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quarta-feira, 4 de março de 2015

De Getúlio a Dilma, Petrobras e golpe

3 de Março de 2015 - 14h25 
Portal Vermelho

Arthur Fitz: De Getúlio a Dilma, Petrobras e golpe


Este texto não é um texto acadêmico. Nem foi concebido para sê-lo. Ele é resultado de preocupações e consequentes reflexões sobre o atual momento brasileiro, em que pese duas questões centrais: a evidente construção de um clima pré-golpe e a questão que está levando ao esgotamento da Petrobras, numa clara tentativa de privatizá-la e, particularmente, internacionalizar o pré-sal.

Por Arthur Fitz, publicado no Jornal GGN


Reprodução GGN
 

 

Obviamente é impreciso e mesmo falso examinar os eventos históricos a partir de uma monocausalidade. Mais impreciso ainda seria atribuir à questão do petróleo e da Petrobras uma relação direta de causa e efeito com os eventos e, em particular com as crises políticas.

A realidade é muito mais complexa. A preocupação é “juntando as peças”, tentar ver como elas se articulam. É certo que no texto existem muitas lacunas e omissões e é possível que haja imperfeições, também é certo que trata de forma superficial uma questão muito complexa, mas acredito que, como um todo, ele é coerente, preocupantemente coerente. Repito: não é um texto acadêmico, mas penso que vale como reflexão.

A trajetória do petróleo no Brasil começa já no século XIX. Em 1892 foi feita uma prospecção e perfurado um poço de 488 metros de profundidade em Bofete (SP). Os resultados, porém, revelaram apenas água sulfurosa.

Negação ao petróleo

Em 1930 o engenheiro Manoel Inácio Bastos, ao ouvir falar de uma “lama preta” usada como combustível pelos moradores de Lobato, na Bahia chama a atenção das autoridades para a possível existência de petróleo na região. Bastos é desacreditado, chamado de “maníaco”.

Iniciava-se uma campanha que negava a existência de petróleo no Brasil. Esta campanha iria se estender por um bom tempo no Brasil. Havia interesse por parte de grupos estrangeiros que forneciam combustível ao Brasil que não se fizesse exploração de petróleo no país.

Cinco anos depois, Monteiro Lobato (o sobrenome do escritor e a região da Bahia são apenas coincidência) passa a advogar publicamente a questão da prospecção e exploração de petróleo no Brasil. Envia duas cartas ao presidente Getúlio Vargas.

Na primeira se refere às “manobras da Standard Oil para senhorear-se das nossas melhores terras potencialmente petrolíferas”. 

Cia Petróleos do Brasil

Na segunda carta, após uma audiência com Getúlio, em que este aparentemente se comprometeu a criar por decreto a Cia Petróleos do Brasil, Monteiro Lobato denuncia as pressões para que o decreto não se concretize: “há alguém interessado em embaraçar a ação da Cia Petróleos do Brasil, dificultando a obtenção da autorização para que ela siga seu curso natural”. E segue afirmando: “há gente paga por estrangeiros para que o Brasil não tenha nunca o seu petróleo. Em vez de, pelas funções de seus cargos, esses homens tudo fazerem para que tenhamos petróleo, quanto antes, tudo fazem para que não o tenhamos nunca.”

Em 1936 Monteiro Lobato publica “O escândalo do petróleo no Brasil”. Neste texto, acusa o governo de não perfurar, nem deixar que se perfure. O livro foi sucesso editorial. Em menos de um mês, esgotou-se a edição do livro (cinco mil exemplares). Logo em seguida sai uma segunda edição, que também se esgota rapidamente (ao todo foram lançadas 10 edições).

Incomodado com o teor das críticas o governo de Getúlio manda recolher todas as edições. 

Em 1938, finalmente é criado o Conselho Nacional do Petróleo. O CNP também não avançou muito nas questões relativas à prospecção e extração do petróleo. 

No ano seguinte, novas críticas de Lobato à burocracia e a integrantes do governo, que dificultavam o desenvolvimento de uma política de petróleo no Brasil, levaram-no à prisão, sob a acusação de ser “subversivo e desrespeitoso”. Foi condenado a uma pena de seis meses, mas a mobilização de intelectuais brasileiros conseguiu que fosse indultado e Monteiro Lobato passou “apenas” três meses no Presídio Tiradentes.

Bahia

Já há algum tempo vinha acontecendo uma campanha de desmoralização de Monteiro Lobato. Em 1933 publicara História do Mundo para crianças que foi alvo de censura e perseguição pela Igreja. O padre Sales Brasil escreveu um libelo intitulado A literatura infantil de Monteiro Lobato ou comunismo para crianças. Esta campanha ainda se estendeu por longo tempo: “a edição de 1958, das Edições Paulinas, traz cartas de apoio que vêm do Vaticano e um prefácio que clama como vinda desde 1936 a queixa contra ‘os grande males que poderiam advir, para fé e a educação cristã das crianças, da leitura das últimas obras de Monteiro Lobato’.” 

Em 1939 é encontrado petróleo em Lobato e em 1941 ocorre a primeira extração comercial no município de Candeias, na Bahia. O aproveitamento deste recurso e a ampliação da prospecção e extração ocorreram muito lentamente. Não se faziam investimentos significativos.

O final do estado Novo viu surgir uma intensa disputa entre grupos políticos que foram denominados de ”nacionalistas” e “entreguistas”. Enquanto os primeiros advogavam a causa do fortalecimento da economia legitimamente nacional, os segundos representados politicamente pela União Democrática Nacional (UDN) e pela grande imprensa. Defendiam o ingresso de capital externo no país. No que se refere ao petróleo, isso significava atrair as grandes petroleiras estrangeiras (principalmente americanas) ao Brasil. No governo Dutra essa disputa se torna ainda mais acirrada, inclusive nos círculos militares.

Movimentos sociais: "O petróleo é nosso"

Em 1946 (mesmo ano da promulgação da nova Constituição) é lançada oficialmente a campanha “O petróleo é nosso”, tendo à frente a UNE, sindicalistas, o Partido Comunista, alguns militares, além de individualidades políticas. Obviamente, havia uma identidade com o grupo dos “nacionalistas”. A campanha “O petróleo é nosso” defendia o monopólio estatal do petróleo. Eram promovidos encontros, comícios, alguns de grandes proporções. A campanha ganhou as ruas e acabou por se transformar em uma das maiores mobilizações populares da história do Brasil.

Manifestação em prol do monopólio do petróleo no Brasil promovida pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN) em 1948. Ao fundo, painel com retrato do ex-presidente Artur Bernardes que também defendia essa tese.

Getúlio, agora no início da era populista e em meio à disputa entre “entreguistas” e “nacionalistas”, encampa a ideia. Em 1951 enviou ao Congresso um projeto de lei com o objetivo de estatizar e monopolizar a exploração e distribuição de petróleo no Brasil. Isto desagradou profundamente o governo norte-americano e, ato contínuo, convida o governo brasileiro a mandar tropas à Guerra da Coreia (1950-1953). Era uma maneira de forçar Vargas a adotar um posicionamento no cenário político internacional. Vargas, por seu turno, para firmar posição, recusa o convite. Abre-se uma crise com os Estados Unidos e com alguns setores militares.

Essa crise vem acompanhada de tentativas de desestabilização de Getúlio em diversas frentes. Ainda assim, em 1953, a mobilização popular em torno de “O petróleo é nosso”, levou o Congresso a aprovar a criação da Petrobras, que detinha o monopólio da exploração, refino e distribuição de petróleo no Brasil.

No ano seguinte a desestabilização do governo de Getúlio ganhou proporções enormes, conduzida principalmente pela UDN, por setores militares e da classe média, empresários e pela grande imprensa. Destacava-se afigura de Carlos Lacerda, apelidado de “O Corvo”, proprietário do jornal Tribuna da Imprensa. Em agosto de 1954 é dado o golpe. Militares exigem a renúncia de Vargas que se suicida, neutralizando o golpe de estado. 

Símbolo da resistência ao capital extrangeiro

A Petrobras sobreviveu. Sobreviveu e se tornou um símbolo da resistência ao grande capital internacional e à evasão de riquezas do Brasil para o exterior. 

Timidamente a Petrobras começa a produzir comercialmente na década de 1960, ganhando grande impulso na década de 1970 (durante a ditadura militar), como resposta à crise do petróleo de 1973, a criação a OPEP e a monumental alta do petróleo no mercado internacional.

Em 1974 é descoberto petróleo na Bacia de Campos (litoral do estado do RJ) mais especificamente no campo de Garoupa. No ano seguinte o governo federal autoriza a participação de empresas estrangeiras na prospecção, mediante contratos de risco, mas a exploração continuava a cargo da Petrobras. Em 1977 entra em operação o Campo de Enchova.

Daí em diante a Petrobras ganha um impulso considerável. Em 1984 é descoberto o campo gigante de Albacora, no ano seguinte o campo gigante de Marlim, ambos na Bacia de Campos.

Agora a Petrobras passa a investir também pesadamente no desenvolvimento de tecnologia. Em 1994 começa a operar a primeira plataforma semissubmersível (P-18) totalmente desenvolvida pelos técnicos da Petrobras – portanto com tecnologia brasileira -, no Campo de Marlim, na Bacia de Campos (RJ). O aperfeiçoamento tecnológico passou a ser uma das marcas da empresa. Em 1996 é encontrado mais um campo gigante na Bacia de Campos: o Campo de Rocador.

A viabilidade de exploração de petróleo no Brasil e a capacidade de fazê-lo, com tecnologia nacional em uma empresa estatal que crescia vertiginosamente, ficou plenamente demonstrada. Mas, os entreguistas não se entregaram. Em 1994 Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente. No mesmo ano, ainda antes de assumir, FHC fez um discurso no congresso intitulado O fim da Era Vargas, que começava dizendo: “Levamos a cabo a tarefa da transição. Olhando para trás, revendo os obstáculos vencidos, podemos dizer a nós mesmos e ao País, sem jactância, mas com satisfação: missão cumprida.” 

De fato, a missão estava apenas começando. Fernando Henrique deu inicio a um grande projeto de privatizações das estatais. No que diz respeito à Petrobras, iniciou o processo de privatização da mesma, quebrando, com o apoio do Congresso, o monopólio estatal da produção de petróleo em 1997, o que foi saudado entusiasticamente pela grande imprensa brasileira. Nessa ocasião, a Petrobras já era a terceira maior empresa da América Latina.

Simultaneamente, abriu o capital da empresa para investidores estrangeiros, propiciando a entrada da Petrobras na Bolsa de Valores de Nova York. As consequências disso se estendem ao longo do tempo. Em 2002 - devido aos escândalos e fraudes financeiras e contábeis de grande corporações americanas, como a Enron, Xerox, Worldcom e outras - foi promulgada nos Estados Unidos a Lei Sarbanes-Oxley, conhecida por Lei SOx. Agora, a maior empresa brasileira se torna obrigada a submeter-se às autoridades norte-americanas, por força de lei (também americana). 

Ainda em 1997 foi implementado o modelo de exploração por concessão. Com a lei, o petróleo e o gás passariam a ser propriedade privada das empresas que o exploram. O petróleo só pertence à União antes de sua exploração.

Tucanos e a Petrobrax

Mas a coisa não para por aí. No final do ano 2000, o presidente da Petrobras, Philippe Reischtul, anunciou para o ano seguinte a mudança do nome da Petrobras para Petrobrax, com o objetivo de facilitar o processo de internacionalização da empresa. Justificava o ato explicando que a terminação bras, no nome, a identificava com a ineficiência das estatais. A ineficiente Petrobras tinha uma receita de 69,2 bilhões em 2002 e em 2012 esta ineficiente empresa estatal que, – não custa lembrar – havia se tornado a maior empresa e a terceira da América Latina ampliou sua receita para 281,3 bilhões de reais, com lucro líquido de 5 bilhões de reais por trimestre (2014). 

Também cabe lembrar que na época a grande imprensa alardeava de forma uníssona que as estatais eram ineficientes por serem estatais, apesar de os balanços de empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce (privatizada escandalosamente abaixo do seu valor real) e o Banco do Brasil mostrarem exatamente o contrário. O discurso da ineficiência das estatais era a justificativa para a transferência de empresas altamente lucrativas para mão privadas.

Pois bem, apesar de contratar uma empresa, a Und SC Ltda, para fazer a nova logomarca, sem licitação (a lei de 1997 o permitia), ao custo de R$ 700.000,00 à época, a Petrobras continuou sendo Petrobras. Cabe ainda salientar que o custo total do processo de transição ficou orçado em 50 milhões de reais. 

Wikileaks

O presidente da Petrobras, Philippe Reischtul, em frente ao novo logotipo da empresa. Em 2006 a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo no pré-sal, a profundidades que vão de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar, com possibilidades de ser a maior reserva de petróleo do mundo. A partir, mais do que nunca, os olhos e os tentáculos das grandes petroleiras voltaram-se para o Brasil e para a Petrobras. Não se poderia deixar tamanha riqueza nas mãos de uma estatal de um país emergente, e ainda por cima governado por um partido de centro-esquerda. 

Em dezembro, após as eleições presidenciais daquele ano, foram revelados pelo Wikileaks, do ex-agente americano da NSA, Edward Snowden, cinco telegramas enviados pelo consulado norte-americano a Washington envolvendo a questão do pré-sal. - A cônsul Elizabeth Lee Martinez se refere ao pré-sal como “uma nova e excitante descoberta” e uma “oportunidade de ouro” para as empresas americanas. Um dos telegramas, bastante extenso, levou o sugestivo título de A indústria do petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal? É uma referência direta à lei que define a Petrobras como operadora única do pré-sal e as outras empresas (coisas da lei de 1997), em regime de partilha, deveriam entregar ao menos 30% do que for explorado à União.

Snowden revelou ainda que nos telegramas que a diretora de relações governamentais da Chevron, Patrícia Pardal, teria dito que o candidato tucano José Serra “teria mudado as regras”, caso fosse eleito presidente nas eleições daquele ano. Já para “a diretora de relações internacionais da Exxon Mobile, Carla Lacerda, a Petrobras terá todo o controle sobre a compra de equipamentos, tecnologia e contratação de pessoal, o que poderia prejudicar os fornecedores americanos.” 

O fato é que José Serra não conseguiu mudar as regras porque não foi eleito. Apesar da intensa campanha contras o presidente Lula e as tentativas de desestabilização de seu governo, tendo como pano de fundo a questão do “mensalão” (que não cabe examinar aqui), Lula elege seu sucessor, ou melhor, sucessora: Dilma Rousseff.

Ora, Dilma havia sido justamente ministra de Minas e Energia no segundo governo Lula e tinha uma cadeira no Conselho de Administração da Petrobras. Era, portanto, alguém que conhecia a questão.

Nova revelações

Em setembro de 2013 novas revelações do Wikileaks dão conta de que o governo norte-americano espionava a Petrobras e as contas eletrônicas da Presidente Dilma Rousseff. O fato levou a Presidente a cancelar uma visita que faria proximamente ao presidente Barak Obama. 

Um problema que a política de combustíveis apresenta é o do refino do combustível. Até recentemente, a ultima refinaria construída fora a Getúlio Vargas em 1976, ainda no regime militar. Em 2009 é construída a Refinaria Potiguar Clara Camarão, ainda no governo Lula, o que foi timidamente mencionado pela imprensa. Outras começaram ganhar vulto: a Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, o complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (com obras ainda em andamento), e o início das obras das refinarias Premium I e Premium II no Maranhão. Em outras palavras, a Petrobras é uma empresa forte e em expansão.

Nisto se encaixa a complexa questão da compra da refinaria de Pasadena, na Califórnia. Em 2004 a antiga Refinaria Crown estava praticamente falida, com uma dívida milionária (em 1998 chegou a ter um prejuízo de 829,4 milhões de dólares), quando foi comprada pela Astra Oil. A Astra pagou uma inexpressiva quantia pela refinaria: US$ 45,2 milhões pela refinaria e seus estoques de petróleo, mas assumiu uma dívida de US$ 300 milhões e investiu mais US$ 100 milhões para poder pô-la em operação.

Em 2006, ainda antes da descoberta do pré-sal, antes da construção da Refinaria Potiguar Clara Maranhão e antes da crise de 2008 nos USA, a Petrobras compra 50% das ações da Astra Oil. Naquela ocasião, foram pagos US$ 190 milhões pela refinaria e US$ 170 milhões pela reserva de estoque da refinaria. Um desentendimento entre as duas parceiras (a capacidade de investimentos da Petrobras na refinaria era maior do que a Astra Oil pretendia investir) chegou à justiça americana. Em 2010 a Corte Federal de Houston determina que a Petrobras compre os restantes 50% da refinaria. Num acordo extra-judicial, a refinaria é comprada em 2012.

A Petrobras esclarece que no total, “foram desembolsados US$ 554 milhões com a compra de 100% das ações da PRSI-Refinaria e US$ 341 milhões por 100% das quotas da companhia de trading (comercializadora de petróleo e derivados), totalizando US$ 895 milhões.

Adicionalmente, houve o gasto de US$ 354 milhões com juros, empréstimos e garantias, despesas legais e complemento do acordo com a Astra. Desta forma, o total desembolsado com o negócio Pasadena foi de US$ 1,249 bilhão.” As negociações foram conduzidas por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

Operação Lava Jato

O fato é que a Petrobras foi francamente prejudicada pela justiça norte-americana, primeiro, e pelos valores arbitrados, depois. 

Em março de 2014. A Polícia Federal, investigando as operações de lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef (Operação Lava-Jato), chegou a Paulo Roberto Costa, que fora diretor da Petrobras até 2012.

Paulo Roberto Costa, engenheiro mecânico, era funcionário de carreira desde 1978. Desde 1995, durante o governo Fernando Henrique, Costa tem cargos de direção na empresa. Por indicação do próprio tornou diretor da Gaspetro e depois Diretor de Abastecimento da Petrobras. No atual governo, era indicação do PP. Dele dependia a aprovação para a construção de gasodutos, refinarias, plataformas, etc.

Paulo Roberto Costa utilizava-se de Youssef para lavar dinheiro que era fruto de propina paga por grandes empreiteiras. A PF já apreendeu mais de 700 milhões de reais desse dinheiro. As grandes empreiteiras (OAS, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, IESA Óleo e Gás, Engevis, UTC, Camargo Correa) atuavam de forma cartelizada, sobrefaturando preços. Para poder agir livremente, pagavam propina a Costa.

Nestor Cerveró curiosamente também tem cargos de diretoria na Petrobras desde 1995, sob o governo Fernando Henrique. Cerveró é acusado de ter recebido 15 milhões de dólares de propina do Estaleiro Samsung Heavy Industries da Coréia do Sul para comprar um navio para a Petrobras.

A grande imprensa fez e ainda faz sobre essa questão um alarde extraordinário. Não que não merecessem destaque. Mas confundiu-se a atuação individual de pessoas corruptas com a instituição Petrobras e com o governo. O objetivo parece evidente: desacreditar a Petrobras e atingir a Presidente Dilma, que, em 2006 era do Conselho de Administração da empresa. Fabricam-se crises políticas a partir de atos individuais. Em uma orquestração envolvendo o grande capital internacional e interesses nacionais mesquinhos, articula-se a desestabilização do governo e articula-se um golpe. 

Moody's

Na última semana, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota da Petrobras para grau especulativo. Com isso, as ações da empresa despencaram. A Petrobras não está quebrando. Estão tentando quebra-la, ou pelo menos enfraquecê-la para privatizá-la e internacionalizar seu capital. Para isso é necessário também a desestabilização política.

Aqui, os entreguistas (que por acaso também são os que articulam a desestabilização política) continuam na ativa. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos mais ferozes, apresentou um projeto (PLS 214/2014) para acabar com o sistema de partilha na exploração do pré-sal. Na prática, isto significa abrir a exploração do pré-sal para as grandes corporações estrangeiras.

A quem interessa a crise? Quando os governos não correspondem aos interesses dos poderosos, esses governos devem cair. Os golpes, hoje, tendem a ser “golpes brancos”, com menor uso da força, geralmente numa atuação conjunta do judiciário, imprensa e setores conservadores do parlamento. 

Os exemplos estão aí: Manuel Zelaya, Honduras (2009), acusado de “desobedecer leis”; Fernando Lugo, Paraguai (2012), acusado de “mau desempenho”. Em ambos os casos fabricou-se uma crise política que levou a uma desestabilização e a derrubada do poder. Em outros casos as tentativas de desestabilização ainda não surtiram efeito: Rafael Correa no Equador, Hugo Chaves e Nicolás Maduro na Venezuela, Cristina Kirchner na Argentina e, Lula e Dilma no Brasil.

No nosso país os velhos entreguistas continuam vivos. Os herdeiros da UDN e de Carlos Lacerda estão aí, abrigados em novas siglas, preparados para dar o bote. O faminto capital internacional saliva diante da Petrobras. 

É necessário que todo cidadão consciente assuma a luta pela Petrobras e reúna toda a força que puder para evitar o golpe.

Ricardo Arthur Fitz
março de 2015

1967: A CIA cunhou a expressão "teóricos da conspiração"

28.02.2015

Pravda em português 
 
1967: A CIA cunhou a expressão






1967: a CIA cunhou a expressão "teóricos da conspiração", como ferramenta para atacar quem desmentisse narrativas 'oficiais'

23/2/2015, George Washington, Zero Hedge


Antes, os teóricos da conspiração eram gente como a gente

A democracia e o capitalismo de livre mercado nasceram sobre a base de teorias de conspiração.

A Magna Carta, a Constituição e a Declaração de Independência e outros documentos ocidentais fundacionais nasceram de teorias conspiracionais. A democracia grega e o capitalismo de livre mercado, idem.

Mas, isso, só naqueles velhos maus tempos. Depois, tudo mudou.

Em 1967, a CIA cunhou a expressão 'teóricos da conspiração'

Nos anos 1960, tudo mudou. 

Exatamente em abril de 1967, a CIA redigiu um despacho, no qual cunhou a expressão "teorias da conspiração" (...) e recomendou práticas para desacreditar tais teorias.

 O despacho/memorando levava um carimbo, "psico", fórmula abreviada para "operações psicológicas" ou "ação de desinformação"; e outro carimbo, "CS", sigla da unidade de "Clandestine Services" da CIA.

O despacho da CIA foi redigido em resposta ao requerimento de informações feito a uma corte judicial, nos termos do Freedom of Information Act ["Lei da Liberdade de Informar"], pelo jornal New York Times, em 1976.

A CIA, naquele documento diz que:


2. Essa tendência é motivo de preocupação para o governo dos EUA, inclusive para nossa organização.

***
O objetivo desse despacho é oferecer material que contradiga e desacredite os argumentos dos teóricos da conspiração, e também inibir a circulação dessas opiniões em outros países. Aqui se oferece informação de fundo, apresentada em seção sigilosa, e vários anexos não sigilosos.

3. Ação. Não recomendamos que a questão [conspirações] seja iniciada onde já não esteja implantada. Onde a discussão já esteja ativada são indispensáveis algumas medidas:

a. Discutir publicamente o problema com contatos amigáveis na elite (especialmente políticos e editores de imprensa), mostrando que [a investigação oficial do evento em discussão] foi investigação tão exaustiva quanto humanamente possível; que as acusações dos críticos não têm qualquer fundamento; e que mais discussões sobre o tema só favorecem a oposição. 

Deve-se também destacar as partes das conversas sobre alguma conspiração que mais pareçam deliberadamente geradas por propagandistas. 

Conclamar aquelas elites para que usem a influência que têm e desencorajem qualquer especulação sem fundamento e irresponsável.

b. Usar todos os recursos de propaganda acessíveis para refutar os ataques vindos dos críticos. Colunas assinadas por especialistas amigáveis e resenhas de livros são especialmente adequadas para esse objetivo. Os anexos desse documento de orientação contêm material útil para ser passado aos agentes. 

Nosso discurso deve destacar, sempre que couber, que os críticos (I) já diziam a mesma coisa antes de haver qualquer indício ou prova; que (II) têm interesses políticos; que  (III) têm interesses financeiros; que (IV) dizem qualquer coisa, sem qualquer pesquisa ou investigação que o comprove; ou que (V) só dão atenção a teorias que eles mesmos inventem.

***

4. Em contatos privados com a mídia, não dirigidos diretamente a qualquer jornalista, colunista ou editor ou escritor em particular, ou para atacar publicações que ainda não estejam nas ruas, os seguintes argumentos podem ser úteis:

a. Não surgiu nenhuma nova prova, que a Comissão de investigação não tenha considerado.

***

b. Regra geral, os críticos sobrevalorizam itens específicos e ignoram outros. Tendem a dar mais ênfase às lembranças de testemunhas individuais (sempre menos confiáveis e mais divergentes - e, portanto, mais vulneráveis a críticas) (...)

***
c. Seria impossível ocultar as grandes conspirações seguidamente sugeridas nos EUA, especialmente porque os informantes poderiam ganhar muito dinheiro se denunciassem as conspirações, etc.

***
d. Os críticos sempre são tomados por alguma espécie de vaidade intelectual: falam de uma teoria e apaixonam-se por ela para sempre; e criticam os investigadores porque nem sempre respondem com prova cabal e decisão absoluta numa direção ou noutra.

***
f. Quanto a acusações de que os relatórios da comissão de investigação seria serviço apressado, sem cuidado: só foi distribuído três meses depois do prazo marcado inicialmente. Mas a Comissão muito se esforçou para apressar a divulgação do relatório; o atraso explica-se pela pressão de especulação irresponsável que já surgia antes até do relatório ser conhecido, em alguns casos vinda dos mesmos críticos que, se recusando  a admitir os próprios erros, aparecem agora com novas críticas.

g. Acusações vagas como "mais de dez pessoas morreram misteriosamente" sempre podem ser explicadas por via natural(...).

5. Sempre que possível, reagir contra a especulação forçando a referência ao próprio relatório da Comissão. Leitores estrangeiros de mentalidade aberta sempre podem ser impressionados pelo cuidado, atenção, objetividade e velocidade do trabalho da Comissão de Investigação. 

Especialistas em resenhar livros para a imprensa, devem ser encorajados a acrescentar, ao que digam sobre [seja o que for], a ideia de que, recorrendo sucessivas vezes ao texto do relatório da comissão de investigação, perceberam que o relatório foi trabalho muito mais bem feito que o trabalho dos que o criticam.

 


Aqui se veem fotos de parte do memorando da CIA.


Resumo das táticas que o despacho/memorando da CIA recomendava, contra os 'teóricos da conspiração':

- Diga sempre que seria impossível que tanta gente mantivesse segredo sobre alguma grande conspiração

- Consiga que pessoal amigável ataque as ideias de conspiração, e insistam na ideia de repetir sempre o relatório da comissão de investigação

- Diga sempre que testemunho ocular não é confiável

- Diga sempre que são notícias velhas [porque] "não surgiu nenhuma nova prova"

- Ignore completamente o que se diga sobre conspirações, exceto se a discussão já estiver ativa demais

- Diga sempre que especular é comportamento irresponsável

- Acuse os teóricos da conspiração de serem vaidosos de suas próprias ideias e de não serem capazes de superá-las 

- Acuse os teóricos da conspiração de terem motivação política 

- Acuse os teóricos da conspiração de terem interesses financeiros na promoção de teorias de conspirações.


Em outras palavras, a unidade de serviços clandestinos da CIA criou argumentos para atacar o que chamou de 'teorias de conspirações' e 'declará-las' não confiáveis, nos anos 1960s, como parte de suas operações de guerra psicológica.

Mas teorias da conspiração são de fato... total piração?

[...] Evidentemente não. Por exemplo, o esquema Ponzi de Bernie Madoff foi um crime de conspiração, movido por uma teoria daquela específica conspiração. 
 
Conspirar é crime muito claramente tipificado na lei norte-americana, ensinado no primeiro ano de qualquer faculdade de Direito como item do currículo básico. 

Dizer a um juiz que alguém está envolvido numa "teoria de conspiração" é como dizer em juízo que o sujeito matou, roubou, invadiu propriedade alheia, roubou um carro. É conceito legal claro e conhecido.

Madoff não é o único. Diretores da Enron foram também condenados por crime de conspiração, e também do diretor de Adelphia [há muitos e muitos casos de funcionários do estado também condenados pelo mesmo crime (thisthisthisthis and this).

Justin Fox, colunista de finanças da Time Magazine writes:


Algumas conspirações no mercado financeiro são reais (...) Muitos bons repórteres investigativos são teóricos de conspirações, por falar nisso.


E também são criminosos, pela prática do crime de conspiração - desde que os crimes sejam denunciados e provados e os réus sejam condenados - a Agência de Segurança Nacional e as empresas de tecnologias que ajudem na prática do crime (se algum dia forem condenadas).

Mas "nossos líderes NUNCA fariam tal coisa..." 

Embora já haja quem admite que empresários e funcionários de baixo escalão possam envolver-se em conspirações - ainda há muita gente que resiste à ideia de que os mais ricos e os muito poderosos também podem ter praticado o crime de conspirar.

Verdade é que até os mais poderosos conspiram; alguns até confessaram. Por exemplo, o administrador do Gabinete de Informações e Assuntos de Regulação do governo Obama, Cass Sunstein, escreveu:


Claro que algumas teorias conspiracionais, conforme nossa definição, comprovaram-se verdadeiras. 

O quarto do hotel Watergate usado pelo Comitê Nacional do Partido Democrata foi realmente invadido e teve instalados equimentos para escuta clandestina, por funcionários do Partido Republicano a mando da Casa Branca. 

Nos anos 1950s, a CIA realmente administrou LSD e outros alucinógenos a participantes do Projeto MKULTRA, para investigar possibilidades de "controle da mente". 

A Operação Northwoods, muito discutido plano do Departamento de Defesa para simular atos de terrorismo e culpar a Cuba, foi realmente proposto, como conspiração, por funcionários de alto escalão do governo.


Mas "alguém teria dado coa língua nos dentes"... 

Argumento sempre repetido por quem queira desviar a atenção de uma investigação, 'diagnosticando' alguma 'conspiração' no ar é que "alguém teria dado com a língua nos dentes", caso houvesse ali realmente alguma conspiração.

Quem explica é o conhecido demolidor de metiras e whistleblower Daniel Ellsberg:


Ouve-se muito que "não se consegue guardar segredos em Washington" ou que "numa democracia, não importa o quanto o segredo seja sensível, é provável que, dia seguinte, seja publicado no New York Times.

" Não há tolice maior, nem truísmo mais falso. Há, sim, estórias ocultadas, meios para enganar e desviar a atenção de jornalistas e leitores, que são parte do processo para encobrir o que é realmente secreto. 

Claro que eventualmente muitos segredos acabam por ser revelados, que talvez não fossem jamais revelados numa sociedade absolutamente totalitária. Mas a verdade é que a vastíssima maioria dos segredos jamais chegam ao conhecimento da opinão pública norte-americana. 

É verdade mesmo quando a informação ocultada é bem conhecida de algum inimigo e quando é claramente essencial para a operação do poder de guerra do Congresso e para algum controle democrático sobre a política externa.

A realidade desconhecida do público e de muitos membros eleitos do Congresso e da imprensa é que segredos da mais alta importância para muitos deles podem, sim, permanecer confortavelmente ocultados por autoridades do Executivo durante décadas, mesmo que sejam bem conhedicos por milhares de insiders.


A história prova que Ellsberg tem razão. Por exemplo:


- 130 mil pessoas, de EUA, Grã-Bretanha e Canadá trabalharam no Projeto Manhattan. O segredo foi mantido durante anos. 

Documentário da BBC mostra que:


Houve uma tentativa de golpe nos EUA em 1933, organizado por um grupo de empresários norte-americanos de extrema direita (...) O golpe pretendia derrubar o presidente Franklin D Roosevelt, com o auxílio de meio milhão de veteranos de guerra. Os golpistas, entre os quais estavam algumas das mais famosas famílias norte-americanas (proprietários de Heinz, Birds Eye, Goodtea, Maxwell Hse & George Bush [avô], Prescott) acreditavam que o país devesse adotar políticas de Hitler e Mussolini para superar a grande depressão."

Mais que isso, "os magnatas disseram ao general Butler que o povo norte-americano aceitaria o novo governo, porque aquelas famílias controlavam todos os jornais". Alguém ouvira falar, antes, dessa conspiração? Com certeza foi conspiração vastíssima. E, se os golpistas controlavam a imprensa-empresa naquele momento, muito mais controlam hoje, com as empresas-imprensas já 'consolidadas'.


- sete 7 de oito bancos gigantes quebraram nos anos 1980, durante a "Crise latino-americana", e a resposta do governo foi ocultar a insolvência. A ocultação-falcatrua durou várias décadas

- bancos foram envolvidos em comportamento criminoso sistemático e manipularam todos os mercados

- há 50 anos governos encobrem derretimento de núcleo radiativo de usinas nucleares, para proteger a indústria nuclear. Governos sempre operaram para encobrir a gravidade de inúmeros outros eventos com comprometimento do meio ambiente. Durante muitos anos os funcionários do Texas intencionalmente informaram índices diminuídos de radiação na água potável, para evitar ter de notificar violações das normas.

- A vigilância ilegal do governo dos EUA sobre os cidadãos começou sete meses antes do 11/9 (confirmado here e here. E vejam essa discussãogravada há mais de 30 anos.) Mas o público só soube sobre isso muitos anos depois. Na verdade, o New York Times adiou a publicação, de modo que não afetasse o resultado da eleição presidencial de 2004.

- A decisão de iniciar a guerra do Iraque foi tomada antes do 11/9. De fato, o ex-diretor da CIA George Tenet disse que a Casa Branca queria invadir o Iraque desde muito antes do 11/9, e inseriu "lixo" em suas justificativas para invadir o Iraque. O ex-secretário do Tesouro Paul O'Neill - membro do Conselho de Segurança Nacional - também diz que Bush planejou a guerra do Iraque antes do 11/9. E altos funcionários britânicos dizem que os EUA discutiram mudança de regime no Iraque um mês antes de Bush ser empossado. Dick Cheney ao que parece até converteu os campos de petróleo iraquianos em prioridade nacional dos EUA antes do 11/9

E há muito tempo se sabe que um punhado de pessoas foi responsável por deliberadamente ignorar as muitas evidências de que não havia armas de destruição em massa no Iraque. São fatos que só recentemente foram abertos para conhecimento público. De fato, Tom Brokaw até explicou que "todas as guerras são baseadas em propaganda".

E esforço organizado para gerar propaganda é uma conspiração - e é crime nos EUA.


(...) A admissão sempre ocorre várias décadas depois dos eventos. O que mostra que, sim, é possível manter conspirações em segredo por muito tempo, sem que alguém "dê coa língua nos dentes".

(...) Além do mais, os que supõem que conspiradores dariam com a língua nos dentes esquecem que pessoal militar ou de inteligência - e quem tenha quantias gigantescas de dinheiro investido numa 'operação' secreta - tende a ser muitíssimo disciplinado. Dificilmente se embebedam num balcão de bar e põem-se a contar 'vantagem' do que fazem e de quem conhecem... 

Por fim, pessoas que se envolvem em operações clandestinas podem fazê-lo por profunda convicção ideológica. Jamais subestime a convicção de um ideólogo!

Conclusão

A conclusão disso tudo é que há conspirações inventadas, mas há conspirações reais. Umas e outras têm de ser avaliadas pelos fatos que lhes dão forma. (...)

Quem opera longe dos contrapesos e controles democráticos - e sem a força desinfetante da luz do sol da supervisão democrática - tende a pensar mais nos próprios interesses; e os mais fracos são os mais prejudicados. (...) Gente de poder podem não ser más pessoas. Mas podem ser sociopatas, bandidos, doidos perversos

Na dúvida, se alguém tentar dissuadi-lo de investigar, e acusá-lo de ter sucumbido a alguma 'ridícula teoria da conspiração' - expressão que a CIAinventou para afastar bons cidadãos de boas investigações - não pare, não veja, não ouça (a CIA) e... investigue mais e mais. *******

 


terça-feira, 3 de março de 2015

Criação da Super Receita coincidiu com abertura de contas no HSBC suíço

Portal dos

sem mídia 

Daslu

 

Você tem lido na grande imprensa que os anos de 2006 e 2007 correspondem a um dos períodos de maior abertura de contas de brasileiros no banco HSBC suíço e é esse período que essa imprensa investiga e prega que seja investigado pelas autoridades.

Claro que isso nada tem a ver com o fato de que em 2006/2007 quem governava o Brasil era Lula e em outro período que teve mais abertura de contas, 1997/2002, o governante era Fernando Henrique Cardoso – ou será que tem?

O período de abertura de contas suspeitas nessa instituição é importante porque revela vinculação com momentos da vida nacional que estimularam ou desestimularam a expatriação de capital.

Matérias anteriores deste Blog revelaram que houve 3 picos de abertura de contas no HSBC suíço – em 1988/1991, em 1997/2002 e em 2006/2007. De 1988 a 1991, foram abertas 1387 contas; de 1997 a 2001, foram abertas 317 contas; de 2006 a 2007, foram abertas 207 contas.

hsbc 1

Entre esses períodos, houve um período de forte redução de abertura de contas (1992/1996) e outro de fechamento de contas (2003/2005).

Os períodos que a mídia não quer investigar – 1988/1991 e 1997/2002 – poderão ser investigados pela CPI que o PSDB não quer que seja criada no Senado, mas sobre o período que a mídia quer investigar, 2006/2007, vale tentar entender o que pode ter acontecido nesses anos para ter havido essa corrida de brasileiros ao HSBC suíço.

Em 2006, Lula se reelegeu com grande vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin, mas isso não era motivo para uma fuga de capitais, eis que o governo federal que prosseguiria já tinha 4 anos. E em 2007 não houve fatos políticos relevantes que estimulassem essa revoada.

Porém, na esfera fiscal/tributária houve, sim, em 2005, 2006 e 2007 fato que seguramente preocupou quem tinha dinheiro de origem duvidosa.

Uma das razões pela qual Lula é odiado pela elite brasileira reside no forte combate à sonegação fiscal que marcou o seu governo. No âmbito desse combate, fatos como a criação de um sistema de controle de importação e exportação.

Em 2004, através da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal número 455, foi criado o sistema RADAR, que exigia que despachantes aduaneiros das empresas importadoras/exportadoras fossem cadastrados no Sistema de Comércio Exterior da Receita Federal, o Siscomex, mas, para as empresas obterem essa autorização tinham que apresentar certidões comprovando regularidade no pagamento de impostos, entre outras exigências.

O novo sistema de verificação das operações de comércio exterior começou a fazer vítimas. Em 13 de julho de 2005, a Operação Narciso, da Polícia Federal, desbaratou uma quadrilha de contrabandistas que funcionava na Daslu, da empresária Eliana Tranchesi, que empregava a filha do então governador Geraldo Alckmin como “diretora de novos negócios”, apesar da pouca idade.

Naquele ano, Lula continuava apertando os sonegadores. Criou a Super-Receita através da Medida Provisória (MP) nº 258, de 21.07.2005. Contudo, devido ao combate que partidos como PSDB e PFL deram à moralização na arrecadação de impostos, a nova Receita Federal, agora dotada de supercomputadores e novos métodos de fiscalização, funcionou apenas por dois meses porque a MP não foi convertida em lei.

Tecnicamente, a referida MP alterou a denominação da Secretaria da Receita Federal (SRF) para Receita Federal do Brasil (RFB) e transferiu para este órgão competências antes atribuídas à Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), quais sejam: a fiscalização, arrecadação, administração e normatização do recolhimento das contribuições sociais para o financiamento da seguridade social (as “contribuições previdenciárias”).

Como a MP não foi adotada, o governo Lula apresentou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) nº 6.272/2005, cujas normas são praticamente idênticas às da MP. O PL foi aprovado na Câmara e tramitou no Senado Federal sob o título de Projeto de Lei da Câmara nº 20/2006.

Em 2006, foram abertas 187 contas no HSBC suíço. Justamente no ano que antecedeu o início das atividades da Super Receita Federal, que passou a funcionar em maio de 2007 e que reduziu drasticamente a sonegação no país.

Este Blog consultou fonte da Receita Federal (fiscal) que afirma que essas contas no HSBC abertas em 2006 “com certeza” pertenceriam a ricaços preocupados com os procedimentos no Legislativo para criação da Super Receita, que diminuiu drasticamente a sonegação no país. 


Jornalista americano alerta que governo dos EUA está agindo para derrubar Dilma


http://www.portalmetropole.com/2015/03/

[Traduzido do original:

BRICS’ Brazil President Next Washington Target | New ...

journal-neo.org/2014/11/18/brics-brazil-president-next...

Brazil’s newly re-elected President, Dilma Rousseff, survived a massive US State Department ...]





Jornalista americano conta como os norte-americanos agem para derrubar a presidente Dilma e buscam seus interesses perdidos após a Era FHC; intitulado de "um por todos e todos pelo Pré Sal" jornalista explica que o governo norte-americano tenta de tudo para conseguir a presidente fora do comando do governo

Por Redação

William Engdahl, norte-americano, engenheiro e jurisprudente (Princeton, EUA-1966), pós-graduado em economia comparativa (Estocolmo, Suécia-1969) escreveu um artigo em um dos jornais mais vendidos nos EUA, o New Eastern Outlook.

William alerta que o governo dos Estados Unidos estão agindo para derrubar a presidente Dilma Rousseff e conta como estão fazendo para tal.

Ele também conta que Washington apoiou até o ultimo minuto, o PSDB nas eleições de 2014. Confira o texto do jornalista norte americano traduzido pelo Portal Metrópole.

Um por todos, e todos pelo Pré-Sal

Entenda como o governo dos Estados Unidos quer reconquistar seus direitos no Brasil, perdidos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores e hoje age para derrubar a presidente reeleita.

Por William Engdahl

Para ganhar o segundo turno das eleições contra o candidato apoiado pelos Estados Unidos, Aécio Neves, em 26 outubro de 2014, a presidenta recém-reeleita do Brasil, Dilma Rousseff, sobreviveu a uma campanha maciça de desinformação do Departamento de Estado estadunidense. 

Não obstante, já está claro que Washington abriu uma nova ofensiva contra um dos líderes chave dos BRICS, o grupo não alinhado de economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. 

Com a campanha de guerra financeira total dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia de Putin e uma série de desestabilizações visando a China, inclusive, mais recentemente, a “Revolução dos Guarda-Chuvas” financiada pelos Estados Unidos em Hong Kong, livrar-se da presidente "socialmente propensa" do Brasil é uma prioridade máxima para deter o polo emergente que se opõe ao bloco da Nova (des)Ordem Mundial de Washington.

A razão por que Washington quer se livrar de Rousseff é clara. Como presidente, ela é uma das cinco cabeças do BRICS que assinaram a formação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS, com capital inicial autorizado de 100 bilhões de dólares e um fundo de reserva de outros 100 bilhões de dólares.

 Ela também apoia uma nova Moeda de Reserva Internacional para complementar e eventualmente substituir o dólar. 

No Brasil, ela é apoiada por milhões de brasileiros mais pobres, que foram tirados da pobreza por seus vários programas, especialmente o Bolsa Família, um programa de subsídio econômico para mães e famílias da baixa renda. 

O Bolsa Família tirou uma população estimada de 36 milhões de famílias da pobreza através das políticas econômicas de Rousseff e de seu partido, algo que incita verdadeiras apoplexias em Wall Street e em Washington.

Apoiado pelos Estados Unidos, seu rival na campanha, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), serve aos interesses dos magnatas e de seus aliados de Washington.

O principal assessor econômico de Neves, que se tornaria Ministro da Fazenda no caso de uma presidência de Neves, era Armínio Fraga Neto, [cidadão norte-americano e brasileiro] amigo íntimo e ex-sócio de Soros e seu fundo hedge "Quantum". 

O principal conselheiro de Neves, e provavelmente seu Ministro das Relações Exteriores, tivesse ele ganhado as eleições, era Rubens Antônio Barbosa, ex-embaixador em Washington e hoje Diretor da ASG em São Paulo.
A ASG é o grupo de consultores de Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado norte-americana durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999. 

Albright, dirigente do principal grupo de reflexão dos Estados Unidos, o "Conselho sobre Relações Exteriores", também é presidente da primeira ONG da “Revolução Colorida” financiada pelo governo dos Estados Unidos, o "Instituto Democrático Nacional" (NDI). 

Não é de surpreender que Barbosa tenha conclamado, numa campanha recente, o fortalecimento das relações Brasil-Estados Unidos e a degradação dos fortes laços Brasil-China, desenvolvidos por Rousseff na esteira das revelações sobre a espionagem norte-americana da Agência de Segurança Nacional (NSA) contra Rousseff e o seu governo.

Surgimento de escândalo de corrupção

Durante a áspera campanha eleitoral entre Rousseff e Neves, a oposição de Neves começou a espalhar rumores de que Rousseff, que até então jamais fora ligada à corrupção tão comum na política brasileira, estaria implicada num escândalo envolvendo a gigante estatal do petróleo, a Petrobras. 

Em setembro, um ex-diretor da Petrobras alegou que membros do governo Rousseff tinham recebido comissões em contratos assinados com a gigante do petróleo, comissões essas que depois teriam sido empregadas para comprar apoio congressional. Rousseff foi membro do conselho de diretores da companhia até 2010.

Agora, em 2 de novembro de 2014, apenas alguns dias depois da vitória arduamente conquistada por Rousseff, a maior firma de auditoria financeira dos Estados Unidos, a "Price Waterhouse Coopers" se recusou a assinar os demonstrativos financeiros do terceiro trimestre da Petrobras. 

A PWC exigiu uma investigação mais ampla do escândalo envolvendo a companhia petrolífera dirigida pelo Estado.

A Price Waterhouse Coopers é uma das firmas de auditoria, consultoria tributária e societária e de negócios mais eivadas de escândalos nos Estados Unidos. 

Ela foi implicada em 14 anos de encobrimento de uma fraude no grupo de seguros AIG, o qual estava no coração da crise financeira norte-americana de 2008. 

E a Câmara dos Lordes britânica criticou a PWC por não chamar atenção para os riscos do modelo de negócios adotado pelo banco "Northern Rock", causador de um desastre de grandes proporções na crise imobiliária de 2008 na Grã-Bretanha, cliente que teve que ser resgatado pelo governo do Reino Unido. 

Intensificam-se os ataques contra Rousseff, disso podemos ter certeza.

A estratégia global de Rousseff

Não foi apenas a aliança de Rousseff com os países dos BRICS que fez dela um alvo principal da política de desestabilização de Washington.

 Sob seu mandato, o Brasil está agindo com rapidez para baldar a vulnerabilidade à vigilância eletrônica norte-americana da NSA.

Dias após a sua reeleição, a companhia estatal Telebras anunciou planos para a construção de um cabo submarino de telecomunicações por fibra ótica com Portugal através do Atlântico. 

O planejado cabo da Telebras se estenderá por 5.600 quilômetros, da cidade brasileira de Fortaleza até Portugal. Ele representa uma ruptura maior no âmbito das comunicações transatlânticas sob domínio da tecnologia norte-americana. 

Notadamente, o presidente da Telebras, Francisco Ziober Filho, disse numa entrevista que o projeto do cabo será desenvolvido e construído sem a participação de nenhuma companhia estadunidense.

As revelações de Snowden sobre a NSA em 2013 elucidaram, entre outras coisas, os vínculos íntimos existentes entre empresas estratégicas chave de tecnologia da informática, como a "Cisco Systems", a "Microsoft" e outras, e a comunidade norte-americana de inteligência. 

Ele declarou que:
"A questão da integridade e vulnerabilidade de dados é sempre uma preocupação para todas as companhias de telecomunicações".

O Brasil reagiu aos vazamentos da NSA periciando todos os equipamentos de fabricação estrangeira em seu uso, a fim de obstar vulnerabilidades de segurança e acelerar a evolução do país rumo à autossuficiência tecnológica, segundo o dirigente da Telebras.

Até agora, virtualmente todo tráfego transatlântico de TI encaminhado via costa leste dos Estados Unidos para a Europa e a África representou uma vantagem importante para espionagem de Washington.

Se verdadeiro ou ainda incerto, o fato é que sob Rousseff e seu partido o Brasil está trabalhando para fazer o que ela considera ser o melhor para interesse nacional do Brasil.

A geopolítica do petróleo também é chave

O Brasil também está se livrando do domínio anglo-americano sobre sua exploração de petróleo e de gás. 

No final de 2007, a Petrobras descobriu o que considerou ser uma nova e enorme bacia de petróleo de alta qualidade na plataforma continental no mar territorial brasileiro da Bacia de Santos. 

Desde então, a Petrobras perfurou 11 poços de petróleo nessa bacia, todos bem-sucedidos. Somente em Tupi e em Iara, a Petrobras estima que haja entre 8 a 12 bilhões de barris de óleo recuperável, o que pode quase dobrar as reservas brasileiras atuais de petróleo. 

No total, a plataforma continental do Brasil pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, transformando o país numa potência de petróleo e gás de primeira grandeza, algo que a Exxon e a Chevron, as gigantes do petróleo norte-americano, se esforçaram arduamente para controlar.

Em 2009, segundo cabogramas diplomáticos norte-americanos vazados e publicados pelo Wikileaks, a Exxon e a Chevron foram assinaladas pelo consulado estadunidense no Rio de Janeiro por estarem tentando, em vão, alterar a lei proposta pelo mentor e predecessor de Rousseff em seu Partido dos Trabalhadores, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, ou Lula, como ele é chamado.[Foi revelado pelo Wikileaks que José Serra, o então candidato do PSDB que competia contra Dilma pela presidência, prometera confidencialmente à Chevron que, se eleito, afastaria a Petrobras do pré-sal para dar espaço às petroleiras estadunidenses].

Essa lei de 2009 tornava a estatal Petrobras operadora-chefe de todos os blocos no mar territorial. 

Washington e as gigantes estadunidenses do petróleo ficaram furiosos ao perderem controles-chave sobre a descoberta da potencialmente maior jazida individual de petróleo em décadas.

Para tornar as coisas piores aos olhos de Washington, Lula não apenas afastou a Exxon Mobil e a Chevron de suas posições de controle em favor da estatal Petrobras, como também abriu a exploração do petróleo brasileiro aos chineses. 

Em dezembro de 2010, num dos seus últimos atos como presidente, ele supervisionou a assinatura de um acordo entre a companhia energética hispano-brasileira Repsol e a estatal chinesa Sinopec. 

A Sinopec formou uma joint venture, a Repsol Sinopec Brasil, investindo mais de 7,1 bilhões de dólares na Repsol Brasil. 

Já em 2005, Lula havia aprovado a formação da Sinopec International Petroleum Service of Brazil Ltd, como parte de uma nova aliança estratégica entre a China e o Brasil, precursora da atual organização do BRICS.

Washington não gostou

Em 2012, uma perfuração conjunta, da Repsol Sinopec Brazil, Norway’s Stateoil e Petrobras, fez uma descoberta de importância maior em Pão de Açúcar, a terceira no bloco BM-C-33, o qual inclui Seat e Gávea, esta última uma das 10 maiores descobertas do mundo em 2011. 

As maiores [empresas] do petróleo estadunidenses e britânicas absolutamente sequer estavam presentes.

Com o aprofundamento das relações entre o governo Rousseff e a China, bem como com a Rússia e com outros parceiros do BRICS, em maio de 2013, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio ao Brasil com sua agenda focada no desenvolvimento de gás e petróleo. 

Ele se encontrou com a presidenta Dilma Rousseff, que havia sucedido ao seu mentor Lula em 2011. Biden também se encontrou com as principais companhias energéticas no Brasil, inclusive a Petrobrás.

Embora pouca coisa tenha sido dita publicamente, Rousseff se recusou a reverter a lei do petróleo de 2009 de maneira a adequá-la aos interesses de Biden e de Washington. 

Dias depois da visita de Biden, surgiram as revelações de Snowden sobre a NSA, de que os Estados Unidos também estavam espionando Rousseff e os funcionários de alto escalão da Petrobras. 

Ela ficou furiosa e, naquele mês de setembro, denunciou a administração Obama diante da Assembleia Geral da ONU por violação da lei internacional. 

Em protesto, ela cancelou uma visita programada a Washington. Depois disso, as relações Estados Unidos-Brasil sofreram grave resfriamento.

Antes da visita de Biden em maio de 2013, Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento.

 Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado "Movimento Passe Livre", relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito violentos. 

Os protestos ostentavam a marca de uma típica “Revolução Colorida”, ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por cento.