.

O Brasil vei se reequilibrar andando, e este deve ser o esforço. Não irá, porém, fazê-lo parando.

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O debate sobre grandes fortunas precisa ganhar as ruas



Portal Vermelho
Editorial 
1 set 2015

A gritaria conservadora despertada pelo anúncio de que o governo poderia adotar a CPMF demonstrou mais uma vez a velha e sabida verdade sobre as classes dominantes brasileiras: rico não paga impostos e usa todos os recursos de que dispõe para manter esta situação privilegiada.

São sobretudos especuladores financeiros. Representam uma parcela mínima da população e abocanham parcela enorme da riqueza produzida pelos trabalhadores e empresários da produção.

Dados divulgados recentemente pelo analista Saul Leblon mostram o tamanho exíguo dessa parcela privilegiada da população: no topo da riqueza estariam 71 mil pessoas (ou 0,03% do total dos brasileiros).

A renda desta minoria é escandalosamente alta: algo como 160 salários mínimos - ou 126 mil reais! - por mês.

No conjunto, a fortuna dos ricos brasileiros soma inacreditáveis 1,4 trilhão de dólares (ou cerca de 5 trilhões de reais, ao câmbio atual). A pequena parcela de 0,03% de ricaços detém 14% da renda total, e quase 23% da riqueza financeira (ações, moedas, aplicações, títulos públicos etc.).

São vice-campeões mundiais em sonegação de impostos (os campeões são seus congêneres russos, que pilharam as empresas estatais depois do fim do socialismo e da União Soviética). 

Calcula-se que o valor do imposto que sonegam ultrapassa 13% do PIB brasileiro. Entre os campeões estão grandes empresas que deixaram de pagar 723,3 bilhões de reais; juntas elas são menos de 1% das pessoas jurídicas em atuação no Brasil.

A discussão sobre a CPMF inclui, inevitavelmente, a imposição do debate e denúncia dessa situação que é única no mundo. Os ricos brasileiros recusam-se mesmo a pagar uma taxação que, como a CPMF, contribuiria com uma parcela irrisória de seus ganhos extorsivos para fortalecer o atendimento de saúde para o conjunto da população.

É um quadro nefasto, herdado do passado e que hoje, no liminar do 3º milênio, mantém situações de privilégio típicas do período colonial e escravista. Esta é a verdadeira questão que precisa ser discutida pelos brasileiros em busca de soluções que favoreçam o desenvolvimento do país e o bem-estar de toda a população.

O economista Amir Khair calcula que a taxação das grandes fortunas (prevista pela Constituição de 1988 mas até agora, 27 anos depois de sua promulgação, não regulamentada) poderia render 100 bilhões de reais por ano em recursos para o governo federal - é muito mais do que os valores do ajuste fiscal promovido pelo governo, que envolve algo em torno de 80 bilhões de reais.

O governador maranhense Flavio Dino (PCdoB) tomou a iniciativa, logo no início de seu mandato, de criar taxação semelhante. Deu um exemplo não só aos demais governadores, mas sobretudo ao governo federal. 

No Congresso, a bancada comunista na Câmara dos Deputados tomou iniciativa semelhante e propôs a criação de um imposto sobre grandes fortunas que a líder Jandira Feghali defende que seja destinado ao Fundo Nacional de Saúde.

No Senado está em tramitação o projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) para taxar patrimônios ou heranças superiores a 50 milhões de reais. 

São iniciativas que a presidenta Dilma Rousseff tem apoiado e pode, com isso, se reaproximar dos movimentos sociais e os partidos de esquerda da base do governo.

Contudo, a especulação financeira e seus porta-vozes da mídia conservadora tem tido maior eficácia em defender suas posições e privilégios. 

Contra eles e em busca de um avanço real e significativo na sociedade brasileira, o debate do escândalo representado pelas grandes fortunas e seus privilégios precisa ganhar as ruas.

Os brasileiros precisam ser esclarecidos sobre estes privilégios insustentáveis e a respeito das mudanças legais necessárias para extingui-los.

Ao ganhar as ruas este debate poderá colocar os defensores do privilégio e da especulação na incomoda situação de serem obrigados a rasgar suas máscaras. E revelar que, ao combater as mudanças defendem não os interesses de todos, mas apenas a manutenção de seus mesquinhos interesses e privilégios particulares.

Ibope, entre Jango e Dilma, 50 anos de fraude, o resto é golpismo




31.08.2015 
 
Ibope, entre Jango e Dilma, 50 anos de fraude, o resto é golpismo. 22841.jpeg

Há dois meses o Ibope fez "pesquisa" e indicou a popularidade da presidenta Dilma abaixo do nível do ex-presidente Sarney, quando este se preparava para deixar o governo. Antes, na penúltima "coleta", Dilma foi equiparada a Collor às vésperas do impeachment. 

Na próxima, talvez cheguem a informar que Dilma caiu mais do que o prestígio da mídia partidária e oposicionista, que hoje amarga baixíssimos índices de audiência. 

O Jornal Nacional, por exemplo, nos anos 1980, registrava média de audiência em torno de 70%; hoje seus produtores devem se dar por satisfeitos quando o telejornal alcança pouco mais de 20% dos televisores ligados.

Fernando Soares Campos

Se esses institutos fraudam pesquisas eleitorais, em que são obrigados a fazer determinados registros no TSE e TREs, imagine como fazem essas pesquisas fajutas que só têm compromisso com quem paga para obtê-las. 

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes, em entrevista a Kennedy Alencar, no programa 'É Notícia', falou das fraudes dos institutos de pesquisa, principalmente do Ibope. Segundo Ciro Gomes, que diz conhecer bem o senhor Montenegro, dono do Ibope, este "vende até a mãe pra ganhar dinheiro".

Youtube

 

Em 1964, às vésperas do golpe que depôs o presidente João Goulart, o nosso Jango, esse mesmo Ibope fez pesquisa sobre a popularidade do presidente. Como o resultado foi favorável a Jango, eles esconderam a pesquisa. 

Precisavam manter a demonização do presidente, com o escuso propósito de perpetrar o golpe de estado que resultaria em sua deposição.

Na época, informaram exatamente isso que hoje informam sobre Dilma, ou seja, que Jango era rejeitado pela população.Somente alguns anos depois da ditadura que se instalou com a derrubada do presidente democraticamente eleito, a pesquisa tornou-se pública.

Trechos de artigo publicado no UOL Notícias, Blog do Mário Magalhães:

"Como uma lavagem cerebral, certa historiografia e certo jornalismo buscaram perpetuar no último meio século a ideia de que as bases populares do presidente João Goulart estavam corroídas quando ele sofreu o golpe de Estado em 1º de abril de 1964.

"Pesquisa Ibope realizada de 9 a 26 de março daquele ano, às vésperas da deposição, mostra realidade oposta: Jango permanecia com amplos contingentes de eleitores fieis.

"O levantamento em oito capitais revelou que em cinco, se pudesse ser candidato na eleição presidencial prevista para 1965, Goulart receberia a maioria dos votos (Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Rio de Janeiro). 

Em outras três (Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte), seu desempenho era expressivo, com percentuais de 41% a 39% dos que responderam que nele votariam.

"Como a escolha para o Planalto ocorria em turno único, o resultado impressiona ainda mais.

"Acontece que, conforme a legislação em vigor, inexistia direito à reeleição. Sem Goulart (PTB) na cédula, na consulta estimulada com oito candidatos, liderava com folga o ex-presidente Juscelino Kubitschek (PSD), de quem Jango fora vice de 1956 a 1961. O oposicionista Carlos Lacerda (UDN) aparecia como segunda força.

"A sondagem do Ibope não foi divulgada nem antes do golpe, nem nos anos que o sucederam. Ignoro o motivo. Desconheço registros sobre quem a encomendou. Seu objetivo era "determinar a opinião do eleitorado das principais capitais do país sobre fatos e questões políticas, administrativas e eleitorais''.

"A primeira notícia que tive dela foi no livro "A democracia nas urnas'' (Iuperj/Revan), de Antônio Lavareda, publicado em 1999.

 Busquei mais dados na apuração do meu livro "Marighella - O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras, 2012). Nos arquivos da Unicamp, anos atrás, uma boa alma copiou tabelas para mim, em antigos alfarrábios do Ibope lá conservados." Leia completo e veja quadros com resultados da pesquisa em "Pesquisa Ibope de março de 1964 mostra que Jangomantinha alta popularidade".

Depois disso e das manifestações do dia 20 de agosto, cabe a você acreditar ou não que a presidenta Dilma está mais desprestigiada do que Sarney no fim do mandato, do que Collor no momento do impeachment e bem abaixo da desacreditada mídia partidária e oposicionista.

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

- See more at: 

http://port.pravda.ru/cplp/brasil/31-08-2015/39370-ibope_jango_dilma-0/#sthash.zlLnb5EJ.dpuf

Os bilionários da mídia brasileira

Blog do Miro


Por Altamiro Borges

A revista Forbes-Brasil divulgou na sexta-feira (28) a lista dos bilionários brasileiros de 2015. Uma verdadeira aberração num país com tanta disparidade social. O novo ranking conta com 160 ricaços. Juntos, eles somam um patrimônio de R$ 806,66 bilhões - o equivalente a quase 15% do PIB do país.

Segundo o site da Veja, que adora paparicar os endinheirados, "a linha de frente dos brasileiros mais ricos foi novamente dominada pelo trio composto por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que praticamente duplicaram suas fortunas desde o ano passado - em boa parte, na carona da alta do dólar, já que a gorda fatia de seus investimentos está fora do país".

A revista do esgoto realça ainda que "entre os paulistas que aparecem nas primeiras vinte colocações da lista estão Eduardo Saverin, do Facebook, em oitavo, Abilio Diniz, que recentemente comprou uma rede de padarias com Jorge Lemann, em décimo, Walter Faria, dono da cervejaria Petrópolis, em décimo primeiro, e José Luís Cutrale, do ramo de frutas em décimo quinto". 

Ela evita, porém, dar destaque à fortuna acumulada pelos barões da mídia - que seguem demitindo milhares de profissionais, precarizando as condições de trabalho e pagando péssimos salários. Talvez tema atiçar a consciência crítica da categoria - na qual ainda existem muitos jornalistas que chamam o patrão de companheiro.

Já o site Meio&Mensagem, especializado no setor, botou o dedo na ferida. Segundo matéria postada nesta segunda-feira (31), os barões da mídia seguem acumulando fortunas - apesar do discurso cínico sobre a crise econômica. "O setor de mídia brasileiro é o oitavo mais representativo em um ranking de 13 setores liderado por indústria, bancos e alimentos, divulgado anualmente pela revista Forbes". 

"No setor de comunicação são oito empresários de quatro companhias distintas. Na quinta posição geral está a família Marinho, das Organizações Globo, representada por João Roberto Marinho, José Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho que, individualmente, possuem R$ 23,8 bilhões. Da família Marinho para o próximo da lista a diferença é considerável: Edir Macedo, da Record, está na 74º posição com patrimônio de R$ 3,02 bilhões seguido pela família Civita, do Grupo Abril, e de Sílvio Santos, do SBT".

Veja os representantes da mídia entre os bilionários brasileiros:

João Roberto Marinho - Patrimônio: R$ 23,80 bilhões

José Roberto Marinho - Patrimônio: R$ 23,80 bilhões

Roberto Irineu Marinho - Patrimônio: R$ 23,80 bilhões

Empresa: Organizações Globo - 5º posição no ranking geral do Brasil

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Edir Macedo - Patrimônio: R$ 3,02 bilhões

Empresa: Rede Record - 74º posição no ranking geral do Brasil

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Giancarlo Civita - Patrimônio: R$ 2,18 bilhões

Roberta Anamaria Civita - Patrimônio: R$ 2,18 bilhões

Victor Civita Neto - Patrimônio: R$ 2,18 bilhões

Empresa: Grupo Abril - 88º posição no ranking geral do Brasil

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Silvio Santos - Patrimônio: R$ 2,01 bilhões

Empresa: SBT - 100º posição no ranking geral do Brasil

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Confira também os dez primeiros colocados da lista da revista Forbes:

1º) Jorge Paulo Lemann - R$ 83,70 bilhões
2º) Joseph Safra - R$ 52,90 bilhões
3º) Marcel Herrmann Telles - R$ 42,26 bilhões
4º) Carlos Alberto Sicupira - R$ 36,93 bilhões
5º) João Roberto Marinho - R$ 23,80 bilhões
6º) José Roberto Marinho - R$ 23,80 bilhões
7º) Roberto Irineu Marinho - R$ 23,80 bilhões
8º) Eduardo Saverin R$ 17,53 bilhões
9º) Marcelo Odebrecht e família - R$ 13,10 bilhões
10º) Abilio dos Santos Diniz - R$ 12,83 bilhões

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Impunidade que alimenta o ódio e a violência: Faltava alguém dizer em público que vai matar Dilma e arrancar sua cabeça. Não falta mais.

Blog Limpinho&Cheiroso

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Como um sujeito desses não é processado?

Kiko Nogueira, via DCM em 31/8/2015

“Um recado claro à presidanta Dilma Rousseff. […] Renuncie, fuja do Brasil ou se suicide. Dia 7 de setembro a gente não vai pacificamente pras ruas. Juntamente com as Forças Armadas, vamos te tirar do poder. Assuma o seu papel, tenha humildade para sair do país porque, caso contrário, o sangue vai rolar. E vamos fazer um memorial na Praça dos Três Poderes: um poste de cabeça pra baixo. Nós vamos arrancar sua cabeça e fazer um memorial.”

O autor dessas ameaças é Matheus Sathler, que se apresenta como advogado num vídeo gravado em dia 25 de agosto. Sathler foi candidato a deputado federal pelo PSDB. Não se elegeu.

No ano passado, causou barulho por causa de sua proposta de criação do “kit macho” e “kit fêmea” – como ele mesmo explicou, cartilhas para distribuição nas escolas ensinando “homem a gostar de mulher e mulher a gostar de homem”.

Ele se declara líder de um certo Movimento Mais Valores, Menos Impostos. Numa entrevista para o UOL, gabou-se de sua relação “muito boa com o pastor Silas Malafaia, com o deputado-pastor Marco Feliciano e com o padre Paulo Ricardo [sacerdote olavista de extrema-direita].”

Evangélico, “pregador” da Assembleia de Deus Ministério Missão Vida, acha necessário “proteger as crianças da influência homossexual”.

Mais do que visivelmente limítrofe, Sathler é o que a jornalista alemã Anja Reschke chamou de “pequeno ninguém” da internet. Reschke falava do alcance do ódio dos extremistas: “Até recentemente, esses comentaristas estavam escondidos atrás de pseudônimos, mas agora essas coisas estão sendo feitas sob os nomes verdadeiros dos autores”, disse ela. “Aparentemente, não é mais embaraçoso.”

Como em tantos outros casos – para citar apenas dois deles, o do psicótico que invadiu a comitiva presidencial nos EUA e o do agente da PF que praticava tiro ao alvo com uma foto de Dilma –, este também vai ficar impune.

O Brasil é o país onde a noção de tolerância se transformou num laissez faire em que se incita o assassinato numa boa, enquanto a Polícia Militar faz escolta para um boneco de plástico e o ministro da Justiça dá tapinhas nas costas de um miliciano.

Os pequenos ninguéns estão vencendo.

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Sonegação de impostos: Ricos brasileiros têm 4ª maior fortuna do mundo em paraísos fiscais

Do Blog Limpinho&Cheiroso

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Rodrigo Pinto, via BBC Brasil

Os super-ricos brasileiros detêm o equivalente a um terço do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas do País em um ano, em contas em paraísos fiscais, livres de tributação. Trata-se da quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.

A informação foi revelada no domingo, dia 28, por um estudo inédito, que pela primeira vez chegou a valores depositados nas chamadas contas offshore, sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos.

O documento The price of offshore revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, mostra que os super-ricos brasileiros somaram até 2010 cerca de US$520 bilhões (ou mais de R$1 trilhão) em paraísos fiscais.

O estudo cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar a valores considerados pelo autor.

Em 2010, o Produto Interno Bruto Brasileiro somou cerca de R$3,6 trilhões.

“Enorme buraco negro”

O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais.

Henry estima que, desde os anos de 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos desses 139 países aumentaram de US$7,3 trilhões para US$9,3 trilhões a “riqueza offshore não registrada” para fins de tributação.

A riqueza privada offshore representa “um enorme buraco negro na economia mundial”, disse o autor do estudo.

“Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço”

John Christensen, diretor Tax Justice Network

Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países como México, Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais enviaram recursos a paraísos fiscais.

John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, para enviarem seus recursos ao exterior.

“Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo norte-americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recursos”, afirma.

“Isso aumentou muito nos anos de 1970, durante as ditaduras”, observa.

Quem envia

Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.

“As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos”, afirma Christensen. “No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam brincando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo.”

Christensen afirma que no caso de México, Venezuela e Argentina, tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México) e a ação dos bancos norte-americanos fizeram os valores escondidos no exterior subirem vertiginosamente desde os anos de 1970, embora “este seja um fenômeno de mais de meio século”.

O diretor da Tax Justice Network destaca ainda que há enormes recursos de países africanos em contas offshores.